Amor: A Obra do Hedonismo Cristão

De Livros e Sermões Bíblicos

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English: Love: The Labor of Christian Hedonism

© Desiring God

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Por John Piper Sobre Hedonismo Cristão
Uma Parte da série Desiring God

Tradução por Roberto Freire

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2 Coríntios 8:1, 2, 8
Benevolência desinteressada para com Deus é blasfémia. Se você vem a Deus por obrigação, oferecendo-lhe a recompensa do seu companheirismo em vês de você mesmo estar sedento da recompensa do companheirismo de Deus, então você estará exaltando-se acima de Deus o benfeitor, e depreciando-o como se Ele fora o beneficiário, o necessitado – e isto também, é blasfémia. A única forma de honrar e glorificar a Deus em Sua suficiência total, é a de vir a Ele pelo prazer de conhece-lo e de ser amado por Ele. Este foi nosso ponto principal na mensagem da semana passada, e que poderíamos haver chamado de Hedonismo Cristão vertical. Entre o homem e Deus, no áxis vertical da vida, a busca do prazer não é somente tolerável, mas obrigatório: “Regozijai-vos no Senhor!” O fim principal do homem é glorificar e desfrutar a Deus para sempre. Mas, quê então, do Hedonismo Cristão horizontal? Quê do nosso relacionamento com outras pessoas? É ideal entre as pessoas, a benevolência feita com indiferencia? Ou a busca do prazer é igualmente obrigatória na direção horizontal – nos relacionamentos interpessoais? A resposta ao Hedonismo Cristão é que a busca do prazer é um motivo essencial para toda boa obra. Ou, colocando em outras palavras, se você abandona a busca do completo e duradouro prazer, você não poderá amar as pessoas nem agradar a Deus. Assim pois, eu gostaria de demonstrar-lhes, desde o ponto de vista da Escritura, porque eu creio dessa maneira, e, então, lidar com os problemas de algumas passagens para, depois, encerrar com um desafio a que vos junteis a uma longa história de Hedonistas Cristãos, na obra da caridade na igreja, tanto como na mesma obra no mundo. O amor dos Macedónios Olhemos, primeiramente, em 2 Coríntios 8. Que tipo de ação interior e exterior Paulo chama de caridade?
“Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedónia; como, em muita prova de tribulação, houve abundância do seu gozo, e como a sua profunda pobreza superabundou em riquezas da sua generosidade. Não digo isso como quem manda, mas para provar, pela diligência dos outros, a sinceridade da vossa caridade;” (8:1, 2, 8).

Paulo apresenta aos Macedónios como um exemplo de amor sincero com o propósito de ver se os coríntios os imitariam. Agora, o que é o amor de acordo com os versos 1 e 2? Primeiramente, o amor é o resultado da obra da graça de Deus. “Vos fazemos saber a graça de Deus dada às igrejas da Macedónia.” Em segundo lugar, essa experiência dos macedónios encheu os seus corações com abundância de gozo. Observem que não foi porque Deus os havia feito materialmente ricos. De fato, eles estavam em “profunda pobreza” de acordo com o verso 2. Portanto, o gozo deles não era em “coisas” mas em Deus. Terceiro, seu “abundante gozo”, “superabundou em riquezas de sua generosidade” quando Paulo tomou a coleta para os santos pobres em Jerusalém. Qual, então, foi o amor que Paulo pode ver aqui? Amor é a abundância do gozo em Deus que satisfaz as necessidades de outros. Note o verso 4: “pedindo-nos (a Paulo) com muitos rogos a graça e a comunicação deste serviço, que se fazia para os santos.” Não devemos imaginar que quando eles deram liberalmente, era porque o seu relacionamento com Deus os compelia a atuar contra seus próprios desejos. Veja, quando seus filhos lhes pedem por mais uma volta na montanha russa (“Podemos, paizinho? Podemos?”), não é por causa de terem sido motivados por algum ideal contrário aos seus desejos. Quando os macedónios – vitimados pela pobreza – rogaram a Paulo pelo privilégio de dar dinheiro para o fundo de benevolência, devemos assumir que isto foi o que eles desejavam fazer. Na verdade, estavam negando-se a si próprios qualquer comida ou roupa que aquele dinheiro poderia proporcionar-lhes. Mas o fato de se negarem, não foi por causa de um ato obrigatório, estéril e triste. Eles estavam negando-se o prazer da comida extra e das roupas que aquele dinheiro lhes podia comprar, pelo gozo de compartilhar a graça de Deus com outros. Este povo estava tão cheio de gozo em Deus que, dar – mesmo de sua profunda pobreza – não era uma carga, mas uma bênção. Os macedónios haviam descoberto a obra do Hedonismo Cristão: AMOR! Amor é o transbordar de tal gozo em Deus, que atua em satisfazer as necessidades de outros.

Amor é mais do que ação

Frequentemente ouço (desde Éticas Situacionais de Joseph Fletcher até aqueles que pregam na capela do Bethel Bible College), que o amor não é aquilo que você sente, mas sim, o que você faz. Essa é uma afirmação demasiadamente simplória! (E que tem suas raízes em uma teologia que crê na possibilidade de ética sem novo nascimento). Porque disse Paulo, em 1 Coríntios 13:3, que “…ainda que distribuísse toda minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria”? Porque o amor genuíno é sempre mais que ação. Paulo não apresentou aos macedónios como exemplos de amor simplesmente porque deram generosamente. Os apresentou porque seu donativo foi o resultado do transbordar de um gozo abundante na graça de Deus. Uma ação benevolente que não flui de nosso gozo na graça de Deus, não é amor. A única coisa que o apóstolo chama de amor é o fruto do Hedonismo Cristão – a saber, a ação benevolente de um povo que encontrou satisfação em Deus e que agora busca expandir essa satisfação por compartilha-la com outros.

Espero que você possa ver porque eu disse que a busca do prazer é um motivo essencial para toda boa obra e que se você abandona a busca de um completo e duradouro prazer, então já não poderá amar as pessoas nem agradar a Deus.

Deus ama ao dador alegre

Vamos ver se isso se confirma em outras passagens. Paulo continua seu pedido por fundos em 2 Coríntios 9 e faz sua super afirmação no verso 7:

“Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.”

Eu entendo isso como que significando que Deus não encontra prazer em que pessoas atuem benevolentemente, mas sem o fazerem com alegria. Quando as pessoas não encontram prazer em suas ações de serviço, Deus tampouco encontra prazer nessas pessoas. Ele se deleita naqueles que dão alegremente. Se somos indiferentes ao fazermos ou não fazermos uma boa obra alegremente, então somos indiferentes àquilo que agrada a Deus. E o que alegra a Deus é quando nos deleitamos em dar. Portanto, é muito importante que sejamos Cristãos Hedonistas horizontalmente, em nossos relacionamentos uns com os outros, e que nunca deixemos de buscar a alegria em dar.

Deus ama Pastores alegres

Considere 1 Pedro 5 onde Pedro diz aos presbíteros como devem de seguir seu ministério de pastorear o rebanho de Deus. O Apóstolo aplica ao ministério pastoral, o mesmo princípio que Paulo aplicou à mordomia das finanças em 2 Coríntios 8 e 9. Verso 2:

“Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto.”

Em resumo, podemos dizer: Deus ama ao Pastor alegre. O mandamento de Deus não é somente que façamos nosso trabalho, mas de que encontremos alegria em faze-lo. Se você não procura realizar o seu ministério esperando encontrar nele grande alegria, então você não está procurando obedecer o mandamento de Deus. Phillip Brooks, um pastor Episcopal de há 100 anos atrás em Boston, e o autor de “Ó Pequena Cidade de Belém” (Ó Little Town of Bethelehem), escreveu o seguinte a respeito do pastorado:

“Eu creio, digo outra vez, que é essencial ao sucesso do pregador, que ele se satisfaça totalmente em seu trabalho. E eu digo isto da sua atual execução do mesmo e não somente da ideia desse trabalho. Nenhum homem a quem são repulsivos os detalhes de sua tarefa, poderá realizar dita tarefa constantemente bem, não importa quão cheio esteja de seu espírito. Ele poderá lançar-se ao seu trabalho e mesmo aguentar todos os seus contratempos, mas não poderá continuar trabalhando ano após ano, dia após dia. Portanto, se você pode sentir o mais simples deleite naquilo que você tem que fazer como ministro, no fervor de escrever, no brilho de falar, de levantar-se perante os homens e movê-los, ou no contacto com os jovens, conte nisso não meramente um perfeito e legítimo prazer, mas conte-o como um elemento essencial do seu poder. Quanto mais você se deleita, melhor você pode executar seu ministério.”

Para poder-se ministrar na igreja ou mesmo no mundo de uma forma que agrade a Deus nós temos que crer, e buscar ouvir a palavra de Jesus que Paulo usou em Atos 20:35 com o propósito de inspirar outro grupo de pastores: “…e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.” Quando Paulo diz “Lembrem-se desta promessa!”, ele necessariamente quer dizer que isto é algo que tem grande valor como um incentivo consciente para o ministério. Quer, portanto, dizer que o valor moral de nossa generosidade não se arruína quando a buscamos hedonisticamente. Não é errado desejar, e procurar, a bênção que Jesus prometeu quando disse: “É mais bem-aventurado dar do que receber.”

Não se conforme com prazeres menores

O obstáculo para amar as outras pessoas é o mesmo obstáculo para a adoração de Deus. O obstáculo que nos impede de obedecer o primeiro mandamento (vertical) é o mesmo que nos impede de obedecer o segundo (horizontal). O obstáculo não é que todos nós estejamos procurando agradar-nos a nós mesmos, mas sim o fato de que nós nos satisfazemos com demasiada facilidade. Não cremos em Jesus quando nos diz que há mais bem-aventurança, mais alegria, mais completo e duradouro prazer em uma vida devotada ao serviço de outros, do que em uma vida devotada ao nosso próprio conforto material. Assim, nosso desejo por contentamento, o qual (de acordo com Jesus) nos deveria conduzir a uma vida de simplicidade e obras de amor, contenta-se com as cisternas rotas da prosperidade e do conforto. A mensagem que deve ser gritada desde o topo das torres das cidades àqueles que buscam os prazeres temporais é: “não sois, nem sequer, suficientemente hedonistas!” [1]

“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no céu onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam” (Mateus 6:19, 20)

Desista em satisfazer-se com os juros de 5.25% dos prazeres que são devorados pelas traças da inflação e pela ferrugem da morte. Invista no maior rendimento dos dividendos pagos pelas apólices dos céus. A vida devotada aos confortos materiais e a suas emoções é como dinheiro lançado no esgoto. Porém, a vida simplificada pela causa do amor, paga dividendos de alegria incomparável e infindável. Ouça a Palavra do Senhor:

“Vendei o que tendes e dai esmolas, e fazei para vós bolsas que não se envelheçam, tesouros no céu que nunca acabe, aonde não chega ladrão, e a traça não rói.” (Lucas 12:33)

Irmãos e irmãs, esta, a mensagem que temos para o mundo: EVANGELHO! Boas novas! “Abandonem as cisternas dos prazeres temporais que não satisfazem. Venham a Cristo, em cuja presença há abundância de gozo e prazeres para sempre. Juntem-se conosco na obra do Hedonismo Cristão, pois o Senhor assim tem dito que mais bem-aventurada coisa é dar do que viver em luxúria.

A mensagem hedonística de Hebreus

Busquem comigo em Hebreus 10:32-34. Quero que vejam como o transbordar da alegria dos tesouros do céu, produziu amor nos primeiros cristãos em meio à mais severa perseguição.

“Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que, depois de serdes iluminados, suportastes grande combate de aflições. Em parte, fostes feitos espetáculo com vitupério e tribulações e, em parte, fostes participantes com os que assim foram tratados. Porque também vos compadecestes dos que estavam nas prisões e com gozo permitistes a espoliação dos vossos bens, sabendo que, em vós mesmos, tendes no céu uma possessão melhor e permanente.”

Aqueles cristãos foram motivados para o ministério nas prisões da mesma maneira que os macedónios (de 2 Coríntios 8:1-8) foram motivados para aliviar os pobres de sua pobreza. Seu gozo em Deus transbordou em amor para com os outros. Eles olharam para suas próprias vidas e disseram “A benignidade de Deus é melhor do que a vida.” (Salmo 63:3). Olharam para todas as suas possessões e disseram, “Temos uma possessão no céu melhor e mais durável do que qualquer uma destas possessões.” E, então, olharam uns aos outros e disseram,

Se temos que deixar,
Parentes, bens e lar,
Embora a vida vá,
Por nós Jesus está
E dar-nos-á seu Reino.

E alegremente renunciaram tudo o que tinham e seguiram a Cristo às prisões, para visitar seus irmãos e irmãs (Lucas 14:33). O amor é o transbordar do gozo em Deus, que se traduz em atender às necessidades de outros.

Assim, pois, para trazer seu ponto de vista em relação às próprias vidas dos leitores, o autor de Hebreus cita a Moisés como um exemplo de Hedonismo Cristão em 11:24-26. Observem quão similar essa motivação era a mesma para os primeiros cristãos do capítulo 10, assim como era para os macedónios de 2 Coríntios 8.

“Pela fé, Moisés, sendo já grande, foi escondido três meses por seus pais porque viram que era menino formoso; e não temeram o mandamento do rei. Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa.”

O autor desse livro é notavelmente consistente com seu Hedonismo Cristão. Em 10:34 ele diz que o desejo dos cristãos para uma melhor e perdurável possessão, transbordou em tal alegria de amor que veio a custar até mesmo as suas propriedade. Em 11:6 ele diz que não podemos agradar a Deus a menos que venhamos à Ele pela recompensa da comunhão com Ele. Em 11:16, ele louva os patriarcas porque estes desejavam “uma pátria melhor. Pelo que também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade.” E, em 11:24-26, Moisés é um herói porque seu amor pelo premio celestial transbordou com tal gozo, que ele considerou os prazeres do Egito como lixo e se identificou permanentemente com o povo de Deus em amor. Logo, em 12:2, o escritor nos dá o exemplo mais sublime de todos:

“Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz.”

A maior obra de amor jamais realizada, aconteceu porque Jesus buscou o maior gozo imaginável: o gozo de ser exaltado à mão direita de Deus na assembleia do povo redimido.

E, quê, sobre a auto-negação?

Como esse exemplo de Jesus nos dá uma boa oportunidade para tratar com os textos aparentemente contraditórios, e frequentemente apresentados, em resposta ao Hedonismo Cristão! Por exemplo, 1 Coríntios 13:5 diz que o amor “não busca os seus interesses”, e, 1 Coríntios 10:24 diz, “Ninguém busque o proveito próprio; antes, cada um, o que é de outrem” e Romanos 15:1-3 diz:

"Portanto, cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação. Porque também Cristo não agradou a si mesmo, mas, como está escrito: sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam.”

Essas passagens contradizem o Hedonismo Cristão? Não creio que o faça. Quando Paulo diz que “O amor não busca o seu próprio,” certamente ele não quer dizer que o amor não toma deleite em atos de serviço. (Romanos 12:8) Tampouco diz que se eu sou motivado a compartilhar o Evangelho pela emoção da aventura de pregar as boas novas de Deus, que isso não possa ser um ato de amor. Ele prossegue em dizer que “o amor …tudo espera” (1 Coríntios 13:7). Mas o que é a esperança senão a expectação de que algo jubiloso irá acontecer? Se dermos a Paulo o benefício de dúvida, em vês de assumir que ele está se contradizendo, o simples significado desses textos “problemáticos”, é de que os cristãos não devem seguir seus próprios prazeres privados e limitados; de que não devemos agradar-nos a nós mesmos com os confortos materiais a custo do amor. Temos que juntar-nos a Jesus no caminho da ignomínia, do sofrimento e da simplicidade, em direção ao Calvário. Mas não com má vontade ou murmuração. Não! Devemos juntar-nos ao Senhor Jesus no caminho do amor, pela alegria que está adiante de nós; porque Deus ama ao dador alegre; porque Deus ama aos pastores empolgados; porque é mais bem-aventurado dar do que receber; porque sofrer com Cristo é maior riqueza do que contemplar os prazeres do Egito; porque se perdemos nossas vidas por Sua causa, as ganharemos para sempre.

Sim, existe uma vida de auto-negação vista na Bíblia. Temos que negar-nos a nós mesmos para podermos construir na rocha; temos que negar-nos a nós mesmos aos louvores dos homens para que possamos gozar a aprovação de Deus; temos que negar-nos os tesouros que são comidos pelas traças para que obtenhamos riquezas eternas; temos que negar-nos segurança entre os homens para que gozemos a segurança de Deus; temos que negar-nos bebedeiras e glutonarias a fim de participarmos no maior e mais longo banquete do universo; temos que negar-nos auto-dependência a fim de que possamos dizer, “O Senhor é nosso Pastor; nada nos faltará.” Nunca, NUNCA Deus nos pede que nos neguemos algo de grande valor para adquirirmos algo de valor menor. E isso é o que é o pecado. Ao contrário, sempre, SEMPRE Deus chama-nos para que lhe rendamos prazeres de importância secundária, fugazes, insatisfatórios, com o propósito de obtermos prazeres eternos, completamente satisfatórios e de valor supremo. Depois de Sua convocação vertical à festa do Hedonismo Cristão na adoração e culto, vem então a intimação horizontal à obra do Hedonismo Cristão em amor. E a ordem é crucial visto que o amor é o transbordar da alegria em Deus, que se lança ao encontro das necessidades de outrem.

“Se eu, simplesmente, puder amar outra pessoa, serei feliz”

Muitos dos santos através dos séculos chegaram a descobrir que a busca de prazer é um motivo essencial para toda a boa obra e que, se uma pessoa abandona a busca dos prazeres completos e duradouros, esta não poderá, necessariamente, amar o povo de Deus. George Müller escreveu: “Eu vi, mais claro que nunca, que o primeiro e o maior negócio ao qual devo atender diariamente, é o de ter minha alma feliz no Senhor.” (Autobiografia, página 52). E o seu gozo em Deus transbordou em amor pelos órfãos da Inglaterra.

O filho de Hudson Taylor registrou seu pai dizendo em seus últimos dias, “Eu nunca fiz um sacrifício.” E prosseguiu em comentar: “O que ele disse era verdade, porque as compensações eram tão reais e duradouras que ele veio a ver que, deixando tudo, era inevitavelmente receber - quando uma pessoa trata com Deus de coração a coração.” (“Os Segredos Espirituais de Hudson Taylor”, página 30). E, daquele coração cheio de gozo em Deus, levanta-se nos dias de hoje uma igreja de milhões na China.

Jonathan Edwards, cuja pregação deu início ao primeiro Grande Avivamento na América do Norte em 1740, decidiu, em seus dias universitários, “Dedicar-me em obter para mim a maior felicidade, no outro mundo, que eu possivelmente consiga obter com todo o poder, vigor e veemência, sim, e com a violência a qual eu seja capaz, ou possa exercer; de toda maneira imaginável.” (“Works”, volume 1, página XXI).

Em 1980 eu ouvi um jovem pastor da Igreja Batista de Sion, dando uma palestra na “Casa da Hospitalidade”, onde ele veio a conhecer o Senhor como um menino de zona urbana. Depois de graduar-se de um seminário na Califórnia, havia voltado para trabalhar em Mineápolis. E sua frase que bem me lembro foi: “Se eu, simplesmente, possa amar uma pessoa, serei feliz.” E essa é uma boa conclusão para um comentário sobre as palavras de Jesus, “Mais bem-aventurada coisa é dar, do que receber.” Busquemos isto em Bethlehem de todo nosso coração. [2]


Notas de tradução:

  1. O texto em inglês diz: “…as cisternas rotas da prosperidade e dos confortos do povo americano” e, “…Povo americano, você não é, nem sequer suficientemente hedonista!”
  2. Bethlehem é o nome da Igreja onde Dr. John Piper é o Pastor.