Jejuando pela vinda do Rei
De Livros e Sermões BÃblicos
Por John Piper
Sobre Jejum
Uma Parte da série A Hunger for God
Tradução por Nicolas Magalhães Sales
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Lucas 2:36-38
Estava ali a profetisa Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. . Era muito idosa; tinha vivido com seu marido sete anos depois de se casar e então permanecera viúva até a idade de oitenta e quatro anos. Nunca deixava o templo: adorava a Deus jejuando e orando dia e noite. Tendo chegado ali naquele exato momento, deu graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.
Introdução
Chegamos ao final de janeiro e do chamado de jejuar durante um dia a cada semana neste mês. Espero que, em breve, consigamos um tempo para contar uns aos outros o que Deus fez neste mês. Apenas ouvir a equipe contar novamente as obras surpreendentes de Deus na última terça-feira, na nossa reunião de oração, me dá forças e incentivo para incentivar veementemente um tipo de jejum corporativo - sobre o qual vou falar daqui há alguns momentos.
Nesta série de mensagens sobre o jejum bíblico, nós vimos, em Atos 13:3, como Deus mudou o curso da história por meio do jejum dos líderes de Antioquia.
Nós vimos em Mateus 9:15 que Jesus prometeu que, quando ele voltasse ao Pai nos céus, a igreja entraria em jejum.
Nós vimos em Mateus 4:4 que nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus - que o alimento de Jesus durante o jejum de 40 dias foi a revelação de Deus por meio de Sua Palavra. E é disso que queremos nos alimentar cada vez mais.
Além disso, na semana passada, vimos em Esdras 8:21 que Deus resgata seu povo - inclusive as crianças - por meio do jejum.
“Venha o teu Reino!”
Na próxima semana, vamos dar uma olhada no Sermão do Monte e perceber que, em Mateus 6, Jesus liga o jejum à oração, especificamente a oração do Pai Nosso. As petições preponderantes do Pai Nosso são: Senhor, santificado seja o Teu nome, e que venha o Teu Reino. Então, o jejum cristão não serve apenas para um avanço imediato da fé, uma cura e correção dos caminhos, mas também para o último e mais importante avanço - a volta do Rei em grande glória: “Venha o teu Reino!” Ou, como a igreja do passado orou: “Maranata!” = “O Senhor logo vem!”
Isso é exatamente o que deveríamos esperar, tendo em vista Mateus 9:15. Lembre-se de que Jesus ilustrou a si mesmo como sendo o noivo, e disse que seus discípulos não estavam jejuando porque o noivo estava presente. Mas então, ele disse: “Virão dias quando o noivo lhes será tirado; então jejuarão.” Então, Jesus liga o jejum cristão ao nosso anseio pelo retorno do noivo.
A igreja de Cristo é chamada para colocar o propósito do jejum na oração: “Venha o teu Reino.” “Noivo, vem!” O jejum é uma expressão física da fome do coração pela segunda vinda de Jesus.
O jejum como contrapartida da Ceia do Senhor
Eu me pergunto se o Senhor deseja que o jejum seja a contrapartida à Ceia do Senhor. Jesus disse: “Façam isto em memória de mim.” Ao comer, nós lembramos que Jesus veio de fato e morreu pelos nossos pecados. Mas ao deixarmos de comer - por meio do jejum - nós dizemos: “Sim, mas o noivo não está aqui. Ele esteve aqui, e nos amou incondicionalmente. E nós podemos comer e até comemorar com banquetes por causa da vinda dEle. Mas também sabemos disto: Ele não está aqui, e já esteve um dia. E Sua ausência é dolorosa. O pecado e a miséria do mundo são dolorosos. O povo de Cristo estão fracos e desgarrados - como ovelhas no meio de lobos (Mateus 10:16). Nós ansiamos para que Ele venha pela segunda vez e nos leve ao seu trono, e reine em nosso meio, e reivindique o Seu povo, e Sua verdade, e Sua glória. Então, o banquete da Ceia do Senhor expressa o que aconteceu; e nosso jejum expressa o que ainda não aconteceu.
Jesus apontou o caminho para que nos preparemos para a vinda dEle
Em Lucas 18:7-8, Jesus diz:
Acaso Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele dia e noite? Continuará fazendo-os esperar? Eu lhes digo: Ele lhes fará justiça, e depressa. Contudo, quando o Filho do homem vier, encontrará fé na terra?”
Você já pensou seriamente que Jesus apontou um caminho para que nos preparemos para a Sua segunda vinda? Deus mandará o Filho do Homem para reivindicar seus eleitos que “clamam a Ele dia e noite”. Clamam o quê? Clamam: “Venha o teu Reino!” “Volte, ó precioso noivo. Venha reinar como Rei. Venha, reivindique o Seu povo. Venha, case-se com a Sua noiva.”
E como a vida da igreja e a evangelização das nações faz parte dessa preparação, nós clamamos por isso também. “Senhor, reaviva o Seu povo. Senhor, faça com que Sua Palavra se espalhe e triunfe.” Se você tem olhos para ver o mundo como ele é, em contraste com a forma como ele deveria ser sob o Senhorio de Cristo, você sentirá que tem muito pelo que jejuar.
Ana: Jejuando pela primeira vinda do Rei
Ao convocar a igreja para jejuar pela vinda do Rei, nós não estamos pedindo algo novo. O texto da manhã nos mostra que uma senhora idosa dedicou quase toda a sua vida a esse ministério sagrado antes que o Rei viesse pela primeira vez. Lucas 2:36-38
Estava ali a profetisa Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. . Era muito idosa; tinha vivido com seu marido sete anos depois de se casar 37 e então permanecera viúva até a idade de oitenta e quatro anos. Nunca deixava o templo: adorava a Deus jejuando e orando dia e noite. 38 Tendo chegado ali naquele exato momento, deu graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.
Maria e José haviam acabado de chegar com seu bebê, Jesus, ao templo. Lucas fala sobre duas pessoas muito idosas, Simeão e Ana, que reconhecem quem é o bebê. O que marca ambos é que estavam esperando e ansiando pela vinda do Messias. O versículo 25 relata que Simeão “esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele”. Jesus, o Messias, é a consolação de Israel (v. 26, 30).
O versículo 37 conta que Ana nunca havia saído do templo, e que estava servindo ao Senhor “com jejuns e orações”. Em outras palavras, ela era como Simeão - ela ansiava pela vinda do Messias; ela estava jejuando e orando dia e noite porque estava esperando pela “redenção de Jerusalém”.
No versículo 38, ela chega no momento certo para ver a criança que era o Messias, e dá graças a Deus, e fala dEle para todos os que “aguardavam a redenção de Jerusalém”. Em outras palavras, Deus deu um vislumbre especial da glória do Rei àqueles que estavam aguardando, ansiando e esperando a “redenção de Jerusalém”. Para Ana, aquilo significou uma vida de jejuns, década a pós década - provavelmente 60 anos após a morte de seu esposo -, pois ela ministrava no templo.
Eu acho que uma das razões por que Lucas nos conta sobre Simeão e Ana é para ilustrar como pessoas santas e devotas respondem à promessa da vinda de Cristo. E como Deus responde aos seus anseios. Elas veem mais do que outras pessoas. Talvez elas não entendam completamente todos os detalhes sobre como será a vinda do Senhor - Simeão e Ana certamente não entendiam - mas Deus, misericordiosamente, dá a elas, antes das suas mortes, um vislumbre do que eles queriam ver de maneira tão apaixonada.
Cristãos: Jejuando pela segunda vinda do Rei
Agora, cá estamos nós, os cristãos, do outro lado da vinda do Rei. Ele já veio e foi embora novamente. Ele já revelou Sua glória. Ele já derramou Seu sangue pelos pecados. Ele já ressuscitou dos mortos. Ele já ascendeu aos céus para se sentar à direita do Pai até que todos os seus inimigos sejam postos sob Seus pés. Ele já enviou Seu Santo Espírito para nos regenerar, santificar e residir em nós. Ele já comissionou a Sua igreja a fazer discípulos de todas as nações. E Ele já prometeu, em João 14:3: “Eu voltarei.”
Como nossa situação se compara à de Ana?
As esperanças dela estavam fundamentadas nas promessas de Deus, assim como as nossas. Mas quantas coisas mais nós já vimos! Quantas coisas mais a respeito do Messias nós sabemos; coisas em que podemos colocar nossas esperanças! Ela nunca havia visto os anos de compaixão e de poder de Jesus, como nós vimos. Ela nunca havia ouvido as palavras de autoridade, sabedoria e poder, como nós ouvimos. Ele nunca havia visto o cego recobrar a visão, o coxo andar, os leprosos serem curados, os surdos ouvirem, os mortos ressuscitarem e os pobres serem evangelizados da maneira como Jesus fez. Ela nunca O viu consagrar a Si mesmo no Getsêmani, ou crucificado em nosso lugar no Gólgota. Ela nunca ouviu as palavras de misericórdia “Hoje você estará comigo no paraíso”, ou as palavras triunfantes “Está consumado”. Ela nunca O viu ressuscitar dentre os mortos de maneira triunfante sobre o pecado, a morte e o inferno.
Mas nós vimos. E agora Este, a quem conhecemos tão bem, se foi. Nós caminhamos pela fé, não pelo que vemos. Aquele a quem amamos foi tirado de nós. A festa de casamento foi interrompida. É como se a marcha nupcial tivesse começado, e nós estivéssemos caminhando em direção ao Ele e, no último minuto, Ele desaparecesse.
Devemos esperar por Cristo menos do que Ana esperou?
Devemos esperar por Cristo menos do que Ana esperou por Ele? O fato de termos Ele conosco por 30 anos, e de termos Seu Espírito faz com que tenhamos que esperar mais ou menos? Ó, quão grande acusação de nossa cegueira será caso nossa resposta seja: menos.
Eu digo: vamos esperar, ansiar e desejar a vinda dEle com mais intensidade do que Ana e Simeão. Devemos ter menos devoção do que esses santos pré-cristãos? Nós contemplamos a Sua glória. Glória como do unigênito do Pai. E devemos agora ter menos anseio pela aparição dEle? Paulo disse que receberia a coroa da justiça com “todos os que amam a sua vinda” (2 Timóteo 4:8).
Jejuando pela vinda do Rei
Nós estamos estabelecidos no mundo de maneira tão confortável que o pensamento de jejuar pelo fim da história é quase que impensável?
O que dizer das pessoas mais velhas? Você consegue sentir melhor as glórias da presença do Rei pelo fato de elas estarem mais perto? Você transforma essa sensação em jejum pela vinda do Rei?
O que dizer das pessoas mais novas? Você ama tanto Jesus que a vinda dEle é a coisa mais maravilhosa que você pode imaginar? Ou Ele é um tipo de assunto religioso de final de semana que às vezes ajuda você com um peso na consciência, mas não é alguém por quem você interromperia sua vida?
O que dizer de nós, que estamos no meio - ou pendendo para cima? Como nos sentimos ao ouvir que o jejum pode refletir o quanto queremos que o noivo volte? Será que a paixão de Ana pelo Messias causou algum efeito em nós? Nós queremos a aparição de Jesus mais do que a conclusão dos nossos planos profissionais?
Eu acredito que a minha vida nunca será a mesma depois da concentração de jejum de janeiro de 1995. Eu já vi muito sobre o jejum, e sobre o significado da fome por Deus, e da fome pela Sua Palavra, pela segurança das crianças, pela evangelização do mundo e pelo Noivo, e sobre a forma como Jesus fala sobre expressas essa fome por meio do jejum - eu já vi coisas demais para continuar com as coisas como estão.
O que devemos fazer como igreja?
- Manter a disciplina bíblica do jejum diante de nós como igreja . . .
- Dar a mais pessoas a chance de crescer nesse tipo de oração . . .
- Beneficiarmo-nos de tudo que Deus ordenou para o empoderamento da nossa intercessão . . .
- Sermos irrepreensíveis na nossa busca pelo reavivamento e pela evangelização mundial . . .
- E ajudarmos uns aos outros no anseio pelo Noivo, dia e noite. . .
. . . Eu estou propondo um ministério simples chamado “O Jejum dos Quarenta”.
“O Jejum dos Quarenta” é um grupo de 40 pessoas que jejuam durante um dia na semana em um dado mês de 1995. Podem ser pessoas diferentes a cada mês. Ou algumas pessoas podem querer jejuar em mais de um mês.
No final de cada mês, eu irei imprimir um cartão chamado “O Jejum dos Quarenta”, e farei 40 cópias que serão disponibilizadas no culto matinal. Quando os cartões forem pegos, os participantes do Jejum dos Quarenta serão conhecidos por Deus.
Não há intenção de revelar quem são os participantes do Jejum dos Quarenta. Isso estará de acordo com o ensinamento de Jesus, de que devemos estar atentos ao jejuar, para não sermos vistos por outras pessoas (Mateus 6:16-18).
A cada mês, eu vou tentar fornecer ensinamentos bíblicos e foco especial às orações do Jejum dos Quarenta. Isso será compartilhado de maneira mais ampla, para que qualquer um de vocês possa se unir aos 40, caso queira.
Pelo que vimos nesta manhã, você não precisa de uma crise na sua vida para convocar um jejum. Tudo de que precisa é um anseio pela vinda do Noivo. Senhor, aumenta o nosso amor pela Sua aparição!