O que você procura: Felicidade ou Santificação

De Livros e Sermões Bíblicos

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English: Are You Chasing Happiness or Holiness?

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Por Tony Reinke Sobre Santificação e Crescimento

Tradução por Emanuelly Ferreira

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Essa pergunta, na verdade, evidencia um erro comum que é colocar a felicidade e a santificação uma contra a outra. “Deus está mais interessado em que você seja santo que feliz”, é assim que é dito.

Alguns dos meus teólogos preferidos caíram na armadilha dessa dicotomia sutil. E isso inclui um dos melhores pensadores que conheço e cujo eu amo (David Wells). Por carinho e muita gratidão por tudo o que aprendi com as suas obras, publicarei alguns parágrafos de seu livro de 2014 em que essa tensão surge, então farei uma crítica amigável mais tarde.

Na tentativa de criticar a definição terapêutica da fé em tantos púlpitos, ele escreve:

Neste mundo psicológico, o Deus do amor é um Deus de amor precisamente e somente porque ele nos oferece um bálsamo interior. Vazios, distraídos, errantes e insatisfeitos, vamos até ele em busca de ajuda. Preencha-nos, pedimos, com um senso de completude! Preencha nosso vazio! Dê-nos um senso de direção em meio à massa de caminhos e vozes concorrentes no mundo moderno! Preencha o doloroso vazio interior!

É assim que muitos na igreja hoje, especialmente na igreja evangélica, estão pensando. É assim que eles estão orando. Eles anseiam por algo mais real dentro de si mesmos do que o que têm atualmente. Isso é verdade para os adultos e também para os adolescentes. Sim, dizemos com sinceridade, com esperança, talvez até com um pouco de desejo, seja para nós o Deus de amor!

Aqueles que vivem nesse mundo psicológico pensam de forma diferente daqueles que habitam um mundo moral. Em um mundo psicológico, queremos terapia; em um mundo moral, um mundo decerto e errado e de bem e mal, queremos redenção. Em um mundo psicológico, queremos ser felizes. Em um mundo moral, queremos ser santos. Em um, queremos nos sentir bem, mas no outro queremos ser bons. . .

Deus está diante de nós não como nosso terapeuta ou nosso concierge. Ele está diante de nós como o Deus de pureza absoluta a quem somos moralmente responsáveis. Ele é objetivo para nós e não está perdido nos sentidos nebulosos de nosso mundo interno. Sua Palavra vem a nós de fora de nós mesmos porque é a Palavra de sua verdade. Ela nos convoca a nos apresentarmos diante do Deus do universo, para ouvirmos sua ordem de que devemos amá-Lo e amar o próximo como a nós mesmos. Ele não está diante de nós para ser usado por nós. Ele não está ali implorando para entrar em nosso mundo interior e satisfazer nossas necessidades terapêuticas. Estamos diante dele para ouvir seu mandamento. E seu mandamento é que sejamos santos, o que é muito mais importante do que ser feliz. . . .

É verdade que há benefícios psicológicos em seguir a Cristo, e a felicidade pode ser seu subproduto. No entanto, não é disso que se trata fundamentalmente a fé cristã. Trata-se do Deus que é diferente de nós mesmos, sendo o Deus infinito e gracioso.

Segundo Wells, é claramente muito importante que lembremos o que é culturalmente definido como “felicidade" (um consumismo descontrolado, a libertinagem e o egocentrismo em todas as suas formas). Assim como é infinitamente importante lembrar que a ideia de que a santidade não é essencial para a vida cristã… É claro também é necessário atacar a imagem de Cristo e compará-lo a um Papai Noel pronto para atender todos os nossos desejos.

Mas decerto é que Deus é uma existência além de nós. Ele é o criador de tudo. É a quem todas as criaturas terão que prestar contas.

Porém, ao separar a santificação e a felicidade criamos uma falsa dicotomia.

Tabela de conteúdo

Feliz ou Santo?

Em caso de dúvida, dê uma olhada na igreja de Redwood: os puritanos. Duas delas em particular nos ajudam a reagir à tentativa moderna de separar a santificação da felicidade de forma tão clara. Por exemplo, Thomas Brooks (1608 – 1680) escreveu um livro de 450 páginas com o título “A Coroa é a Glória do Cristianismo: Ou Santidade, o único caminho para a Felicidade” (1662). Trata-se de uma defesa excepcional da intrínseca relação entre a felicidade humana e a santidade, que se estende continuamente, ponto a ponto, para tornar irrefutavelmente claro, usando as escrituras, que dependem uma da outra para existir.

“A santidade não difere da felicidade a não ser no nome”, escreve Brooks corajosamente na parte inicial do livro. “A santidade é a felicidade em seu início, e a felicidade é a santidade em sua plenitude. A felicidade nada mais é do que a quintessência da santidade.”

Perto do final do livro ele reitera o ponto: “Uma plenitude absoluta de santidade produzirá uma plenitude absoluta de felicidade. Quando nossa santidade for perfeita, nossa felicidade será perfeita; e se isso fosse possível na Terra, haveria poucos motivos para os homens desejarem o céu”.

Mas também podemos citar o formidável Matthew Henry (1662 – 1714), um célebre teólogo que percebeu a mesma coisa. “Só são felizes, ou verdadeiramente felizes, aqueles sendo santos, verdadeiramente santos”, escreveu ele sobre os versículos de Salmos 1:1-3, chegando a escrever que "a bondade e a santidade não são apenas caminhos para alcançar a felicidade, mas a felicidade em si".

Esses puritanos sabiam muito bem disso. A verdadeira felicidade da alma não é um subproduto de ser santo. A verdadeira felicidade é a verdadeira santificação.

Mais recentemente, John Piper fez um ajuste preciso em dos episódios de Ask Pastor John: “A felicidade faz parte da santidade”. “Se você tentasse descrever para mim o que significa ser uma pessoa santa, deixando de fora a felicidade em Deus, não conseguiria. Não existe santidade sem felicidade em Deus. A felicidade em Deus é — arrisco a dizer — a essência da santidade.”

Porém, as escrituras apoiam tais afirmações sobre como a felicidade está irrevogavelmente entrelaçada à santificação?

Verdadeira felicidade-santidade

Para isso os Salmos são incrivelmente úteis. Os salmistas frequentemente referem-se àqueles que são bem aventurados ou abençoados, — e por abençoados, eles querem dizer aqueles que são verdadeiramente felizes.

Então quem são os abençoados, ou então verdadeiramente felizes?

Os verdadeiramente felizes são aqueles que são, em alguma medida, verdadeiramente santos. Esse tema é muito abordado em Salmos nos capítulos e versículos: 1:1-2, 19:8, 32:8-11, 34:8-14, 40:4, 106:3, 112:1, 119:1-2, 22-4, 69-70, 143-4, 128:1-6.

Mas não somente a santidade e a bem-aventurança estão unidas nos Salmos; elas também estão unidas no livro de Provérbios, e também muito bem unidas por Jesus em suas Bem-Aventuranças no livro de Mateus (5:2-12).

E antes de qualquer possibilidade de encontrar a felicidade e a santidade almejada está a dura realidade de que nossos pecados devem ser permanentemente e para sempre removidos diante de um Deus santo. A beleza da justificação em Cristo faz a ponte entre a felicidade e a santidade descrita pelos salmistas, por meio do nosso perdão em Cristo, e somente pela fé (Salmo 32:1-2. Romanos 4:7-8).

Embora de forma imperfeita, os cristãos experimentam essa verdadeira felicidade e santidade ao viverem a união com Cristo. Nele, encontramos a conexão orgânica inseparável entre nossa obediência e nossa alegria; entre nossa busca pela verdadeira santidade e nossa experiência da verdadeira felicidade (João 15:1-17).

O Deus Feliz e Santo

Portanto, no âmago de nosso ser, não queremos ser felizes ou santos, queremos ser felizes e santos, com Deus. Deus é a fonte de alegria e deleite; ele é um Deus feliz, satisfeito em seu eterno prazer próprio, e essa felicidade é parte de sua glória (1 Timóteo 1:11). E nosso Deus glorioso é, em simultâneo, uma chama impressionante de santidade impoluta, revoltada com todas as depravações do homem (1 Timóteo 1:8-10).

Portanto, o que Deus uniu, que nenhum teólogo separa.

A escolha que fazemos hoje

Na realidade, nossa busca pela felicidade é motivada por um impulso primordial, um impulso tão antigo quanto o primeiro homem e a primeira mulher, um impulso que antecede o pós-modernismo, o modernismo, o iluminismo e Freud.

Como todas as gerações anteriores, enfrentamos a mesma escolha antiga, e não se trata de uma escolha entre felicidade e santidade, mas entre duas buscas diferentes pela felicidade (uma maligna, outra santa).

A primeira busca é a busca da felicidade prometida pelas falsas seguranças, confortos e ídolos de nosso mundo, mas que se revelam mentiras que causam dor e sofrimento.

A segunda busca é a verdadeira felicidade encontrada em Deus, um deleite genuíno nele, um tesouro eterno e interminável de sua glória e santidade acima de tudo.

E é aí onde está a chave. A batalha por essa felicidade santa e verdadeira é uma batalha espiritual diária entre o bem e o mal, entre os prazeres carnais e os espirituais.

Voltando ao mesmo episódio do podcast, Piper resumiu bem a batalha diária da fé pela felicidade através da santidade: “Quando dizemos que Deus é mais glorificado em você quando você está mais satisfeito nele, estamos dizendo que a batalha essencial da santidade, ou santificação, é a batalha para estar satisfeito em Deus.”

Há um peso de verdade nessa declaração que vale uma profunda e longa reflexão para todos nós.