Fortaleçam mutuamente a confiança em Deus

De Livros e Sermões Bíblicos

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English: Strengthen Each Other's Hands in God

© Desiring God

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Por John Piper Sobre Grupos Pequenos

Tradução por Desiring God


15 Vendo, pois, Davi que Saul saíra para lhe tirar a vida, deteve-se no deserto de Zife, em Horesa. 16 Então, levantou-se Jônatas, filho de Saul, e foi ter com Davi, em Horesa, e lhe fortaleceu a confiança em Deus, 17 dizendo-lhe “Não temas, porque a mão de Saul, meu pai, não te achará; porém tu reinarás sobre Israel, e eu serei contigo o segundo, o que também Saul, meu pai, bem sabe”. 18 E ambos fizeram aliança perante o Senhor. Davi ficou em Horesa, e Jônatas voltou para sua casa.

A mensagem de hoje é uma interrupção das séries iniciadas no último domingo de Efésios. A razão para a interrupção é a profunda convicção que sentimos sobre a necessidade de encorajar todos os membros de Bethlehem a serem parte de um pequeno grupo onde vocês ajudam uns aos outros a combater o combate da fé. E, assim, nosso foco hoje é o fortalecimento mútuo da confiança em Deus.

Segurança eterna é um projeto comunitário

Cremos que a segurança eterna é um projeto comunitário. Cremos que a perseverança dos santos é uma responsabilidade corporativa. O mesmo Senhor amoroso disse: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10,27-28), também disse: “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mateus 24,13).

Em outras palavras, aqueles que são nascidos de Deus estão eternamente seguros na mão de Jesus. E aqueles que são nascidos de Deus precisam perseverar até o fim para serem finalmente salvos. E, desse modo, a questão surge: como Deus ordenou manter seu povo perseverando na fé até o fim para que ele cumprisse infalivelmente a promessa de que estariam seguros e ninguém se perderia?

Esta manhã, estamos focando na parte crucial da resposta a essa questão: a saber, Deus ordenou que fôssemos ligados a outros cristãos de tal forma que pudéssemos ajudar uns aos outros a combater o bom combate da fé com sucesso, todos os dias, até o fim. A base bíblica para essa resposta é Hebreus 3,12-14:

12 Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; 13 pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama *hoje*, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado. 14 Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até o fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos.

Deus designou um meio pelo qual ele nos capacitará a guardarmos firme, até ao fim, a confiança. É este: desenvolver o tipo de relacionamento cristãos nos quais vocês ajudam mutuamente a guardar firme as promessas de Deus e a escapar dos enganos do pecado. Exortem uns aos outros todo dia a se fortalecerem e se revestirem de toda armadura de Deus.

Seja parte de um grupo de cristãos

Infantes, crianças, adolescentes, estudantes universitários, solteiros, casados, viúvas, viúvos. Vocês são parte de um grupo de cristãos amigos que se empenham a ajudar mutuamente a combater o bom combate da fé e proteger uns aos outros dos abusos sutis do pecado?

Não digo que você não possa ser salvo sem pertencer a um pequeno grupo organizado. Entretanto, digo que acredito que este fazer parte é a palavra de Deus, que se você não tem este grupo de companheiros na fé, então está negligenciando um dos meios designados por Deus para sua preservação e perseverança na fé. E negligenciar os meios de graça é muito perigoso para sua alma.

Portanto, meu propósito esta manhã é muito simples: motivá-lo a pertencer a um grupo menor de cristãos onde se pode exortar e ser exortado a combater o bom combate da fé dia após dia. No fim da mensagem, Peter Nelson apresentará brevemente uma rede de pequenos grupos existentes para que se considere orar por eles.

Quatro lições do encontro de Jônatas e Davi

O texto de 1 Samuel 23,15–18 é uma ilustração simples e profunda sobre o que necessita acontecer em um combate contínuo de fé.

Davi vai de um lugar a outro no deserto de Zife, cerca de trinta milhas ao sul de Jerusalém, tentando ficar longe do caminho de Saul. Este, rei de Israel, deseja matar Davi porque pensa que ele é um perigoso rival para o trono. Jônatas, filho de Saul, ama Davi e ouve que ele está no deserto de Zife e vai até lá para fortalecer a confiança de Davi em Deus.

Esse encontro entre Jônatas e Davi ilustra, pelo menos, quatro lições sobre ajudar uns aos outros a combater o bom combate da fé.

1. Todos necessitam de companheirismo cristão

Os santos mais profundos e os líderes mais fortes precisam de amigos para fortalecer a confiança em Deus. Davi era profundo, forte e precisava de Jônatas.

Companheirismo cristão não é apenas para os cristãos novatos. É para cada cristão. Jamais crescemos sem a necessidade do ministério de outros cristãos. Se você imagina que está acima da necessidade de exortação diária no combate da fé, então, provavelmente, seu coração já é presa para o engano do pecado.

Davi foi um homem segundo o coração de Deus; um grande guerreiro. Não havia dúvida de que ele era superior a Jônatas em força, inteligência e profundidade de compreensão teológica. Mas o versículo 16 afirma que Jônatas foi para fortalecer a confiança de Davi em Deus.

Não pense que um homem é tão forte que não precise ser fortalecido em Deus. E jamais pense que alguém está bem acima de você que não precise ser um instrumento de Deus para fortalecê-lo.

Charles Spurgeon falou para muitos líderes cristãos quando escreveu:

Alguns anos atrás, fui vítima de uma depressão terrível. Vários eventos aflitivos me aconteceram; eu estava enfermo e meu coração enfraqueceu. Desse abismo fui forçado a clamar ao Senhor. Exatamente antes de seguir para Menton a fim de ter um período de descanso, sofri muito no corpo, mas muito mais na alma, porquanto meu espírito estava esmagado. Sob essa pressão, preguei um sermão das palavras “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Estava preparado para pregar sobre aquele texto como jamais esperei estar; de fato, espero que poucos de meus irmãos possam ter adentrado tão profundamente naquelas palavras intensas. Senti de uma forma plenamente pessoal o horror de uma alma desprezada por Deus. Agora, isso não foi uma experiência agradável. Tremo à simples ideia de atravessar novamente por esse eclipse da alma; oro para que jamais sofra daquele jeito novamente. (*Autobiografia*, volume 2, p. 415).

Menciono isso para inculcar que os grandes santos, os mais valentes guerreiros, não estão isentos da necessidade de serem fortalecidos na confiança em Deus. De fato, os ataques do diabo contra eles podem tornar a necessidade deles ainda maior. Por conseguinte, a primeira lição de nosso texto é que você jamais supera sua necessidade de exortação diária. Os santos mais profundos e os líderes mais fortes precisam de companheiros para fortalecer a confiança em Deus

2. Um esforço consciente

A segunda lição é que fortalecer a confiança da pessoa em Deus envolve esforço consciente.

Isso é proposital. Você não o faz rapidamente. Você se levanta e vai até Horesa. O versículo 16: “Então, levantou-se Jônatas, filho de Saul, e foi ter com Davi, em Horesa, e lhe fortaleceu a confiança em Deus”.

Que diferença isso faria em nossa igreja se, quando todos nós nos levantássemos de manhã, PLANEJÁSSEMOS fortalecer a confiança de alguém em Deus! Jônatas não encontrou Davi acidentalmente em Horesa, embora isso aconteça às vezes. Ele PLANEJOU ir e fortalecê-lo. A característica da maturidade cristã é que você cria em sua vida o propósito e as ocasiões para fortalecer a confiança de alguém em Deus. Quem você vai fortalecer a confiança em Deus hoje? Esta semana? Você tem um grupo de amigos comprometidos (intencionalmente) a ajudar mutuamente a combater o bom combate da fé desta forma?

Estou lendo *Memoirs of Samuel Pearce* (Memórias de Samuel Pearce) um dos pequenos grupos de pastores que fundou a primeira Baptist Missionary Society (Sociedade Batista Missionária) em 1792. Dentre outros havia John Ryland, John Sutcliff, Andrew Fuller, Samuel Pearce e William Carey. Recentemente, algo que se destaca acima de todos os outros: esses homens amaram uns aos outros e então se reuniam e eram profundamente comprometidos a fortalecer mutuamente a confiança em Deus. Eles fizeram isso mesmo quando estavam separados por longa distância uns dos outros.

Samuel Pearce esperou por mais de um ano pela primeira carta de Carey depois que este foi à Índia. Mas quando ela chegou, Pearce escreveu a Carey (p. 58):

A narrativa que você nos transmitiu inspirou a nós com novo alento e muito fortaleceu nossa confiança no Senhor. Lemos, choramos, louvamos e oramos. Ó, quem, senão os cristãos, sentem esses prazeres quando estão unidos pela amizade com o nosso amado Senhor Jesus Cristo?

Esta não é uma grande frase? “Amizade COM o nosso amado Senhor Jesus Cristo”.

Que eu realmente desejo nesta manhã é que todos façam amizade COM Jesus Cristo —tenham um grupo de amigos na fé com um acordo mútuo que, de forma contínua apontarão, uns para os outros Jesus Cristo para terem esperança e força.

3. Fortaleçam mutuamente a confiança em Deus

Esta é a terceira lição. A força que devemos transmitir mutuamente é a confiança em Deus, não em nós mesmos. O versículo 16 não afirma que Jônatas caminhou por todo aquele percurso até Horesa para fortalecer a autoconfiança de Davi. Ele não fez isso. O texto declara que ele se levantou e foi a Davi em Horesa e lhe fortaleceu a confiança em Deus.

Essa é a diferença entre a camaradagem cristã e todos os outros grupos de apoio, de terapia e de autoajuda. A ideia integral da amizade cristã é apontar uns para os outros a Cristo, não o homem, por ajuda e força.

Há um tipo de paradoxo aqui: por um lado, digo: “Preciso de você”. Deus o designou como um meio de graça para me ajudar a perseverar até o fim. Mas, por outro lado, preciso dizer que a única forma de você realmente me ajudar é dizendo algo ou fazendo algo que me fará depender de Deus e não de você.

Aqui estamos novamente com nosso tema mais comum, que parece ser: a centralidade radical em Deus em tudo o que fazemos, mesmo em nossa unidade humana, nosso companheirismo e em nossa amizade. Essa unidade precisa ser uma amizade COM Jesus. Todo grupo cristão que existe deveria existir para fortalecer a mútua confiança em Deus e não no homem. Essa é a terceira lição em nosso texto: “Jônatas se levantou e foi ter com Davi em Horesa e lhe fortaleceu a confiança em Deus”.

4. A lembrança mútua das promessas de Deus

Finalmente, como Jônatas fortaleceu a confiança de Davi? Como fazemos isso? Jônatas disse (versículo 17): “Não temas, porque a mão de Saul, meu pai, não te achará; porém tu reinarás sobre Israel, e eu serei contigo o segundo, o que também Saul, meu pai, bem sabe”.

Como Jônatas sabia que Davi seria rei de Israel? Eles eram amigos íntimos e, assim, é difícil imaginar que Davi não houvesse dito a Jônatas sobre o evento no capítulo 16 quando o profeta Samuel ungiu Davi, enquanto ele era garoto, para ser rei de Israel. Portanto, a forma que Jônatas fortaleceu a confiança de Davi em Deus foi lembrar a ele da promessa que Deus havia feito (1 Samuel 16,12). Saul não poderia ter êxito contra Davi porque Deus era com ele. Assim, Jônatas fortaleceu a confiança de Davi em Deus por lembrar-lhe de seu destino nos propósitos de Deus.

E, desse modo, assim acontece conosco. Fortalecemos uns aos outros a confiança em Deus por lembrar mutuamente sobre as promessas dele, que são especialmente apropriadas para as necessidades mútuas.

O que você precisaria ouvir de seus amigos se você fosse William Carey e estivesse a 15 mil milhas de distância de casa combatendo o bom combate da fé com um amigo rodeado por milhões de incrédulos? Você precisaria de algo como isto: as palavras de Samuel Pearce, um amigo precioso que sabia como fortalecer a confiança de Carey em Deus. Ouça como as promessas de Deus preenchem esta carta de 4 de outubro de 1794:

Irmão, desejo estar ao seu lado e participar em todas as vicissitudes do ataque — um ataque que nada, exceto a covardia, pode torná-lo bem-sucedido. Sim, o Capitão de nossa salvação marcha à sua frente. Às vezes, ele pode retirar sua presença (mas não seu poder) para testar nossa bravura com nossas armas espirituais e armadura celestial. Ó, que uma fé viva não possa fazer pelo soldado cristão! Ela trará o Libertador dos céus; ela vai adorná-lo com uma vestidura molhada em sangue; ela o colocará na linha de frente da batalha e colocará um novo cântico em nossas bocas — “Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá”. Sim, ele vencerá — a vitória é certa antes que entremos no campo; a coroa já está preparada para adornar nossas frontes, até a coroa de glória que não se desgasta e já decidimos que fazer com ela. Vamos colocá-la nos pés do vencedor e diremos: “Não a nós, SENHOR, mas ao teu nome dá glória”, enquanto todo o céu se une em coro, “Digno é o Cordeiro” (*Memoir [Memória]*, p. 66).

Bem, nem todos nós temos o dom de fortalecer nossos amigos com palavras como essas. Mas, se você saturar sua mente na Palavra de Deus e meditar nela dia e noite, como o Salmo 1 diz, então você será uma fonte de água viva e irá fortalecer a confiança de muitos em Deus. O chamado de Deus para você esta manhã é: “Venha, vamos fortalecer mutuamente a confiança em Deus!” Amém.