O Que Fazer Enquanto Você Espera
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Scott Hubbard Sobre Santificação e Crescimento
Tradução por Lucas Magalhães
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Estive acordado por apenas alguns segundos esquecíveis antes que a decepção invadisse pela porta.
Os últimos meses se transformaram em uma temporada dolorosa de mágoa relacional, e a rotina se tornou familiar. Cada noite, a decepção de ontem desaparecia durante algumas horas de sono, apenas para retornar momentos depois de eu acordar. As esperanças do dia, frágeis mas sinceras, eram pisoteadas manhã após manhã.
Cada nascer do sol me lembrava das esperanças adiadas. Eu frequentemente começava em meus dias com pouco entusiasmo ou expectativa. O mundo podia estar se movendo ao meu redor, mas eu me sentia encalhado na plataforma do trem da vida — preso, parado, imóvel, esperando. A vida poderia recomeçar se apenas essa espera terminasse.
Em momentos como esses, eu precisava de uma perspectiva diferente sobre a minha espera, uma que levantasse meus olhos para além de todas as minhas esperanças frustradas, que me libertasse de apenas observar o presente passar, e que desse uma programação diferente para os meus dias. No Salmo 37, Davi dá quatro séries de ordens para transformar a forma como esperamos: Não se aborreça. Entrega o teu caminho ao Senhor. Faça o bem. Deleite-se no Senhor.
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Não se aborreça
Não se aborreça por causa dos malfeitores; não tenha inveja dos malfeitores! (Salmo 37:1)
Antes de Davi nos dizer o que devemos fazer enquanto esperamos, ele nos alerta sobre o que não devemos fazer. “Não se aborreça”, diz ele. Em outras palavras, não se preocupe com outras pessoas — especialmente com aquelas que estão desfrutando os presentes que estamos esperando.
No salmo, Davi está pensando especialmente nos “malfeitores” e “infratores”, pessoas que avançam na vida descartando os mandamentos de Deus pelas costas. Mas podemos aplicar a ordem repetida de Davi de “não se aborreça” (Salmo 37:1, 7-8) tanto aos nossos amigos quanto aos nossos inimigos. Deus sabe para onde nossas mentes são tentadas a correr enquanto esperamos. Não apenas sonhamos acordados sobre como gostaríamos que a vida fosse; também nos lembramos - muitas vezes com uma pontada de saudade - de como a vida realmente é para muitos. A espera nos consome não apenas porque nossas vidas parecem tão vazias, mas também porque as dos outros parecem tão cheias.
Quando permitimos que nossa mente se ocupe com pensamentos sobre os outros, abrimos nosso coração para uma tentação amarga: inveja. As palavras da inveja parecem tão justificadas. "Por que Deus deu um marido a ela? Ela não esperou tanto quanto eu.” “Por que eles têm um filho? Eles não queriam um tanto quanto nós.” “Por que Deus o curou? Ele não orou tanto quanto eu.”
A inveja pode nos gratificar por um momento, mas em breve irá corroer nossos ossos (Provérbios 14:30). Deus tem formas melhores de gastarmos nossa espera.
Entrega o Teu Caminho ao Senhor
Confie no Senhor. . . . Entregue o teu caminho ao Senhor; confie nele, e ele agirá. (Salmo 37:3, 5)
Se recusarmos a fixar nossos olhos nos outros, onde os fixaremos? Em Deus, que caminha ao nosso lado em nossa espera.
A palavra de Davi para entregar vem da imagem de rolar algo para longe. Moisés usa a mesma palavra quando escreve: "Jacó se aproximou e rolou a pedra da boca do poço" (Gênesis 29:10). E Isaías nos diz que os céus se “enrolarão como um pergaminho” (Isaías 34:4).
Quando entregamos nosso caminho a Deus, tiramos todos os fardos de nossa espera de nossos frágeis ombros e os rolamos sobre nosso Pai. Acordamos todas as manhãs, sentimos o pesar da decepção sobre nós, e então nos dirigimos ao nosso Pai em oração. Colocamos cada esperança, ansiedade e tristeza diante dele. Nós as nomeamos especificamente. E então, pela fé, as entregamos a Deus: “Pai, o senhor poderia por favor carregá-las por mim? Eu sei que pode. Acredito que o fará. Por favor, ajude minha descrença.”
E saímos com esta grande certeza: “Ele agirá” (Salmo 37:5). Ele pode não dar o presente que estamos à espera. Mas ele nos abrigará com a sua presença (Salmo 37:28). Ele sustentará nossas almas desmaiadas (Salmo 37:17, 24). E ele nos dará a graça de nos contentarmos com o que temos, por pouco que seja (Salmo 37:16).
No final, veremos que Ele não nos negou nenhum bem (Salmo 84:11). Nossos futuros nunca estão mais seguros do que quando os entregamos nas mãos de Deus.
Faça o Bem
Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente serás alimentado. (Salmo 37:3)
Quando fazemos do nosso compromisso diário colocar cada fardo sobre Deus, passamos a invejar menos os outros e a sonhar mais em como fazer o bem a eles. Não permitiremos que nossa espera nos impeça de sermos úteis, mas, em vez disso, pegaremos qualquer conforto que estivermos recebendo de Deus e procuraremos outras pessoas que precisem dele.
Gladys Aylward, uma missionária inglesa do século XX na China, soube como fazer o bem enquanto esperava. No início de sua carreira como missionária solteira, ela começou a desejar um marido. Elisabeth Elliot escreve: “Sendo uma mulher de oração, ela orou — um pedido direto para que Deus chamasse um homem da Inglaterra, o enviasse diretamente para a China, e que ele a pedisse em casamento” (“Virgindade”). E então ela esperou.
Bem, o homem nunca veio. Mas, nesse meio tempo, Aylward não ficou sentada nas margens da China, esperando a chegada de seu barco. Em vez disso, ela se entregou aos órfãos da China — ensinando, adotando, protegendo e conduzindo muitos a Jesus. Enquanto esperava se tornar uma esposa, ela se tornou mãe de centenas de crianças chinesas.
Seja qual for a nossa situação, Deus tem um trabalho para fazermos em nossa espera. Temos pessoas solitárias para fazer amizade, refugiados para acolher, aulas de escola dominical para ensinar e jovens crentes para discipular. Talvez ainda carreguemos a dor de um desejo não realizado onde quer que formos. Mas com nosso futuro seguro nas mãos de Deus, podemos nos dedicar a fazer o bem.
Deleite-se no Senhor
Deleite-se no Senhor, e ele atenderá os desejos do seu coração. (Salmo 37:4)
Por fim, Davi dá uma ordem que parece ampliar os limites da possibilidade. Quando você passar por um período de espera dolorosa, não apenas entregue seus fardos nas mãos de Deus, tampouco apenas faça o bem aos outros. Também transborde de alegria em Deus.
Esperar, por mais agonizante que seja, pode nos lembrar de onde vem o verdadeiro deleite. Em Deuteronômio 8, quando Moisés relembra os quarenta anos de espera dos Israelitas para entrar na Terra Prometida, ele diz:
"Ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conhecias, nem teus pais o conheciam, para te fazer saber que o homem não vive só de pão, mas de toda palavra que procede da boca do Senhor vive o homem." (Deuteronômio 8:3)
Deus reteve o pão comum dos israelitas para que eles soubessem que a vida não vem do pão. A vida vem de Deus, nossa única fonte de alegria duradoura. Da mesma forma conosco, Deus frequentemente nos envia ao deserto da espera para nos mostrar novamente de onde vem a nossa vida. A vida não vem do casamento. A vida não vem da saúde. A vida não vem de um bom trabalho. A vida vem de Cristo.
A espera nos obriga a responder à pergunta: “Onde está seu maior deleite?” Se nosso principal deleite está naquilo que vemos no final de nossa espera, então esse deserto começará a parecer uma armadilha mortal. Mas se nosso principal deleite for o próprio Deus, então descobriremos que ele sabe como fazer os rios correrem no deserto. E aprenderemos a esperar bem.