4 medos debilitantes

De Livros e Sermões Bíblicos

Quatro medos que atemorizam cada pastor. Eles são:

1. Meu medo de mim mesmo.

Poucas coisas revelam melhor a gama de pecado, imaturidade, fraqueza e fracasso no ministério. Poucas coisas vão expor suas fraquezas de forma tão consistente. Poucos esforços vão colocá-lo sob a expectativa pública e escrutínio. Poucas coisas são tão pessoalmente humilhantes. Poucos esforços têm o poder de produzir em você sentimentos tão profundos de inadequação. Poucas coisas podem ser um barril de auto-dúvida. Existe uma grande tentação para que seu ministério seja desviado e prejudicado pelo medo que você tem de si mesmo.

Deus encontra Gideão debulhando trigo em um lagar, porque ele estava com medo dos midianitas, e cumprimenta este homem medroso com uma das saudações mais irônicas na Bíblia: "O Senhor é contigo, homem valente." E Gideão essencialmente diz: "Bem, se você está com a gente, porque é que todas essas coisas ruins estão acontecendo?" Deus responde: "Eu te escolhi para salvar Israel dos midianitas." Gideon diz: “ O Senhor veio ao endereço errado. Eu sou da tribo mais fraca de Israel, e eu sou a pessoa mais fraca a casa de meu pai. O Senhor não está realmente pensando em mim." E Deus diz: "Eu estou contigo!"

A resposta de Deus ao medo de Gideão é muito útil. Ele não trabalhou para inflar a sua auto-confiança. Ele não trabalhou para ajudar Gideão ver que ele trouxe mais para a mesa do que ele pensava. O problema de Gideão não era primeiramente que ele temia a sua inadequencia. Seu problema foi reverência. Gideão falhou em temer a Deus no sentido de que "Deus está comigo, e ele é capaz." Então Gideão estava apavorado com a idéia de ter que liderar Israel em qualquer lugar.

Meu pastorado em Scranton, Pensilvânia, expôs toda a gama de minha imaturidade e fraqueza, e em maneiras que tinham sido muito dolorosas, e estas muitas vezes vieram a público. Eu pensava que era tão preparado. Eu tinha sido um ótimo aluno no seminário, e agora eu estava pronto para enfrentar o mundo. Mas Deus me chamou para um lugar muito quebrado e difícil, e usou este lugar para puxar-me para fora do meu orgulho e auto-justifiça para um lugar onde eu iria encontrar a minha esperança nele. Fiquei magoado, decepcionado, cansado, oprimido, com raiva, e um pouco amargurado. Eu sentia que Deus tinha me colocado no mu lugar e as pessoas me tinham tratado de maneira grosseira. Tudo o que eu queria fazer era correr. Eu tinha um grau de educação e pensei que eu iria mudar para algum lugar longe e coordenaria uma escola cristã. Eu tinha anunciado ao meu conselho o meu plano de renunciar. Eles me pediram para não ir embora, mas eu estava determinado. Assim, no domingo seguinte, eu fiz o meu anúncio e tive uma sensação momentânea de alívio. Minha pequena congregação não estava aliviada, então eu tive muitas conversas depois do culto. Muito mais tarde do que eu costumava deixar a igreja, eu passei pela porta apenas para dar de encontro com o homem mais velho da nossa igreja.

Ele se aproximou de mim e perguntou se poderíamos conversar. "Paulo", disse ele, "nós sabemos que você é um pouco imaturo e precisa crescer. Nós sabemos que você é um homem com fraquezas, mas onde a igreja encontrará pastores maduros se os imaturos vão embora?" Eu me senti como se Deus tivesse pregado meus sapatos na varanda. Eu sabia que ele estava certo, e eu sabia que não poderia ir embora. Nos próximos meses eu comecei a aprender o que significa pastorear em fraqueza, mas com um temor de Deus que dá segurança e produz coragem. Eu ainda estou aprendendo o que significa ter este temor de Deus para não ter mais com medo de mim mesmo.

2. Meu medo dos outros.

A maioria das pessoas as quais você serve vai te amar e apreciar encorajá-lo como eles são capazes. Mas nem todos o farão. Alguns vão te amar e ter um plano maravilhoso para a sua vida. Alguns vão se autonominar os críticos da sua pregação e liderança. Alguns vão ser leais e incentivadores, e alguns farão coisas que enfraquecerá a sua liderança pastoral. Alguns se doarão para o ministério em atos sacrificiais de serviço, e outros se queixarão da forma como estão sendo servidos. Alguns vão se aproximar de você com sinceridade amável, e alguns darão lugar à tentação de falar por trás de suas costas. Alguns participarão e se envolverão, enquanto outros se relacionarão com a igreja com uma mentalidade de consumidor. Com alguns você irá se relacionar facilmente, e com outros você achará o relacionamento bem mais difícil.

Porque o seu ministério vai sempre ser feito com as pessoas e para as pessoas, é imprescendível que você coloque as pessoas no lugar certo no seu coração. Você não pode se permitir estar com tanto medo delas de maneira que você esteja fechado às suas perspectivas ou que você não esteja pronto a delegar ministério a elas. Ao mesmo tempo, você não pode estar com tanto medo delas que você as deixe tomarem conta da sua agenda e erroneamente controlar a direção do ministério para o qual Deus o chamou. Você não pode permitir-se a ministrar com porta fechada, e você não pode ser tão sensível às opinião dos outros que você fique impossibilitado de liderar.

Porque todas estas pessoas às quais você ministra ainda estão lutando com o pecado que nelas habita, os relacionamentos com elas e a ministração a elas será um tanto desordenado e confuso. As pessoas vão te machucar e prejudicar o seu ministério. As pessoas vão exigir coisas de você que eles não deveriam exigir e irão lhe responder de maneira que não deveriam responder. No meio de tudo isso, pessoas específicas – as influentes e sem papas na língua - aparecerão maiores do que deveriam em seus pensamentos e motivos. Elas se permitirão poder demais para influenciá-lo e a sua maneira pastorear. Em vez de trabalhar para a glória de Deus, você será tentado a trabalhar para a aprovação delas. Ou, em vez de trabalhar para a glória de Deus, você vai trabalhar para desarmar ou expô-los. Em ambos os casos, o seu ministério está sendo corrompido por um medo humano antigo: o medo do homem.

O poder do medo do homem para desviar ou enganar no ministério é vividamente descrito em Gálatas 2:11-14. Pedro não só faz concessões, mas na verdade ele renuncia ao ministério para com os gentios, para o qual Deus o tinha chamado (Atos 10), porque ele estava com medo do "partido da circuncisão". Paulo observou a conduta de Pedro que "não estaria em harmonia com a verdade do evangelho", e assim ele confrontou Pedro. Quantos ministérios são desviados por ações, reações e respostas não enraizadas no temor de Deus, mas no medo do homem? Quantas vezes isto compromete o trabalho do evangelho? Quantas vezes isto leva as pessoas a tropeçarem? Quantas vezes somos tentados a agirmos de uma forma que não está de acordo com aquilo que dizemos que cremos? Quanto o medo dos homens estabelece a agenda em nossas igrejas? Com sinceridade e humildade precisamos continuar nos perguntando isso.

Eu gostaria de poder dizer que estou livre desse medo, mas eu não estou. Há momentos em que eu me peguei pensando, enquanto eu estava preparando um sermão, que um determinado ponto iria finalmente vencer um dos meus caluniadores. Nesse momento minha pregação estava prestes a ser moldada, não por meu zelo pela glória de Deus, mas pela minha esperança de que o que eu dissesse causaria com que alguém finalmente visse a minha glória. Eu entendo que esta é uma guerra contínua pelo domínio do meu coração e que para tal me foi dada a graça poderosa e sempre presente.

3. Meu medo das circunstâncias.

Desde que você não é o autor da sua própria história, e desde que você não escreveu o roteiro de seu próprio ministério, a vida e o ministério são constantemente imprevisíveis. Neste mundo das coisas inesperadas, você está sempre vivendo na tensão entre o que Deus é e o que ele prometeu e as coisas inesperadas no seu prato. Na interseção entre promessa e realidade, você deve proteger a sua meditação. Você tem que ser muito disciplinado quando se trata do que você faz com sua mente. Permita-me explicar.

Foi dito a Abraão por Deus que seus descendentes seriam como a areia na praia do mar, e ele então fixou sua vida sobre essa promessa. Normalmente sua esposa, Sara, daria à luz cedo e muitas vezes. Mas isso não aconteceu. Durante todos os anos em que Sara poderia ter tido filhos, ela não podia conceber. Agora ela e Abraão eram velhos – velhos demais para pensarem seriamente que ainda seriam abençoados com o filho prometido. O velho Abraão agora estava vivendo na tensão entre a promessa de Deus e suas circunstâncias. Quando você está na interseção entre as promessas de Deus e os detalhes de sua situação, é muito importante o que você faz com a sua mente. Nesta interseção, Deus nunca vai lhe pedir a negar a realidade. Abraão não negou a realidade. Romanos 4 diz que ele "considerou o amortecimento do ventre de Sara." A fé não nega a realidade. É uma maneira de considerar a realidade focada em Deus.

Mas a passagem ainda nos diz algo a mais. Ela nos diz o que Abraão fez com sua meditação. Ele não investiu tempo em transformar suas circunstâncias revirando-as de lá e pra cá. Ele considerou suas circunstâncias, mas ele meditou em Deus. E enquanto ele meditava em Deus, ele se fortalecia na fé, mesmo que nada tinha mudado em suas circunstâncias. Para muitas pessoas no ministério, espera torna-se uma crônica de enfraquecimento na fé. Meditar sobre as circunstâncias lhe deixará no temor das circunstâncias. Vai parecer que elas estão crescendo mais, você vai se sentir menor, e sua visão de Deus será nublada. Mas se você meditar no Senhor, você terá mais reverência e temor da sua presença, poder, fidelidade e graça. A situação vai parecer menor, e você viverá com maior confiança, mesmo se ainda nada tiver mudado.

As circunstâncias têm capturado sua meditação? Você tem se tornado mais fraco na fé? Ou será que os olhos de seu coração tem focado em um Deus, que é infinitamente maior do que qualquer coisa que você terá que enfrentar?

4. Meu medo do futuro.

Você sempre vive e ministra no sofrimento de não saber. Tanto na vida e no ministério você é chamado a confiar, obedecer, e crer que Deus o guiará e proverá. Você e eu não sabemos o que o próximo instante trará, muito menos o próximo mês ou ano. Segurança nunca pode ser encontrada na nossa tentativa de entender tudo ou na tentativa de adivinhar a vontade secreta de Deus. Sua vontade secreta é chamada de vontade secreta, porque é secreta! No entanto, nós ainda desejamos saber, para entender as coisas anticipadamente. Quanto mais você se concentrar no futuro, mais você vai dar lugar ao medo do futuro, e tanto mais você estará confuso e desmotivado no aqui e agora.

Não saber é difícil. Seria bom saber se esse presbítero vai sucumbir à tentação de ser divisionista. Seria bom saber se as finanças da igreja vão se recuperar. Seria bom saber se a nova série de pregações será bem recebida, se aqueles jovens missionários farão todos os ajustes que precisam fazer, ou se você vai obter as autorizações para construir esse novo espaço de culto tão necessário. Achamos difícil lidar com questões do futuro, porque temos dificuldade de confiar em Deus. Aquele em que prometemos confiar sabe tudo sobre o futuro, porque ele controla todos os aspectos do mesmo. Nosso medo do futuro expõe nossa luta em confiar nele, e em confiando nele, de descansar em sua orientação e cuidado, mesmo que nós não sabemos o que realmente virá depois. O temor de Deus é a única maneira de ficar livre de ter medo do que está por vir. Quando a minha confiança de Deus é maior do que o meu medo do desconhecido, então vou poder descansar, mesmo que eu não tenho idéia do que me espera ao virar na esquina.

Você carrega o futuro em seus ombros, com todas as suas dúvidas e preocupações? Ou você se dedica ao trabalho no presente, deixando o futuro nas boas mãos de Deus? Quanto você está assombrado pelos "e se"? Você saúda o desconhecido com expectativa ou temor? A presença e promessa de Deus aquietam suas perguntas sem respostas sobre o futuro?

Medite sobre as questões colocadas neste artigo, honestamente responda cada um delas, depois clame humildemente pela graça que pode libertá-lo dos medos dos quais você ainda não escapou. Então, celebre o Rei paciente ao qual você serve, que alivia o seu fardo de medo ao invés de condená-lo por isso.