Quando a Vergonha vos Mantém Afastados

De Livros e Sermões Bíblicos

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English: When Shame Keeps You Away

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Por Stephen Witmer Sobre Santificação e Crescimento

Tradução por Andreia Frazão

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Alguns de nós não estão certos da completa aceitação de Deus. Suspeitamos de que Deus está desapontado com os nossos melhores esforços. Vivemos com a culpa de quem vale pouco, sentido que nunca lhe agradámos realmente – que Deus gostaria sempre de nos ver a sairmo-nos um pouco melhor.

Do mesmo modo, talvez não estejamos certos da completa aceitação do povo de Deus. Um pecado secreto ou um conflito silencioso convence-nos de que, se os outros soubessem, desprezar-nos-iam. No pecado e na fraqueza, distanciámo-nos da igreja, sendo cada vez mais difícil regressar. Fomos isolados pelo medo e pelos sentimentos de inadequação.

Para aqueles que vivem à margem, ansiando por se aproximar de Deus e do seu povo, mas que não estão certos sobre como fazê-lo, há uma doce graça a saborear numa história do encontro de Jesus com um homem à margem.

O Peso da Vergonha

Quando Lucas conta a história, começa com um problema terrível: “Estando Jesus numa das cidades, passou um homem coberto de lepra” (Lucas 5:12, NVI). O homem estava “coberto” de uma doença temida. De acordo com o Levítico 13:45, os leprosos deviam rasgar as suas roupas, deixar o cabelo solto, sem o pentear, e cobrir o lábio superior ou o bigode. Estas eram, tipicamente, as ações dos enlutados nos funerais.

Os leprosos eram instruídos a agir como pessoas em luto num funeral porque estavam de luto pela própria doença, que era uma espécie de morte em vida. Ritualmente impuros, eram obrigados a ficar fora do acampamento, isolados da comunidade e da sagrada presença de Deus no tabernáculo.

Os nossos ideais individualistas modernos podem romantizar o que é viver em esplêndido isolamento. Não era assim nos tempos antigos de Israel. A vida em pleno era vivida na comunidade do povo de Deus reunido à volta da presença de Deus no tabernáculo. Estar isolado disto era como uma morte em vida. O homem leproso que veio ao encontro de Jesus não podia ter contacto físico com os outros, porque isso torná-los-ia impuros. Conseguem imaginar a vergonha que ele sentia?

Honesto e Desesperado

E o leproso não nega o problema dele. A sua forma de se aproximar de Jesus comunica grande humildade e uma necessidade desesperada. Lucas diz-nos, «Quando viu Jesus, prostrou-se com o rosto em terra e rogou-lhe: "Se[nhor], se quiseres, podes purificar-me"». (Lucas 5:12, NVI).

Estar prostrado na terra diante de outra pessoa é humilhante. Prostrados na terra, vocês não podem coagir, ameaçar nem subornar. Só podem pedir e implorar. É isto que o leproso faz. Prostrando-se de cara no chão, o leproso implora a Jesus, chamando-lhe "Senhor", como sinal de respeito e de submissão, reconhecendo que Jesus pode purificá-lo se assim quiser. O leproso não tenta purificar-se a si próprio. Vem, simplesmente, tal qual é. Isto é um grande risco. Jesus podia ignorá-lo ou rir-se dele. Jesus poderia dar-lhe dez coisas para fazer antes de poder ser purificado.

Este pode ser o passo mais difícil para alguns de nós: vir simplesmente a Jesus e ao seu povo, admitir a nossa necessidade sem pretensões. Podemos temer ser ignorados, rejeitados ou desprezados. Se é assim que vocês se sentem, é crucial que vejam a cena final desta história.

Eu Quero

Lucas escreve, «Jesus estendeu a mão e tocou nele, dizendo: "Quero. Seja purificado!"» (Lucas 5:13, NVI). Cada detalhe desta frase é significativo; vamos saboreá-los a todos, um de cada vez.

Este leproso respeitou a distância física que foi obrigado a manter dos outros. Mas Jesus atravessou esta distância – Jesus "estendeu a mão", movendo-se *em direção* ao homem em quem não se podia tocar. E Jesus não se limita a deixar a sua mão pairar a alguns centímetros de distância, em segurança. Jesus toca-lhe. Qual terá sido a sensação de sentir o peso da mão de Jesus à medida que veio pousar sobre este homem em que não se podia tocar? Sabemos que Jesus não *deveria* tocar no homem; tocar numa pessoa impura torna os outros impuros. Também sabemos que Jesus não *precisa* de fazer isto; por vezes, Jesus curava com uma palavra. Então, se Jesus não deve fazer isto e se não precisa de o fazer, porque é que o faz?

O toque humano é poderoso. As pessoas que tiveram a felicidade de receber os apertos de mão de Abraham Lincoln, famosos pelo seu entusiamo e por incluírem as duas mãos, nunca os esqueceram. Anos mais tarde, escreveram sobre estes apertos de mãos. Estudos modernos concluíram que, nos bebés, o contacto de pele com pele facilita o desenvolvimento cerebral e liberta hormonas benéficas, reduzindo ao mesmo tempo as hormonas do stress. O The New York Times relata que, "Os estudantes que receberam um toque de apoio nas costas ou no braço por parte de um professor tinham o dobro das probabilidades de se voluntariarem numa aula em relação àqueles que não receberam." E quem não se lembra da primeira vez que esteve de mãos dadas com a pessoa que eventualmente se tornou seu esposo ou sua esposa?

Ao tocar no leproso, Jesus dá-lhe as boas-vindas ao contacto e à comunidade de uma forma que este nunca esquecerá. Jesus também fala com o homem. Jesus diz, “Quero.” Jesus quer purificá-lo. E diz, "Que sejas purificado." E a lepra abandona-o imediatamente. Quando Jesus toca no homem, Jesus não se torna impuro. Em vez disso, o homem fica purificado. É subitamente removido o enorme obstáculo que o separa de adorar a Deus no tempo e de desfrutar da presença da comunidade humana.

Jesus Quer Restaurar-vos

Se sentem que não podem ser amados, se não estão seguros a respeito de Jesus e da forma como vos responderá, por favor ouçam isto: Jesus dá-vos as boas-vindas. Melhor ainda, Jesus vai purificar-vos e restaurar-vos. Jesus não vos deixará como estavam quando foram ao seu encontro. Independentemente do que vos afaste de uma relação mais próxima como Deus ou com a comunidade cristã, vão ao encontro de Jesus e deixem-no resolver isso.

Se é um pecado, passado ou presente, Jesus vai perdoá-lo à medida que o confessarem. Alguns capítulos depois, neste mesmo Evangelho, Lucas regista a parábola de Jesus sobre um cobrador de impostos que (tal como o leproso) se prostrou na terra, rogando a Deus que o perdoasse. E Deus perdoou (Lucas 18:9–14, NVI). Deus vai perdoar-vos a vós, também. Deus quer purificar-vos. Deus quer perdoar-vos. Deus fita-vos, não com uma expressão de desdém, mas sim de deleite, como o pai do filho caprichoso de outra famosa parábola, que corre para abraçar o filho à medida que este percorre o difícil caminho para casa depois de esbanjar uma fortuna (Lucas 15:11–32, NVI). Estas são as melhores notícias para as pessoas que carregam o terrível peso da vergonha.