Jesus, Islã, Fariseus e a Nova Perspectiva em Paulo

De Livros e Sermões Bíblicos

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English: Jesus, Islam, Pharisees and the New Perspective on Paul

© Desiring God

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Por John Piper Sobre Falsos Ensinamentos
Uma Parte da série Taste & See

Tradução por Carlos Diones dos Santos

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Escutando a uma entrevista de Mark Dever com Thabiti Anyabwile, eu escutei Mark usar uma ilustração que eu achei de grande ajuda. Tem a ver com a questão de se muçulmanos e cristãos adoram o mesmo Deus só que com nomes diferentes.

Ele disse que deveríamos imaginar dois velhos colegas de turma, universitários, discutindo com um amigo em comum há trinta anos atrás. Eles começam a imaginar se realmente estão falando da mesma pessoa. Um deles acredita que sim, e o outro continua achando que esta não é muito bem a maneira com que ele se lembra do amigo. Finalmente, eles decidem desenterrar um antigo anuário e resolver o problema. Eles abrem o livro e logo se deparam com a foto do amigo deles, um deles diz: “Não, não é deste que estou falando.” Então não era a mesma pessoa de quem falavam.

Mark disse que Jesus, da forma que é revelado na bíblia, é a foto do anuário. Quando um muçulmano e um cristão, que discutem se eles adoram o mesmo Deus ou não, olham para Deus no anuário, a questão é resolvida: "Não," diz o muçulmano, "não é deste que estou falando.”.

Mas aquele é de quem o cristão está falando. João 1:18 diz, “Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido.” Jesus nos faz conhecer o Deus invisível. Em João 14:8, Filipe disse, “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta.” E então Jesus respondeu, “Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’?” E Paulo disse em 2 Coríntios 4:6, “Pois Deus, que disse: “Das trevas resplandeça a luz”, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.”.

Em outras palavras, Jesus é a foto do anuário que resolve o problema de quem está adorando o Deus verdadeiro e quem não está. Se um adorador de Deus não vê em Jesus Cristo a pessoa do seu Deus, essa pessoa não o adora. Este é o testemunho ressoante de Jesus e dos apóstolos como veremos nos próximos versos.

Agora, se voltarmos essa questão há uns dois mil anos atrás e transformarmos a pergunta numa daquelas que os fariseus que seguiam a Jesus fazia, a mesma coisa acontece. Os fariseus estavam adorando o mesmo Deus que os seguidores de Jesus? Não estou sugerindo que todo fariseu era a mesma coisa. Por exemplo, Nicodemos (João 3:1ff.) não parecia ter o espírito da maioria (apesar de ele não ter compreendido o novo nascimento logo de primeira). Ao perguntar essa questão, estou basicamente me referindo ao grupo dos fariseus em geral, assim como Jesus os via. Os fariseus adoravam o mesmo Deus que os seguidores de Jesus?

Essa questão é ainda mais surpreendente do que aquela entre os muçulmanos e os cristãos, porque os fariseus e os seguidores de Jesus tinham o mesmo livro sagrado, o Tanach—o Antigo Testamento. Isso significa que eles usavam o mesmo nome ao se referirem a Deus e contavam as mesmas histórias sobre Ele e seguiam os mesmos ritos em relação a Ele. Por que essa pergunta sobre se os fariseus e os seguidores de Jesus adoravam o mesmo Deus até mesmo surgiria?

Porque Jesus a levantava. E a forma que ele a levantava e falava sobre ela, torna um pouco difícil de acreditar em algumas coisas que a Nova Perspectiva em Paulo (NPP) fala sobre os líderes judeus dos tempos de Jesus. E. P. Sanders é o principal responsável pela maneira que o farisaísmo é reinterpretado pela Nova Perspectiva. Aqui está a forma que N. T. Wright o resume:

O principal ponto para Sanders, para quais todas as outras coisas são subservientes, pode ser exposta facilmente. O judaísmo nos dias de Paulo não era, como tem sido frequentemente suposto, uma religião de obras de justiça legalísticas. Se imaginarmos que assim o era, e que Paulo a estava atacando como se fosse, estaremos fazendo uma grande violência contra ela e contra Paulo. . . . Os judeus guardam a lei por gratidão, como uma resposta adequada à graça—em outras palavras, não para que as pessoas entrem na aliança, mas para que se mantenham nela. Se "manter" nela foi, em primeiro lugar, dádiva de Deus. Sanders famosamente rotulou esse esquema de “nomismo da aliança” (do grego nomos, lei). (What Saint Paul Really Said, pp. 18-19).

Wright concorda com a tese principal da Nova Perspectiva: “Sanders domina a cena, e, até que uma refutação melhor da sua tese central seja produzida, a sinceridade dele atrai as pessoas a fazer negócios com ele. Sinceramente, eu não acredito que tal refutação possa ou que irá ser oferecida; modificações sérias são necessárias, mas reconheço que os pontos fundamentais estão estabelecidos” (Ibid., p. 20).

Por exemplo, Wright diz que o orgulho que Paulo visa remover através da doutrina da justificação pela fé (e.g., em Romanos 3:27) não é o que geralmente pensamos que seja.

Este ‘orgulho’ que é removido não é a vanglória do moralista bem sucedido; é o orgulho racial do judeu, como em [Romanos] 2:17-24. Se não é o caso, [Romanos] 3:29 (‘Deus é Deus apenas dos judeus? Ele não é também o Deus dos gentios? ’) então é um non sequitur. Paulo não tinha pensado, nessa passagem, em espantar um possível proto-pelagianismo, da qual, de qualquer forma, os seus contemporâneos não eram culpados. Ele está, como em Gálatas e Filipenses, declarando que não há caminho para ser participante da aliança, baseando-se no privilégio racial judeu. (Ibid., p. 129)

As afirmações de Wright são desconcertantes de diversas formas. Uma delas é que os judeus de Romanos 2:17-24 verdadeiramente se consideram moralistas bem sucedidos. Eles ensinam moralidade, mas não ensinam a si mesmos (v. 21). Eles pregam contra o furto, mas furtam (v. 21). Eles são contra o adultério, mas adulteram (v. 22). Eles denunciam a idolatria, mas cometem idolatria (v. 22). Eles se orgulham na lei, mas desonram a lei (v. 23). E entre tudo isso, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa deles (v. 24). Como Wright pode usar esse parágrafo para fazer distinção entre orgulho moral e racial não está claro para mim (assim como a distinção em si).

Então, ainda tem a afirmação de Wright da reivindicação de Sanders que a religião dos fariseus não era a “religião das obras de justiça legalísticas,” e que “O judeu [dos dias de Jesus] guardava a lei por gratidão, como uma resposta adequada à graça.” A única explicação que posso encontrar para tais afirmações surpreendentes é que o testemunho de Jesus foi negado ou obscurecido. A minha impressão é de que os evangélicos apaixonados pela NPP não avaliaram seriamente, ou suficientemente, o fato de que a origem da NPP parece ter acontecido nos corredores de tais negações ou obscurantismos.

Quando Jesus falava com os líderes judeus dos seus dias (fariseus, doutores da lei, anciãos, saduceus, principais dos sacerdotes), a sua conclusão era de que eles nem sequer conheciam a Deus. E, não conhecendo a Deus, a religião que praticavam (o tipo que Jesus estava preocupado) não era “por gratidão,” nem era uma “resposta adequada à graça.”.

Quando Jesus perguntou aos líderes judeus: “Se estou falando a verdade, porque vocês não creem em mim,” sua resposta foi, “Aquele que pertence a Deus ouve o que Deus diz. Vocês não o ouvem porque não pertencem a Deus” (João 8:47). Essa é a razão de Jesus ser a foto do anuário de Deus. “Eu vim de Deus e falo as palavras Dele. Vocês não podem vê-lo ou escutá-lo, portanto vocês não são de Deus.”

Quer dizer, eles não têm Deus como Pai, muito pelo contrário, eles têm como pai o Diabo. Jesus disse, “Se Deus fosse o Pai de vocês, vocês me amariam. Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele." (João 8:42-44). Essa é a razão pela qual os líderes judeus não foram a Cristo. A vontade deles não era governada pela gratidão a Deus, dando uma “resposta adequada à graça,”, mas pela vontade de seu pai, e não era o amor de Deus. “Contudo, vocês não querem vir a mim para terem vida. Mas conheço vocês. Sei que vocês não têm o amor de Deus. Eu vim em nome de meu Pai, e vocês não me aceitaram” (João 5:40-43). Eles simplesmente não conheciam o Deus verdadeiro: “Vocês não o conhece” (João 8:55).

É incompreensível para mim que o que Jesus disse sobre a liderança judia dos seus dias, em geral (não cada indivíduo), pudesse ser levado a sério e ainda que suas práticas religiosas pudessem ir além do “moralismo de autoajuda” (palavras de Wright). Por que eles eram “filhos do inferno” (Mateus 23:15)? As pessoas não vão para o inferno apenas por “guardarem a lei por gratidão” como uma “resposta adequada à graça.” As pessoas vão para o inferno por confiarem em si mesmas ao invés da graça.

Jesus é a foto do anuário que os fariseus não reconhecem. A razão para isso está no fato que eles queriam um messias que validasse o amor deles pelos elogios dos homens e pelas suas próprias conquistas (João 5:43-44). O seguidor desta religião auto exaltadora pode ser genuinamente grato a Deus por algumas de suas purezas morais (“Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros,” Lucas 18:11). Mas a sua confiança perante Deus é o que ele é (independentemente de quem o fez daquela maneira). Se alguém deveria chamar essa religião de "moralismo de autoajuda" é uma questão em aberto. Mas que essa é uma religião que acredita na sua própria moralidade e que auto se exalta está muito claro. O que Jesus pensava dela também está bem claro:

O resultado disso é que devemos sempre ter em nosso alcance o anuário do evangelho do Novo Testamento em mãos para vermos a foto de Jesus. Ele deixará claro se muçulmanos e cristãos estão adorando ao mesmo Deus, e se os fariseus e os seguidores de Jesus estão adorando o mesmo Deus.

Fixando os meus olhos em Jesus com você,

Pastor John