Não se concentre em seus pontos fortes

De Livros e Sermões Bíblicos

O Senhor é a minha força e a minha canção; ele é a minha salvação. (Êxodo 15:2).

Durante a última década, a euforia da América foi o incentivo em descobrir nossos pontos fortes, em especial nos círculos de liderança e gestão. Muitos livros foram publicados e vários testes desenvolvidos para ajudar a identificar nossos pontos fortes.

Os paralelos bíblicos mais próximos são textos como Efésios 4:11, 1 Coríntios 12:28, Romanos 12:6 —8, e outros onde nos são dadas listas de dons “que diferem de acordo com a graça que nos foi dada” por Deus. E somos incentivados a usá-los para o benefício da igreja.

Mas, note que mesmo aqui a Bíblia tende a se referir a “dons” em vez de “pontos fortes”. A diferença de foco, eu acho, é importante. Tendemos a pensar em nossos pontos fortes como características da nossa identidade. Pontos fortes são nosso valor agregado; nossa vantagem competitiva. Mas. os dons manifestam a graça. Um dom não nasce conosco. É algo que recebemos de Deus e somos seus mordomos. Portanto, os nossos dons não são tanto a nossa identidade como a nossa oferta. E como Deus nos deu esses dons, Ele não é obrigado a nos colocar sempre em lugares onde possamos usá-los em sua plenitude.

De fato, Deus frequentemente nos coloca em posições onde lutamos e nos sentimos fracos pela mesma razão que Ele recebe uma glória particular, mostrando sua força através de nossas fraquezas.

Este motivo é tecido através da história redentora: “Mas Deus escolheu o que para o mundo é loucura para envergonhar os sábios, e escolheu o que para o mundo é fraqueza para envergonhar o que é forte”. (1 Coríntios 1:27). Por que? “a fim de que ninguém se vanglorie diante dele”. (1 Coríntios 1:29). Deus envergonha a força humana para nos humilhar.

O Apóstolo Paulo, que tinha forças extraordinárias, chegou a compreender isto de modo tão profundo que disse: “Mas ele me disse: “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte”. (2 Coríntios 12:9-10).

Portanto, esta é a teoria de Paulo sobre quem quer despertar sua força: O poder de Cristo - nossa verdadeira força - é demonstrado em nossas fraquezas. Portanto, devemos nos orgulhar e nos contentar com as fraquezas.

O que Deus realmente quer é que sejamos “fortes no Senhor” (Efésios 6:10). E tornar-se forte no Senhor quase sempre exige que Deus nos enfraqueça. Pois é quando nossa fraqueza nos obriga a depender de Sua força que crescemos em nossa compreensão do evangelho e aprendemos a caminhar pela fé. E geralmente nossos encontros mais profundos e preciosos com Deus ocorrem no contexto de nossas fraquezas, não de nossas forças.

Existem coisas úteis na mensagem do pensamento positivo secular que podemos aplicar. Mas não se concentre muito neles. Concentre-se na Bíblia. É o melhor “manual de pensamento positivo”. Porque não encontramos ajuda em os nossos pontos fortes. Encontramos auxilio na força de Deus.

O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre. (Salmos 73:26).