O Evangelho e os Pobres

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Por Tim Keller Sobre Pobreza
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Tradução por Marcia Brando

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Tabela de conteúdo

O Evangelho e os Pobres[1]

A pergunta original que me pediram para responder foi "Como o nosso comprometimento com a supremacia do evangelho se vincula com nossa obrigação de fazer o bem a todos, especialmente àqueles da família da fé, para servir de sal e luz no mundo, para fazer o bem à cidade?" Vou dividir essa pergunta em duas partes: (1) Se somos comprometidos com a supremacia do evangelho, o evangelho por si só serve como base e motivação para ministrar aos pobres? (2) Se sim, como então esse ministério se relaciona com a proclamação do evangelho?

1. O evangelho por si só nos motiva a ministrar ao pobre?

A supremacia do evangelho

O que "a supremacia do evangelho" significa? Vou responder a essa pergunta com o discurso de Don Carson, feito na primeira conferência da Coalizão do Evangelho em maio de 2007[2].Carson esclarece o evangelho de 1 Cor 15:1–19 com oito palavras resumidas:

  1. Cristológico: O evangelho é centrado na pessoa e no trabalho (a vida, morte e ressurreição) de Jesus Cristo.
  2. Teológico: O evangelho nos diz que o pecado é antes de tudo uma ofensa contra Deus e que a salvação é primeira ação de Deus que dura, não a nossa.
  3. Bíblico: O evangelho é essencialmente a mensagem de toda a Bíblia.
  4. Apostólico: O evangelho é passado para nós pelos discípulos de Jesus como testemunhas de autoridade.
  5. Histórico: O evangelho não é filosofia ou conselho de como encontrar a Deus, mas antes notícias do que Deus fez na história para nos encontrar e salvar.
  6. Pessoal: O evangelho deve ser pessoalmente crido e apropriado.
  7. Universal: O evangelho é para toda língua, tribo, povo e indivíduo.
  8. Escatológico: O evangelho inclui as boas novas da transformação final, não apenas as bênçãos que desfrutamos nessa era.

Dessas deduções exegéticas, Carson conclui mais amplamente que o evangelho é normalmente disseminado na proclamação. A grande maioria das referências ao evangelho no Novo Testamento fala em comunicar o evangelho através de palavras. Porém, como um administrador do evangelho, a responsabilidade de Paulo não estava exaurida simplesmente por disseminá-lo aos não crentes. Paulo também "achou necessário se esforçar no trabalho externo do evangelho em cada domínio das vidas dos coríntios."[3] Depois de insistir que o evangelho é disseminado primariamente pela proclamação, Carson escreve:

Entretanto, algo mais deve ser dito. Esse capítulo [1 Cor 15] vem ao final de um livro que repetidamente mostra como o evangelho funciona corretamente na transformação massiva de atitudes, costumes, relacionamentos e interações culturais. Como todos sabem, Calvin insiste que a justificação é somente pela fé, mas a fé genuína nunca está sozinha; podemos adicionar que o evangelho se concentra na mensagem do que Deus fez e está fazendo, e deve ser lançada em verdades cognitivas para ser crida e obedecida, mas esse evangelho nunca permanece própria e exclusivamente cognitivo .[4]

O restante das cartas aos Coríntios demonstra isso repetidamente. Quando Paulo denuncia as divisões e o espírito partidário dos Coríntios (1 Cor 1:10–17), fala que eles vêm de orgulho e ostentação, uma deslealdade ao evangelho da graça soberana (1:26–31). Quando Paulo lida com a questão do pecado sexual e a disciplina nos capítulos 5-6, ele dá direções para comportamento e firma seu apelo no evangelho da justificação (6:11) e o fato de que eles foram redimidos pela morte de Cristo (6:19–20). No capítulo 7, as questões sobre estar solteiro, o divórcio e um novo casamento, "são trabalhadas no contexto das prioridades do evangelho e a visão transformada provocada pelo alvorecer da era escatológica e a antecipação do fim."[5] Em 2 Cor 8–9, Paulo eloquentemente apela para a generosidade financeira com base no evangelho. Radical, a humilde generosidade é "submissa à confissão do evangelho" (2 Cor 9:13), ou seja, o materialismo falha ao levar a sério o evangelho da morte sacrificial de Cristo por nós. Similarmente, Paulo desafia a postura de Pedro perante os cristãos gentios ao insistir que ele não estava "andando de acordo com a verdade do evangelho" (Gl 2:14).

[O] evangelho deve também transformar as práticas de negócios e as prioridades dos cristãos no comércio, as prioridades de jovens mergulhados no indeciso mas implacável narcisismo, a angústia solitária e frequente culpa dos prazeres de gente solteira que busca prazer mas que não encontra felicidade, o desespero cansado daqueles que vivem à margem, e muito mais. E isso deve ser feito não tentando resumir princípios sociais do evangelho, ainda menos pelo foco interminável na periferia, em um esforço vão de soar profético, mais precisamente ao pregar, ensinar e viver em nossas igrejas o glorioso evangelho de nosso bendito Redentor.[6]

Então o que significa estar comprometido com a primazia do evangelho? Significa primeiro que o evangelho deve ser proclamado. Muitos hoje denigrem a importância disso. Ao contrário, dizem que a única verdade apologética é uma comunidade amorosa; as pessoas não podem ser arrebanhadas ao reino dos céus por argumentos, apenas através do amor. "Pregue o evangelho. Use palavras se necessário." Mas enquanto a comunidade cristã é de fato uma testemunha crucial e poderosa à verdade do evangelho, ela não pode substituir a pregação e a proclamação. Mesmo assim, a primazia do evangelho também significa que ele é a base e motivação para a prática cristã, individualmente e corporativamente, dentro e fora da igreja. Ministério do evangelho não é apenas proclamá-lo às pessoas para que então o adotem e creiam; também é ensinar e pastorear crentes com ele, de modo que molde completamente suas vidas para que então possam "vivê-lo". E uma das áreas mais proeminentes que o evangelho afeta é nosso relacionamento com o pobre.

Não conheço melhor introdução de como o evangelho nos move a ministrar aos pobres, do que o discurso de Jonathan Edwards "Caridade Cristã"[7] Edwards conclui que ofertar e cuidar dos pobres é crucial, um aspecto não opcional de "viver o evangelho". Há dois argumentos básicos que Edwards apresenta para essa conclusão.

(1) Crer que o evangelho nos moverá a ofertar aos pobres

Edwards repetidamente nos mostra como um entendimento do que ele chama "as regras do evangelho" - o padrão e lógica do evangelho - inevitavelmente nos move a amar e ajudar os pobres. Enquanto Edwards crê que a ordem para ofertar aos pobres é uma implicação do ensino que todos os seres humanos são feitos à imagem de Deus,[8] ele acredita que a motivação mais importante para ofertar aos pobres é o evangelho: Ofertar aos pobres "é especialmente sensato, considerando nossas circunstâncias, sob tais uma dispensação da graça como aquela do evangelho."[9]

Um dos textos chave para o qual Edwards se volta para discutir esse caso é 2 Co 8:8–9 (dentro do contexto do conjunto dos capítulos 8 e 9). Quando Paulo pede por generosidade financeira com os pobres, ele aponta para o esvaziamento de Jesus, vividamente retratando-o como se tornou pobre por nós, literalmente e espiritualmente, na encarnação e na cruz. Para Edwards, a pequena introdução de Paulo "não lhes estou dando uma ordem... pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo" é significante. O argumento parece ser que se você compreender a expiação substitutiva tanto em sua cabeça quanto em seu coração, você será profundamente generoso com os pobres. Pense nisso! A única maneira para Jesus nos tirar de nossa pobreza espiritual e nos colocar nas riquezas espirituais, era sair das riquezas espirituais dele para a pobreza espiritual. Isso agora deveria ser o padrão em sua vida. Entregar seus recursos e entrar em necessidade para que aqueles em necessidade tenham recursos. Paulo também sugere aqui que todos os pecadores salvos pela graça olharão para os pobres desse mundo e sentirão que de alguma maneira eles estão olhando no espelho. A superioridade acabará.

Outro texto que Edwards olha mais do que uma vez é Gl 6:1–10, especialmente o verso 2, que nos intima a levar "os fardos pesados uns dos outros."[10] O que são esses fardos? Paulo tem em vista, pelo menos parcialmente, fardos materiais e financeiros, porque Gl 6:10 nos diz para fazermos "o bem a todos, especialmente aos da família da fé." Edwards (corretamente, de acordo com exegetas modernos) compreende "fazermos o bem" como incluir a oferta de ajuda prática às pessoas que precisam de comida, abrigo e ajuda financeira. A maioria dos comentaristas entendem "levar fardos" como sendo compreensivo. Compartilhamos amor e força emocional com aqueles que estão afundando em tristeza; compartilhamos dinheiro e posses com aqueles que estão em perigo econômico. Mas o que Paulo quer dizer quando ele diz que levar fardos "cumpre a lei de Cristo" (Gl 6:2)? Edwards chama isso de "as regras do evangelho"[11] Richard Longenecker concorda, chamando isso de "princípios prescritivos que se originam centro do evangelho."[12] Como Phil Ryken aponta, o ato final de levar um fardo foi a expiação substitutiva na qual Jesus carregou o fardo infinito de nossa culpa e pecado.[13] Novamente vemos Paulo argumentando que qualquer um que entenda o evangelho dividirá dinheiro e possessões com aqueles com menos bens no mundo.

E se é o evangelho que está nos movendo a ajudar os pobres, Edwards argumenta, nossa oferta e envolvimento com os pobres será significante, excepcional e sacrificial. Aqueles que ofertam aos pobres sem um desejo de cumprir com uma prescrição moral sempre farão o mínimo. Se ofertamos aos pobres simplesmente porque "Deus disse", a próxima pergunta será "quanto temos que ofertar para que não estejamos fora de conformidade?" Essa pergunta e atitude mostra que essa não é a oferta moldada pelo evangelho. Na última parte de seu discurso, Edwards responde a objeção "você diz que eu deveria ajudar aos pobres, mas tenho medo de que eu não tenha nada de reserva. Não posso fazer isso". Edwards responde:

Em muitos casos, podemos, pelas regras do evangelho, sermos obrigados a ofertar aos outros, quando não podemos fazer isso sem sofrermos do contrário, como essa regra de carregar os fardos uns dos outros é cumprida? Se nunca somos obrigados a aliviar os fardos dos outros mas quando podemos fazer isso sem nos sobrecarregar, então quando é que carregaremos os fardos das outras pessoas, quando carregaremos fardos de fato?[14]

Edwards está discutindo que se a base de nosso ministério com os pobres fosse simplesmente uma prescrição moral, as coisas poderiam ser diferentes. Mas se a base para nosso envolvimento com os pobres é "a regra do evangelho", chamado sacrifício substitutivo, então devemos ajudar aos pobres mesmo quando achamos que "não podemos pagar por isso". Edwards põe isso à prova e diz: "o que você quer dizer é que não pode ajudá-los sem sacrificar e trazer sofrimento para si mesmo. Mas é assim que Jesus aliviou você de seus fardos! E é assim que você deve ministrar aos outros com seus fardos".

Na parte mais poderosa do discurso, Edwards responde uma série de objeções comuns que recebe quando ele prega sobre o dever evangélico de ofertar aos pobres. Em quase todos os casos, ele usa a lógica do evangelho - da expiação substitutiva e livre justificação - na objeção. Em todos os casos, a generosidade radical, notável, sacrificial com os pobres é o resultado de pensar e viver o evangelho. À objeção "eu não tenho que ajudar alguém ao menos que ele seja destituído", Edwards responde que "a regra do evangelho" quer dizer que devemos amar nosso próximo como Cristo nos amou, literalmente entrando em nossas aflições. "Quando nosso próximo está em dificuldade, ele está aflito; e devemos ter tal espírito de amor por ele, como se estivéssemos aflitos com ele em sua aflição."[15] Então ele continua a argumentar que, se fizermos isso, precisaremos aliviar a aflição até mesmo se a situação do meu próximo é uma breve pobreza. Esperar até que as pessoas estejam totalmente destituídas antes de você ajudá-las, mostra que a lógica do evangelho ainda não o transformou na pessoa social e emocionalmente empática que você deveria ser.

Edwards toma outras duas objeções: "Eu não quero ajudar essa pessoa porque ele é um espírito de pavio curto e ingrato" e "acho que essa pessoa está na pobreza por culpa própria". Isso é um problema permanente com a ajuda aos pobres. Todos queremos ajudar pessoas bondosas, direitas, aqueles que a pobreza veio sem nenhuma contribuição deles e aqueles que responderão à sua ajuda com gratidão e alegria. Francamente, não existe quase ninguém assim. E enquanto é importante que nossa ajuda ao pobre realmente os ajude e não crie dependência (veja minha última seção), Edwards faz um breve trabalho sobre esta objeção ao apelar novamente não tanto para prescrições éticas, mas para o evangelho em si.

Cristo nos amou, foi bondoso conosco e estava disposto a nos libertar, apesar de sermos muito maus e detestáveis, de uma disposição má, não merecendo nenhuma bondade, então poderíamos estar dispostos a sermos gentis com aqueles que estão com má vontade, e são muito desmerecedores. Se eles vierem a querer por preguiça e esbanjamento viciantes; ainda assim, não estamos isentos de toda obrigação de aliviá-los, a menos que continuem nesses vícios. Se eles não continuam nesses vícios, as regras do evangelho nos direcionam a perdoá-los... [Porque] Cristo nos amou, teve compaixão de nós e teve muita disposição em nos aliviar daquela necessidade e miséria que trouxemos para nós por nossa própria loucura e maldade. Tola e perversamente jogamos fora aquelas riquezas com as quais fomos providos, sobre as quais poderíamos ter vivido e sido felizes por toda a eternidade.[16]

Edwards continua a discutir, sabiamente, que por causa das crianças dentro das famílias, algumas vezes precisaremos manter a ajuda a famílias nas quais os pais não saem de seus comportamentos irresponsáveis.[17]

Resumindo, Edwards ensina que o evangelho requer que sejamos envolvidos na vida dos pobres - não apenas financeiramente, mas pessoal e emocionalmente. Nossa oferta não deve ser simbólica, mas tão radical que traga um certo sofrimento para nossas próprias vidas. E devemos ser bem pacientes, e não paternalistas generosos para aqueles cujo comportamento causou ou agravou sua pobreza. Essas atitudes e dimensões do ministério aos pobres procedem não simplesmente de princípios éticos bíblicos em geral, mas do próprio evangelho.

(2) Ministrar aos pobres é um sinal crucial de que cremos no evangelho

Edwards também lida com grupo de textos que parecem fazer nosso cuidado e preocupação pelos pobres a base para o julgamento de Deus no dia do Senhor. Mt 25:34–46 é famoso por ensinar que as pessoas serão aceitas ou condenadas por Deus no último dia, dependendo de como elas trataram o faminto, o desabrigado e imigrante, o doente e o preso. Como pode ser isso? Isso não contradiz o ensinamento de Paulo de que somos salvos pela fé em Cristo, não por nossas obras?

Edwards nota que no Velho Testamento, ofertar aos pobres é uma marca essencial da piedade. O famoso verso de Miquéias 6:8 requer que o homem "Pratique a justiça, ame a fidelidade e ande humildemente com o seu Deus." Edwards conclui (corretamente, de acordo com Bruce Waltke) que isso requer que o homem piedoso esteja envolvido com os pobres.[18] Waltke diz que tanto "praticar a justiça" e "amar a fidelidade" significam ser gentil com o oprimido e marginalizado e ativo em ajudar pessoas que estão financeira e socialmente em uma condição mais fraca.[19] Mas essa ênfase não está apenas no Velho Testamento. Cuidar dos pobres é "algo tão essencial, que o contrário não consiste com um sincero amor por Deus" (1 João 3:17–19).[20] Disso (e de 2 Co 8:8, que fala da generosidade com os pobres como uma prova de um coração amoroso, transformado pela graça), Edwards conclui que praticar justiça e misericórdia não é uma razão com mérito para Deus nos aceitar.[21] Antes, praticar a justiça e misericórdia com os pobres é um sinal inevitável de que alguém tem uma fé justificadora e graça no coração.

Outra versão do ensino de Mt 25:34-46 é encontrado no livro de Tiago. Protestantes que brigaram com o ensino de Tg 2 concluíram: "somos salvos somente pela fé - mas não por uma fé que permanece sozinha; a fé sem obras é morta, não é a verdadeira fé justificadora". Absolutamente certo. Mas note que, no contexto, todas as "obras" que Tiago diz são as marcas da fé salvadora que estão cuidando de viúvas e órfãos (1:27), mostrando aos pobres respeito e os tratando igualmente (2:2–6), e cuidando das necessidades materiais de comida e roupa (2:15–16). Tiago fala, sem rodeios, que aqueles que dizem ter fé justificadora, mas fecham seus corações aos pobres, estão enganados ou são mentirosos (2:15–18). Tiago conclui: "porque será exercido juízo sem misericórdia sobre quem não foi misericordioso." (2:13). A "misericórdia" que Tiago fala aqui é uma forte preocupação e ajuda aos pobres.[22] Aqui novamente temos o ensinamento: você não encontrará misericórdia de Deus no dia do julgamento se você não tiver mostrado misericórdia com os pobres durante sua vida. Isso não é porque cuidar dos pobres o salvará, mas porque é a inevitável consequência da fé salvadora e justificadora.

O princípio: uma consciência social sensitiva e uma vida derramada em atos de serviço aos necessitados são as consequências inevitáveis de uma fé autêntica. Por atos de serviço, Deus pode julgar o verdadeiro amor de si mesmo por meio da palavra (cf. Is 1:10–17). Mt 25, onde Jesus se identifica com os pobres ("o que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram") pode ser comparado a Pv 14:31 e 19:17, que nos diz que ser gracioso com os pobres é emprestar ao próprio Deus e pisar nos pobres é pisar em Deus. Isso quer dizer que Deus, no dia do julgamento, pode dizer o que a atitude do coração de uma pessoa é para ele pelo que a atitude do coração dessa pessoa é para os pobres. Se há dureza, indiferença ou superioridade, isso trai a justiça própria de um coração que não abraçou verdadeiramente a verdade, que ele ou ela é um pecador perdido, salvo apenas pela graça gratuita, mas ainda assim, cara.

O apelo e argumento de Edward é muito poderoso. Ele começa seu estudo perguntando: "Onde temos alguma ordem na Bíblia em termos mais fortes, e de maneira mais autoritariamente urgente, do que a ordem de ofertar aos pobres?"[23] Ele conclui sua pesquisa do material bíblico com Provérbios 21:13: "Quem fecha os ouvidos ao clamor dos pobres também clamará e não terá resposta." Edwards adiciona: "Deus tem ameaçado pessoas pouco caridosas, que se eles vierem a estar em calamidade e angústia eles devem ser deixados sem ajuda."[24] Edwards traz para casa a demanda da Bíblia de que cristãos moldados ao evangelho devem ser memoráveis por seu envolvimento e preocupação com os pobres. Deveríamos ser literalmente "famosos" por isso. Essa é a implicação de textos como Mt 5:13–16 e 1 Pe 2:11–12.

O lugar da escatologia

Note que Edwards não apela para a escatologia para defender seu ministério aos pobres. Muitas vezes foi argumentado (inclusive por mim!) que, por causa da obra salvadora de Jesus ter como objetivo final a restauração do mundo material, portanto, Deus se preocupa com o corpo e também com a alma, e por isso devemos socorrer os famintos e os doentes, bem como salvar almas. Muitos contam que esse mundo físico será queimado (2 Pe 3:10–11; Ap 21:1), então deveríamos simplesmente salvar almas e não nos preocupar muito em melhorar as condições materiais das pessoas aqui.

A seguir enfrentaremos o relacionamento entre os ministérios da palavra e ações, mas no momento vamos observar que é possível fazer um caso extremamente forte para um ministério significativo aos pobres sem qualquer referência a questões da escatologia. As pessoas debatem se esse mundo é renovado pelo fogo ou destruído e substituído.[25] Mas, como podemos ver da explicação e argumento de Edward, o caso de importância do ministério aos pobres não repousa nessas questões controversas. Como ele diz, a ordem para cuidar dos pobres é tão forte quanto qualquer outra na Bíblia, e no Novo Testamento (e até no Velho Testamento), geralmente é baseada no evangelho da substituição, resgate e graça.[26] A incerteza quanto à se o mundo físico será substituído ou não, não deveria prejudicar nossa aceitação das dezenas de exigências bíblicas positivas de que abramos nossos corações aos pobres.

O estudo de Edward é poderoso retoricamente, mas uma pesquisa exegética muito mais completa e acessível de todo o relacionamento do evangelho e os pobres é o de Craig Blomberg, Nem pobreza nem riquezas[27] Ninguém que leia o estudo de Blomberg ou o discurso de Edward e não seja atingido em quão relativamente ausente - em comparação com seu poder e proeminência na Bíblia - é a ênfase nos pobres na pregação evangélica de hoje, especialmente entre as igrejas conservadoras e reformadas. Por que seria assim? Chegaremos a isso no próximo título.

O que é o relacionamento do evangelho da proclamação com o ministério aos pobres?

Como a igreja deveria responder a tal ensinamento bíblico notavelmente forte, sobre a importância em ofertar aos pobres? É óbvio para quase todos que a Bíblia ensina isso. Os debates, entretanto, são sobre para quem e como a igreja deveria dar sua ajuda.

Para quem?

Alguns acreditam que todos esses textos recomendando aos crentes a ofertar aos pobres são dados apenas a crentes individuais, não para a igreja como uma instituição ou corpo. Mas é difícil enquadrar essa visão com o poder das declarações que lemos. Se é realmente verdade que justiça e misericórdia com os pobres não é opcional para um cristão e é de fato o sinal inevitável de fé justificadora, é difícil acreditar que a igreja não é o reflexo de seu dever corporativo de alguma maneira. Mas não temos que continuar a supor e deduzir aqui.

Deus deu a Israel muitas leis de responsabilidade social, que deveriam ser cumpridas corporativamente. A aliança comunitária era obrigada a ofertar aos membros pobres até que suas necessidades acabassem (Dt 15:8-10). Os dízimos iam para os pobres (Dt 14:28–29). Os pobres não deveriam simplesmente receber uma "esmola", mas ferramentas, grãos (Dt 15:12-15), e terra (Lv 25) para que eles pudessem se tornar produtivos e autossuficientes. Mais tarde, os profetas condenaram a insensibilidade de Israel com os pobres como uma quebra de aliança. Eles ensinaram que o materialismo e ignorar os pobres eram pecados tão repugnantes quanto a idolatria e o adultério (Amós 2:6–7). Misericórdia com os pobres é uma evidência de verdadeiro compromisso de coração com Deus (Is 1:10–17; 58:6–7; Amós 4:1–6; 5:21–24). O grande acúmulo de fortunas, ao "adquirirem casas e mais casas, propriedades e mais propriedades até não haver mais lugar para ninguém" (Is 5:8–9), apesar de ser de maneira legal, pode ser pecaminoso se os ricos são orgulhosos e insensíveis para com os pobres (Is 3:16–26; Amós 6:4–7). O exílio de setenta anos foi uma punição para a inobservância do sábado e dos anos do jubileu (2 Cr 36:20–21). Nesses anos os prósperos cancelariam dívidas, mas os abastados se recusaram a fazer isso.

Mas esse era Israel. E a igreja? A igreja reflete a justiça social da comunhão da antiga aliança, mas com maior vigor e o poder da nova era. Cristãos também são chamados para abrirem suas mãos aos necessitados tanto quanto exista necessidade (1 João 3:16–17; cf. Dt 15:7–8). Dentro da igreja, a riqueza é para ser dividida com bastante generosidade entre ricos e pobres (2 Cor 8:13–15; cf. Lv 25). Seguindo os profetas, os apóstolos ensinam que a verdadeira fé inevitavelmente se mostrará através de atos de misericórdia (Tg 2:1–23). Materialismo ainda é um pecado penoso (Tg 5:1–6; 1 Tn 6:17–19). Não apenas crentes individuais tem essas responsabilidades, mas uma classe especial de diáconos oficiais é estabelecida para coordenar o ministério de misericórdia da igreja. Não devemos nos surpreender, então, que os primeiros dois grupos de líderes da igreja são líderes de palavras (apóstolos) e líderes de ações (os diakonoi de Atos 6). Na época de Fp 1:1 e Tn 3, oficiais supervisionam o ministério de palavras (presbíteros) e o ministério de ações (diáconos). Isso ocorre porque os dons ministeriais de Jesus chegaram até nós (Ef 4:7–12). O corpo de Cristo recebe tanto dons de falar quanto dons de diaconia (1 Pe 4:10). Tudo isso mostra que o ministério de misericórdia é exigido, trabalho obrigatório da igreja assim como é o ministério de palavra e disciplina (cf. Rom 15:23–29). Segundo Co 8:13–14 e Gl 2:10 mostram estudos de casos reais de diaconia corporativa, onde a igreja dá ofertas e alívio aos pobres (administrado por aqueles apontados pela igreja). Então não apenas indivíduos, mas a igreja como corpo deve estar envolvida em cuidar e ofertar aos pobres.

Outras questões permanecem. Mesmo se é reconhecido que a congregação (assim como os indivíduos) devem ofertar aos pobres, a vasta maioria das referências a tal ministério está dentro da comunidade cristã - cuidando dos crentes. Alguns concluem que enquanto cristãos individuais deveriam estar envolvidos em cuidar de todo tipo de pessoas pobres, a igreja deveria limitar seu ministério aos pobres apenas dentro da igreja. De novo, há muitos textos que militam contra essa visão. Tanto Israel (Lv 19:33–34)) e a comunidade da nova aliança (Hb 13:2; 1 Tn 5:10) são direcionados a mostrar hospitalidade a desconhecidos e estrangeiros, àqueles que não eram da comunidade de crentes. O impulso principal da famosa parábola de Jesus sobre o Bom Samaritano (Lucas 10:25–37) é que o ministério da misericórdia não deveria ser confinado à comunidade da aliança, mas deveria também ser estendida àqueles de fora. Também Jesus em Lucas 6:32–36 exorta seus discípulos a realizarem o ministério de ações para os ingratos e malvados, porque esse é o padrão da graça comum de Deus, que faz a chuva cair e o sol brilhar sobre os justos e os injustos (Mt 5:45) Essa exortação final não pode ser lida para significar que ofertamos a qualquer um que peça, mesmo se a oferta tornasse fácil para eles pecarem. Mesmo assim, esses textos claramente alertam a igreja contra restringir seu ministério de misericórdia apenas para aqueles de sua própria comunidade.

Talvez a passagem mais útil tenha sido a breve declaração de Paulo em Gl 6:10 (escrito para ser lido para uma igreja como um corpo, não apenas como indivíduos), a qual explicitamente estabelece uma lista de prioridades para ministrar a necessidades práticas e materiais. Antes de tudo, temos que ministrar para os da "família da fé", e em segundo lugar, para "todas as pessoas" sem considerar as distinções de etnia, nacionalidade ou crença.

Como?

Mas e o relacionamento do ministério aos pobres ao ministério do evangelismo e a pregação do evangelho?

(1) O evangelismo é distinto.

A igreja modernista do começo do século vinte reduziu o ministério evangélico a ética e ação social. O ditado curioso "pregue o evangelho; use palavras se necessário" se encaixa nessa ideia de que o evangelho é basicamente "uma forma de viver" e que o ministério do evangelho é "fazer um mundo melhor". Mas isso não apenas contradiz o ensino da Bíblia de que o evangelho deve ser verbalmente proclamado e ter como resposta o arrependimento e a fé. Isso essencialmente nega o evangelho da graça pelos atos de salvação de Deus na história, e o substitui pelas boas obras e aperfeiçoamento moral. No evangelho social, o evangelismo simplesmente desaparece. Amar os pobres é "comunicar as boas novas". Em resposta a isso, a igreja conservadora é profundamente suspeita de enfatizar demais o ministério aos pobres. Eles ouvem muitas as "igrejas emergentes" falando sobre fazer justiça e trabalhar pela paz como o caminho principal que fazemos apologética e evangelizamos pessoas. Considerando o desastre da teologia modernista e liberal, a suspeita é garantida. Mas como discuto acima, pregação evangélica conservadora consequentemente não dá a ênfase aos pobres que temos na própria Bíblia. Por quê? É o legado do evangelho social. Tanto aqueles que aceitaram e rejeitaram o evangelho social, distorceram a ênfase da Bíblia nos pobres (embora de maneiras diferentes).

À luz do material bíblico, muitos hoje estão buscando por algum tipo de equilíbrio. De um lado, alguns dizem que enquanto ambos são necessários, a preocupação social é de que isso signifique o fim do evangelismo. O que é, deveríamos praticar misericórdia e justiça apenas porque e como isso nos ajuda a trazer pessoas à fé em Cristo. [28] Isso não parece se encaixar na parábola de Jesus sobre o Bom Samaritano, que nos chama a cuidar mesmo daqueles que são "ingratos e maus" (Lucas 6:35). A visão de meio para um fim abre os cristãos à acusação de manipulação. Ao invés de verdadeiramente amar as pessoas com liberdade, estamos ajudando-os somente a nos ajudarem e a aumentar nossos próprios números. Uma das maiores ironias dessa abordagem é que ela própria se enfraquece. Tenho conhecido muitos evangélicos que avaliam ministérios de misericórdia pelo número dos convertidos ou pessoas/membros frequentadores que a igreja produz. O sociólogo Robert Putnam descreve tais iniciativas baseadas na igreja como capital social de ligação centrada na igreja (ou exclusiva), em oposição ao capital social ponte centrada na comunidade (ou inclusiva).[29] Isto é, o ministério desse tipo de igrejas não é realmente projetado para edificar ao próximo, mas apenas para expandir a igreja. Mas essa abordagem é percebida como egoísta e tribal pelas pessoas ao redor da igreja e então elas não glorificam a Deus (Mt 5:13-16), pois eles não nos veem expressando a graça sacrificial e incondicional de Deus. Eles nos veem ofertando apenas onde podemos ter algo em retorno (Lucas 6:32–35).

Por outro lado, outros como John Stott veem o evangelismo e a preocupação social como parceiros semelhantes:

[A]ção social é uma parceira do evangelismo. Como parceiros, os dois se pertencem e ao mesmo tempo são independentes um do outro. Cada um está sobre seus próprios pés, lado a lado. Nenhum é um meio para o outro, nem mesmo uma manifestação do outro. Pois cada um é um fim em si mesmo.[30]

Isso parece separar muito o ministério do ministério da Palavra. Abre a possibilidade de estar por conta própria, sem pregar o evangelho. Eu proponho outra coisa, um relacionamento assimétrico e inseparável.

(2) Evangelismo é mais básico do que o ministério aos pobres.

Evangelismo tem que ser visto como a "vanguarda" de um ministério da igreja no mundo. Deve ser dada a prioridade no ministério da igreja. É lógico que enquanto a salvação de uma alma perdida e alimentar um estômago vazio são ambos atos de amor, um tem um efeito infinitamente maior do que o outro. Em 2 Co 4:16–18, Paulo fala da importância em fortalecer o "homem interior" assim como o exterior, a natureza física está envelhecendo e decaindo. Evangelismo é o ministério mais básico e radical possível a um ser humano. Isso é verdade, não porque o "espiritual" é mais importante do que o físico (devemos tomar cuidado para não cair no dualismo do estilo grego!), mas porque o eterno é mais importante do que secular (Mt 11:1-6; João 17:18; 1 João 3:17–18).

(3) Mas ministrar ao pobre está conectado de maneira inseparável ao evangelismo.

Todos conhecemos a máxima: "somos salvos somente pela fé, mas não pela fé que está sozinha." A fé é o que nos salva, e ainda a fé é inseparavelmente conectada com boas obras. Vemos em Tg 2 que este também é o caso com o evangelho da justificação pela fé e misericórdia com o pobre. O evangelho da justificação tem uma prioridade; é o que nos salva. Mas tanto quanto boas obras são inseparáveis da fé na vida de um crente, também o cuidado com os pobres é inseparável do trabalho de evangelismo e o ministério da Palavra. No ministério de Jesus, curar o doente e alimentar o faminto era inseparável do evangelismo (João 9:1–7; 35–41). Seus milagres não foram simplesmente demonstrações nuas de poder, designados a provar seu status sobrenatural, mas eram sinais do reino vindouro (Mt 11:2–5).

A renovação da salvação de Cristo por fim, inclui um universo renovado. Enquanto isso, não há parte da nossa existência que não seja tocada por Sua bênção. Os milagres de Cristo eram milagres do reino, realizados como sinais do significado do reino. Suas bênçãos eram pronunciadas aos pobres, aos aflitos, aos sobrecarregados e abatidos que vinham a Ele, e criam Nele. Os sinais milagrosos que atestaram a deidade de Jesus e autenticaram as testemunhas daqueles que transmitiram o evangelho à igreja não continuaram, pois, seu propósito está cumprido. Mas o padrão do reino que foi revelado por aqueles sinais deve continuar na igreja. Não podemos ser fiéis às palavras de Jesus se nossas ações não refletirem a compaixão de Seu ministério. O evangelismo do reino é portanto holístico ao transmitir pela palavra e pela ação a promessa de Cristo pelo corpo e alma tanto quanto as demandas de Cristo pelo corpo e alma.[31]

Muitas vezes Atos faz uma conexão bem próxima entre o repartir econômico de posses com aqueles em necessidade e a multiplicação de convertidos pela pregação da Palavra. A descida do Espírito Santo e um explosivo crescimento nos números (Atos 2:41) é conectado com um repartir radical com o necessitado (2:44–45). Atos 4 é uma recapitulação: depois de serem cheios do Espírito, a distribuição econômica das pessoas dentro da igreja acompanha a pregação da ressureição com grande poder (4:32–35). Depois que o ministério da diaconia está mais firmemente estabelecido, Lucas adiciona: "Assim, a palavra de Deus se espalhava. Crescia rapidamente o número de discípulos em Jerusalém" (6:7). Lucas está novamente apontando a conexão extremamente próxima entre o ministério de ações e o ministério da palavra. As ações práticas dos cristãos pelas pessoas em necessidade demonstravam a verdade e o poder do evangelho. Atos de misericórdia e justiça são visíveis para não crentes e podem levar homens a glorificar a Deus (Mt 5:13–16). O imperador romano Juliano, o apóstata, notou que os cristãos eram notavelmente benevolentes com estranhos: "Os galileus [i.e., cristãos] dão suporte não apenas aos seus pobres, mas também aos nossos, todos podem ver que nosso povo não precisa de nossa ajuda."[32]

(4) Inseparável não significa ordem rígida, temporal.

O que queremos dizer com "inseparável"? Ministrar aos pobres pode preceder compartilhar o evangelho, como o ministério de Jesus com o homem cego. Apesar do ministério de ações levar o homem cego à iluminação espiritual, não há indicação de que Jesus o ajudou condicionalmente. Ele não o pressionou a crer enquanto o curava; ele apenas disse ao homem para "ir e lavar-se" (João 9:7). Mesmo assim quando Jesus falou em dar dinheiro e roupas àqueles que pedem, ele insistiu que deveríamos dar sem esperar nada em troca (Lucas 6:32–35). Não deveríamos dar assistência apenas porque a pessoa está aberta ao evangelho, nem deveríamos retirá-la se ele ou ela não se torna espiritualmente receptiva. Entretanto, sempre deve estar claro que a motivação por nossa assistência é nossa fé cristã, e cuidados devem ser tomados para encontrar formas não artificiais e não exploratórias de manter os ministérios da Palavra e as reuniões para ensino e comunhão, intimamente ligados aos ministérios de ajuda.

Sumário

Jesus chama os cristãos para serem "testemunhas", para evangelizar os outros, mas também para estarem profundamente preocupados com os pobres. Ele chama seus discípulos tanto para a "mensagem evangélica" (insistindo que todos creiam no evangelho) e para o "evangelho ao próximo" (sacrificialmente atendendo as necessidades daqueles ao seu redor, eles crendo ou não! As duas absolutamente vão juntas.

  1. Elas vão juntas teologicamente. A ressureição nos mostra que Deus não apenas criou tanto corpo quanto espírito, mas também irá redimir tanto corpo quanto espírito. A salvação Jesus eventualmente trará em sua plenitude e incluirá liberação de todos os efeitos do pecado - não apenas espiritual, mas físico e material também. Jesus veio tanto para pregar a Palavra quanto para curar e alimentar.
  2. Elas andam juntos na prática. Devemos ser sempre cautelosos para não transformar evangelismo em ministério de ação como o evangelho social fez, mas amar as ações é uma testemunha insubstituível do poder e natureza da graça de Deus, um testemunho insubstituível da verdade do evangelho.

2. Alguns pensamentos na prática desse ministério

Não acho que essa dissertação é o lugar para expor todos os detalhes do que o ministério aos pobres deve parecer na prática.[33] Mas há dois equilíbrios práticos que eu exorto para as igrejas atingirem em seu ministério aos pobres.

Um equilíbrio de análise: Justiça e Misericórdia

Uma coisa é querer ajudar os pobres. Outra coisa é fazer isso com sabedoria. É extremamente fácil se envolver na vida de uma família pobre e tornar as coisas piores ao invés de melhores. Uma das razões principais pelas quais isso acontece tão frequentemente é por causa de duas ideologias políticas não bíblicas e reducionismos que reinam em nossa cultura hoje. Conservadores, em geral, veem a pobreza como sendo causada por irresponsabilidade pessoal. Liberais, em geral, veem a pobreza como sendo causada por sistemas sociais injustos; indivíduos pobres não conseguem escapar deles.

A Bíblia vai e volta ao chamar ministério aos pobres às vezes de "justiça" e às vezes de "serviço" (diaconia) ou misericórdia. Talvez o apelo bíblico mais famoso em ajudar os pobres é a parábola do Bom Samaritano, no qual essa ajuda é chamada "misericórdia" (Lucas 10:37). Mas em qualquer outro lugar, dividir comida, abrigo e outros recursos básicos com aqueles que tem menos deles (Is 58:6–10; cf Lv 19:13, Jr 22:13) é chamado "fazer justiça". Falhar em compartilhar é considerado não simplesmente uma falha em ser compassivo, mas também uma falha em ser justo.

Acho que a razão para o uso tanto dos termos "justiça" e "misericórdia" é que a explicação bíblica das causas da pobreza são muito mais complexas do que nossas ideologias atuais.[34] A literatura sábia provê uma notável visão equilibrada e tonalizada das "raízes que causam" a pobreza. Em Provérbios vemos as declarações familiares aos efeitos de que "Todo trabalho árduo traz proveito, mas o só falar leva à pobreza." (Pv 14:23). E ainda assim nos dizem: "A lavoura do pobre produz alimento com fartura, mas por falta de justiça ele o perde." (Pv 13:23). Tanto pessoal e social, fatores sistêmicos podem levar à pobreza.

De fato, a Bíblia revela pelo menos três fatores causais para a pobreza.

  1. Injustiça e opressão: Isso se refere a qualquer condição social injusta ou tratamento que mantém a pessoa na pobreza (Sl 82:1–8; Pv 14:31; Ex 22:21–27). A principal palavra em hebreu para "os pobres" no velho testamento significa "os injustamente oprimidos". Exemplos de opressão na Bíblia incluem sistemas sociais ponderados a favor dos poderosos (Lv 19:15), empréstimos com altos juros (Ex 22:25–27)) e salários injustamente baixos (Ef 6:8–9; Jas 5:4).
  2. Calamidade circunstancial: Isso se refere a qualquer desastre natural ou circunstância que traz ou mantém a pessoa na pobreza. A escritura é repleta de exemplos como fomes (Gn 47), lesões incapacitantes, enchentes e incêndios.
  3. 3. Falha pessoal: A pobreza também pode ser causada pelos pecados e falhas pessoais, tais como indolência (Pv 6:6–7) e outros problemas com autodisciplina (Pv 23:21).

Esses três fatores estão interligados. Eles não produzem geralmente "categorias" separadas de pobreza (exceto em situações agudas como um furacão que deixa as pessoas desabrigadas e necessitadas de cuidados materiais imediatos). Em vez disso, os três fatores geralmente estão presentes interativamente. Por exemplo, uma pessoa que cresceu num gueto étnico/econômico (1º fator) é provável que tenha problemas de saúde (2º fator) e também aprenda muitos hábitos de sua comunidade que não se encaixam com progresso material/social (3º fator).

Ainda que o terceiro fator possa ser visto como uma versão do primeiro. Por exemplo, a falha dos pais de uma criança em lerem para ela, educá-la ou lhe ensinar hábitos de honestidade, diligência e gratificação tardia, é o terceiro fator (irresponsabilidade pessoal) para adultos, mas o primeiro fator (injustiça) para as crianças. Crianças do interior, apesar de não ser culpa delas, podem crescer com um ensino muito inferior e com um ambiente extremamente prejudicado para aprender, no geral. Conservadores podem argumentar que isso é culpa dos pais ou da "cultura", enquanto liberais veem isso como uma falha do governo e/ou fruto de um racismo sistêmico. Mas ninguém argumenta que isso é culpa da criança! Claro, é possível para jovens nascidos na pobreza saírem disso, mas precisam de muito mais força de vontade, independência, criatividade e coragem simplesmente para irem à faculdade e conseguirem um emprego, do que é para qualquer criança que nasce num mundo de classe média. Resumindo, algumas crianças crescem com cerca de duzentas vezes melhores oportunidades para um sucesso acadêmico e econômico do que outras. (Não se pode pedir a um analfabeto de oito anos - que em breve se tornará um analfabeto de dezessete - que "se erga"!) Porque essa situação existe? É parte de uma profunda injustiça de nosso mundo. O problema é simplesmente uma distribuição injusta de oportunidades e recursos.

Em síntese, muitos "conservadores" são motivados a ajudar os pobres principalmente pela compaixão. Isso pode vir de uma crença de que a pobreza é principalmente uma questão de irresponsabilidade individual. Perde o fato de que os "ricos" têm o que têm em grande grau por causa da distribuição injusta de oportunidades e recursos no nascimento. Se temos os bens do mundo, eles são no fim das contas, dádivas. Se nascemos em outras circunstâncias, podemos facilmente ser muito pobres não por nossa própria culpa. Falhar em dividir o que você tem não é apenas falta de compaixão, mas injusto, iníquo. Por outro lado, muitos "liberais" são motivados a ajudar os pobres principalmente por um sentimento de indignação e justiça atrofiada. Perde-se o fato de que responsabilidade individual e transformação tem uma grande parte a ver com fugir da pobreza. A pobreza é vista estritamente em termos de inequidade social. Enquanto a motivação conservadora "somente compaixão" leva ao paternalismo e condescendência, a motivação liberal "somente justiça" leva a grande raiva e rancor.

Ambas as visões, ironicamente, se tornam hipócritas. Um tende a culpar os pobres por tudo, e o outro a culpar os ricos por tudo. Um super enfatiza a responsabilidade individual, o outro a sub enfatiza. Uma motivação balanceada surge de um coração tocado pela graça, que perdeu seus sentimentos de superioridade para com qualquer classe particular de pessoas. Vamos deixar algo bem claro: é o evangelho que nos motiva a agir em misericórdia e em justiça. Deus diz a Israel: "O estrangeiro residente que viver com vocês será tratado como o natural da terra. Amem-no como a si mesmos, pois vocês foram estrangeiros no Egito. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês." (Lv 19:34). Os israelitas tinham sido "estrangeiros" e escravos oprimidos no Egito. Eles não tinham a habilidade de se libertarem - Deus os libertou por sua graça e poder. Agora eles têm que tratar todas as pessoas com menos poder ou menos ativos como seus próximos, amando-os e praticando a justiça com eles. Então a base para "praticar a justiça" é a salvação pela graça!

Dissemos no começo dessa seção que esse balanço entre misericórdia e justiça - de ver os aspectos pessoais e sociais e causas da pobreza - é necessário para um ministério de igreja aos pobres ser sensato. Uma ideologia conservadora será muito impaciente e provavelmente severa com as famílias pobres e não terão conhecimento dos mais invisíveis fatores socioculturais que contribuem para os problemas. Uma ideologia liberal não dará ênfase no arrependimento e na mudança pessoal.

Uma divisão do trabalho: Individual e igreja

O ministério do evangelho da igreja inclui tanto evangelizar não crentes e moldar cada área das vidas dos crentes ao evangelho, mas isso não significa que a igreja como uma instituição dirigida por seus presbíteros deve realizar corporativamente todas as atividades para as quais equipamos nossos membros. Por exemplo, enquanto a igreja deveria discipular seus membros que são os cineastas, para que suas artes cinemáticas sejam profundamente influenciadas pelo evangelho, a igreja não deveria operar uma companhia de produção de filmes. Aqui é onde a "soberania da esfera" de Abraham Kuyper pode ser de alguma ajuda (embora eu reconheça seus limites e problemas). Kuyper insiste com razão que a igreja enquanto igreja deve pregar o evangelho (evangelizar e discipular), louvar e observar os sacramentos, e engajar na disciplina da igreja. Nessas atividades são produzidos membros que se engajarão nas artes, ciências, educação, jornalismo, cinema, negócios, e assim por diante. Mas a igreja por si só não deveria se engajar nesses empreendimentos. Kuyper, por exemplo, nem mesmo permitiria uma congregação local a operar uma escola cristã, uma vez que ele cria que a educação de crianças pertencia à família, não à igreja.

Com isso em mente, o ministério da igreja com os pobres tem grande sentido como um veículo corporativo para cristãos realizarem seus deveres bíblicos com os pobres, como uma testemunha corporativa à comunidade do amor transformador de Cristo, e como uma "estrutura plausível" importante para a pregação do evangelho. Entretanto, a igreja deveria reconhecer diferentes "níveis" de ministério aos pobres e deveria conhecer seus limites.

  1. Auxílio: Isso é auxílio direto para atender necessidades físicas/materiais/sociais. Ministérios de auxílio comum são abrigos temporários para desabrigados, serviços de comida e roupa em terrível necessidade, serviços médicos, conselho de crise, e assim por diante. Uma forma mais efetiva de auxílio é a "advocacia", na qual pessoas em necessidade recebem auxílio para obter assistência judicial, para encontrar moradia e outros tipos de ajuda. Programas de auxílio podem sozinhos criar padrões de dependência.
  2. Desenvolvimento: Isso é o necessário para trazer uma pessoa ou comunidade para a autossuficiência. No Antigo Testamento, quando uma dívida de um escravo era perdoada e ele era solto, Deus dava direção para que seu antigo mestre o dispensasse com grãos, ferramentas e recursos para uma nova e autossuficiente vida econômica (Dt 15:13-14). "Desenvolvimento" para um indivíduo inclui educação, criação de emprego e treinamento. Mas desenvolvimento para uma vizinhança ou comunidade significa reinvestir capital social e financeiro em um desenvolvimento social de sistema habitacional e casa própria, outros investimentos de capital e assim por diante.
  3. Reforma: Reforma social move mais do que o alívio de necessidades imediatas e dependência, e procura mudar condições sociais e estruturas que agravam ou causam essa dependência. Jó nos fala que ele não apenas vestia o nu, mas "quebrava as presas dos ímpios e dos seus dentes arrancava as suas vítimas. (Jó 29:17). Os profetas denunciaram salários injustos (Jr 22:13), práticas corruptas de negócios (Amós 8:2, 6), sistemas legais pesados a favor dos ricos e influentes (Lv 19:15; Dt 24:17), e um sistema de empréstimo de capital que tira das pessoas de meios modestos (Ex 22:25–27; Lev 19:35–37; 25:37). Daniel chama um governo pagão para se responsabilizar por sua falta de misericórdia com os pobres (Dn 4:27). Isso significa que cristãos também deveriam trabalhar para uma comunidade em particular para conseguir melhor proteção da polícia, práticas bancárias mais precisas e justas, práticas de zoneamento e leis melhores.
  4. Mas a igreja deveria estar fazendo reforma ou até mesmo desenvolvimento? Por motivos práticos e teológicos, a resposta é, em geral, que a igreja institucional deveria se concentrar no primeiro e parte do segundo nível - no auxílio e em algum desenvolvimento individual. Quando se trata do segundo e terceiro nível, no desenvolvimento da comunidade, reforma social e o endereçamento de estruturas sociais, crentes deveriam trabalhar através de associações e organizações ao invés da igreja local. Não é fácil traçar limites dogmáticos aqui. Diferentes condições sociais e culturais podem afetar como a igreja está diretamente envolvida em endereçar questões de justiça. Conforme olhamos para trás agora, batemos palmas para igrejas Anglo-brancas que pregaram contra e trabalharam contra os malvados da escravidão Africana na América. Então, também, igrejas afro-americanas, sob as condições extremas de escravidão e quase escravidão, tomam todos os três níveis de ministério aos pobres, e isso continua até hoje.

    Como uma regra geral, entretanto, creio que a igreja deveria estar envolvida no primeiro desses, como associações voluntárias, organizações, e ministérios deveriam ser organizados para fazer o segundo e o terceiro. Por quê?

    1. Muitos argumentariam que o segundo e terceiro nível são muito caros e poderiam tirar os recursos financeiros do ministério da Palavra. 2. Outros dizem que eles são muito políticos e requereriam que a congregação fosse muito aliada com determinados magistrados civis e partidos políticos de maneiras que poderiam comprometer a igreja. 3. Outros diriam que o segundo e terceiro nível são muito complexos e que não estão dentro do conjunto de habilidades ou mandato dos presbíteros da igreja para gerenciá-los; o serviço deles é o ministério da Palavra de Deus e a oração (Atos 6:1–7).

    Todos esses argumentos têm algum mérito, mas precisariam ser tonalizados e trabalhados para fazerem justiça à minha tese. Eu não posso aqui dar o processo do tempo e espaço que isso exigiria. Eu observo apenas que a maioria das igrejas nos EUA são profundamente envolvidas em cuidar dos pobres, e descobriram que é mais sábio criar corporações sem fins lucrativos para fazer o desenvolvimento comunitário e reformar as estruturas sociais ao invés de procurar fazê-los diretamente por meio da congregação local subordinada aos anciãos.

    3. Jesus, o homem pobre

    Provérbios nos diz que Deus se identifica com o pobre. "Se você o faz aos pobres, faz também a mim". Mateus 25 diz o mesmo. Mostrei acima que isso significa que no dia do julgamento Deus será capaz de julgar uma atitude do coração de uma pessoa para com ele, pela atitude do coração dessa pessoa para com os pobres. Também quer dizer, porém, algo mais profundo.

    Em Provérbios e Mateus 25, Deus se identifica com os pobres simbolicamente. Mas na encarnação e morte de Jesus, vemos Deus se identificar com os pobres e marginais literalmente. Jesus nasceu numa manjedoura. Em sua circuncisão, a família de Jesus ofereceu o que era exigido dos pobres (Lucas 2:24). Ele disse: "As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça" (Mt 8:20). Ao fim de sua vida, ele entrou em Jerusalém montado em um jumento emprestado, passou sua última noite em uma sala emprestada, e quando ele morreu, foi sepultado em um túmulo emprestado. Eles lançaram sortes por sua única posse, seu manto, pois ali na cruz ele foi despojado de tudo.

    Tudo isso dá um novo significado à pergunta: "Senhor, quando te vimos com fome ou com sede, ou necessitado de roupas ou preso?" A resposta é - na cruz, onde ele morreu entre ladrões, entre os marginalizados. Não admira que Paulo pudesse dizer que uma vez que você vê Jesus se tornar pobre por nós, você nunca mais olhará os pobres da mesma maneira novamente.


    1. Este artigo é um manuscrito ligeiramente editado de um jornal apresentado em 28 de maio de 2008, na Conferência de Pastores da Coalizão do Evangelho em Deerfield,Illinois.
    2. D. A. Carson, "O evangelho de Jesus Cristo (1 Co 15:1–19)," um sermão pregado em 23 de maio de 2007, na conferência da Coalizão do Evangelho em Deerfield, Illinois, disponível em http://thegospelcoalition.org/resources/a/What-is-the-Gospel2.
    3. Carson, "O evangelho de Jesus Cristo."
    4. Ibid.
    5. Ibid.
    6. Ibid.
    7. Jonathan Edwards, "Caridade cristã: ou, O dever da caridade aos pobres, explicada e aplicada" em Os trabalhos de Jonathan Edwards (rev. e corrigido por Edward Hickman; 1834; reimpressão, Carlisle, Pensilvânia: Bandeira da Verdade, 1974), 2:163–73.
    8. Ibid., 2:164.
    9. Ibid., 2:165.
    10. Ibid., 2:165.
    11. Ibid., 2:171.
    12. Richard N. Longenecker, Gálatas (WBC 41; Dallas: Palavra, 1990), 275.
    13. Philip Graham Ryken, Gálatas (Comentário do Expositor Reformado; Phillipsburg, NJ: Presbiteriano & Reformado, 2005), 248.
    14. Edwards, "Caridade cristã," 2:171 (ênfase no original).
    15. Ibid., 2:170.
    16. Ibid., 2:171–72.
    17. Ibid., 2:172 (Objeção IX.4).
    18. Bruce K. Waltke, Um comentário em Miquéias (Grand Rapids: Eerdmans, 2007), 164. Waltke aponta que ajudar os pobres algumas vezes é chamado "justiça" e algumas vezes "misericórdia". Usarei ambos os termos e darei uma pequena explicação de suas diferenças posteriormente na dissertação.
    19. Ibid., 390–94.
    20. Edwards, "Caridade cristã," 2:166 (ênfase no original).
    21. Ibid.
    22. Douglas J. Moo, A carta de Tiago (Comentário pilar do novo testamento; Grand Rapids: Eerdmans, 2000), 117.
    23. Edwards, "Caridade cristã," 2:164.
    24. Ibid., 2:169.
    25. Para o caso em que o mundo será renovado ao invés de substituído, veja Douglas J. Moo, "Natureza na nova criação: escatologia do novo testamento e o ambiente," JETS 49 (2006): 449–88; e Herman Bavinck, "A renovação da criação," cap. 18 em Dogmas Reformados (Grand Rapids: Baker, 2008), 4:715–30.
    26. E.g., "Amem os estrangeiros, pois vocês mesmos foram estrangeiros no Egito." (Dt 10:19).
    27. Craig L. Blomberg, Nem pobreza nem riqueza: Uma teologia bíblica das possessões (Novos estudos em teologia bíblica 7; Downers Grove: IVP, 2001).
    28. Veja C. Peter Wagner, Crescimento da igreja e o evangelho completo: Uma ordem bíblica (São Francisco: Harper & Row, 1981), 101–4.
    29. Robert D. Putnam, Boliche sozinho: O colapso e reavivamento da comunidade americana (Nova Iorque: Simon & Schuster, 2000), 22–24.
    30. John R. W. Stott, Missões cristãs em um mundo moderno: O que a igreja deveria estar fazendo agora! (Downers Grove: IVP, 1975), 27.
    31. Edmund P. Clowney, "Reino do evangelismo," em O pastor-evangelista: Pregador, modelo e mobilizador pelo crescimento da igreja (ed. Roger S. Greenway; Phillipsburg, Nova Jersey: Presbiteriano & Reformado, 1987), 22.
    32. Citado em Rodney Stark, A ascensão do cristianismo: Como o obscuro, marginal, movimento de Jesus se tornou a força religiosa dominante no mundo ocidental em poucos séculos (São Francisco: HarperCollins, 1997), 84.
    33. Nota do editor: Cf. Timothy J. Keller, Ministérios de misericórdia: O chamado da estrada de Jericó (2d ed.; Phillipsburg, Nova Jersey: Presbiteriano & Reformado, 1997).
    34. Cf. D. A. Carson, Até quando, ó Senhor? Reflexões no sofrimento e maldade (2d ed.; Grand Rapids: Baker, 2006), 51–59, o qual discute seis "tipos de pobreza."