Paternidade: A Alegre Impossibilidade
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Edição actual tal como 20h50min de 4 de dezembro de 2024
Por Paul Tripp Sobre Paternidade
Tradução por Lorrayne Gomes Molina Gromann
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Eram onze horas da noite de um domingo e eu estava saindo do estacionamento do supermercado exausto e sobrecarregado. Depois que colocamos nossos quatro filhos na cama, mais tarde do que havíamos planejado, Luella descobriu que não tínhamos nada em casa para as lancheiras do almoço do dia seguinte. Com uma atitude que não poderia ser descrita como alegre, entrei no carro e fiz a busca noturna por comida. Enquanto eu esperava o semáforo abrir para que eu pudesse sair do estacionamento e dirigir para casa, tudo isso me atingiu. Parecia que eu tinha recebido um trabalho impossível de fazer; eu tinha sido escolhido para ser o pai de quatro filhos.
É humilhante e um pouco embaraçoso admitir, mas sentei no meu carro e sonhei em como seria ser solteiro. Não, eu não queria realmente deixar Luella e meus filhos, mas a paternidade parecia extenuante naquele momento. Senti que não me restava mais forças para enfrentar o dia seguinte com mil batalhas entre irmãos, mil disputas de autoridade, mil lembretes, mil advertências, mil correções, mil momentos de disciplina, mil explicações, mil momentos de falar sobre a presença e a graça de Jesus, mil momentos de ajudar as crianças a se olharem no espelho da Palavra de Deus e se verem com precisão, mil pedidos de "por favor, me perdoe" e mil declarações de "eu te amo". Parecia impossível ser fiel à tarefa e ter tempo e energia para qualquer outra coisa.
Agora estou prestes a escrever algo que pode parecer contra-intuitivo e quase irracional, mas lá vai: aquele momento no carro não foi sombrio e horrível. Não, foi um momento precioso de graça fiel. Em vez de meu fardo ficar mais pesado naquela noite, meu fardo desapareceu. Quero dizer que, de repente, a paternidade ficou mais simples e fácil? De maneira nenhuma! Mas algo fundamental mudou naquela noite pela qual sou eternamente grato.
Há duas coisas que aprendi naquela noite que mudaram a experiência da paternidade para mim.
1. Enfrentei o fato de que não tinha capacidade alguma de mudar meus filhos. De maneira inconsciente, carreguei o fardo da mudança em meus ombros. Eu tinha caído na crença de que pela força da minha lógica, pela ameaça da minha disciplina, a expressão no meu rosto ou o tom da minha voz, eu poderia mudar o coração dos meus filhos e, ao mudar o coração deles, mudar seu comportamento. Diariamente eu me levantava pela manhã e tentava ser o autointitulado messias dos meus filhos. E quanto mais eu tentava fazer o que não tinha poder para fazer, mais isso me irritava e desapontava, e os frustrava e desencorajava. Foi uma grande bagunça. Eu era pastor, mas falhei em ver que, em minha paternidade, neguei o próprio evangelho que tentei pregar fielmente domingo após domingo. Em minha casa, enquanto tentava produzir mudança e crescimento em meus filhos, agia como se não houvesse plano de salvação, nem Jesus, o Cristo, nem a cruz do sacrifício, nem o túmulo vazio, nem o Espírito Santo vivo e ativo. Naquela noite, Deus abriu meus olhos para o fato de que eu estava querendo que a lei fizesse o que só a graça poderia realizar, e isso jamais funcionaria.
Comecei a entender que, se tudo o que meus filhos precisassem fosse um conjunto de regras e um pai para atuar como juiz, júri e carcereiro, Jesus nunca precisaria ter vindo. Ocorreu-me que as mudanças fundamentais que precisavam ocorrer no nível mais profundo de pensamento e vontade em meus filhos, levando a mudanças duradouras em seu comportamento, só aconteceriam por meio da graça poderosa, perdoadora e transformadora do Senhor Jesus Cristo. Comecei a perceber que, como pai, não havia sido chamado para ser o produtor de mudanças, mas para ser uma ferramenta disposta nas mãos poderosas de um Deus que, sozinho, tem o poder e a disposição de nos desfazer e reconstruir novamente. Mas havia uma segunda coisa que percebi naquela noite.
2. Enfrentei o fato de que, para ser uma ferramenta da graça, eu mesmo precisava desesperadamente da graça. Em um momento de confessar e abandonar minhas ilusões de autonomia e autossuficiência, enfrentei minha fraqueza de caráter e falta de sabedoria e força. Admiti a Deus e a mim mesmo que não tinha dentro de mim o que é preciso para fazer a tarefa que fui chamado a fazer. Eu não tinha a paciência infinita, a perseverança fiel, o amor constante e a graça sempre disponível que eram necessários para ser o instrumento que Deus me designou para ser na vida de meus filhos. E nessa admissão, percebi que eu era muito mais parecido com meus filhos do que diferente deles. Como eles, sou naturalmente independente e autossuficiente. Como eles, nem sempre amo a autoridade e estimo a sabedoria. Como eles, muitas vezes quero escrever minhas próprias regras e seguir meu próprio plano. Como eles, quero que a vida seja previsível, confortável e fácil. Como eles, eu faria a vida girar sempre em torno de mim mesmo.
Ocorreu-me que, se eu quisesse ser o instrumento da graça transformadora na vida de meus filhos, precisaria ser resgatado diariamente, não deles, mas de mim! É por isso que Jesus veio, para que eu tivesse todos os recursos de que preciso para ser o que Ele me escolheu para ser e fazer o que Ele me chamou para fazer. Em sua vida, morte e ressurreição, eu já recebi tudo de que preciso para ser sua ferramenta de resgate, perdão e graça transformadora.
Naquela noite, comecei a encontrar alegria na impossibilidade de tudo isso. A tarefa é muito maior do que nossa capacidade como pais, mas não somos o messias de nossos filhos, e não fomos deixados aos recursos de nosso próprio caráter, sabedoria e força. Nossos filhos têm um Messias. Ele está com eles e está trabalhando em nós e através de nós. O sábio Pai celestial está trabalhando em todos em cena, e Ele não chamará a nós ou a eles para uma tarefa sem nos capacitar a cumpri-la.