O que faz diminuir a sua fome por Deus?

De Livros e Sermões Bíblicos

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English: What Dulls Your Appetite for God?

© Desiring God

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Por Marshall Segal Sobre Santificação e Crescimento

Tradução por Vânia Martins

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Qual é a maior ameaça para sua alma? Qualquer coisa que te afaste de Deus. E saiba que nem todas as ameaças são pecados. Na verdade, para muitos de nós, talvez a maioria das armadilhas mais significativas para nossas almas não são os pecados, mas algo bom que o próprio Deus tenha nos dado.

John Piper nos dá um aviso muito pertinente:

O maior inimigo da fome de Deus não é o veneno, mas a maçã. Não é o banquete do maligno que entorpece nosso apetite pelo céu, mas as infinitas “casquinhas” que tiramos da mesa do mundo. Não são os vídeos de classificação imprópria, mas as sutilezas nos horários nobres que toleramos todas as noites. (Fome por Deus, p.18)

Você sabe o que acende a sua fome pelo céu? Você sabe o que enfraquece esse desejo? Podemos saber qual é a colheita do pecado, mas estamos muito distantes de saber a quão perigosa a torta maça pode ser.

“Não vos enganeis: Deus não se deixa zombar; portanto, tudo o que o homem semear, isso também colherá. Pois quem semeia para a sua carne da carne colherá ruína; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna.” (Gálatas 6.7-8 - A21) O problema é que nós nos enganamos pensando que existe um terreno seguro - que podemos dar desculpas e adiar a semeadura para o Espírito, enquanto ainda negamos a carne. Mas estamos sempre semeando para alguma coisa, na maioria das vezes, para nós mesmos. E o que semeamos gradativamente releva e molda o que mais amamos na vida.

As nossas desculpas

Certa vez, Jesus foi confrontado por um grupo de pessoas que tinham, por muito tempo, lançado sementes nos lugares errados. Ele conta a seguinte história:

“Jesus, porém, lhe disse: Certo homem ofereceu um grande banquete e convidou muitas pessoas. Na hora do banquete, mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, pois tudo já está preparado. Mas todos eles começaram a dar desculpas. […]” (Lucas 14.16-18)

Os fariseus adoravam serem os protetores das promessas de Deus, os guardiões do Seu Reino. Eles amavam a Lei, não porque isso os humilhava diante de Deus, mas porque lhes dava poder sobre as pessoas. Eles odiavam Jesus porque ele ameaçava esse poder. O Velho Testamento é um imenso convite para beijar o Filho, mas quando Ele finalmente veio, os fariseus tentavam massacrá-lo com a própria Lei. Mesmo após conhecer esse convite por centenas de anos, eles deram desculpas para não participarem do banquete - esses tipos de desculpas que ainda somos tentados a dar hoje em dia.

Primeira desculpa: “Eu tenho muitas coisas para fazer.”

Como argumento, Jesus listou apenas 3 desculpas, mas que juntas fazem referência a milhares. Ele até diz sobre os muitos convidados que “todos começaram a dar desculpas” (Lucas 14.18 - A21). As três são representações a fim de nos conduzir à raiz de nossas próprias desculpas. Os dois primeiros se sobrepõem significativamente:

O primeiro disse: “Comprei um terreno e preciso ir vê-lo; peço-te que me dispenses.” O outro disse, “Comprei cinco juntas de bois e vou testá-las; peço-te que me dispenses.” (Lucas 14.18-19 - A21)

O primeiro tinha que cuidar da casa. O segundo estava sustentando a sua família. Não nos apressemos em criticá-los, as suas desculpas eram (e ainda são) necessidades básicas do ser humano como: comida, água e abrigo. Deixar suas terras significava que eles e seus entes queridos poderiam ficar sem casa e comida.

Mesmo assim, quando o banquete chegou, eles estavam muito ocupados. Os negócios estavam chamando. Muitos projetos na casa. Tinham que ganhar e gastar o dinheiro, e ter comida sobre a mesa. Quem mais poderia cuidar do campo? Quem mais cuidaria daqueles bois? A princípio, as desculpas pareciam ridículas — até pensarmos melhor a respeito. A grande verdade é que essas desculpas vão perigosamente de encontro com a nossa casa, nossos territórios e segurança. O que é tão importante para você, em um dia qualquer, que faz com que você esteja disposto a renunciar esse grande banquete à sua frente - de se abdicar da comunhão com Deus através de Sua Palavra e momentos de oração?

Ninguém na face da Terra está ocupado demais para desfrutar desse banquete, nem mesmo você. Ele é digno de qualquer coisa que precisarmos não fazer para estarmos com ele. Portanto, “seja comento, seja bebendo” - ou como dona de casa, trabalhando, cuidando de seu próprio rebanho (ou telefone, computador, carro) - “seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios 10.31 - A21). E tudo o que fizer, “fazei de coração, como se fizéssemos ao Senhor e não aos homens” (Colossenses 3.23). Governe bem a sua casa (1 Timóteo 3.5). Cultive e guarde a terra que Deus te deu (Gênesis 2.15). Mas não construa sua casa longe de Deus e nem trabalhe sem que Ele faça parte disso. Não há desculpas boas o bastante para não participar desse banquete.

Segunda desculpa: “Eu preciso focar em minha família.”

A segunda grande desculpa pode ser a mais delicada. Pelo menos foi para mim. “Ainda outro disse: Casei-me e, portanto, não posso ir.” (Lucas 14.20). Alguns explicaram para o mestre que estavam muito preocupados com o casamento. Os votos que eles tinham feito diante de Deus, agora os afastavam Dele. Quando o Noivo finalmente veio para tomar a Sua noiva, não queriam interromper o casamento que já estavam desfrutando. Para o bem ou para o mal, o nosso cônjuge, normalmente, é quem exerce a maior influência em relação ao nosso amor por Deus.

Paulo nos adverte sobre isso: “Pois quero que estejais livres de preocupações. Quem não é casado se ocupa das coisas do Senhor e de como irá agradá-lo. Mas quem é casado se ocupa das coisas do mundo e de como irá agradar sua mulher; e fica dividido” (1 Coríntios 7.32-34). Na parábola de Jesus, o marido não está dividido. Ele estava totalmente em casa e sem nenhum espaço nela para Cristo. Será que o casamento dele começou desse jeito, ou a idolatria cresceu devagar, sorrateiramente, ao longo do tempo?

Mas a sabedoria não diz, “Quem encontra uma esposa acha quem lhe traz felicidade e alcança o favor do Senhor” (Provérbios 18.22)? Sim, até que a sua esposa o impeça de participar do banquete do Senhor. As distrações terrenas a respeito do casamento realmente são suficientes para nos afastar totalmente de Jesus. Qualquer um que decide se casar deve pesar o custo espiritual do casamento. Existem minas escondidas nos leitos conjugais para aqueles que não estão preparados para desfrutar dele.

A esposa, aqui, representa qualquer ente querido que exija nosso tempo, atenção e carinho. Os maridos podem ser tão perigosos para a vida espiritual de uma mulher quanto às esposas para os homens. Assim como as mães, pais, irmãs e irmãos (Lucas 14.26); Em Cristo, nós aprendemos a considerar os outros superiores a nós mesmos (Filipenses 2.3), mas não mais importantes que Deus. No final das contas, só podemos amar bem as pessoas quando buscamos seu próprio bem. Se nosso cônjuge, filhos, pais, amigos consomem nosso tempo (consciente ou inconscientemente), eles nos roubam aquilo que precisamos para aprender a amá-los cada vez melhor: Deus. Não permita que os seus amores da terra se transformem em uma desculpa para negligenciar o amor que vem do céu.

Desculpa verdadeira: “Eu prefiro mais a minha vida ao banquete.”

Jesus não estava realmente se referindo a campos, bois, ou cônjuges, mas se referia a qualquer coisa que nos impede de tomar a nossa cruz e segui-lo (Lucas 14:27). Tendemos a permitir que os prazeres e responsabilidades do cotidiano se transformem em desculpas para deixar Cristo e suas direções em segundo plano. Quando o preço do discipulado aumenta, quando a cruz que carregamos fica mais e mais pesada, nós costumamos buscar desculpas para não continuar.

Por preferirmos mais a vida que temos a uma verdadeira vida de renúncia por Cristo, corremos o risco de perder a vida abundante que vem por meio de Dele. Jesus disse, “Se alguém vier a mim, e amar pai e mãe, mulher e filhos, irmãos e irmãs, e até a própria vida mais do que a mim, sim, até mesmo a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:26). Essa palavra deve ter sido a mais penetrante para os fariseus. Eles amavam o conforto, controle, e o status de celebridade que gozavam antes de Jesus vir e sacudir seus barcos. Eles preferiam a vida que tinham a vida com Jesus, e, por isso, deram suas desculpas. E Jesus diz para todos aqueles que dão desculpas, “Pois eu vos digo que nenhum dos homens que foram convidados provará do meu banquete” (Lucas 14.24).

Como sentiremos o verdadeiro terror dessas palavras se não desejamos comer com Cristo? O trabalho da vida de Satanás é nos manter longe da mesa - nos distraindo com pequenos e passageiros prazeres, nos ocupando com tudo o possível, nos fazendo menosprezar o melhor e apetitoso banquete já servido. A Palavra de Deus despoja toda traição e aumenta nosso apetite pelo céu:

“Alegremo-nos, exultemos e demos glória a ele, porque chegou o momento das bodas do Cordeiro, e sua noiva já se preparou, e foi-lhe permitido vestir-se de linho fino, resplandecente e puro; pois o linho fino são as obras justas dos santos. E me disse: Escreve: Bem-aventurados os que são chamados à ceia das núpcias do Cordeiro!” (Apocalipse 19.7-9)

Quando a refeição finalmente for servida, toda alma desejará ter sido convidada. E eles foram, mas muitos não participarão. Por causa de suas esposas, trabalhos, seja qual for o motivo que os fez trocar o banquete por migalhas de pão.

Quase irreconhecível, quase incurável

Piper, ainda em relação ao maior inimigo de nossa fome por Deus, continua:

Apesar de todo o mal que Satanás possa fazer, quando Deus descreve as razões que nos impedem de participar da mesa de banquete do seu amor, são: um pedaço de terra, um jugo de bois e uma esposa (Lucas 14.18-20). Os maiores adversários do amor de Deus não são seus inimigos, mas seus presentes. E, os apetites mais mortais não são pelos venenos do inimigo, mas pelos simples prazeres da vida. Pois quando eles substituem a fome de Deus, a idolatria é quase irreconhecível e quase incurável (18).

A coisa mais perigosa em relação às nossas desculpas é que elas são muito sutis. Deus deu a terra. Deus deu o boi. Deus deu a esposa. Não deveríamos administrar o que ele nos deu e colocou sob nossos cuidados? Sim, mas nunca pelo preço de desfrutar de Sua presença. O pecado toma os presentes e responsabilidades que Deus nos deu, e transforma em desculpas para evitá-lo - uma idolatria que é quase irreconhecível, normalmente muito religiosa e quase incurável.

Quase! As desculpas que anteriormente criamos se tornam em novas oportunidades que virão. O Pai enviou seu próprio Filho não somente para nos advertir para não perder o banquete, mas para comprar o nosso assento com o seu sangue. Se morrermos com ele, superarmos nossas desculpas e carregarmos nossa cruz, ele nos conduzirá em segurança até a mesa. Ele viverá em e através de nós pelo Seu Espírito, “que é a garantia da nossa herança, para a redenção da propriedade de Deus.” (Efésios 1.14).

E o melhor de tudo é que Deus, Ele mesmo, será nossa herança, o caminho mais rico para o melhor banquete que já experimentamos.