A insanidade de confiar em si mesmo
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Edição actual tal como 01h37min de 5 de setembro de 2024
Por Jon Bloom Sobre Santificação e Crescimento
Tradução por Felipe B. Peruzzo
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Por que Deus tem um problema tão grande com a sabedoria humana? Veja só isso:
Destruirei a sabedoria dos sábios e rejeitarei a inteligência dos inteligentes. (1 Coríntios 1:19)
Estas são palavras de confronto. E através do apóstolo Paulo ele vai ainda mais longe:¬=
Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana, agradou a Deus salvar aqueles que creem por meio da loucura da pregação. (1 Coríntios 1:21)
Não só Deus não será conhecido por nenhum de nós por mera sabedoria humana, mas para conhecê-lo requer que acreditemos em algo que nossa mera sabedoria humana considera loucura. Por que Deus está em guerra com a sabedoria humana? A resposta de Paulo: “a fim de que ninguém se vanglorie diante dele” (1 Coríntios 1:29).
Certo, isto é compreensível: a vanglória humana é ofensiva a Deus e ele deseja humilhá-la. Mas qual é a conexão entre o orgulho humano (vanglória) e a razão humana (sabedoria)? Por que Deus os coloca na mesma categoria?
Para entender essa conexão, nós devemos voltar para o início — bem no início — e olhar para o que fez o evangelho necessário em primeiro lugar. Lá, começamos a entender, porque Deus desenvolveu nossa redenção, e muito de nossa santificação, do jeito que o fez. Ele está exigindo de nós, da maneira única de cada um, para devolver a ele o fruto.
O que o está escondido no 'Não' de Deus?
A maioria de nós está familiarizada com “o pecado original”. O primeiro homem e a primeira mulher comeram do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal — a única árvore no jardim paradisíaco da qual Deus tinha explicitamente proibido eles de comerem. Essa foi, de fato, a única proibição dada a eles informada a nós. No começo, eles conheciam Deus como um Pai que permitia alegremente, que dizia sim a eles de forma irresistível.
Então, por que eles comeram a única coisa proibida? Porque, em partes, a serpente disse a eles que o Deus que tanto dizia sim estava despistando eles do seu único não.
Não importa que Deus, não a serpente, tenha criado todo o mundo glorioso que eles habitavam pela sua palavra poderosa. Não importa que Deus, não a serpente, tenha provido a eles pessoalmente a vida, o ar e todo o resto. Não importa que, até então, Deus, não a serpente, tenha sido um guia maravilhoso e confiável, e confiar nele resultou na experiência deles de profunda alegria. Não importa que, em até mesmo colocar o fruto da árvore proibida no alcance deles, Deus, não a serpente, tenha conferido a eles a profunda dignidade de agência moral, concedendo a eles a escolha de confiar nele ou não, de aceitar sua autoridade ou não, de amá-lo soberanamente ou não.
A serpente estava lá para ajudá-los a escolher o ou não. Deus estava escondendo algo deles, ela disse — algo que iria enobrecê-los a uma posição quase divina. Algo que iria libertá-los da dependência intelectual perpétua de Deus e capacitá-los a pensar por conta própria. Algo que “não certamente” os mataria, mas os faria realmente viver. E Deus escondeu esse algo no fruto daquela árvore: “É que Deus sabe que, no dia em que comerem dele, os seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal.” (Gênesis 3:5).
Iluminação das Trevas
Então, eles escolheram não confiar, não obedecer e não amar soberanamente o Deus soberano. Eles decidiram se apoiar no seu próprio entendimento e buscar o tesouro escondido do conhecimento proibido ao comer do fruto, já que ele “era desejável para dele se obter sabedoria” (Gênesis 3:6).
Deus foi fiel à sua palavra: o fruto de fato produziu entendimento enquanto “os olhos dos dois se abriram” (Gênesis 3:7). Mas a serpente não foi fiel à sua: o entendimento não os tornou igual a Deus; ele apenas os tornou miseráveis. Eles experimentaram uma iluminação das trevas que imediatamente produziu vergonha.
Bem rápido eles descobriram uma verdade trágica sobre se apoiar em seu próprio entendimento: “Há caminho que parece reto ao homem, mas no final conduz à morte.” (Provérbios 14:12). O entendimento que eles pensavam querer estava muito além do que eles foram feitos para suportar. E todos nós sofremos debaixo do peso esmagador desse entendimento opressor desde então.
Entendimento Muito Intenso
Para lidar com tamanho entendimento, alguém deve ser onisciente — possuir a capacidade de compreender todas as possíveis opções e contingências. E esse alguém deve ser onijudicial — possuir a capacidade necessária e resolver escolher o caminho certo a seguir baseado em onisciência combinada com perfeita justiça e sabedoria. E esse alguém deve ser onipotente — possuir o poder necessário para tornar realidade conforme o caminho certo a seguir determinado por uma onisciência onijudicial.
Mas os seres humanos não possuem capacidades ilimitadas, um fato do qual toda humanidade testifica. Individualmente, nossas capacidades são minúsculas. Coletivamente, nós estamos descobrindo que, nossas capacidades combinadas, mal chegam perto da superfície da realidade. O que explica porque, quando se trata do nosso bem-estar psicológico, social e geopolítico, a mera sabedoria humana nos leva para um beco sem saída após o outro, um cataclismo após o outro, caindo de um penhasco de experimentos sociais após o outro.
Toda busca humana meramente por utopia se torna distópica. Toda filosofia meramente humana leva ao desespero da futilidade. Todo esforço humano meramente por definir a moralidade e ética leva por fim a uma tirania cruel.
Isto ocorre porque nós não fomos feitos para ser “igual a Deus”, para definir o que é bom e o que é mal. Fomos feitos para ser “sábios em relação ao que é bom e puros em relação ao que é mau.” (Romanos 16:19). E já que não temos nenhum bem além de Deus (Salmos 16:2), o princípio de ser sábio no que é bom e inocente no que é mau é confiar e obedecer a ele (Salmos 111:10).
Deus de fato nos criou para pensarmos de forma independente. Esse é um dos motivos pelo quais a árvore do conhecimento do bem e do mal estava presente no jardim. Deus simplesmente não nos criou para pensarmos sozinhos. Não é irracional para criaturas dependentes e limitadas confiarem na orientação de um Criador onisciente e autoexistente para saber como viver. É eminentemente sensato para nós confiar nele com todo o nosso coração. Isso é sabedoria; isso é sanidade. O que é irracional é nos apoiarmos no nosso próprio entendimento. Isso é tolice; isso é loucura.
E esse foi o cataclismo do Éden: a humanidade trocou a sábia sanidade de pensar de forma independente no contexto seguro de “confiar a própria vida ao seu fiel Criador e praticar o bem.” (1Pedro 4:19) pela loucura tola de pensar por conta própria no contexto perigoso de desarticular a sua razão do seu fiel Criador, o que resultou na prática de grandes maldades. “porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus nem lhe renderam graças. Pelo contrário, os seus pensamentos tornaram se fúteis, e o coração insensato deles se obscureceu. Embora eles afirmem ser sábios, tornaram se tolos” (Romanos 1:21-22).
Devolva o Fruto
É por isso que Deus está em guerra com a sabedoria humana — nossa rebelde inclinação para o nosso próprio entendimento. É por isso que Deus, em sua sabedoria, não nos permite conhecê-lo através da sabedoria humana rebelde. Ele exige que cheguemos até ele em seus termos, não nos nossos. Ele exige que devolvamos o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, para termos acesso à árvore da vida mais uma vez.
E é por isso que o evangelho “é loucura para os que perecem” (1 Coríntios 1:18). A mera sabedoria humana se ofende grandemente que Deus julgue como orgulho tolo que necessita ser humilhado o desejo dela em entender e definir de forma independente o bem e o mal. Ela se ofende grandemente que Deus se recuse em responder pelo mal que devasta esse planeta — mal esse que excede nossa compreensão. E ela olha para o louco espetáculo de Jesus na cruz, um sepulcro vazio, a promessa de vida eterna e se admira na credulidade absurda de alguns que acreditam que essas coisas estranhas poderiam abordar os problemas mais importantes que a humanidade enfrenta.
Mas para nós que estamos sendo salvos, que olhamos para a cruz de Jesus, para o sepulcro e para a promessa de vida eterna e vemos o caminho e a verdade (João 14:6), o evangelho é “o poder de Deus e a sabedoria de Deus” (1 Coríntios 1:18, 24). Nós não afirmamos ter tido todas as nossas desconcertantes e agoniantes perguntas respondidas. Mas percebemos que “Deus é que tem sabedoria e poder; o conselho e o entendimento.” (Jó 12:13); que “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento, mas os insensatos desprezam a sabedoria e a instrução.” (Provérbios 1:7); que “Quem confia em si mesmo é tolo, mas quem anda segundo a sabedoria não corre perigo.” (Provérbios 28:26); que só “na tua luz, vemos a luz.” (Salmos 36:9).
E a luz que temos visto é “a iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo”, cujo Deus “brilhou no nosso coração” (2 Coríntios 4:6). Então, para nós, Jesus se tornou “sabedoria de Deus, justiça, santidade e redenção” (1 Coríntios 1:30).
Nós gememos com a criação de dez mil maneiras diferentes nessa era de futilidade (Romanos 8:20). Mas achamos paz que excede nosso limitado entendimento (Filipenses 4:7), não ao nos apoiarmos no nosso próprio entendimento, mas sim ao confiar no Senhor com todo o nosso coração (Provérbios 3:5). Nós descobrimos que Deus concede liberdade cheia de alegria para aqueles dispostos a devolver o fruto.