Vosso chamado é para abençoar os crentes
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Edição tal como às 19h14min de 8 de janeiro de 2025
Por John Piper
Sobre Grupos Pequenos
Uma Parte da série 1 Peter: Grow in the Grace & Knowledge of Christ
Tradução por Bruno Pontes
Você pode nos ajudar a melhorar por rever essa tradução para a precisão. Saber mais (English).
1 Pedro 3:8-12
Quanto ao mais, tenham todos o mesmo modo de pensar, sejam compassivos, amem se fraternalmente, sejam misericordiosos e humildes. Não paguem mal com mal, nem insulto com insulto; ao contrário, bendigam, pois vocês sabem que para isso foram chamados e, assim, receberão bênção por herança. Pois “quem quiser amar a vida e ver dias felizes guarde a sua língua do mal e os seus lábios de proferir mentiras. Afaste se do mal e faça o bem; busque a paz com perseverança. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos estão atentos à sua oração, mas o rosto do Senhor volta se contra os que praticam o mal”.
O que Pedro vem fazendo desde 2:13 é dar palavras especiais de orientação, ensino e encorajamento a vários grupos de cristãos nas igrejas da Ásia Menor. Em 2:13-17 ele se dirigiu aos cristãos enquanto cidadãos e nos disse como nos relacionarmos com aqueles em posição de autoridade. Em 2:18-25 ele falou aos servos e lhes disse como se relacionar com os seus mestres. Em 3:1-6, falou com as esposas cristãs de não-crentes e lhes mostrou um caminho para convencer os maridos. E em 3:7 ele falou aos maridos sobre conviver com sabedoria e consideração com suas esposas.
As palavras de Pedro a todos os membros da igreja
Agora, no texto de hoje (3:8-12), Pedro fala a nós como membros da igreja. Podemos ver isso no verso 8: “Quanto ao mais, tenham todos o mesmo modo de pensar… etc.” Aqui o “todos” significa “todos vocês”. Não “todas as coisas”, mas todos vocês, cristãos, vivendo juntos. Como dizem a NVI e a VPR, “Por fim, todos vocês…” A questão aqui não é como se relacionar com autoridades civis, ou com mestres, ou maridos não-crentes, ou esposas. A questão aqui é como nos relacionarmos uns com os outros na nossa vida conjunta como cristãos.
Isso é especialmente relevante para o foco deste domingo porque nós estamos exortando vocês a considerar seriamente ser parte de um grupo pequeno como parte da nossa vida conjunta em Belém; e grupos pequenos são lugares cruciais onde ministramos uns aos outros como membros do corpo. Assim, este texto nos diz algo sobre o cerne do que se passa num grupo pequeno saudável.
Sejam um certo tipo de povo: cinco traços
Bem. De todas as centenas de coisas que Pedro pode nos dizer sobre nossas relações na vida conjunta como cristãos, o que ele diz? A resposta é que primeiro ele nos chama para ser um tipo de povo, e não apenas para fazer uma lista de coisas, mas para ser um tipo de povo. E não é um tipo de povo que você pode ser sozinho. É tão contrário à predisposição da natureza humana que é virtualmente impossível sem a obra da misericórdia de Deus chamada “regeneração”, referida em 1:3.
Examinemos os cinco traços desse novo tipo de pessoa que Pedro nos chama a ter. Olhem o verso 8.
- “Quanto ao mais, tenham todos o mesmo modo de pensar, sejam compassivos, amem se fraternalmente, sejam misericordiosos e humildes.”
- Primeiro ele diz: tenham todos “o mesmo modo de pensar”, ou seja, uma mentalidade comum; não necessariamente os mesmos gostos ou dons ou hábitos, mas os mesmos pensamentos e considerações sobre o essencial da vida: Deus, salvação, virtude.
- Em seguida, “sejam compassivos”, ou seja, sentir o que os outros sentem, de modo que você possa responder à necessidade com sensibilidade. As pessoas que possuem uma genuína “empatia” geralmente não dizem “eu sei como você se sente”. Pois, já que sabem como você se sente, elas também sabem de quão pouca ajuda é ouvir alguém dizer “eu sei como você se sente”. A empatia genuína é um jeito de ser bastante discreto e intenso em termos de tempo e presença.
- Em seguida, que todos vocês “amem-se fraternalmente”, ou seja, não vejam uns aos outros como estranhos, ou como meros conhecidos, ou como parentes distantes. Vejam uns aos outros como família íntima. Uma família pode ter disputas bem sérias e trocar palavras bastante duras, mas só nos casos mais raros a família rompe por causa disso.
- Em seguida, sejam todos “misericordiosos”. Essa não é uma palavra sobre conduta, mas sobre o interior de vocês - literalmente: as entranhas de vocês, a barriga de vocês. Aqui, a tradução literal do grego significa “sentir-se generoso na barriga”. Ter boa-vontade no fundo do ser para com os outros. É exatamente o contrário da hipocrisia que age com carinho e sente malícia.
- Em seguida, sejam todos “humildes”. Novamente, não se trata apenas de agirmos no papel de servos, mas de que, por dentro, com total autenticidade, tenhamos um espírito modesto. Sentimos que somos completamente devedores a Deus por nossa vida, fôlego, inteligência, estabilidade emocional, fé, segurança e pelo uso dos nossos sentidos; e nos sentimos completamente frágeis e vulneráveis em nós mesmos. Além disso, nos sentimos pecaminosos e indignos quando olhamos para nós mesmos separados da graça gratuita de Deus. E essa graça nos deixa maravilhados por sermos amados, em vez de nos deixar prepotentes e arrogantes.
Todas essas cinco palavras são descrições do que somos por dentro, não primariamente de como agimos. Uma mentalidade comum, empática em sentimento, um amor familial, gentilmente disposto nas profundezas das nossas entranhas, humilde em espírito. Esse é um ser humano fora do comum. É por isso que digo que o chamado de Pedro a nós não é possível sem a regeneração miraculosa pela misericórdia de Deus descrita em 1:3.
Sigam confiando em Deus e transformem-se nesse tipo de pessoa
Podemos nos imaginar dizendo: “Mas Pedro, eu não sou desse jeito. Você está me pedindo para ser algo que eu não sou”.
Ele responderia: se vocês forem regenerados, se o espírito de Deus realmente habitar em vocês, se vocês forem os filhos de Deus por adoção, se Cristo agora for o seu tesouro, e Deus a sua esperança, então a semente de todos esses traços está em vocês, e eles vão florescer se vocês seguirem confiando na graça futura de Deus.
Como eu li esta semana em Isaías 26:3-4:
“Tu guardarás em perfeita paz aquele cujo propósito está firme, porque ele confia em ti. Confiem para sempre no senhor, pois o Senhor, somente o Senhor, é a Rocha eterna”.
Em outras palavras: sigam confiando em Deus de modo que a sua futura confiabilidade, sólida como pedra e infindável, atenda a todas as necessidades de vocês (físicas, morais e espirituais); e o Espírito será lançado em vocês para obrar esses traços completamente inaturais e maravilhosos.
De acordo com 1 Pedro 1:3, a marca da pessoa regenerada pela misericórdia de Deus é uma “esperança viva” em Deus - uma confiança vital e contínua na futura graça de Deus - a Rocha eterna.
Portanto, ainda que o nosso objetivo seja sermos aquilo que somente Deus pode nos tornar, isso não significa que não haja nada que possamos fazer, ou que possamos fazer uns para os outros em nossos pequenos grupos, para lançar em nós essa obra contínua de Deus.
Não paguem mal com mal - em vez disso, abençoem
O verso 9 nos ajuda a ver como isso funciona - como podemos ajudar uns aos outros em nossos pequenos grupos. Ele diz, a partir de toda essa transformação interna no verso 8 (unidade de mente, empatia, irmandade, misericórdia, modéstia) - a partir de toda essa transformação interna - agora ajam de uma certa maneira, qual seja, “não paguem mal com mal, nem insulto com insulto; ao contrário, bendigam, pois vocês sabem que para isso foram chamados e, assim, receberão bênção por herança.”
Para quê somos chamados nesse verso?
Observem atentamente o verso 9. Existe uma pergunta crucial para responder antes que possamos aplicar esse verso a nós mesmos e aos hábitos dos nossos pequenos grupos. O “chamado” no verso 9 se refere ao nosso ato de abençoar aqueles que nos insultam? Somos chamados para fazer isso? Ou ele se refere a recebermos bênção por herança? Os dois são gramaticalmente possíveis. Permitam-me parafraseá-lo dos dois modos para que vocês possam ver a escolha.
Esse verso significa “bendigam aqueles que vos insultam, pois vocês sabem que para isso foram chamados e, assim, receberão bênção por herança”? Ou o verso significa “bendigam aqueles que vos insultam, pois vocês foram chamados para receber bênção por herança”? O “chamado” se refere ao que vem antes (bendizer outros) ou ao que vem depois (receber bênção por herança)?
Por que isso importa? Faz alguma diferença, já que nos dois casos devemos abençoar e nos dois casos vamos ter bênção por herança? A diferença está na relação entre o nosso ato de abençoar os outros e a promessa de que vamos receber uma bênção. E isso é absolutamente crucial.
Se somos chamados a abençoar os outros, então o verso 9 ensina que essa é uma condição que cumprimos para obter nossa futura herança. O verso significa que nossa bênção futura está condicionada ao nosso ato de abençoar os outros. “Vocês sabem que para isso (bendizer) foram chamados e, assim, receberão bênção por herança”. Se o nosso chamado nesse verso é para herdar a bênção, então o verso não ensina isso. Não há menção a condicionalidade. “Abençoem, pois vocês foram chamados para herdar a bênção”.
Somos chamados para abençoar aqueles que nos insultam
Minha resposta é que o chamado no verso 9 se refere ao nosso ato de abençoar aqueles que nos insultam. Para isso nós somos chamados. Minha razão para crer que seja assim é o forte paralelo em 2:21. O verso 20 diz que é louvável diante de Deus quando sofremos por fazer o bem e suportamos pacientemente. Em outras palavras, é bom não pagar mal com mal nem insulto com insulto, como diz 3:9.
Por quê? O verso 21 dá o motivo: “Para isso vocês foram chamados, pois também Cristo sofreu no lugar de vocês”. Ali está a palavra chave, “chamados”, e ela se refere, sem sombra de erro, ao verso 21 e diz que somos chamados não para pagar mal com mal, mas para aguentá-lo pacientemente e, como diz o verso 9, abençoar aqueles que nos insultam.
Se vocês querem saber qual é o seu chamado na vida, aqui está, em dois textos de 1 Pedro (2:21 e 3:9) - suportar sofrimento injusto pacientemente e abençoar aqueles que te fazem mal e te desprezam. Esse é o nosso chamado. É para isso que os grupos pequenos existem - para ajudar uns aos outros a se tornar um povo que vive assim para a glória de Cristo, que viveu e morreu assim.
A condição para herdar nossa bênção
Mas agora nós vemos como a última parte do verso 9 se encaixa - aquela última frase crucial. Quando Pedro diz: “Vocês sabem que para isso foram chamados [ou seja, para abençoar os outros]”, e ele acrescenta: “para que vocês recebam bênção por herança” - quando ele diz isso, ele mostra que o nosso ato de abençoar os outros é uma das condições que cumprimos para que tenhamos a bênção por herança no tempo por vir. É o mesmo que a beatitude de Jesus, quando ele diz: “Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia”. Mostrar misericórdia para com os outros é uma condição para o grande recebimento final da misericórdia de Deus.
Isso não é ensinar que nossa bênção futura é algo que ganhamos ao fazer obras meritórias. Nosso ato de abençoar aqueles que nos insultam não nos faz ganhar a bênção de Deus. Pedro diz em 1:13 que a bênção vindo para nós quando Jesus for revelado é graça. Não pagamento por obras, mas graça gratuita. Ele diz em 1:5 que “somos protegidos pelo poder de Deus, mediante a fé [não obras], até chegar a salvação que está prestes a ser revelada no último tempo”.
A bênção será “herdada”, e não ganha (3:9). Ela é graciosamente dada, e não merecida.
A evidência da regeneração
Mas - e aqui muitos se perdem, prestem atenção - aquela bênção será graciosamente herdada por aqueles que nasceram de Deus. E a evidência de ter nascido de Deus é uma esperança vital e alegre naquela bênção futura. A evidência de ter nascido de novo é a fé na graça futura. E a essência dessa fé é que abraçamos aquela promessa de bênção como nosso tesouro, e confiamos a ele nossa esperança, encontramos nele nossa satisfação.
E a evidência de que isso está acontecendo na vida de vocês é que a vida de vocês se torna um antegosto do futuro prometido que vocês estimam. Se vocês estimam o futuro da graça prometida de Deus acima de todas as coisas, então a vida de vocês se torna um antegosto da graça futura. Vocês não pagarão mal com mal porque a maior esperança da vida de vocês é que Deus não pagará mal com mal a vocês. Mas vocês abençoarão aqueles que vos insultam porque a bênção futura que vocês abraçam como um tesouro, e na qual confiam sua esperança e encontram sua satisfação, é precisamente esse tipo de bênção graciosa. A evidência de que somos nascidos de Deus e vamos herdar uma bênção futura é que nossas vidas se tornam um antegosto do futuro que estimamos.
Portanto, quando Pedro diz que abençoar aqueles que nos insultam é nosso chamado divino, e que esse chamado é uma condição para herdar nossa bênção futura, ele não está dizendo que ganhamos nossa futura bênção com obras meritórias; ele está dizendo que vocês devem realmente ser regenerados. Vocês devem pôr sua esperança e sua fé tão genuinamente naquela bênção, que a qualidade daquela bênção graciosa seja absorvida do futuro para o presente e se mostre na vida de vocês.
A função número um dos grupos pequenos
O que significa que a função número um dos grupos pequenos em Belém é ajudar uns aos outros a manter essa certeza completa de fé na graça futura. Resgatar uns aos outros das falsas esperanças e dos tesouros enganosos; e ajudar uns aos outros - semana após semana - a ver o valor inigualável de Jesus e do seu futuro, para que o abracemos como nosso tesouro, e nos tornemos o tipo de pessoa que somente ele pode nos tornar, e vivamos vidas que tragam bênção a milhares.