Como ouvir bem um sermão
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Edição tal como às 18h04min de 19 de dezembro de 2025
Por Scott Hubbard Sobre Santificação e Crescimento
Tradução por Anna Rodrigues
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Nenhum pregador, ao levantar os olhos de seu púlpito, espera ver o que eu vi no meio do sermão em uma manhã de domingo: um homem na última fileira, com a cabeça encostada na parede dos fundos, dormindo como Rip Van Winkle.
Um momento de humildade para um jovem pregador, sem dúvida. No entanto, ao me lembrar daquele rosto abatido vários anos depois, uma pergunta me vem à mente, trazendo uma humildade de outro tipo: quantas reuniões da igreja eu frequentei em que, no que diz respeito à atenção espiritual, eu poderia muito bem ter estado dormindo?
Oh, quão facilmente podemos vagar pelo culto comunitário semana após semana, ouvindo, mas sem realmente ouvir. Presente em corpo, mas ausente em espírito. De olhos abertos, mas com a mente distraída, coração dividido, alma sonolenta.
O assunto chama nossa atenção. Pois os cristãos são, antes de tudo, um povo que ouve (Deuteronômio 6:4; Romanos 10:17). E a forma como ouvimos determinará, com o tempo, se a palavra que ouvimos é devorada pelo diabo, queimada pelas provações, sufocada pelas preocupações ou nutrida por Deus, transformando-se em frutos abundantes (Marcos 4:1-9).
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Distrações de Domingo
Não escrevo como alguém que desconhece as distrações que muitos enfrentam aos domingos. Ultimamente, com frequência, tenho ouvido o sermão do saguão da igreja, onde meu filho de um ano - que despreza berçários - tenta bater nas maçanetas dos armários e catar migalhas do chão.
E as distrações não se restringem aos pais jovens. Quase toda semana, seja quem formos, algo invade as portas das nossas mentes, exigindo que nos concentremos em qualquer lugar, menos em Deus e em Sua palavra. Bebês choram. Alguém três fileiras atrás canta alto e desafinado. Uma tarefa para amanhã vem à mente. Um reflexo intenso se forma na janela. Seu telefone vibra. Você se pergunta se fechou a porta da garagem. Na verdade, a vida raramente oferece circunstâncias ideais para ouvir a palavra de Deus. Todo domingo é imperfeito.
No entanto, em meio a todas as imperfeições, o Deus vivo ainda fala. E salvo circunstâncias excepcionais, temos a oportunidade de ouvir pelo menos algumas de suas palavras. Então, com a ajuda de cristãos do passado, considere como podemos aproveitar o antes, o durante e o depois de nossos encontros, de modo a obedecer ao mandamento de Jesus: "quem tem ouvidos para ouvir, ouça" (Marcos 4: 9).
Antes: Preparar a Terra
Se a palavra de Deus é semente, e nossos corações são terra, então nosso objetivo antes da colheita é cultivar. Revolva a terra. Abra sulcos nela. Abra caminho para a palavra.
Por que muitos de nós entramos em nossos encontros domingo após domingo com o coração árido, repleto de pedras? Talvez alguns precisem apenas de instruções práticas sobre como se preparar. Mas o como tem pouca importância a menos que nos lembremos regularmente do porquê. O cultivo fiel requer o trabalho do coração antes do trabalho manual.
TRABALHO DO CORAÇÃO
Muitos cristãos da antiguidade consideravam o domingo o dia mais importante da semana — e o culto comunitário a parte mais importante do domingo. Os puritanos chamavam o domingo de "dia de mercado para a alma", o dia em que os cristãos reuniam o equivalente a uma semana de bens espirituais. Não que eles negligenciassem suas devoções pessoais diárias; eles apenas sabiam que Deus visita seu povo de uma maneira especial a cada dia do Senhor.
Com esse pano de fundo em mente, John Owen oferece um aviso severo, mas necessário,
Fingir que estamos nos aproximando de Deus, sem a expectativa de receber dele coisas boas e grandiosas, é desprezar o próprio Deus . . . e privar nossas próprias almas de todo benefício. (Obras de John Owen, 7:437)
A palavra que ouvimos - não apenas no sermão, mas também nos cânticos, orações e na Ceia - está repleta de "coisas boas e grandiosas", até mesmo de "tudo que nossas almas precisam", continua Owen. Portanto, se você deseja honrar a Deus e servir à sua própria alma, vá ao encontro como uma mãe iria a um mercado semanal: ansiosa, preparada e esperando trazer algo bom para casa.
TRABALHO MANUAL
Na prática, como podemos preparar nossos corações para o encontro? Para voltar à imagem da lavoura, considere os dois removendo pedras e quebrando o chão.
Primeiro, remova as pedras eliminando obstáculos desnecessários - especialmente cansaço e atraso. Quantos de nós lutamos para ouvir o sermão no domingo de manhã porque ficamos acordados até tarde no sábado à noite? Ou porque entramos no encontro no meio da segunda música, com a cabeça ainda girando com os acontecimentos da manhã? Nem sempre podemos controlar nosso sono e nosso tempo, é claro, mas muitas vezes podemos.
Em segundo lugar, abra caminho colocando seu coração em uma postura de escuta. Podemos considerar, por exemplo, ler a passagem do sermão de manhã ou na noite anterior, talvez como parte das devoções familiares. Também podemos orar especificamente pelo encontro - ou melhor ainda, participar de qualquer encontro de oração que nossa igreja ofereça antes do culto.
O modo como ouvimos molda o modo como vivemos, mas o inverso também é verdadeiro: o modo como vivemos molda o modo como ouvimos. Então, antes do encontro, resolva viver de uma maneira que acolha a palavra de Deus.
Durante: Plante a Semente
Um coração bem cultivado, no entanto, é apenas o primeiro passo para ouvir com fidelidade. O solo mais rico não dará frutos a menos que uma semente encontre seu caminho nos sulcos. Durante o encontro, então, trabalhamos para enterrar a semente da palavra profundamente em nossos corações. O que significa, no fundo, que nos esforçamos para prestar atenção (Hebreus 2: 1).
TRABALHO DO CORAÇÃO
Tal como acontece com os nossos preparativos prévios, a tarefa de ouvir durante o sermão começa no coração.
Já observamos que uma dúzia de distrações, e até mais, disputam nossa atenção durante nossos encontros. Assim como tantos corvos mentais, pensamentos intrusivos invadem nossas mentes de uma forma que pode parecer fora do nosso controle. No entanto, mesmo aqui, encontrei ajuda aplicando uma passagem bem conhecida sobre pregadores a seus ouvintes. O apóstolo Pedro escreve:" quem fala, [faça-o] como quem transmite a palavra de Deus " (1 Pedro 4:11). E, portanto, "quem quer que ouça, que o faça como aquele que ouve as palavras de Deus.”
Não nos reunimos como Igreja para ouvir as opiniões dos homens. Vamos ouvir os oráculos do único Deus vivo. Em nossos encontros, o mesmo que comanda as hostes celestiais se digna a falar para nós. E por quê? Para aliviar nossas tristezas, levantar nossos fardos, dissipar nossas fraquezas, despertar-nos para a tentação e nos conduzir mais profundamente para sua glória.
Algo poderia ser mais urgente do que ouvir?
TRABALHO MANUAL
Juntamente com uma mente voltada para Deus, várias medidas práticas podem nos ajudar a internalizar essa palavra mais profundamente. Podemos desligar completamente nossos telefones, em vez de permitir que eles vibrem. Podemos acompanhar o sermão em uma Bíblia de papel. Alguns podem tomar notas breves dos pontos mais marcantes do sermão.
O passo mais prático de todos, no entanto, é abraçar o hábito da escuta ativa. Assim como podemos ler passivamente (examinando as linhas sem pensamento crítico) ou ativamente (sublinhando, respondendo, consultando), também podemos ouvir. Uma escuta genuína e sincera exige muito trabalho. Como escreve Richard Baxter,
Você também tem trabalho a fazer, assim como o pregador, e deve estar sempre tão ocupado quanto ele.... Você deve abrir a boca e digerir, pois outro não pode digerir por você... portanto, esteja sempre trabalhando e abomine um coração ocioso ao ouvir, assim como um ministro ocioso. (Em Busca de Diretrizes, 254)
Se entrarmos no culto de adoração como quem entra em um filme, não devemos nos surpreender se sairmos de lá levando tão pouco quanto trouxemos. Mas se entrarmos preparados para travar uma guerra pela atenção, se necessário, então poderemos sair com os bolsos repletos de ouro espiritual.
Depois: Regar o Solo
Com a terra arada e as sementes plantadas, a tarefa restante é regar o solo. A escuta atenta não termina quando o sermão acaba. De certa forma, os momentos mais decisivos para nossa escuta acontecem nas horas seguintes: quando dirigimos para casa com a família ou nos encontramos para almoçar com os amigos, quando caminhamos com nosso cônjuge à tarde ou nos preparamos para a semana que se inicia.
TRABALHO DO CORAÇÃO
O que fazemos com a palavra pregada depende de nos vermos não como consumidores da palavra, nem mesmo como meros ouvintes da palavra, mas como administradores da palavra.
Nós tendemos a imaginar os pregadores como os administradores da palavra — e eles são (1 Pedro 4:10). Mas, como escreve Jason Meyer, "quando a verdade é pregada, a responsabilidade da administração passa do pregador para o ouvinte" (Pregando, 27). Se durante o sermão éramos observadores, depois do sermão somos os observados. O que faremos com o tesouro que Deus nos confiou: escondê-lo na terra ou multiplicá-lo fielmente (Mateus 25:14-30)?
E o que Deus exige dos administradores? "Para que sejam encontrados fiéis" (1 Coríntios 4:2). Ou, nas palavras do apóstolo Tiago, que se tornem "cumpridores da palavra, e não somente ouvintes" (Tiago 1:22).
TRABALHO MANUAL
Os administradores se fazem notar assim que abrem a boca para falar sobre o sermão. Em vez de apenas perguntar: “O que você achou do sermão?” — uma pergunta que nos permite falar da distância segura de um observador — eles poderiam perguntar: “Como esse sermão impactou você?” “Qual palavra você mais precisava ouvir?” “Como você acha que devemos responder?” Pode chegar o momento de criticar gentilmente algum aspecto do sermão, mas o primeiro impulso de um administrador é falar como alguém que prestará contas do que ouviu.
Ao assumirmos nosso papel como administradores, esclarecemos nossa resposta após o sermão de outra maneira, uma que pode libertar aqueles que se sentem sobrecarregados por uma memória fraca: nossa responsabilidade como administradores da palavra pregada não é primordialmente a memorização, mas a transformação.
O pastor puritano George Swinnock (1627-1673) certa vez pediu aos leitores que imaginassem dois homens colhendo frutos de uma árvore. Depois de terem comido tudo o que queriam, um homem pegou o máximo de frutas que podia carregar. O outro, porém, levou a árvore. Swinnock escreve,
Aqueles que ouvem a palavra e têm uma memória ampla, e nada mais, podem carregar a maior parte da palavra no presente; contudo, aquele que possivelmente se lembra pouco, mas carrega a árvore, planta a palavra em seu coração e a obedece em sua vida, terá frutos quando o outro não tiver nenhum. (O Gênio do Puritanismo, 59)
Por todos os meios, memorize o máximo possível do sermão. Mas se você quer que o sermão dê frutos duradouros, então absorva tudo o que você se lembrar, plante a palavra em seu coração e obedeça-a em sua vida. Ou, voltando ao panorama geral, prepare o solo, pondo seu coração pronto para ouvir; plante a semente, prestando atenção rigorosa; e regue a terra, refletindo com humildade e respondendo com obediência à palavra que, uma vez plantada, pode se tornar uma árvore da vida em sua alma.
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