O Que o Amor Não É

De Livros e Sermões Bíblicos

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English: What Love Is Not

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Por Marshall Segal Sobre Santificação e Crescimento

Tradução por Keylla Alves Amaral

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Quatro Formas de Evitar os Custos

Como é possível que o amor seja tão propagado e ameaçado ao mesmo tempo, em nossos dias? O rótulo está colado, como uma fita amarela, em todo e qualquer lugar. Ou, talvez mais precisamente, a sociedade tenha transformado o amor numa grande parede bege, esvaziada da definição ou vivacidade que já teve, para que qualquer um a decore como quiser. “Amor” se tornou qualquer coisa que dizem ser - e sugerir o contrário é, sem dúvida, “não amoroso”.

O fato dessas quatro letras serem usadas de forma excessiva e indevida, não altera a essência do amor. Poderíamos, por exemplo, começar a chamar nossa caixa postal de “árvore” e até persuadir nossos vizinhos a fazer o mesmo, mas isso não eliminaria as realidades da raiz, da casca, dos ramos e das folhas que crescem verdes, depois amarelas, depois vermelhas e finalmente caem. Então, o que podemos perder ao confundir os significados do que chamamos de amor?

Quem Pode Amar?

O amor, nós sabemos, não só tem uma definição, mas uma identidade, uma personalidade, um nome:

Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. (1 João 4:7-8)

Só quem conhece a Deus, o verdadeiro Deus, pode amar, pois este Deus, e somente este Deus, é amor. Com base em textos como esses, John Piper define o amor como “o transbordamento e a expansão da alegria em Deus, que satisfaz de bom grado as necessidades dos outros” (The Dangerous Duty of Delight, 44). Se isso é verdade, significa que milhões - bilhões - de pessoas pensam ser amorosas, embora nunca tenham experimentado ou estendido o amor verdadeiro.

Mais perto de casa, muitos de nós, mesmo na Igreja, nos consideramos amorosos sem nunca ter lidado com o que realmente significa amar. É comum confundirmos o não-amor com amor e, consequentemente, deixamos de perseguir o que é verdadeiro.

O Que O Amor Não É

Em 1 Coríntios 13, o apóstolo Paulo escreveu, provavelmente, as linhas mais populares e apreciadas a respeito do amor já escritas. Ao contrário do que parece, o capítulo não foi escrito para noivos com olhos brilhando e noivas vestidas de branco. Na verdade, foi escrito para uma igreja comum, que enfrenta problemas e tem dificuldade de se amar mutuamente. (1 Coríntios 1:10-11).

Ao nos concentrar no que ele diz que o amor é e faz, Paulo também nos ensina que buscar ter amor requer saber bem o que o amor não é. Por exemplo, “Não inveja, não se vangloria.” (1 Coríntios 13:4). Não maltrata, não se ira facilmente, não guarda rancor. Não procura os seus interesses. Na verdade, ele começa o capítulo não com exemplos surpreendentes de amor, mas sim distinguindo o amor de quatro atitudes de não-amor. Observe como é possível praticar cada uma sem amor.

Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas não tiver amor, nada serei. Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá. (1 Coríntios 13:1-3)

Servir Não É Amor

A primeira das quatro advertências é dirigida às pessoas com dons espirituais. Os nossos dons, inclusive os espirituais, não são provas seguras de amor. D. A. Carson escreve: “Os vários dons espirituais, por mais importantes que sejam e por mais que Paulo os valorize, podem todos ser imitados pelos pagãos. Essa qualidade de amor não pode ser imitada.” (A Manifestação do Espírito, 67).

Que tipos de dons, Paulo tinha em mente? No capítulo anterior, ele apresenta os dons de sabedoria, conhecimento, cura, milagres, profecia, discernimento espiritual e falar em línguas. O apóstolo as incentivou e, inclusive, encarregou-as de praticar esses dons. Embora alguns possuíssem profundo discernimento espiritual e rara habilidade de expressar tal discernimento, ainda lhes faltava amor. Eles provavelmente pensavam amar a Igreja quando, na verdade, amavam ter os dons e se sentir necessários e vistos.

E ainda hoje, alguns de nós perseguimos dons, e tentamos usar nossas capacidades (seja em nossas igrejas, comunidades ou carreiras), mas o fazemos sem amor. Estamos mais preocupados em sermos necessários, em sermos produtivos, em sermos bem-sucedidos do que em amar os outros. Provavelmente percebemos melhor isso quando aquilo que os outros precisam de nós é diferente do que queremos servir.

Saber Não É Amor

Outros na Igreja de Corinto buscavam o conhecimento e achavam que o saber os tornaria amorosos. Mas ainda que tenhamos todo o conhecimento e a conhecêssemos todos os mistérios, diz Paulo, ainda poderia nos faltar amor. De fato, quanto mais sabemos, mais suscetíveis podemos ser à tentação, porque “o saber ensoberbece” (1 Coríntios 8:1). Se Satanás não conseguir nos afastar da verdade, ele ficará satisfeito ao ver-nos encher de conhecimento, se isso inflamar o nosso orgulho e deixar nosso coração vazio de amor.

Então, é possível distinguir entre conhecimento orgulhoso e conhecimento bom? Paulo diz: “O 'conhecimento' traz orgulho, mas o amor edifica. Quem pensa conhecer alguma coisa, ainda não conhece como deveria.” (1 Coríntios 8:1-2). O orgulho engana o conhecimento que tem pouco amor. Porém, à medida que o conhecimento piedoso cresce, também cresce seu senso de humildade. O ouro em um barco com vazamento afundará o barco, mas o ouro em um barco bem construído adiciona peso que o fortalece e o estabiliza, mesmo em fortes tempestades.

Aqueles que sabem mais, com amor, têm um senso crescente de quanto ainda não sabem — e de quão pouco merecem saber o que sabem. E eles usam o conhecimento que têm não para alimentar seu senso pessoal de valor ou imagem, mas para edificar outros em suas caminhadas com Deus. Exercem o seu conhecimento para confortar, encorajar, ensinar, curar, corrigir, restaurar e amar.

Dar Não É Amor

“Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá.” (1 Coríntios 13:3). Na superfície, é difícil conceber um cenário como este. Poderia alguém dar tudo o que tem, inclusive a sua vida, sem amor?

O apóstolo diz que sim. Como pode ser? Porque as pessoas fazem sacrifícios radicais por diversas razões, e, geralmente, não por “um transbordamento de alegria em Deus que satisfaz de bom grado as necessidades dos outros.” Na verdade, muitas das razões não têm nada a ver com Deus. E, como já vimos, se um ato não tem nada a ver com Deus, não tem nada a ver com o amor verdadeiro.

Infelizmente, nossas próprias razões para dar, servir e sacrificar, mesmo na igreja, às vezes têm pouco a ver com Deus. Queremos parecer generosos. Queremos mais poder ou influência. Gostamos da sensação de ter outros em dívida conosco. Queremos livrar-nos de uma consciência culpada. Queremos nos encaixar em algum grupo ou causa. “Se os homens fazem e sofrem grandes coisas apenas por amor-próprio”, adverte Jonathan Edwards, “isso é oferecer a si aquilo que é devido a Deus, e assim fazer de si mesmo um ídolo” (A Caridade e Seus Frutos, 87).

Sempre que as nossas motivações se afastarem da nossa alegria em Deus, nosso amor morrerá de fome e murchará. Iremos contribuir de forma significativa, e não receberemos nenhum fruto ou valor eterno. Por mais que suemos, sangremos e até morramos, nossas obras nunca poderão cobrir uma falta de amor.

Acreditar Não É Amor

Talvez o mais surpreendente de tudo é que, para alguns, a busca pela fé os afasta do amor. “… tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas não tiver amor, nada serei.” (1 Coríntios 13:2). Essas pessoas podem dizer: “<1>É claro</1> que estou amando, veja em que eu creio.” Ao que Paulo poderia dizer: “saberei no que realmente crês pela forma como amas.”

E ele não está sozinho. “De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo? . . . a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta.” (Tiago 2:14-17). Nossos atos de amor não podem nos salvar, nem uma fé que não age por amor. (Gálatas 5:6). Podemos ter fé suficiente para lançar montanhas no mar, e ainda não estarmos dispostos a escalar as colinas de amor que Deus colocou diante de nós.

Crer e até esperar grandes coisas de Deus não prova que pertencemos a Deus; pessoas de todas as religiões, e até mesmo alguns pagãos, esperam grandes coisas de Deus. Contudo, nenhum deles — nenhum — pode amar como aquele que realmente conhece a Jesus. A fé verdadeira não se concentra em mover montanhas, mas sim em conhecer e desfrutar de Deus. À medida que ela aprende e desfruta Dele, mais seu amor se estende para as necessidades dos outros.

Observe que Paulo diz quatro vezes: “se eu não tiver amor”, não “se <1>você</1>. . . .” Mesmo repreendendo a Igreja acalorada e dividida, ele refletiu a humildade que desejava ver nela. Ele tinha consciência de que, até mesmo o coração de um apóstolo poderia resistir e querer evitar os custos elevados do amor. Será que estamos também cientes disso? Permitimos que o amor uns pelos outros esfrie por trás dos véus do nosso saber, do nosso servir, do nosso dar e do nosso crer?

Nenhum Privilégio Maior

Dado o uso atual do termo “amor”, qualquer experiência real de amor é um tesouro incontável. Aqueles que amam verdadeiramente provam não só que conhecem a Deus, mas que também são conhecidos e amados por Deus. Se vemos algum amor genuíno em nós mesmos, vemos <1>Deus</1> em nós. Edwards capta o milagre deste amor:

A graça salvífica de Deus no coração, operando uma índole santa e divina na alma, é a maior bênção que um homem pode receber neste mundo. É maior que quaisquer dons naturais, maior até do que as maiores habilidades naturais, maior do que quaisquer dotes mentais adquiridos, maior do que o conhecimento mais profundo, maior do que qualquer riqueza e honra temporais, maior do que ser um rei ou imperador (A Caridade e Seus Frutos, 64).

A capacidade de amar, concedida por Deus, é o maior privilégio existente na Terra. Quando amamos uns aos outros, Deus coloca as maravilhas de Seu coração nas fendas e cantos de Seu reino - em nossas famílias e amizades, nas nossas igrejas e nos nossos bairros. Sem amor, não importa o quanto saibamos, doamos ou façamos, não somos e não ganhamos nada. Mas se andarmos em amor, ganharemos mais de Deus e nos tornaremos mais semelhantes a Deus — e estenderemos o amor verdadeiro a um mundo cujo Deus é amor.