Deus sabe o que você não tem
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Abigail Dodds Sobre Sofrimento
Tradução por Lemuel Carvalho
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"Deus prometeu suprir todas as nossas necessidades. O que não temos agora, não precisamos agora."
Quando Elisabeth Elliot (1926-2015) diz isso, eu presto atenção. Eu concordo. Eu lembro de sua vida, de seu marido missionário assassinado, de sua devoção ao evangelho, de sua absoluta sinceridade sobre Jesus e da coerência entre suas palavras e sua prática, e digo: "Amém."
As circunstâncias de sua vida foram lendárias para mim quando eu era criança. Inegavelmente, é evidente que Deus orquestrou todas as dificuldades e grandes decepções que ela enfrentou para ajudar a todos nós. Eu queria ser como ela porque queria conhecer o seu Deus tão profundamente quanto ela conhecia – um Deus que fazia cada provação valer a pena.
Mas eu ainda não havia compreendido totalmente a sua fé inabalável em Deus. Eu pensava, ou pelo menos esperava, que a intimidade e confiança que ela tinha em Jesus poderiam vir através de uma vida fácil. Eu descobri que para ser como ela e conhecer Deus de tal maneira, eu precisaria aprender a alegria de se render à disciplina. Eu teria que trilhar pelo caminho do sofrimento e precisaria descobrir a beleza nas minhas próprias cinzas estranhas.
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Quais são as nossas necessidades?
Eu estava em pé na porta do maior pronto-socorro do nosso Hospital Infantil de última geração. Mal havia espaço para mim, pois treze profissionais médicos se moviam com urgência, esbarrando uns nos outros, com palavras firmes vindas do médico responsável. E no meio disso tudo, nosso filho de 13 meses estava imóvel, pálido e sem vida. Eu queria chorar, gritar o nome do meu filho ou fazer alguém me dizer como aquilo terminaria.
Mas eu não fiz nada disso. Fiquei em silêncio, sem me mover, com os punhos fechados, enquanto meu coração não batia, mas parecia se dissolver. Eu pensei que se eu ficasse quieta e controlada, eles me deixariam ficar perto do meu filho. Eu os vi colocar um acesso intravenoso diretamente em seu osso para que os medicamentos chegassem à medula o mais rápido possível. E eu continuei atrás da maca sem uma derramar uma lágrima, enquanto a enfermeira bombeava ritmicamente o respirador manual, respirando por nosso filho, até chegarmos ao nosso quarto na UTI pediátrica e ele ser conectado à máquina.
Eu tinha aprendido anos atrás (talvez não tão bem quanto deveria) que Deus não nos deve filhos. E que, às vezes, Ele os tira depois de nos dá-los. Minha ingenuidade de vinte e poucos anos ficou chocada com essa realidade. Inconscientemente acreditando que eu era imune a aborto espontâneo, eu fiquei surpresa quando isso aconteceu. As simples palavras de Jó me confortaram e me assustaram: “Nu saí do ventre da minha mãe e nu partirei” (Jó 1:21).
E agora, com cinco filhos vivos – o mais novo com sérios problemas de saúde – eu me via diante de outro plano que não combinava com o meu. O que, para ser justa, é algo que acontece diariamente. Não sei se já tive um dia que correu de acordo com o meu plano. Mas as diferenças entre o meu plano e o de Deus, com algumas exceções notáveis, geralmente foram em pequena escala. Ver a vida do meu filho por um fio não foi uma pequena diferença entre o plano de Deus e o meu.
O Que Significa Prosperar
Naquela noite no hospital, sozinha com meu filho inconsciente e o som do respirador fazendo um silêncio assustador, Deus estava reformulando o meu entendimento sobre necessidade e prosperidade. Anos depois, eu me depararia com muitas perguntas sobre o que eu e minha família realmente precisávamos para prosperar como Seu povo.
Eu precisava que meu filho fosse saudável? O quão saudável seria suficiente? Nossos filhos mais velhos precisavam de uma infância sem sofrimento? Eles precisavam de uma família com menos “necessidades”? Ele precisavam que eu os educasse em casa em tempo integral para se tornarem cristãos decentes? Eu precisava de sono? Quanto? Eu precisava de menos vômito na minha vida? O quão lúcida eu precisava ser para ser uma pessoa amável?
Você provavelmente tem suas próprias perguntas. Você precisa de um casamento saudável? Você precisa que seu filho seja salvo? Você precisa se mudar para outra cidade, outra casa, outro bairro? Você precisa se livrar da dor crônica? Você precisa que Deus diga “sim” a um pedido que você tem feito a Ele há vinte anos? Você precisa se livrar da solidão? Você precisa de estabilidade ou mudança?
O quê Paulo exatamente quer dizer quando promete: “O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus” (Filipenses 4:19)?
A Calmaria Após a Tempestade
Meu filho sobreviveu àquela internação traumática. E eu também. Embora não seria a última vez que estaríamos lá.
Eu senti como se estivesse declarando a vitória. Nós sobrevivemos. Minha fé permaneceu intacta – até mesmo fortalecida. Mas, uma descoberta na última década da minha vida foi que as grandes provações nem sempre são os testes que pensamos que são. De alguma forma, passamos por essas grandes provações assustadoras. Pela graça, pelas orações e pela ajuda do povo de Deus, nós nos apegamos à esperança nas promessas de Deus e perseveramos. Mas, muitas vezes, são as pequenas provações que seguem as grandes provações que ameaçam nos desmoronar.
Alguns anos depois daquela hospitalização, quando eu deveria estar animada com o progresso do meu filho e o quão bem tudo estava indo, me vi dizendo a Deus às duas da manhã: “Eu não posso. Não posso mais viver assim. Eu não consigo fazer as coisas que devo fazer todos os dias dormindo tão pouco todas as noites. Preciso que o Senhor me um alívio. Preciso que o Senhor me liberte desse desastre noturno.” Veja você, nosso filho tem problemas neurológicos que afetam seu sono. Melhorou aos poucos, mas, em geral, os primeiros cinco anos de sua vida foi um desafio nesse aspecto. E foi essa pequena provação que ameaçou me destruir.
Cuidado com as Pequenas Provações
Eu achava que, para discipular meus filhos, eu precisava ser lúcida e menos desesperada. Eu pensava que, para Deus me usar para direcioná-los a Ele, eu precisava deixar esse estado de exaustão total para trás. Eu aceitava ser humilhada - já tinha passado por isso muitas vezes - mas até onde essa humilhação precisava ir? Quero dizer, eu tinha lido artigos cristãos que declaravam: O sono é um ato de humildade. Então, por que Deus me negaria essa humildade? Eu queria confiar nele de olhos fechados.
Mas Deus não permitiria que eu fixasse meu coração em necessidades menores. Temos necessidades maiores do que o sono. Temos necessidades maiores do que a nossa saúde ou a de nossos filhos. Temos necessidades maiores do que um cônjuge ou o alívio de uma dor crônica. Temos necessidades maiores do que lucidez. Temos necessidades maiores do que aquele emprego, carreira ou casa. Temos necessidades maiores do que servir a Deus da maneira que esperávamos.
O que eu realmente precisava era ler mais atentamente Filipenses 4 e perceber que o próprio Paulo passou por privações. Ele disse: “Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi a passar por toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome; tendo muito ou passando necessidade.” (Filipenses 4:12). Paulo enfrentou necessidades não supridas e aprendeu te abundância nelas.
Em Toda Circunstância
As ideias de Deus sobre o nosso crescimento são diferentes das nossas. Nós achamos que prosperar significa oito horas de sono, um bom emprego, estar cercado de pessoas que nos tratam com respeito, ter a oportunidade de ser bem sucedido em algo, um bom plano de saúde, um casamento amoroso e filhos felizes. Essas coisas são boas, mas não são as coisas que Deus mais se preocupa em nos suprir nesta vida para nosso crescimento.
Na economia de Deus, prosperamos quando nossa necessidade d’Ele é satisfeita n’Ele. Meus irmão e irmãs, não há circunstância sob os céus que Deus não esteja usando para nos tornar carvalhos de justiça. Não há necessidade que Ele não irá suprir. A promessa é verdadeira: O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus (Filipenses 4:19). Não há nada que realmente precisamos que não seja encontrado em Cristo.
Mais que isso, as circunstâncias de ser negado uma necessidade ou desejo terreno são frequentemente os meios d’Ele acelerar nossa santidade e felicidade n’Ele. Quando queremos, recebemos mais de Cristo. Quando sofremos, nossa solidariedade cresce com Ele.
Como de costume, Elisabeth estava certa: "Deus prometeu suprir todas as nossas necessidades. O que não temos agora, não precisamos agora." E o que precisamos agora, temos agora: a mão amorosa e soberana de Deus Pai operando todas as coisas para o nosso bem (Romanos 8:28); Cristo, o Filho, como nosso advogado, Salvador e justiça (1 João 2:1; Filipenses 3:20; 1 Coríntios 1:30); e a intercessão, ajuda e conforto do Espírito Santo nos cercando dia a dia (Romanos 8:26–27).
Então, no final de nossas vidas, realmente seremos capazes de dizer: "Eu nunca quis nada. Nunca tive um 'não' do meu Pai que não fosse um 'sim' para coisas melhores e mais profundas."