Pornografia, Masturbação E Outros Abusos Privados: Perversão Íntima

De Livros e Sermões Bíblicos

Revisão de 17h20min de 21 de abril de 2010; JoyaTeemer (disc | contribs)

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English: Pornography, Masturbation, and Other Private Misuses: A Perversion of Intimacy

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Por Jeffrey S. Black Sobre Sexualidade
Uma Parte da série Journal of Biblical Counseling

Tradução por Gertrudes Mendonca


Uma vez, um advogado enviou-me para aconselhamento um homem que se tinha envolvido num série de crimes sexuais. Ele tinha sido encontrado, preso e acusado na época em que me encontrei com ele. Um crente com mais de cinquenta anos, era um viúvo com vários filhos que viviam fora do estado. Na época em que foram cometidos os crimes sexuais, a sua esposa tinha morrido há perto de dez anos.

O casamento tinha sido muito perturbado, havia discussões e ele fora expulso de casa. A sua esposa tinha sido hospitalizada em algumas ocasiões. Ela era diagnosticada clinicamente como sofrendo de depressão. Durante esses tempos, o casal não tinha envolvimento sexual e o homem revelou-me que se tinha engajado em vários casos extra-matrimoniais enquanto a sua esposa estava hospitalizada e não disponível sexualmente. Parecia que ele pensava que isso o tornava menos condenável.

Este homem contou-me que tinha tido várias relações homossexuais exploratórias, antes do seu casamento, na fase da adolescência e com pouco mais de vinte anos. Durante o seu casamento e depois da morte da sua esposa, ele tinha tido um relacionamento muito íntimo com a sua filha, tão intenso que eu pensei que deviam ter ocorrido certos actos incestuosos entre eles, mas ele negou. Estava claro, no entanto, que a sua filha tinha funcionado, de outras formas, como uma esposa substituta para ele. Quando ela chegou perto dos trinta anos, decidiu sair. Aproximadamente um ano depois, ele iniciou envolvimentos sexuais com dois rapazes adolescentes.

Este caso ilustra dois aspectos de pecado sexual que os aconselhadores precisam de ter em mente: A imoralidade é uma forma de “fraude” e exprime um padrão de “desorientação”.

Imoralidade Sexual como “Fraude”

O que queremos dizer quando descrevemos a imoralidade sexual como “fraude”? Tipicamente pensamos que fraude consiste em se manter uma relação com alguém que não é a sua esposa. O meu significado aqui é um pouco diferente. Efésios 5: 31-32 afirma:

Por esta razão um homem deixará o seu pai e mãe e se unirá à sua esposa. Os dois tornar-se-ão uma só carne. Este é um mistério profundo, mas eu estou a falar sobre Cristo e a Igreja. No entanto, cada um de vós deve também amar a sua esposa como se ama a si próprio e a esposa deve respeitar o seu marido.

As Escrituras são muito claras afirmando que o casamento se destina a “tipificar” o relacionamento do crente com Cristo. Porque Deus é o criador da relação do casamento e o revelador das verdades respeitantes à redenção e ao nosso relacionamento com Cristo, o significado da metáfora é obrigatório. O Próprio Deus cria a semelhança em vez de articular uma semelhança que já existe. Os principais assuntos da metáfora – a natureza do vínculo do casamento e da união do crente com Cristo – interagem de formas que mudam ou enriquecem a nossa compreensão de ambos. As minhas experiências de Cristo em mim ajudam-me a entender que tipo de cônjuge pretendo ser. Conversamente, a minha experiência de unicidade marital ajuda-me a compreender algo do mistério de união espiritual (Galacianos 2:20). Como resultado da minha experiência de união com Cristo (Efésios 4:1, 20-21;5:1), sou compelido a falar a verdade (Efésios 4:25), a construir (Efésios 4:29), a morrer (Efésios 5:1) e a não ser dominado pelo ego, paixão ou cólera (Efésios 4:31) em relacionamentos, especialmente no casamento.

Onde é que o sexo se ajusta neste quadro? Eu creio que se pretende que esteja no final da cadeia de intimidade. Paulo indica que o sexo é o produto ou expressão (1 Corintianos 7:3-4) da união. O sexo nunca cria união. E não é para admirar que a palavra nos diga exactamente o oposto. A sexualidade, tal como é retratada nos meios de comunicação, leva ou produz intimidade ou está divorciada do “problema” da intimidade. Na verdade, muitas vezes é sugerido que o melhor sexo é o sexo anónimo.

Se o casamento se destina a retratar o relacionamento sexual como uma expressão de companheirismo intenso e intimidade, então qualquer expressão sexual, mesmo no contexto do casamento, que não expresse esse tipo de união, não atinge os desígnios de Deus. As Escrituras afirmam que dois se tornam um e Deus afirma que a sexualidade no casamento deve ser uma expressão desse companheirismo, uma expressão e consequência dessa intimidade. Se for este o caso, então existem muitos maridos e esposas dentro da igreja que são ateus funcionais.

O que é que usualmente caracteriza um casamento em que existem problemas sexuais? A esposa queixa-se, “O meu marido chega a casa, eu não tenho nenhum tipo de envolvimento com ele, nem comunicação. Ele diz, ‘Querida..’ Eu olho para ele e digo, ‘Quem és tu? Deixa-me em paz!’ Mas ele quer que vamos para a cama. Ele pensa que isso me aproxima dele.” Embora não exista aqui imoralidade flagrante, existe “fraude” – sexo sem intimidade.

Eu designei o comportamento do ofensor sexual a quem eu estava a aconselhar de “fraude” porque toda a sua vida sexual – o seu casamento, os seus casos extra-conjugais e mesmo o comportamento sexual pervertido que ele exibia – eram uma expressão do seu desejo por experimentar sexo sem intimidade. Ele era preguiçoso. Ele não queria esforçar-se para ter intimidade nas suas relações.

Ele não queria esforçar-se no seu relacionamento com a sua esposa; daí, sobreveio o adultério. A seguir ele encontrou a sua intimidade num relacionamento conveniente com a sua filha, o que Deus considera que ele não devia ter feito. Creio que esta foi uma das razões da saída da sua filha. Este homem é um batoteiro. Deus organizou um plano e ele iludiu esse plano para fazer as coisas ao seu próprio modo.

Quando o aconselhei, perguntei-lhe se havia possibilidade de tornar a casar-se. Ele disse, “Bem, eu apenas não quero que outro casamento se pareça com o primeiro.” Isto é compreensível, mas o que é que ele na verdade estava a afirmar? Ele estava a dizer, “Eu não quero trabalhar pela intimidade. Eu quero a consequência da sexualidade, mas não quero atingi-la da forma como Deus a determina.” Depois da sua filha partir, este homem ligou-se a duas crianças que viviam perto. Estas crianças começaram a ficar ao serviço deste propósito de fraude na sua vida. Sempre que você vê uma pessoa engajar-se em comportamento sexual ilícito, você pode ter a certeza de que essa pessoa é batoteira.

Ele quer gratificação sexual sem intimidade. Isso significa que quando você aconselha alguém que tem um problema com pornografia, um problema sexual no relacionamento conjugal ou mesmo um envolvimento em alguma forma de sexualidade bizarra e pervertida, no fundo ele não quer vivenciar a sexualidade no contexto para o qual Deus a designou. Esta pessoa deve ser confrontada com o programa de Deus e esse programa é intimidade.

Fraude e Egocentrismo

Quando você aconselha pessoas que têm problemas com pornografia, uma coisa que se deve compreender é que a pornografia tem um objectivo muito simples: a masturbação. Quando alguém produz um filme pornográfico ou revista (numa indústria obviamente destinada a homens), o objectivo dessa pornografia é a masturbação. Além disso, o objectivo da pornografia e da masturbação consiste em criar um substituto para a intimidade.

A masturbação é sexo consigo mesmo. Se eu estou a praticar sexo comigo mesmo, não tenho que investir noutra pessoa. As pessoas que são “viciadas” em pornografia não são tão dedicadas ao material sensacionalista porque elas são viciadas em egocentrismo. Elas estão empenhadas em se servir a si próprias, em fazer seja o que for para encontrarem uma forma conveniente de não matarem o ego, que é a natureza do companheirismo num relacionamento.

O egocentrismo mostra-se de muitas formas diferentes. Quando você fala com pedófilos (molestadores de crianças), uma das coisas mais interessantes que você vai notar é a sua tendência para olharem para as crianças como se fossem parceiros sexuais adultos. Os pedófilos pensam, “Estou a praticar sexo com uma criança”; elas tendem a considerar a criança como seu igual do ponto de vista sexual, físico e emocional. Proceder de outro modo seria descentralizar-se, ver as coisas através de uma lente diferente dos seus próprios desejos e experiência. Isto equivale a matar o ego, que é a intimidade, que é o companheirismo, que é amar alguém – o que é precisamente aquilo que eles não querem fazer.

As Escrituras oferecem o melhor modelo para entender este tipo de pecado sexual. A literatura psicológica oferece explicações infinitas para estes comportamentos que se destinam todos a deixar a pessoa preocupada com a sua história, a sua experiência e a sua mãe. Mas você não terá que se enfrentar a si mesmo e às suas escolhas.

Ao contrário, as Escrituras concentram-se sempre no coração. Como Deus planifica a sexualidade como uma expressão de unicidade, qualquer forma de perversão sexual é também uma perversão do plano de intimidade de Deus. Quer você aconselhe uma pessoa cujo comportamento sexual o faz sentir-se fisicamente doente, quer seja alguém com problemas sexuais “variados” no casamento, os problemas retornam sempre à intimidade e à raiz da intenção de Deus para a sexualidade. Genesis 2:18 (“Não é bom para o homem que ele esteja só”) significa que a sua intervenção mais básica de aconselhamento consiste em ensinar esta pessoa a abafar o ego e a amar outros mais do que a ele (ela) próprio(a).

Um aspecto interessante neste estudo de caso particular revela a divergência entre explicações teológicas bíblicas e as noções seculares comuns sobre perversão sexual. Quando aconselhei este homem, recebi um telefonema do seu advogado. Ele queria que o seu cliente passasse um tempo num centro de reabilitação para viciados sexuais, acreditando que isto seria considerado favoravelmente na sentença do juiz. Concordei com relutância, pois eu não acreditava que esta pessoa continuasse a constituir uma ameaça. Ele parecia bem fortalecido nesse ponto e eu não queria que ele fosse preso. Eu acreditava que ele se tinha arrependido e que estava no caminho de ter bons resultados no aconselhamento. Por isso, concordei.

Mas que erro! O meu paciente não está preso; mas a fim de conseguir uma sentença favorável, ele teve que se classificar a ele próprio como viciado sexual e teve que concordar em se afastar dos relacionamentos até se curar. A ironia, naturalmente, é que ele estava a ser desafiado por mim para buscar a intimidade legitimada no contexto de um relacionamento conjugal pela primeira vez na sua vida. Mas com o rótulo de viciado sexual, a meta do tribunal consistia em o manter fora de qualquer relacionamento significativo – que era a verdadeira raiz do problema.

Imoralidade Sexual como “Falta de Rumo”

O segundo aspecto de imoralidade sexual consiste na “falta de rumo” que eu designo como uma história do coração. Vou dar um exemplo.

Quando eu tinha dezassete anos, decidi comprar a minha primeira revista de pornografia. Isto era para mim uma façanha assustadora. Lembro-me de ir à farmácia local que tinha uma pequena secção de revistas. Esperei e assegurei-me de que ninguém estava a observar. Escolhi a revista e enrolei-a para ninguém pudesse ver o que era.

Depois andei para trás e para a frente até conseguir coragem para pagar a revista. No momento em que me encaminhava para o balcão, o homem que estava por trás do balcão deixou que uma mulher ocupasse o seu lugar. Rapidamente, voltei para trás. Devo ter passado quarenta e cinco minutes nessa loja tentando comprar aquela revista – mas consegui comprá-la. À medida que o tempo passava, comprei mais algumas.

Depois notei uma coisa. Eu já não estava a enrolar a revista. Simplesmente pegava na revista, caminhava até ao balcão e pagava-a! Na verdade, comprei duas. Comprei-as apenas quando o homem estava ali. Mas depois de ter passado algum tempo já não me importava com a pessoa que estava por trás do balcão. Eventualmente fui até capaz de conversar com a mulher quando paguei as revistas.

As pessoas pretendem começar naquilo que eu chamo de “zona de conforto de linha de base” na forma como elas lidam com o seu próprio pecado. Deus afirma que a natureza do pecado é de tal forma que nós continuamos a pecar e a apagar o Espírito, enquanto continuamos a apagar as nossas consciências, o que foi originalmente uma forma muito desconfortável de nos sentirmos confortáveis. Começamos a andar à deriva quando nos comprometemos. O pecado sexual começa muitas vezes com uma experiência terrível que provoca ansiedade. Mas devido à nossa luxúria, ao nosso desejo, ao nosso coração virado contra Deus, depois de um tempo esta reacção extingue-se. Nós estamos numa nova zona de conforto. E, passado um tempo, se não nos arrependemos, ficamos ainda mais à deriva.

Sempre que aconselho alguém com um problema sexual, particularmente alguém considerado como pervertido ou bizarro, espero encontrar um padrão predisponente ou história que precede o problema apresentado. Ninguém se levanta um dia e diz, “Eu não tenho nada para fazer hoje. Penso que me vou expor!” As pessoas nunca saltam para formas extremas de pecado; elas “derivam” para dentro delas. Quando você aconselha alguém com um padrão sexual pervertido, assuma que ele ou ela tem uma história longa de imoralidade que não será facilmente revelada sem uma investigação persistente feita por você. Normalmente,quando você pergunta a essas pessoas o que elas fizeram, elas dirão. Mas quando você pergunta, “O que mais você fez? O que é que o levou a isso?”, elas irão responder “Eu não fiz nada mais.” Persista na sua investigação. Invariavelmente, à medida que você gasta tempo com essas pessoas, você começa a ver uma história de compromisso que faz da última coisa não um salto mas um passo de bebé. Em termos de pecado sexual, a pessoa já se desviou muito dos padrões de Deus.

O pecador “à deriva” vai em direcção à praia e adormece sobre um objecto que flutua no oceano. De repente o seu sono é perturbado pelo apito do nadador salvador. Quando você acorda com o som estridente, você pergunta a si mesmo, “Para quem é que esse idiota está a apitar?” Você observa e percebe que o apito é para si. Você não tinha planeado isso, mas de repente as pessoas na praia pareciam pequenos pontos porque você tinha andado à deriva no mar. É assim que o pecado funciona. O pecado tem sempre uma história. Mas lembre-se que Deus também tem sempre uma história com os nossos corações.

A Solução de Deus para a “Falta de Rumo”

Essa história chama-se santificação. A santificação é completa no que se refere à posição e é dinamicamente progressiva. O Salmo 1 19:9-11 afirma, “Como pode um jovem rapaz manter a sua pureza? Vivendo de acordo com a sua Palavra. Eu procuro-a com todo o meu coração. Não me deixeis desviar dos seus comandos. Tenho escondido a sua palavra no meu coração de forma que não possa pecar de novo contra vós.” Em João 17: 14-19, Jesus reza ao Pai, “Eu dei-lhes a vossa palavra e o mundo odiou-a, porque eles não estão no mundo mais do que eu estou no mundo. A minha prece não pede que vós os tireis do mundo mas que vós os protegeis do mal. Eles não estão no mundo mesmo que eu não esteja nele. Santificai-os pela verdade; a vossa palavra é verdade. Quando vós me enviastes ao mundo, em enviei-os ao mundo. Por eles eu santifiquei-me, para que eles também possam ser verdadeiramente santificados.”

A pessoa que está à deriva vive num mundo de compromisso e imoralidade. Ela está continuamente a pensar nos seus próprios pensamentos, elaborando os seus esquemas. Mas o crente é chamado a santificar-se pela meditação da Palavra Deus. Esta é a solução de Deus para os pecados sexuais que perturbam e atormentam muitos.

A Bíblia não tem nada de específico a dizer sobre masturbação porque não é preciso. O problema com a masturbação não é a masturbação mas a condição do coração de uma pessoa. A masturbação é apenas uma expressão dessa condição. As escrituras não são inadequadas, como alguns podem afirmar, porque elas falham em articular um mecanismo comportamental para tratar deste problema. Deus afirma que, se o meu coração for mantido puro pela meditação contínua sobre a Palavra no contexto do trabalho santificador de Deus, eu terei poder para vencer as tentações que conduzem à indulgência, pornografia e masturbação.

A maior parte das pessoas vem para o aconselhamento porque elas estão centradas no problema. Elas pedem uma técnica para as impedir de cometerem um certo comportamento. Elas esperam um curso intensivo que as capacite de forma a utilizarem Deus para vencerem um pecado particular. O seu desejo por uma solução rápida pode ser compreensível, mas não existe técnica nem mecanismo psicológico, espiritual ou qualquer outro – que as impeça de se entregarem à pornografia ou masturbação.

A Palavra santificadora de Deus não tem estado constantemente a funcionar nestas pessoas aconselhadas, por isso numa crise, elas descobrem que não estão preparadas para lidar com o pecado. Elas esperam encontrar rapidamente uma solução que contorne esse trabalho em curso da Palavra através do Espírito. Essencialmente, elas dizem, “Depressa! Preciso de um pedacinho de Deus! Estou com problemas aqui.”

Como um aconselhador, você não pode dar às pessoas algo que Deus aperfeiçoa lentamente dia após dia. Tudo o que você será capaz de lhes oferecer é informação bíblica. Aquilo que elas realmente precisam é de sabedoria, mas sabedoria que surge quando Deus aplica a Sua Palavra às suas vidas. No meio de uma crise, tudo o que o aconselhador pode fazer consiste em encorajar o princípio desse processo.

“Diferenciar” entre Deus ou o Mundo

Quando lidamos com o problema de pecado sexual, é importante reconhecer outro factor interveniente. Aquilo que a Bíblia chama “o mundo” é um sistema de valores e crenças que buscam agressivamente o controlo dos nossos corações. O mundo também tem (se é que posso usar esta expressão) uma influência “santificadora” em que o mundo procura diferenciar-nos dele próprio em contraste com a vontade de Deus de nos diferenciar para Ele Próprio. Uma pessoa que procura aconselhamento sobre pecados sexuais é uma pessoa que tem sido “diferenciada” pelo mundo, que se permitiu a ela mesma satisfazer-se com as coisas que lhe são apresentadas pelo mundo.

Devemos regressar ao facto bíblico de que a sexualidade é um acto espiritual; não é primariamente físico. Ela envolve sempre o espírito do homem, quer em comunhão com a vontade de Deus, comungando com o Espírito Santo, quer em rebelião contra essa vontade, tentando expulsar o Espírito Santo do caminho. O mundo pretende ignorar a dimensão e a sexualidade presente como um acto biológico caracterizado pela construção e libertação necessária de tensão sexual. Quando a pressão se forma, o mundo insinua que nós não temos poder para resistir. Mesmo homens Cristãos pensam desse modo, citando incorrectamente 1 Corintianos 7:1-8 para incentivarem o seu argumento de que o casamento é uma provisão para a paixão: “Paulo afirma que é melhor casar do que arder.”

Mas, conforme muitos homens casados descobriram, a carne é insaciável. Ela não opera no princípio da redução de tensões. O coração do homem procura insaciavelmente o mal. Conforme Jeremias 18:9 resume, “O coração traiçoeiramente malévolo não tem cura.” É esse problema que o pecado sexual revela e que é referido na Palavra de Deus.

Nesse sentido, em qualquer parte das Escrituras posso verificar a citação de porneia, as questões de masturbação, pornografia, perversão sexual, abuso sexual de crianças, pedofilia e todos os outros males que as pessoas cometem. A Bíblia não tem muito a dizer sobre isso, mas não de um ponto de partida técnico; a questão não consiste em técnicas psicológicas. A questão é que Deus pretende que a sexualidade seja uma expressão de comunhão e intimidade. É uma metáfora para o nosso relacionamento com Cristo. Parece que encontramos todas as formas de contornarmos essa realidade.

A sexualidade é um acto espiritual e não um acto biológico. Não é um problema de tratar com os nossos impulsos mas de santificar os nossos corações. Quando você aconselha pessoas, mantenha isto perante as suas mentes. Muitas vezes, quando as pessoas procuram aconselhamento, elas estão terrivelmente desapontadas porque elas querem uma solução que não lhes exija que submetam as suas vontades ao Espírito Santo. Simplificando, a sua abordagem ao problema consiste no problema. Quando você trabalha com as pessoas, você tem sucesso quando você for capaz de as ajudar a reconhecerem que a única solução é aquilo que afirma o Salmista – que, se eu escondo a Palavra de Deus no meu coração, não pecarei contra Ele.