Pornografia, Masturbação E Outros Abusos Privados: Perversão Íntima

De Livros e Sermões Bíblicos

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{{info|Pornography, Masturbation, and Other Private Misuses: A Perversion of Intimacy}}
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Uma vez, um advogado enviou-me para aconselhamento um homem que se tinha envolvido num série de crimes sexuais. Ele tinha sido encontrado, preso e acusado na época em que me encontrei com ele. Um crente com mais de cinquenta anos, era um viúvo com vários filhos que viviam fora do estado. Na época em que foram cometidos os crimes sexuais, a sua esposa tinha morrido há perto de dez anos.
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Certa ocasião, um advogado referiu-me um cliente que havia estado envolvido em crimes sexuais. Quando o conheci, ele já havia sido encontrado, preso e indiciado. Um crente, no final de seus 50 anos de idade, viúvo, com diversos filhos que viviam fora de seu Estado. Ao tempo em que havia cometido seus crimes sexuais, sua esposa já estava morta por cerca de dez anos.
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O casamento havia sido bastante problemático; haviam tido brigas e ele já havia sido mandado embora de sua casa. Sua esposa havia sido hospitalizada diversas vezes. Ela havia sido diagnosticada como sendo clinicamente deprimida. Durante esse tempo, o casal não havia tido relações sexuais e o homem revelou haver tido relações extra-maritais durante o tempo da hospitalização de sua esposa e isto lhe parecia fazer o caso menos questionável.  
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O casamento tinha sido muito perturbado, havia discussões e ele fora expulso de casa. A sua esposa tinha sido hospitalizada em algumas ocasiões. Ela era diagnosticada clinicamente como sofrendo de depressão. Durante esses tempos, o casal não tinha envolvimento sexual e o homem revelou-me que se tinha engajado em vários casos extra-matrimoniais enquanto a sua esposa estava hospitalizada e não disponível sexualmente. Parecia que ele pensava que isso o tornava menos condenável.
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Esse homem também disse-me haver tido diversas relações homossexuais exploratórias antes de seu casamento, durante seus últimos anos de adolescência e nos princípios de seus vinte anos de idade. Durante o tempo em que esteve casado e depois da morte de sua esposa, ele havia tido um relacionamento tão próximo e tão intenso com sua filha que cheguei a pensar ter havido algum relacionamento incestuoso, mas ele o negou. Estava claro entretanto, que sua filha lhe havia, em outras maneiras, servido como uma esposa substituta. Quando ele estava cerca de seus trinta anos de idade, sua filha decidiu mudar-se para longe. Aproximadamente um ano mais tarde, ele começou a envolver-se sexualmente com dois meninos adolescentes.
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Este homem contou-me que tinha tido várias relações homossexuais exploratórias, antes do seu casamento, na fase da adolescência e com pouco mais de vinte anos. Durante o seu casamento e depois da morte da sua esposa, ele tinha tido um relacionamento muito íntimo com a sua filha, tão intenso que eu pensei que deviam ter ocorrido certos actos incestuosos entre eles, mas ele negou. Estava claro, no entanto, que a sua filha tinha funcionado, de outras formas, como uma esposa substituta para ele. Quando ela chegou perto dos trinta anos, decidiu sair. Aproximadamente um ano depois, ele iniciou envolvimentos sexuais com dois rapazes adolescentes.
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Este caso ilustra dois aspectos do pecado sexual, os quais os conselheiros devem lembrar-se: A imoralidade é uma forma de “traição” e expressa um esquema de “deixar-se levar à deriva”.
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Este caso ilustra dois aspectos de pecado sexual que os aconselhadores precisam de ter em mente: A imoralidade é uma forma de “fraude” e exprime um padrão de “desorientação”.
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'''Imoralidade sexual como “traição”'''
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'''Imoralidade Sexual como “Fraude”'''
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O que queremos dizer quando descrevemos imoralidade sexual como sendo “traição”? Tipicamente pensamos em traição em termos de alguém haver tido um caso com outra pessoa além de seu conjugue.
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O que queremos dizer quando descrevemos a imoralidade sexual como “fraude”? Tipicamente pensamos que fraude consiste em se manter uma relação com alguém que não é a sua esposa.
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Meu intento aqui, é um pouco diferente. Em Efésios 5:31-32 lemos: ''“Por isso, deixará o homem seu pai e sua mãe e se unirá a uma mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja.''”
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O meu significado aqui é um pouco diferente. Efésios 5: 31-32 afirma:  
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<blockquote>Por esta razão um homem deixará o seu pai e mãe e se unirá à sua esposa. Os dois tornar-se-ão uma só carne. Este é um mistério profundo, mas eu estou a falar sobre Cristo e a Igreja. No entanto, cada um de vós deve também amar a sua esposa como se ama a si próprio e a esposa deve respeitar o seu marido.</blockquote>
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A Escritura é bastante clara em afirmar que o casamento “tipifica” o relacionamento do crente com Cristo. Pelo fato de que Deus é o criador do relacionamento conjugal, e é o revelador das verdades concernentes à redenção e nosso relacionamento com Cristo, o significado da metáfora é autoritária. Deus mesmo cria a similaridade em vez de articular uma similaridade já existente. Os principais sujeitos da metáfora – a natureza do vínculo matrimonial e a união do crente com Cristo – interagem em maneiras que mudam ou enriquecem nosso entendimento de ambos. Minha experiência de Cristo em mim, ajuda-me a entender que tipo de esposo deva ser. Conversamente, minha experiência da união conjugal ajuda-me a compreender algo do mistério da minha união espiritual (Gálatas 2:20). Como resultado da minha experiência de união com Cristo (Efésios 4:1,20-21; 5:1), sou compelido a falar a verdade (Efésios 4:25), a edificar (Efésios 4:29), a mortificar-me (Colossenses 3:5), e a não ser controlado por meu próprio “ego”, paixões ou ira (Efésios 4:31) em meus relacionamentos, e, especialmente, em meu matrimónio.  
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As Escrituras são muito claras afirmando que o casamento se destina a “tipificar” o relacionamento do crente com Cristo. Porque Deus é o criador da relação do casamento e o revelador das verdades respeitantes à redenção e ao nosso relacionamento com Cristo, o significado da metáfora é obrigatório. O Próprio Deus ''cria'' a semelhança em vez de articular uma semelhança que já existe. Os principais assuntos da metáfora – a natureza do vínculo do casamento e da união do crente com Cristo – interagem de formas que mudam ou enriquecem a nossa compreensão de ambos. As minhas experiências de Cristo em mim ajudam-me a entender que tipo de cônjuge pretendo ser. Conversamente, a minha experiência de unicidade marital ajuda-me a compreender algo do mistério de união espiritual (Galacianos 2:20). Como resultado da minha experiência de união com Cristo (Efésios 4:1, 20-21;5:1), sou compelido a falar a verdade (Efésios 4:25), a construir (Efésios 4:29), a morrer (Efésios 5:1) e a não ser dominado pelo ego, paixão ou cólera (Efésios 4:31) em relacionamentos, especialmente no casamento.
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E onde o assunto do sexo cabe neste quadro? Eu acredito que tenciona estar no final da corrente das intimidades. Paulo indica que o sexo é o produto, ou a expressão (1 Coríntios 7:3-4) da união. O sexo, em si, nunca cria a união. Não é de surpreender que o mundo nos diz justamente o contrário. A sexualidade, conforme é retratada na mídia, conduz à, ou produz a intimidade, ou se divorcia inteiramente do “problema” da intimidade. De fato, como frequentemente se subentende, o melhor sexo é o sexo no anonimato.
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Onde é que o sexo se ajusta neste quadro? Eu creio que se pretende que esteja no final da cadeia de intimidade. Paulo indica que o sexo é o produto ou expressão (1 Corintianos 7:3-4) da união. O sexo nunca cria união. E não é para admirar que a palavra nos diga exactamente o oposto. A sexualidade, tal como é retratada nos meios de comunicação, leva ou produz intimidade ou está divorciada do “problema” da intimidade. Na verdade, muitas vezes é sugerido que o melhor sexo é o sexo anónimo.
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Se o casamento tem o propósito de retratar o relacionamento sexual como uma expressão de intenso companheirismo e intimidade, então qualquer expressão sexual, mesmo no contexto do casamento que não expresse tal união, falha em expressar a intenção Divina. A Escritura nos diz que dois se tornam um, e Deus diz que a sexualidade no casamento está suposta a ser uma expressão deste companheirismo, uma expressão e consequência dessa intimidade. Se este é o caso, então existem centenas de maridos e esposas dentro da igreja, que são funcionalmente ateístas.
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Se o casamento se destina a retratar o relacionamento sexual como uma expressão de companheirismo intenso e intimidade, então qualquer expressão sexual, mesmo no contexto do casamento, que não expresse esse tipo de união, não atinge os desígnios de Deus. As Escrituras afirmam que dois se tornam um e Deus afirma que a sexualidade no casamento deve ser uma expressão desse companheirismo, uma expressão e consequência dessa intimidade. Se for este o caso, então existem muitos maridos e esposas dentro da igreja que são ateus funcionais.
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O que caracteriza um casamento no qual existam problemas sexuais? A esposa reclama, “Meu marido chega em casa e eu não tive nenhuma classe de envolvimento com ele, nenhuma comunicação. E ele me chama, ‘Amor…’ Eu olho para ele e pergunto, ‘Quem é você? Deixe-me em paz!’ Mas ele quer fazer as coisas melhorarem por levar-me para a cama; pensa que, em assim fazendo, eu me sentirei mais perto dele.” Ainda que aqui não haja nenhuma imoralidade flagrante, existe, porém, “traição” – sexo sem intimidade.
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O que é que usualmente caracteriza um casamento em que existem problemas sexuais? A esposa queixa-se, “O meu marido chega a casa, eu não tenho nenhum tipo de envolvimento com ele, nem comunicação. Ele diz, ‘Querida..’ Eu olho para ele e digo, ‘Quem és tu? Deixa-me em paz!’ Mas ele quer que vamos para a cama. Ele pensa que isso me aproxima dele.” Embora não exista aqui imoralidade flagrante, existe “fraude” sexo sem intimidade.
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Eu chamei de “traição” ao comportamento do meu cliente sexualmente criminoso, porque toda sua vida sexual – seu matrimónio, seus casos fora de seu matrimónio, mesmo o comportamento sexual pervertido que ele exibiu – foram expressões de seu desejo de experimentar sexo sem intimidade. Era preguiçoso. Não quis esforçar-se por intimidade em seus relacionamentos. Não quis esforçar-se por um relacionamento íntimo com sua esposa; portanto, o adultério. Em seguida, encontrou este relacionamento íntimo em um relacionamento conveniente com sua filha, relacionamento este do qual Deus disse não haver nenhum lugar para que ele tivesse. Eu acredito que esta foi uma das razões porquê sua filha foi-se embora. Este homem era um traidor um enganador. Deus delineou um plano mas ele transgrediu esse plano para fazer as coisas à sua própria maneira.
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Eu designei o comportamento do ofensor sexual a quem eu estava a aconselhar de “fraude” porque toda a sua vida sexual – o seu casamento, os seus casos extra-conjugais e mesmo o comportamento sexual pervertido que ele exibia – eram uma expressão do seu desejo por experimentar sexo sem intimidade. Ele era preguiçoso. Ele não queria esforçar-se para ter intimidade nas suas relações.
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Enquanto o aconselhava, perguntei-lhe sobre a possibilidade de casar-se de novo. Respondeu-me, “Bem… eu não quero outro casamento que venha a terminar da mesma forma que o primeiro.” Pode-se entender… mas, o que estava realmente dizendo? Na verdade, o que dizia era “Eu não quero preocupar-me com intimidade. Apenas quero os resultados da sexualidade, mas não os quero da maneira com a qual Deus deliberou que devera ser.” Depois que sua filha o deixou, este homem se apegou a dois meninos que viviam por perto e eles passaram a servir seus propósitos enganadores em sua vida.
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Ele não queria esforçar-se no seu relacionamento com a sua esposa; daí, sobreveio o adultério. A seguir ele encontrou a sua intimidade num relacionamento conveniente com a sua filha, o que Deus considera que ele não devia ter feito. Creio que esta foi uma das razões da saída da sua filha. Este homem é um batoteiro. Deus organizou um plano e ele iludiu esse plano para fazer as coisas ao seu próprio modo.  
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Sempre que você trate com uma pessoa engajada em um comportamento sexual ilícito, pode estar seguro que aquela pessoa é enganadora, fraudulenta. O que deseja é a gratificação sexual sem intimidade. Isto significa que, toda vez que você aconselha alguém com problemas de pornografia, um problema sexual em seu matrimónio, ou mesmo um envolvimento com alguma forma bizarra e pervertida de sexualidade, em sua raiz, esta pessoa não quer a experiência da sexualidade dentro do contexto para o qual Deus a desenhou. Tal pessoa precisa ser confrontada com o programa Divino, e este programa é a intimidade matrimonial.
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Quando o aconselhei, perguntei-lhe se havia possibilidade de tornar a casar-se. Ele disse, “Bem, eu apenas não quero que outro casamento se pareça com o primeiro.” Isto é compreensível, mas o que é que ele na verdade estava a afirmar? Ele estava a dizer, “Eu não quero trabalhar pela intimidade. Eu quero a consequência da sexualidade, mas não quero atingi-la da forma como Deus a determina.” Depois da sua filha partir, este homem ligou-se a duas crianças que viviam perto. Estas crianças começaram a ficar ao serviço deste propósito de fraude na sua vida. Sempre que você vê uma pessoa engajar-se em comportamento sexual ilícito, você pode ter a certeza de que essa pessoa é batoteira.
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'''Engano e egocentrismo'''
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Ele quer gratificação sexual sem intimidade. Isso significa que quando você aconselha alguém que tem um problema com pornografia, um problema sexual no relacionamento conjugal ou mesmo um envolvimento em alguma forma de sexualidade bizarra e pervertida, no fundo ele não quer vivenciar  a sexualidade no contexto para o qual Deus a designou. Esta pessoa deve ser confrontada com o programa de Deus e esse programa é intimidade.
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Quando você aconselha pessoas que têm problemas com pornografia, uma coisa que deve ser entendida á que, pornografia, tem um alvo bastante simples: masturbação. Quando alguém produz um filme ou uma revista pornográfica (em uma indústria obviamente dirigida aos homens), o objetivo é a masturbação. Além disso, o objetivo da pornografia e da masturbação é o de criar um substituto para a responsabilidade da intimidade. Masturbação é sexo consigo mesmo. Se eu tenho sexo comigo mesmo, então já não tenho que investir em outra pessoa. Pessoas “viciadas” em pornografia não são tão viciadas em material sensacionalista, como o são, realmente, em seu próprio egocentrismo. Estão empenhadas a servirem-se e farão tudo o que podem a fim de encontrarem uma forma conveniente para não terem que morrer para si próprias, o que é, finalmente, a natureza do companheirismo em um relacionamento matrimonial.
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'''Fraude e Egocentrismo'''
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O egocentrismo demonstra-se em muitas maneiras diferentes. Quando você lida com pedófilos, pessoas que são molestadores de crianças, uma das coisas interessantes que você irá notar é a tendência dessas pessoas em verem essas crianças como companheiros sexuais adultos. Elas não pensam “Estou tendo sexo com uma criança”; tendem a ver a criança como seu igual, sexualmente, fisicamente e emocionalmente. De outra maneira seria por demais indecente ver as coisas através de outra lente que não seja os seus próprios desejos e experiências. Isto seria mortificar-se, seria responsabilidade íntima, companheirismo, ou amar outra pessoa – precisamente o que não desejam fazer.
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Quando você aconselha pessoas que têm problemas com pornografia, uma coisa que se deve compreender é que a pornografia tem um objectivo muito simples: a masturbação. Quando alguém produz um filme pornográfico ou revista (numa indústria obviamente destinada a homens), o objectivo dessa pornografia é a masturbação. Além disso, o objectivo da pornografia e da masturbação consiste em criar um substituto para a intimidade.
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A Escritura nos oferece o melhor modelo para entendermos essa classe de pecado sexual. A literatura psicológica oferece inumeráveis explicações para este comportamento, forjadas para deixar-lhe preocupado com a sua história, sua experiência própria ou com sua mãe. Mas, então, você não terá que encarar-se consigo mesmo e com suas próprias escolhas.  
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A masturbação é sexo consigo mesmo. Se eu estou a praticar sexo comigo mesmo, não tenho que investir noutra pessoa. As pessoas que são “viciadas” em pornografia não são tão dedicadas ao material sensacionalista porque elas são viciadas em egocentrismo. Elas estão empenhadas em se servir a si próprias, em fazer seja o que for para encontrarem uma forma conveniente de não matarem o ego, que é a natureza do companheirismo num relacionamento.
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A Escritura, em contraste, sempre põe em foco o coração. Visto que Deus planejou a sexualidade como uma expressão de unidade, qualquer forma de perversão sexual é uma perversão do plano Divino para a intimidade. Quando você aconselha uma pessoa cujo comportamento sexual o faz sentir-se fisicamente doente, ou, alguém com uma variedade enorme de pecados sexuais no casamento, o problema sempre se volta à questão da intimidade e à raiz da intenção Divina para a sexualidade. Gênesis 2:18 (“Não é bom que o homem esteja só”) quer dizer que a sua intervenção mais básica de aconselhamento, é ensinar essa pessoa a morrer para si e a amar outros mais do que a amar a si própria.
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O egocentrismo mostra-se de muitas formas diferentes. Quando você fala com pedófilos (molestadores de crianças), uma das coisas mais interessantes que você vai notar é a sua tendência para olharem para as crianças como se fossem parceiros sexuais adultos. Os pedófilos pensam, “Estou a praticar sexo com uma criança”; elas tendem a considerar a criança como seu igual do ponto de vista sexual, físico e emocional. Proceder de outro modo seria descentralizar-se, ver as coisas através de uma lente diferente dos seus próprios desejos e experiência. Isto equivale a matar o ego, que é a intimidade, que é o companheirismo, que é amar alguém – o que é precisamente aquilo que eles não querem fazer.
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Uma interessante tangente nesse caso de estudo em particular, revela a divergência entre a explicação teologicamente bíblica e as noções seculares comuns com respeito à perversão sexual. Enquanto eu aconselhava aquele homem, recebi uma chamada telefónica de seu advogado. Ele queria que seu cliente passasse algum tempo em um centro de reabilitação para viciados sexuais, crendo que isto poderia ser favoravelmente visto pelo Juiz quando o sentenciasse. Com relutância concordei, visto não crer que essa pessoa continuasse a constituir ainda uma ameaça. Parecia que, a este ponto, este homem já estava bastante restabelecido e eu não queria vê-lo encarcerado. Eu cria que ele havia se arrependido e que estava partindo para um bom resultado de aconselhamento. Assim, concordei.
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As Escrituras oferecem o melhor modelo para entender este tipo de pecado sexual. A literatura psicológica oferece explicações infinitas para estes comportamentos que se destinam todos a deixar a pessoa preocupada com a sua história, a sua experiência e a sua mãe. Mas você não terá que se enfrentar a si mesmo e às suas escolhas.  
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Que engano! Meu aconselhado não está preso; mas, para receber uma sentença favorável, teve que rotular-se como um viciado sexual e concordar em abster-se de qualquer relacionamento até que ficasse curado. O irónico, claro, é que ele estava sendo desafiado por mim, a encontrar uma intimidade legítima no contexto de um relacionamento matrimonial pela primeira vez em sua vida. Porém, por causa do rótulo de viciado sexual, o objetivo da corte foi o de mantê-lo ''fora'' de qualquer relacionamento significativo – o que era a própria raiz do problema.
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Ao contrário, as Escrituras concentram-se sempre no coração. Como Deus planifica a sexualidade como uma expressão de unicidade, qualquer forma de perversão sexual é também uma perversão do plano de intimidade de Deus. Quer você aconselhe uma pessoa cujo comportamento sexual o faz sentir-se fisicamente doente, quer seja alguém com problemas sexuais “variados” no casamento, os problemas retornam sempre à intimidade e à raiz da intenção de Deus para a sexualidade. Genesis 2:18 (“Não é bom para o homem que ele esteja só”) significa que a sua intervenção mais básica de aconselhamento consiste em ensinar esta pessoa a abafar o ego e a amar outros mais do que a ele (ela) próprio(a).
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'''Imoralidade sexual como um “deixar-se levar à deriva, ou vaguear”'''
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Um aspecto interessante neste estudo de caso particular revela a divergência entre explicações teológicas bíblicas e as noções seculares comuns sobre perversão sexual. Quando aconselhei este homem, recebi um telefonema do seu advogado. Ele queria que o seu cliente passasse um tempo num centro de reabilitação para viciados sexuais, acreditando que isto seria considerado favoravelmente na sentença do juiz. Concordei com relutância, pois eu não acreditava que esta pessoa continuasse a constituir uma ameaça. Ele parecia bem fortalecido nesse ponto e eu não queria que ele fosse preso. Eu acreditava que ele se tinha arrependido e que estava no caminho de ter bons resultados no aconselhamento. Por isso, concordei.
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O segundo aspecto da imoralidade sexual é “deixar-se vaguear”, o que eu chamo de história do coração. Permita-me dar-lhe uma ilustração.
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Mas que erro! O meu paciente não está preso; mas a fim de conseguir uma sentença favorável, ele teve que se classificar a ele próprio como viciado sexual e teve que concordar em se afastar dos relacionamentos até se curar. A ironia, naturalmente, é que ele estava a ser desafiado por mim para buscar a intimidade legitimada no contexto de um relacionamento conjugal pela primeira vez na sua vida. Mas com o rótulo de viciado sexual, a meta do tribunal consistia em o manter ''fora'' de qualquer relacionamento significativo – que era a verdadeira raiz do problema.
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Quando eu tinha dezessete anos de idade, decidi comprar minha primeira revista pornográfica. Foi uma façanha terrível para mim. Lembro-me de haver ido a uma drogaria que tinha uma pequena seção de revistas. Esperei e verifiquei, para estar seguro, de que ninguém me espreitava. Apanhei uma revista, dobrei-a para que ninguém pudesse ver que classe de revista era. Então, caminhei de um lado para outro até que pude arrumar suficiente coragem para ir pagá-la. Justamente no momento em que eu me dirigia ao caixa no balcão, o homem que estava atendendo saiu e foi substituído por uma mulher. Imediatamente voltei-me. Devo ter gasto pelo menos uns quarenta e cinco minutos naquela drogaria tentando comprar aquela revista – mas consegui compra-la. Com o passar do tempo, pude comprar outras mais.
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'''Imoralidade Sexual como “Falta de Rumo”'''
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Foi quando então notei algo. Eu já não estava enrolando a revista. Simplesmente a tomava, caminhava em direção ao caixa e comprava! De fato, eu já estava comprando duas por vez. Até então eu as estava comprando só quando o homem estava no balcão. Mas, depois de algum tempo, já não mais me importava com quem estivesse ali. Eventualmente eu já era até mesmo capaz até de conversar com a mulher quando pagava o custo da revista.
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O segundo aspecto de imoralidade sexual consiste na “falta de rumo” que eu designo como uma história do coração. Vou dar um exemplo.
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As pessoas começam com o que eu chamo de “linha básica de uma zona de conforto” na maneira em que elas lidam com seus próprios pecados. Deus nos diz que a natureza do pecado é tal que, a medida em que nós continuamos em nossos pecados e extinguimos o Espírito, e continuamos a cauterizar nossas consciências, aquilo que originalmente era tão inconfortável para fazermos, torna-se confortável. Começamos a desviar-nos à medida que nos comprometemos. O pecado sexual normalmente começa como uma terrível experiência, com uma provocante ansiedade. Mas, por causa de nossa lascívia, nosso coração se firma contra Deus, e depois de algum tempo, essa reação desvanece. Nos sentimos em uma zona de conforto. E, se não nos arrependemos, nos deixaremos levar ainda para mais longe.
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Quando eu tinha dezassete anos, decidi comprar a minha primeira revista de pornografia. Isto era para mim uma façanha assustadora. Lembro-me de ir à farmácia local que tinha uma pequena secção de revistas. Esperei e assegurei-me de que ninguém estava a observar. Escolhi a revista e enrolei-a para ninguém pudesse ver o que era.
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Sempre que eu aconselho alguém que tenha problemas sexuais, particularmente aqueles que podem ser vistos como pervertidos e bizarros, eu espero encontrar uma predisposição característica, ou uma história, que precede o problema atual. Ninguém se levanta pela manhã e diz, “Hoje, não tenho nada para fazer. Acho que vou desnudar-me!” As pessoas nunca saltam a formas extrema de pecado; as pessoas se “afastam” em direção a elas. Quando você aconselha pessoas com constantes formas de perversões sexuais, você pode assumir que ela, ou ele, tem uma longa história de imoralidades que dificilmente serão expostas a menos que, persistentemente, você inquira. Tipicamente, quando você pergunta a tais pessoas o que elas fizeram, elas lhe dirão. Mas quando você pergunta, “O que mais que você fez? Que lhe trouxe a esta situação?”. Elas responderão, “Isto é tudo. Eu não fiz nada mais.” Persista em inquirir. Invariavelmente, quando você dedica suficiente tempo com tais pessoas, você começará a perceber uma história de concessões que fizeram com que o último acontecimento não tenha sido simplesmente um salto repentino, mas apenas um pequeno passo. Em termos de pecados sexuais, a pessoa já se havia desviado muito longe dos valores morais de Deus.
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Depois andei para trás e para a frente até conseguir coragem para pagar a revista. No momento em que me encaminhava para o balcão, o homem que estava por trás do balcão deixou que uma mulher ocupasse o seu lugar. Rapidamente, voltei para trás. Devo ter passado quarenta e cinco minutes nessa loja tentando comprar aquela revista – mas consegui comprá-la. À medida que o tempo passava, comprei mais algumas.
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“Deixar-se levar à deriva” pelo pecado, é como ir à praia e cair no sono em uma jangada no mar. Repentinamente, o seu sono será perturbado pelo apito estridente do salva-vidas. Enquanto você se desperta com o apitar persistente e aborrecedor, você se pergunta, “A quem este idiota está apitando?” E você olha ao redor e descobre ser a você mesmo! Você não planejou esta situação, mas ao olhar em direção à praia, descobre que as pessoas parecem-se como pequenos pontos na areia porque você deixou-se levar pelo mar. Esta é a maneira de como o pecado funciona. O pecado sempre tem uma história. Mas lembre-se que Deus também tem sempre uma história com nossos corações.
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Depois notei uma coisa. Eu já não estava a enrolar a revista. Simplesmente pegava na revista, caminhava até ao balcão e pagava-a! Na verdade, comprei duas. Comprei-as apenas quando o homem estava ali. Mas depois de ter passado algum tempo  já não me importava com a pessoa que estava por trás do balcão. Eventualmente fui até capaz de conversar com a mulher quando paguei as revistas.
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'''A solução Divina para o caso de “deixar-se levar à deriva”'''
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As pessoas pretendem começar naquilo que eu chamo de “zona de conforto de linha de base” na forma como elas lidam com o seu próprio pecado. Deus afirma que a natureza do pecado é de tal forma que nós continuamos a pecar e a apagar o Espírito, enquanto continuamos a apagar as nossas consciências, o que foi originalmente uma forma muito desconfortável de nos sentirmos confortáveis. Começamos a andar à deriva quando nos comprometemos. O pecado sexual começa muitas vezes com uma experiência terrível que provoca ansiedade. Mas devido à nossa luxúria, ao nosso desejo, ao nosso coração virado contra Deus, depois de um tempo esta reacção extingue-se. Nós estamos numa nova zona de conforto. E, passado um tempo, se não nos arrependemos, ficamos ainda mais à deriva.
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Esta história chama-se santificação. Santificação é, ao mesmo tempo, completamente posicional e dinamicamente progressiva. Salmo 119:9-11, lemos: ''“Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra. De todo o coração te busquei; não me deixes desviar dos teus mandamentos. Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.''” Em João 17:14-19, Jesus ora ao Pai, “''Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal. Não são do mundo como eu do mundo não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E por eles me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade.”''
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Sempre que aconselho alguém com um problema sexual, particularmente alguém considerado como pervertido ou bizarro, espero encontrar um padrão predisponente ou história que precede o problema apresentado. Ninguém se levanta um dia e diz, “Eu não tenho nada para fazer hoje. Penso que me vou expor!” As pessoas nunca saltam para formas extremas de pecado; elas “derivam” para dentro delas. Quando você aconselha alguém com um padrão sexual pervertido, assuma que ele ou ela tem uma história longa de imoralidade que não será facilmente revelada sem uma investigação persistente feita por você. Normalmente,quando você pergunta a essas pessoas o que elas fizeram, elas dirão. Mas quando você pergunta, “O que mais você fez? O que é que o levou a isso?”, elas irão responder “Eu não fiz nada mais.” Persista na sua investigação. Invariavelmente, à medida que você gasta tempo com essas pessoas, você começa a ver uma história de compromisso que faz da última coisa não um salto mas um passo de bebé. Em termos de pecado sexual, a pessoa já se desviou muito dos padrões de Deus.
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A pessoa que se deixa levar à deriva, vive em um mundo de concessões morais. Está continuamente concentrada em seus próprios pensamentos, elaborando seus próprios esquemas. Mas o crente é chamado para santificar-se por meditar na Palavra de Deus. Essa é a solução Divina para os pecados sexuais que perturbam e atormentam a tantas pessoas.
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O pecador “à deriva” vai em direcção à praia e adormece sobre um objecto que flutua no oceano. De repente o seu sono é perturbado pelo apito do nadador salvador.  Quando você acorda com o som estridente, você pergunta a si mesmo, “Para quem é que esse idiota está a apitar?” Você observa e percebe que o apito é para si. Você não tinha planeado isso, mas de repente as pessoas na praia pareciam pequenos pontos porque você tinha andado à deriva no mar. É assim que o pecado funciona. O pecado tem sempre uma história. Mas lembre-se que Deus também tem sempre uma história com os nossos corações.
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A Bíblia não diz nada concernente à masturbação porque não necessita. O problema com a masturbação não é a masturbação em si mas a condição do coração do indivíduo. A Escritura não é inadequada como alguns dizem ser, por não articular com respeito ao mecanismo comportamental e como lidar com o assunto. Deus diz que, se o meu coração pode manter-se puro por meditar continuamente em Sua Palavra, no contexto de Sua obra santificadora, eu então terei o poder de vencer as tentações que me levam à indulgência, à pornografia, ou à masturbação.  
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Muitos buscam aconselhamento por que estão centralizados em seus problemas. Procuram meios técnicos que os mantenham fora do envolvimento com certos comportamentos. Esperam um curso intensivo que os façam capazes de utilizarem-se de Deus para poderem vencer um pecado em particular. Podemos entender este desejo para uma solução rápida, mas não existe forma técnica, mecanismo – psicológico, espiritual ou de outra forma – que lhes possam impedir de que se envolvam com pornografia ou com masturbação.
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'''A Solução de Deus para a “Falta de Rumo”'''
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A Palavra santificadora de Deus ainda não está operando estavelmente em tais pessoas aconselhadas, assim que, em uma crise, descobrem que não estão preparadas para lidar com o pecado. Esperam encontrar uma solução rápida que passe por cima da contínua operação da Palavra através da obra do Espírito. Em essência, o que estão a dizer é, “Depressa! Eu necessito um pouquinho de Deus nesta situação. Estou realmente atribulado neste momento.” 
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Essa história chama-se santificação. A santificação é completa no que se refere à posição e é dinamicamente progressiva. O Salmo 1 19:9-11 afirma, “Como pode um jovem rapaz manter a sua pureza? Vivendo de acordo com a sua Palavra. Eu procuro-a com todo o meu coração. Não me deixeis desviar dos seus comandos. Tenho escondido a sua palavra no meu coração de forma que não possa pecar de novo contra vós.” Em João 17: 14-19, Jesus reza ao Pai, “Eu dei-lhes a vossa palavra e o mundo odiou-a, porque eles não estão no mundo mais do que eu estou no mundo. A minha prece não pede que vós os tireis do mundo mas que vós os protegeis do mal. Eles não estão no mundo mesmo que eu não esteja nele. Santificai-os pela verdade; a vossa palavra é verdade. Quando vós me enviastes ao mundo, em enviei-os ao mundo. Por eles eu santifiquei-me, para que eles também possam ser verdadeiramente santificados.
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Como conselheiro, você não poderá dar a ninguém algo que Deus lentamente aperfeiçoa dia a dia. Tudo o que você poderá compartilhar é informação bíblica. O que as pessoas realmente necessitam é sabedoria. Sabedoria, porém, é aquilo que Deus aplica a suas vidas através de Sua Palavra. Em meio a uma crise, tudo o que o conselheiro pode fazer é encorajar a pessoa ao princípio de um processo.
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A pessoa que está à deriva vive num mundo de compromisso e imoralidade. Ela está continuamente a pensar nos seus próprios pensamentos, elaborando os seus esquemas. Mas o crente é chamado a santificar-se pela meditação da Palavra Deus. Esta é a solução de Deus para os pecados sexuais que perturbam e atormentam muitos.
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'''“Separado” para Deus ou para o mundo'''
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A Bíblia não tem nada de específico a dizer sobre masturbação porque não é preciso. O problema com a masturbação não é a masturbação mas a condição do coração de uma pessoa. A masturbação é apenas uma expressão dessa condição. As escrituras não são inadequadas, como alguns podem afirmar, porque elas falham em articular um mecanismo comportamental para tratar deste problema. Deus afirma que, se o meu coração for mantido puro pela meditação contínua sobre a Palavra no contexto do trabalho santificador de Deus, eu terei poder para vencer as tentações que conduzem à indulgência, pornografia e masturbação.
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À medida que lidamos com o pecado sexual torna-se deveras importante, que saibamos reconhecer outro fator em operação. O que a Bíblia chama de “o mundo”, é um sistema de valores e de crenças que buscam, agressivamente, controlar nossos corações. O mundo também tem (se é que posso usar esta expressão) uma influência “santificadora” pois que busca separar-nos para si mesmo em contraste com o desejo de Deus de separar-nos para Si. Uma pessoa que venha buscando aconselhamento por causa de seus pecados sexuais, é alguém que tem sido “separada” pelo mundo e que tem-se permitido satisfazer-se continuamente naquelas coisas que lhe são oferecidas pelo mundo.
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A maior parte das pessoas vem para o aconselhamento porque elas estão centradas no problema. Elas pedem uma técnica para as impedir de cometerem um certo comportamento. Elas esperam um curso intensivo que as capacite de forma a utilizarem Deus para vencerem um pecado particular. O seu desejo por uma solução rápida pode ser compreensível, mas não existe técnica nem mecanismo psicológico, espiritual ou qualquer outro – que as impeça de se entregarem à pornografia ou masturbação.
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Precisamos voltar-nos ao fato bíblico de que o pecado sexual é um ato espiritual e não, primariamente, físico. Sempre envolve o espírito do homem em concerto com a vontade de Deus, comunhão com o Espírito Santo, ou, em rebelião contra a vontade de Deus e empurrando o Espírito Santo para longe do caminho. O mundo quer ignorar esta dimensão espiritual e apresentar a sexualidade como um ato biológico caracterizado pelo acúmulo da tensão sexual, e sua necessária emissão, ou escape. Quando a pressão se acumula, o mundo nos diz que somos impotentes para resistir. Mesmo homens crentes chegam a pensar dessa maneira e erroneamente citam I Coríntios 7:1-8, sustentando o argumento de que o casamento é a solução para essa paixão sexual: “Paulo diz que é melhor casar-se do que abrasar-se.
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A Palavra santificadora de Deus não tem estado constantemente a funcionar nestas pessoas aconselhadas, por isso numa crise, elas descobrem que não estão preparadas para lidar com o pecado. Elas esperam encontrar rapidamente uma solução que contorne esse trabalho em curso da Palavra através do Espírito. Essencialmente, elas dizem, “Depressa! Preciso de um pedacinho de Deus! Estou com problemas aqui.
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Mas, como muitos homens casados têm descoberto, a carne é insaciável. Ela não opera sob o princípio de reduzir a tensão. O coração do homem procura o mal insaciavelmente. Como Jeremias 17:9 resume, “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Esse é o problema que o pecado sexual revela e que a Palavra de Deus trata.
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Como um aconselhador, você não pode dar às pessoas algo que Deus aperfeiçoa lentamente dia após dia. Tudo o que você será capaz de lhes oferecer é informação bíblica. Aquilo que elas realmente precisam é de sabedoria, mas sabedoria que surge quando Deus aplica a Sua Palavra às suas vidas. No meio de uma crise, tudo o que o aconselhador pode fazer consiste em encorajar o princípio desse processo.
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É nesse sentido que quando eu olho nas Escrituras, encontro por toda parte referências a essa questão de porneia; o assunto da pornografia, perversão sexual, molestadores sexuais de crianças, pedofilia, e um sem número de outras coisas nas quais as pessoas caem. A Bíblia tem muito a dizer concernente a essas coisas, mas não de um ponto de vista técnico; a questão não é uma de técnicas psicológicas. A questão é que Deus deseja que a sexualidade seja uma expressão de comunhão e intimidade. É uma metáfora da nossa relação com Cristo. Parece que encontramos todas as maneiras de burlar essa realidade.
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'''“Diferenciar” entre Deus ou o Mundo'''
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Sexualidade é um ato espiritual, não um fato biológico. Não é uma questão de lidarmos com nossos impulsos mas, sim, de santificar nossos corações. Quando você aconselha as pessoas, tenha isso diante de sua mente. Frequentemente, quando as pessoas buscam aconselhamento, elas estão terrivelmente desapontadas porque querem uma solução que não lhes obrigue a submeter suas vontades ao Espírito Santo. Simplesmente falando, a maneira que abordam seu problema, é, em si, o próprio problema. Quando você trabalha com elas, você se verá bem sucedido quando consiga ajuda-las a reconhecer que a única solução é o que diz o salmista – que se eu guardar a Palavra de Deus em meu coração, eu não pecarei contra Ele.
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Quando lidamos com o problema de pecado sexual, é importante reconhecer outro factor interveniente. Aquilo que a Bíblia chama “o mundo” é um sistema de valores e crenças que buscam agressivamente o controlo dos nossos corações. O mundo também tem (se é que posso usar esta expressão) uma influência “santificadora” em que o mundo procura diferenciar-nos dele próprio em contraste com a vontade de Deus de nos diferenciar para Ele Próprio. Uma pessoa que procura aconselhamento sobre pecados sexuais é uma pessoa que tem sido “diferenciada” pelo mundo, que se permitiu a ela mesma satisfazer-se com as coisas que lhe são apresentadas pelo mundo.
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Devemos regressar ao facto bíblico de que a sexualidade é um acto espiritual; não é primariamente físico. Ela envolve sempre o espírito do homem, quer em comunhão com a vontade de Deus, comungando com o Espírito Santo, quer em rebelião contra essa vontade, tentando expulsar o Espírito Santo do caminho. O mundo pretende ignorar a dimensão e a sexualidade presente como um acto biológico caracterizado pela construção e libertação necessária de tensão sexual. Quando a pressão se forma, o mundo insinua que nós não temos poder para resistir. Mesmo homens Cristãos pensam desse modo, citando incorrectamente 1 Corintianos 7:1-8 para incentivarem o seu argumento de que o casamento é uma provisão para a paixão: “Paulo afirma que é melhor casar do que arder.”
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Mas, conforme muitos homens casados descobriram, a carne é insaciável. Ela não opera no princípio da redução de tensões. O coração do homem procura insaciavelmente o mal. Conforme Jeremias 18:9 resume, “O coração traiçoeiramente malévolo não tem cura.” É esse problema que o pecado sexual revela e que é referido na Palavra de Deus.
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Nesse sentido, em qualquer parte das Escrituras posso verificar a citação de ''porneia'', as questões de masturbação, pornografia, perversão sexual, abuso sexual de crianças, pedofilia e todos os outros males que as pessoas cometem. A Bíblia não tem muito a dizer sobre isso, mas não de um ponto de partida técnico; a questão não consiste em técnicas psicológicas. A questão é que Deus pretende que a sexualidade seja uma expressão de comunhão e intimidade. É uma metáfora para o nosso relacionamento com Cristo. Parece que encontramos todas as formas de contornarmos essa realidade.
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A sexualidade é um acto espiritual e não um acto biológico. Não é um problema de tratar com os nossos impulsos mas de santificar os nossos corações. Quando você aconselha pessoas, mantenha isto perante as suas mentes. Muitas vezes, quando as pessoas procuram aconselhamento, elas estão terrivelmente desapontadas porque elas querem uma solução que não lhes exija que submetam as suas vontades ao Espírito Santo. Simplificando, a sua abordagem ao problema ''consiste'' no problema. Quando você trabalha com as pessoas, você tem sucesso quando você for capaz de as ajudar a reconhecerem que a única solução é aquilo que afirma o Salmista – que, se eu escondo a Palavra de Deus no meu coração, não pecarei contra Ele.
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Edição tal como às 18h21min de 21 de abril de 2010

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English: Pornography, Masturbation, and Other Private Misuses: A Perversion of Intimacy

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Por Jeffrey S. Black Sobre Sexualidade
Uma Parte da série Journal of Biblical Counseling

Tradução por Gertrudes Mendonca


Certa ocasião, um advogado referiu-me um cliente que havia estado envolvido em crimes sexuais. Quando o conheci, ele já havia sido encontrado, preso e indiciado. Um crente, no final de seus 50 anos de idade, viúvo, com diversos filhos que viviam fora de seu Estado. Ao tempo em que havia cometido seus crimes sexuais, sua esposa já estava morta por cerca de dez anos. O casamento havia sido bastante problemático; haviam tido brigas e ele já havia sido mandado embora de sua casa. Sua esposa havia sido hospitalizada diversas vezes. Ela havia sido diagnosticada como sendo clinicamente deprimida. Durante esse tempo, o casal não havia tido relações sexuais e o homem revelou haver tido relações extra-maritais durante o tempo da hospitalização de sua esposa e isto lhe parecia fazer o caso menos questionável.

Esse homem também disse-me haver tido diversas relações homossexuais exploratórias antes de seu casamento, durante seus últimos anos de adolescência e nos princípios de seus vinte anos de idade. Durante o tempo em que esteve casado e depois da morte de sua esposa, ele havia tido um relacionamento tão próximo e tão intenso com sua filha que cheguei a pensar ter havido algum relacionamento incestuoso, mas ele o negou. Estava claro entretanto, que sua filha lhe havia, em outras maneiras, servido como uma esposa substituta. Quando ele estava cerca de seus trinta anos de idade, sua filha decidiu mudar-se para longe. Aproximadamente um ano mais tarde, ele começou a envolver-se sexualmente com dois meninos adolescentes.

Este caso ilustra dois aspectos do pecado sexual, os quais os conselheiros devem lembrar-se: A imoralidade é uma forma de “traição” e expressa um esquema de “deixar-se levar à deriva”.

Imoralidade sexual como “traição”

O que queremos dizer quando descrevemos imoralidade sexual como sendo “traição”? Tipicamente pensamos em traição em termos de alguém haver tido um caso com outra pessoa além de seu conjugue.

Meu intento aqui, é um pouco diferente. Em Efésios 5:31-32 lemos: “Por isso, deixará o homem seu pai e sua mãe e se unirá a uma mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja.

A Escritura é bastante clara em afirmar que o casamento “tipifica” o relacionamento do crente com Cristo. Pelo fato de que Deus é o criador do relacionamento conjugal, e é o revelador das verdades concernentes à redenção e nosso relacionamento com Cristo, o significado da metáfora é autoritária. Deus mesmo cria a similaridade em vez de articular uma similaridade já existente. Os principais sujeitos da metáfora – a natureza do vínculo matrimonial e a união do crente com Cristo – interagem em maneiras que mudam ou enriquecem nosso entendimento de ambos. Minha experiência de Cristo em mim, ajuda-me a entender que tipo de esposo deva ser. Conversamente, minha experiência da união conjugal ajuda-me a compreender algo do mistério da minha união espiritual (Gálatas 2:20). Como resultado da minha experiência de união com Cristo (Efésios 4:1,20-21; 5:1), sou compelido a falar a verdade (Efésios 4:25), a edificar (Efésios 4:29), a mortificar-me (Colossenses 3:5), e a não ser controlado por meu próprio “ego”, paixões ou ira (Efésios 4:31) em meus relacionamentos, e, especialmente, em meu matrimónio.

E onde o assunto do sexo cabe neste quadro? Eu acredito que tenciona estar no final da corrente das intimidades. Paulo indica que o sexo é o produto, ou a expressão (1 Coríntios 7:3-4) da união. O sexo, em si, nunca cria a união. Não é de surpreender que o mundo nos diz justamente o contrário. A sexualidade, conforme é retratada na mídia, conduz à, ou produz a intimidade, ou se divorcia inteiramente do “problema” da intimidade. De fato, como frequentemente se subentende, o melhor sexo é o sexo no anonimato.

Se o casamento tem o propósito de retratar o relacionamento sexual como uma expressão de intenso companheirismo e intimidade, então qualquer expressão sexual, mesmo no contexto do casamento que não expresse tal união, falha em expressar a intenção Divina. A Escritura nos diz que dois se tornam um, e Deus diz que a sexualidade no casamento está suposta a ser uma expressão deste companheirismo, uma expressão e consequência dessa intimidade. Se este é o caso, então existem centenas de maridos e esposas dentro da igreja, que são funcionalmente ateístas.

O que caracteriza um casamento no qual existam problemas sexuais? A esposa reclama, “Meu marido chega em casa e eu não tive nenhuma classe de envolvimento com ele, nenhuma comunicação. E ele me chama, ‘Amor…’ Eu olho para ele e pergunto, ‘Quem é você? Deixe-me em paz!’ Mas ele quer fazer as coisas melhorarem por levar-me para a cama; pensa que, em assim fazendo, eu me sentirei mais perto dele.” Ainda que aqui não haja nenhuma imoralidade flagrante, existe, porém, “traição” – sexo sem intimidade.

Eu chamei de “traição” ao comportamento do meu cliente sexualmente criminoso, porque toda sua vida sexual – seu matrimónio, seus casos fora de seu matrimónio, mesmo o comportamento sexual pervertido que ele exibiu – foram expressões de seu desejo de experimentar sexo sem intimidade. Era preguiçoso. Não quis esforçar-se por intimidade em seus relacionamentos. Não quis esforçar-se por um relacionamento íntimo com sua esposa; portanto, o adultério. Em seguida, encontrou este relacionamento íntimo em um relacionamento conveniente com sua filha, relacionamento este do qual Deus disse não haver nenhum lugar para que ele tivesse. Eu acredito que esta foi uma das razões porquê sua filha foi-se embora. Este homem era um traidor – um enganador. Deus delineou um plano mas ele transgrediu esse plano para fazer as coisas à sua própria maneira.

Enquanto o aconselhava, perguntei-lhe sobre a possibilidade de casar-se de novo. Respondeu-me, “Bem… eu não quero outro casamento que venha a terminar da mesma forma que o primeiro.” Pode-se entender… mas, o que estava realmente dizendo? Na verdade, o que dizia era “Eu não quero preocupar-me com intimidade. Apenas quero os resultados da sexualidade, mas não os quero da maneira com a qual Deus deliberou que devera ser.” Depois que sua filha o deixou, este homem se apegou a dois meninos que viviam por perto e eles passaram a servir seus propósitos enganadores em sua vida.

Sempre que você trate com uma pessoa engajada em um comportamento sexual ilícito, pode estar seguro que aquela pessoa é enganadora, fraudulenta. O que deseja é a gratificação sexual sem intimidade. Isto significa que, toda vez que você aconselha alguém com problemas de pornografia, um problema sexual em seu matrimónio, ou mesmo um envolvimento com alguma forma bizarra e pervertida de sexualidade, em sua raiz, esta pessoa não quer a experiência da sexualidade dentro do contexto para o qual Deus a desenhou. Tal pessoa precisa ser confrontada com o programa Divino, e este programa é a intimidade matrimonial.

Engano e egocentrismo

Quando você aconselha pessoas que têm problemas com pornografia, uma coisa que deve ser entendida á que, pornografia, tem um alvo bastante simples: masturbação. Quando alguém produz um filme ou uma revista pornográfica (em uma indústria obviamente dirigida aos homens), o objetivo é a masturbação. Além disso, o objetivo da pornografia e da masturbação é o de criar um substituto para a responsabilidade da intimidade. Masturbação é sexo consigo mesmo. Se eu tenho sexo comigo mesmo, então já não tenho que investir em outra pessoa. Pessoas “viciadas” em pornografia não são tão viciadas em material sensacionalista, como o são, realmente, em seu próprio egocentrismo. Estão empenhadas a servirem-se e farão tudo o que podem a fim de encontrarem uma forma conveniente para não terem que morrer para si próprias, o que é, finalmente, a natureza do companheirismo em um relacionamento matrimonial.

O egocentrismo demonstra-se em muitas maneiras diferentes. Quando você lida com pedófilos, pessoas que são molestadores de crianças, uma das coisas interessantes que você irá notar é a tendência dessas pessoas em verem essas crianças como companheiros sexuais adultos. Elas não pensam “Estou tendo sexo com uma criança”; tendem a ver a criança como seu igual, sexualmente, fisicamente e emocionalmente. De outra maneira seria por demais indecente ver as coisas através de outra lente que não seja os seus próprios desejos e experiências. Isto seria mortificar-se, seria responsabilidade íntima, companheirismo, ou amar outra pessoa – precisamente o que não desejam fazer.

A Escritura nos oferece o melhor modelo para entendermos essa classe de pecado sexual. A literatura psicológica oferece inumeráveis explicações para este comportamento, forjadas para deixar-lhe preocupado com a sua história, sua experiência própria ou com sua mãe. Mas, então, você não terá que encarar-se consigo mesmo e com suas próprias escolhas.

A Escritura, em contraste, sempre põe em foco o coração. Visto que Deus planejou a sexualidade como uma expressão de unidade, qualquer forma de perversão sexual é uma perversão do plano Divino para a intimidade. Quando você aconselha uma pessoa cujo comportamento sexual o faz sentir-se fisicamente doente, ou, alguém com uma variedade enorme de pecados sexuais no casamento, o problema sempre se volta à questão da intimidade e à raiz da intenção Divina para a sexualidade. Gênesis 2:18 (“Não é bom que o homem esteja só”) quer dizer que a sua intervenção mais básica de aconselhamento, é ensinar essa pessoa a morrer para si e a amar outros mais do que a amar a si própria.

Uma interessante tangente nesse caso de estudo em particular, revela a divergência entre a explicação teologicamente bíblica e as noções seculares comuns com respeito à perversão sexual. Enquanto eu aconselhava aquele homem, recebi uma chamada telefónica de seu advogado. Ele queria que seu cliente passasse algum tempo em um centro de reabilitação para viciados sexuais, crendo que isto poderia ser favoravelmente visto pelo Juiz quando o sentenciasse. Com relutância concordei, visto não crer que essa pessoa continuasse a constituir ainda uma ameaça. Parecia que, a este ponto, este homem já estava bastante restabelecido e eu não queria vê-lo encarcerado. Eu cria que ele havia se arrependido e que estava partindo para um bom resultado de aconselhamento. Assim, concordei.

Que engano! Meu aconselhado não está preso; mas, para receber uma sentença favorável, teve que rotular-se como um viciado sexual e concordar em abster-se de qualquer relacionamento até que ficasse curado. O irónico, claro, é que ele estava sendo desafiado por mim, a encontrar uma intimidade legítima no contexto de um relacionamento matrimonial pela primeira vez em sua vida. Porém, por causa do rótulo de viciado sexual, o objetivo da corte foi o de mantê-lo fora de qualquer relacionamento significativo – o que era a própria raiz do problema.

Imoralidade sexual como um “deixar-se levar à deriva, ou vaguear”

O segundo aspecto da imoralidade sexual é “deixar-se vaguear”, o que eu chamo de história do coração. Permita-me dar-lhe uma ilustração.

Quando eu tinha dezessete anos de idade, decidi comprar minha primeira revista pornográfica. Foi uma façanha terrível para mim. Lembro-me de haver ido a uma drogaria que tinha uma pequena seção de revistas. Esperei e verifiquei, para estar seguro, de que ninguém me espreitava. Apanhei uma revista, dobrei-a para que ninguém pudesse ver que classe de revista era. Então, caminhei de um lado para outro até que pude arrumar suficiente coragem para ir pagá-la. Justamente no momento em que eu me dirigia ao caixa no balcão, o homem que estava atendendo saiu e foi substituído por uma mulher. Imediatamente voltei-me. Devo ter gasto pelo menos uns quarenta e cinco minutos naquela drogaria tentando comprar aquela revista – mas consegui compra-la. Com o passar do tempo, pude comprar outras mais.

Foi quando então notei algo. Eu já não estava enrolando a revista. Simplesmente a tomava, caminhava em direção ao caixa e comprava! De fato, eu já estava comprando duas por vez. Até então eu as estava comprando só quando o homem estava no balcão. Mas, depois de algum tempo, já não mais me importava com quem estivesse ali. Eventualmente eu já era até mesmo capaz até de conversar com a mulher quando pagava o custo da revista.

As pessoas começam com o que eu chamo de “linha básica de uma zona de conforto” na maneira em que elas lidam com seus próprios pecados. Deus nos diz que a natureza do pecado é tal que, a medida em que nós continuamos em nossos pecados e extinguimos o Espírito, e continuamos a cauterizar nossas consciências, aquilo que originalmente era tão inconfortável para fazermos, torna-se confortável. Começamos a desviar-nos à medida que nos comprometemos. O pecado sexual normalmente começa como uma terrível experiência, com uma provocante ansiedade. Mas, por causa de nossa lascívia, nosso coração se firma contra Deus, e depois de algum tempo, essa reação desvanece. Nos sentimos em uma zona de conforto. E, se não nos arrependemos, nos deixaremos levar ainda para mais longe.

Sempre que eu aconselho alguém que tenha problemas sexuais, particularmente aqueles que podem ser vistos como pervertidos e bizarros, eu espero encontrar uma predisposição característica, ou uma história, que precede o problema atual. Ninguém se levanta pela manhã e diz, “Hoje, não tenho nada para fazer. Acho que vou desnudar-me!” As pessoas nunca saltam a formas extrema de pecado; as pessoas se “afastam” em direção a elas. Quando você aconselha pessoas com constantes formas de perversões sexuais, você pode assumir que ela, ou ele, tem uma longa história de imoralidades que dificilmente serão expostas a menos que, persistentemente, você inquira. Tipicamente, quando você pergunta a tais pessoas o que elas fizeram, elas lhe dirão. Mas quando você pergunta, “O que mais que você fez? Que lhe trouxe a esta situação?”. Elas responderão, “Isto é tudo. Eu não fiz nada mais.” Persista em inquirir. Invariavelmente, quando você dedica suficiente tempo com tais pessoas, você começará a perceber uma história de concessões que fizeram com que o último acontecimento não tenha sido simplesmente um salto repentino, mas apenas um pequeno passo. Em termos de pecados sexuais, a pessoa já se havia desviado muito longe dos valores morais de Deus.

“Deixar-se levar à deriva” pelo pecado, é como ir à praia e cair no sono em uma jangada no mar. Repentinamente, o seu sono será perturbado pelo apito estridente do salva-vidas. Enquanto você se desperta com o apitar persistente e aborrecedor, você se pergunta, “A quem este idiota está apitando?” E você olha ao redor e descobre ser a você mesmo! Você não planejou esta situação, mas ao olhar em direção à praia, descobre que as pessoas parecem-se como pequenos pontos na areia porque você deixou-se levar pelo mar. Esta é a maneira de como o pecado funciona. O pecado sempre tem uma história. Mas lembre-se que Deus também tem sempre uma história com nossos corações.

A solução Divina para o caso de “deixar-se levar à deriva”

Esta história chama-se santificação. Santificação é, ao mesmo tempo, completamente posicional e dinamicamente progressiva. Salmo 119:9-11, lemos: “Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra. De todo o coração te busquei; não me deixes desviar dos teus mandamentos. Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.” Em João 17:14-19, Jesus ora ao Pai, “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal. Não são do mundo como eu do mundo não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E por eles me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade.”

A pessoa que se deixa levar à deriva, vive em um mundo de concessões morais. Está continuamente concentrada em seus próprios pensamentos, elaborando seus próprios esquemas. Mas o crente é chamado para santificar-se por meditar na Palavra de Deus. Essa é a solução Divina para os pecados sexuais que perturbam e atormentam a tantas pessoas.

A Bíblia não diz nada concernente à masturbação porque não necessita. O problema com a masturbação não é a masturbação em si mas a condição do coração do indivíduo. A Escritura não é inadequada como alguns dizem ser, por não articular com respeito ao mecanismo comportamental e como lidar com o assunto. Deus diz que, se o meu coração pode manter-se puro por meditar continuamente em Sua Palavra, no contexto de Sua obra santificadora, eu então terei o poder de vencer as tentações que me levam à indulgência, à pornografia, ou à masturbação.

Muitos buscam aconselhamento por que estão centralizados em seus problemas. Procuram meios técnicos que os mantenham fora do envolvimento com certos comportamentos. Esperam um curso intensivo que os façam capazes de utilizarem-se de Deus para poderem vencer um pecado em particular. Podemos entender este desejo para uma solução rápida, mas não existe forma técnica, mecanismo – psicológico, espiritual ou de outra forma – que lhes possam impedir de que se envolvam com pornografia ou com masturbação.

A Palavra santificadora de Deus ainda não está operando estavelmente em tais pessoas aconselhadas, assim que, em uma crise, descobrem que não estão preparadas para lidar com o pecado. Esperam encontrar uma solução rápida que passe por cima da contínua operação da Palavra através da obra do Espírito. Em essência, o que estão a dizer é, “Depressa! Eu necessito um pouquinho de Deus nesta situação. Estou realmente atribulado neste momento.”

Como conselheiro, você não poderá dar a ninguém algo que Deus lentamente aperfeiçoa dia a dia. Tudo o que você poderá compartilhar é informação bíblica. O que as pessoas realmente necessitam é sabedoria. Sabedoria, porém, é aquilo que Deus aplica a suas vidas através de Sua Palavra. Em meio a uma crise, tudo o que o conselheiro pode fazer é encorajar a pessoa ao princípio de um processo.

“Separado” para Deus ou para o mundo

À medida que lidamos com o pecado sexual torna-se deveras importante, que saibamos reconhecer outro fator em operação. O que a Bíblia chama de “o mundo”, é um sistema de valores e de crenças que buscam, agressivamente, controlar nossos corações. O mundo também tem (se é que posso usar esta expressão) uma influência “santificadora” pois que busca separar-nos para si mesmo em contraste com o desejo de Deus de separar-nos para Si. Uma pessoa que venha buscando aconselhamento por causa de seus pecados sexuais, é alguém que tem sido “separada” pelo mundo e que tem-se permitido satisfazer-se continuamente naquelas coisas que lhe são oferecidas pelo mundo.

Precisamos voltar-nos ao fato bíblico de que o pecado sexual é um ato espiritual e não, primariamente, físico. Sempre envolve o espírito do homem em concerto com a vontade de Deus, comunhão com o Espírito Santo, ou, em rebelião contra a vontade de Deus e empurrando o Espírito Santo para longe do caminho. O mundo quer ignorar esta dimensão espiritual e apresentar a sexualidade como um ato biológico caracterizado pelo acúmulo da tensão sexual, e sua necessária emissão, ou escape. Quando a pressão se acumula, o mundo nos diz que somos impotentes para resistir. Mesmo homens crentes chegam a pensar dessa maneira e erroneamente citam I Coríntios 7:1-8, sustentando o argumento de que o casamento é a solução para essa paixão sexual: “Paulo diz que é melhor casar-se do que abrasar-se.”

Mas, como muitos homens casados têm descoberto, a carne é insaciável. Ela não opera sob o princípio de reduzir a tensão. O coração do homem procura o mal insaciavelmente. Como Jeremias 17:9 resume, “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Esse é o problema que o pecado sexual revela e que a Palavra de Deus trata.

É nesse sentido que quando eu olho nas Escrituras, encontro por toda parte referências a essa questão de porneia; o assunto da pornografia, perversão sexual, molestadores sexuais de crianças, pedofilia, e um sem número de outras coisas nas quais as pessoas caem. A Bíblia tem muito a dizer concernente a essas coisas, mas não de um ponto de vista técnico; a questão não é uma de técnicas psicológicas. A questão é que Deus deseja que a sexualidade seja uma expressão de comunhão e intimidade. É uma metáfora da nossa relação com Cristo. Parece que encontramos todas as maneiras de burlar essa realidade.

Sexualidade é um ato espiritual, não um fato biológico. Não é uma questão de lidarmos com nossos impulsos mas, sim, de santificar nossos corações. Quando você aconselha as pessoas, tenha isso diante de sua mente. Frequentemente, quando as pessoas buscam aconselhamento, elas estão terrivelmente desapontadas porque querem uma solução que não lhes obrigue a submeter suas vontades ao Espírito Santo. Simplesmente falando, a maneira que abordam seu problema, é, em si, o próprio problema. Quando você trabalha com elas, você se verá bem sucedido quando consiga ajuda-las a reconhecer que a única solução é o que diz o salmista – que se eu guardar a Palavra de Deus em meu coração, eu não pecarei contra Ele.