Todos Buscam a Felicidade
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Jon Bloom Sobre Santificação e Crescimento
Tradução por Vânia Martins
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Deus é a maior felicidade que você pode experimentar. A Bíblia e muitos irmãos proeminentes na história nos ensinam essa verdade. No entanto, uma grande quantidade de irmãos do século XXI têm se esquecido dela.
Uma das principais razões é um fenômeno muito simples, que acontece com todos os idiomas: a evolução. Novas palavras são constantemente adicionadas, e palavras antigas, outrora muito utilizadas, são removidas; e, algumas outras, que utilizadas há anos, receberam sentidos diferentes - como a palavra em inglês para “felicidade”.
Hoje em dia, a palavra “felicidade” é utilizada para descrever diversas experiências. No entanto, para muitos falantes contemporâneos do inglês - especialmente os cristãos, em minha opinião - passou a ter sua definição limitada. Eles consideram a “felicidade” como um prazer passageiro; e, algumas vezes até trivial, normalmente como fruto de uma circunstância. Descrevem o termo “alegria” para prazeres mais substanciais, profundos e prolongados. Confirmam as teorias dos filósofos, que dizem que:
Felicidade é encontrar um lápis, pizza com salsicha ou saber a hora.
Felicidade é aprender a assobiar e amarrar os sapatos pela primeira vez!
Felicidade é comer dois tipos de sorvete, descobrir um segredo, subir em uma árvore.
Felicidade são cinco cores diferentes de giz de cera, pegar um vaga-lume e depois libertá-lo!
Mas os sábios da história diriam que a alegria é fruto de algo mais profundo, como a salvação divina (Salmos 51.12). Essa diferença na perspectiva da felicidade confundiu os ancestrais do século passado.
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A Felicidade não é trivial
Falarei de um exemplo que todos os americanos irão compreender. Na Declaração da Independência, Thomas Jefferson afirmou que todas as pessoas “receberam de Seu Criador alguns direitos intransferíveis, os quais dentre eles estão: a vida, a liberdade e o direito de buscar a felicidade”. Para Jefferson, “felicidade” era algo muito mais profundo do que o simples prazer que uma pizza com salsicha poderia proporcionar. Ele sonhava com uma nação na qual as pessoas seriam livres para devotar suas vidas em busca do que acreditassem que traria o mais profundo, amplo e duradouro prazer que pudesse ser vivenciado aqui na terra.
Algumas décadas antes dessa Declaração, um jovem chamado Jonathan Edwards tinha em mente uma experiência mais profunda e duradoura do que Jefferson quando a escreveu.
- "Decidido a me esforçar a fim de alcançar o maior nível de felicidade possível no outro mundo; sou capaz de fazer tudo o que for necessário, utilizando toda a minha força, poder, fúria, persistência, e sim, violência."
Quando Edwards diz: “...no outro mundo”, estava se referindo ao céu e à nova criação. Claramente, não se referia a nenhuma busca trivial ou experiências baseadas em coisas passageiras e circunstanciais.
O conceito atual da palavra “felicidade” tanto a desvaloriza quanto gera confusões desnecessárias. Deveríamos parar com isso, principalmente os cristãos, pois a Bíblia não define a felicidade de forma tão limitada:
- “Como são belos sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas, que proclama a paz, que anuncia coisas boas, que proclama a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!” (Isaías 52:7)
De fato, a Bíblia “possui uma linguagem de prazer discriminada”, pois utiliza palavras como felicidade, alegria, contentamento, deleite e satisfação como sinônimos para descrever os mesmos tipos de experiências.
A felicidade não é trivial. A humanidade leva isso muito a sério. Não podemos evitar.
É um negócio muito sério
Um francês, Blaise Pascal (1623 -1662), registrou isso em um dos parágrafos mais comoventes na história:
- "Todos os homens buscam pela felicidade. Sem exceção. Independentemente dos meios, todos buscam esse fim. A causa de algumas pessoas culmina em uma guerra, outros a evitam, entretanto, ambos possuem o mesmo desejo, embora com visões diferentes. A vontade nunca dá um primeiro passo se não for em direção a esse objetivo. Esta é a verdadeira razão de todas as ações dos homens, até mesmo aqueles que acabam com a própria vida." (Pensées, Loc. 2049)
Percebemos que essas palavras são verdadeiras no instante em que a lemos. Quando temos uma oportunidade, andamos por caminhos que resultarão na maior sensação de bem-estar desejada - e esse é o real significado da palavra “felicidade” para o mundo. Conduzimos nossa vida - até mesmo o fim dela - de acordo com essa busca. Esse anseio que temos pela felicidade faz parte de nossa essência; e nos foi dada por Deus.
Deus criou os seres humanos para serem felizes. Essa foi a promessa que Ele fez a Adão e Eva. A única coisa que Deus os proibiu de fazer foi escolher o que destruiria essa felicidade (Gênesis 2.16). Ainda que, a mentira os tenha levado a tomar a decisão que Deus havia proibido; tinham a promessa de serem mais felizes do que eram (Gênesis 3:4-6).
A busca pela felicidade não é pecado. Pecado é buscar a felicidade longe de Deus.
Buscar a Deus, não a felicidade?
Mas isso não faz da felicidade um ídolo? Não estamos criando uma competição com Deus ao incentivar e encorajar a busca pela felicidade?
Embora isso possa se tornar uma ação idólatra, comparar a experiência da felicidade com Deus é uma grande confusão. John Piper esclarece:
"Quando eu digo que desejo a felicidade, é o mesmo que dizer: “Eu quero ser feliz”. Mas quando eu digo que eu desejo um biscoito, não é o mesmo que dizer: “Eu quero ser um biscoito.” A felicidade não é um mero objeto do desejo. É a experiência do objeto.
Logo, não seria idolatria dizer, eu quero a felicidade mais do que qualquer outra experiência. Pois Deus não está na mesma categoria da “experiência”, portanto, você não O está classificando. Você está (acredite ou não) sendo preparado para encontrá-lo.
Idolatria não é querer a felicidade. Idolatria é encontrar a plenitude da felicidade em qualquer coisa que não seja Deus."
É por isso que C.S Lewis disse: “É um dever do cristão, como você sabe, que todos sejam o mais felizes que puderem” (A Severe Mercy, 189). Ele, assim como todos os outros santos das Escrituras e da história, conhecia as “explícitas promessas de recompensa” - da felicidade oferecida por Deus ao longo de toda a Palavra. Elas não são um convite para a idolatria, mas para a verdadeira adoração. Nosso maior prazer é sempre medido pelo nosso maior tesouro.
Preencher o abismo infinito
Todos nós, independentemente do lugar, buscamos essa profunda felicidade. No entanto, mais cedo ou mais tarde, nos damos conta de que, essa felicidade que a maioria de nós quer, não pode ser encontrada em nada que esteja na terra. Temos um desejo inconsolável no fundo de nossa alma. Já o ouvimos no antigo lamento de um pregador: “Vaidade!” (Eclesiastes 1:1-11); e no lamento moderno de David Foster Wallace, “Estamos todos solitários por algo que ainda não sabemos” (Infinite Jest, 1053, nota 281).
Mas a natureza inconsolável desse desejo é uma pista, como diz Pascal:
- "O que esse desejo e incapacidade [de fazer o bem que ansiamos] nos anunciam, pois, já houve no homem uma felicidade verdadeira da qual hoje só restou uma marca ou um vazio que ele busca, em vão, preencher com as coisas ao redor e, busca a ajuda nas coisas ausentes, pois não consegue nas presentes? Mas toda essa busca é inadequada, pois o abismo infinito só pode ser preenchido por coisas infinitas e imutáveis, ou seja, somente pelo próprio Deus." (Pensées, Loc. 2049)
Toda a Escritura testemunha que: somente em Deus encontramos a “plenitude de alegria” e “prazer eterno” (Salmos 16.11); não há nada que valha a pena longe Dele; não há satisfação nessa terra que se compare a Ele (Salmos 73.25). Somente em Deus, nossa alma, agitada em busca de felicidade encontrará descanso (Salmos 62:5-7; Mateus 11:28-30). Somente o infinito Deus pode preencher nosso abismo infinito.