Cristãos podem namorar descrentes?
De Livros e Sermões BÃblicos
(Criou nova página com '{{info|Can Christians Date Nonbelievers?}}<br> De todos os cristãos que começam a namorar com um descrente, quantos já tinham esse plano? Eu suspeito que poucos cristã...')
Edição actual tal como 19h17min de 28 de junho de 2023
Por Marshall Segal Sobre Sábado
Tradução por Jonathan Josua
Você pode nos ajudar a melhorar por rever essa tradução para a precisão. Saber mais (English).
De todos os cristãos que começam a namorar com um descrente, quantos já tinham esse plano?
Eu suspeito que poucos cristãos buscam intencionalmente namorar (quem dirá casar-se com) um descrente. A questão nem é realmente tão controversa na teoria. Será que alguém que verdadeiramente ama a Jesus preferiria, sinceramente, casar com alguém que não o ama? Não, mas quando a pergunta vem, ela já não é mais teórica. No momento em que a pessoa já está perguntando sobre namorar “um descrente”, esse descrente já tem um nome, uma história, muitas vezes um rosto bonito e um ótimo senso de humor.
Quando decidimos procurar um cônjuge, é claro que queremos nos casar com outro crente. Queremos poder, como casal, ler a Bíblia juntos, orar juntos, ir à igreja juntos, servir juntos. Mas, por uma série de motivos, os crentes muitas vezes têm dificuldades em encontrar a pessoa certa. Um dos motivos é que as pessoas estão se casando mais tarde, o que faz com que muitos tenham de buscar com mais afinco ou esperar mais tempo. Junte-se a isso o fato de existirem aplicativos e sites que multiplicam a concorrência em centenas de vezes, o que faz com que as pessoas se tornem mais exigentes e mais reticentes em escolher um parceiro. Outro fato é que alguns cristãos já tiveram más experiências de relacionamento com outros cristãos.
Considerando tudo isso, realmente não deve ser motivo algum de surpresa o fato de alguns crentes considerarem a possibilidade de namorar com alguém de fora da igreja. Há mais opções de escolha, e ainda é possível ter algumas coisas em comum. Inclusive, pode parecer, de início, que você tem mais coisas em comum com os não cristãos que conhece na internet ou no seu curso do que com os solteiros que vê todo domingo.
Mas não é isso que você queria, não é mesmo? Esse não era o plano A, nem o B, nem mesmo o C. Você está aqui porque acabaram suas opções. Estou escrevendo para encorajar você a continuar insistindo e não se conformar com uma opção ruim.
Tabela de conteúdo |
Somente no Senhor
Quando se fala sobre a ideia de namorar descrentes, geralmente se lembra logo de 2 Coríntios 6:14: “Não se ponham em jugo desigual com descrentes.” Esse versículo é, sem dúvida, relevante para a nossa discussão (e voltaremos a ele daqui a pouco); porém, ele não trata especificamente sobre casamento. Na verdade, a provável resposta bíblica mais clara e concisa sobre a questão é geralmente esquecida – 1 Coríntios 7:39 [NAA]:
A mulher está ligada ao seu marido enquanto ele viver. Mas, se o marido morrer, ela fica livre para casar com quem quiser, mas somente no Senhor.
Esse versículo pode parecer obscuro de início; porém, para o apóstolo Paulo, não era. Depois de tratar de vários casos em que os seguidores de Jesus poderiam se casar (ou não), ele chega a um grupo menor na igreja, porém precioso: mulheres que haviam perdido seus maridos. Seria, entretanto, imprudente presumir que o que ele fala no versículo 39 se aplica somente a viúvas (como se aqueles que ainda não se casaram estivessem livres para casar-se fora do Senhor). Não; se um cristão decide se casar, é livre para casar-se com quem quiser, mas somente no Senhor.
Essa expressão, que Paulo usa para arrematar seu conselho aos crentes solteiros, aparece em letras garrafais em várias de suas cartas. No início dessa epístola, ele escreve: “à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus [...]” (1 Coríntios 1:2). Também conclui sua carta com a mesma fórmula importantíssima: “Recebam o amor que tenho por todos vocês em Cristo Jesus. Amém.” (1 Coríntios 16:24). Em sua segunda carta para a mesma igreja, escreve: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” (2 Coríntios 5:17).
Apenas em 1 Coríntios, ele usa mais de 20 vezes a expressão “no Senhor” ou “em Cristo”. Essa expressão, para o apóstolo, não era apenas uma etiqueta que tava um toque espiritual ao seu conselho sobre casamento; ela representava tudo para ele. Na sua mente, tudo o que fazemos — principalmente nossos maiores compromissos e chamados — fazemos no Senhor. Para um cristão, simplesmente não há outro lugar para se estar, quem dirá se casar.
O que um casamento deveria dizer?
Porém, a expressão “no Senhor” também estava repleta de significado de outra maneira. Em primeiro lugar, um cristão faz tudo o que faz em Cristo; quanto mais viver o próprio casamento! Porém, em segundo lugar, o casamento foi projetado de forma especial para revelar o que significa viver em Cristo. Esse amor em específico, em meio a todos os tipos de amor humano, foi moldado segundo o amor entre Ele e a igreja.
“o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne.” Este é um mistério profundo; refiro-me, porém, a Cristo e à igreja. (Efésios 5:31-32).
A maior parte dos casamentos no mundo contam uma mentira sobre Cristo e a igreja. Os maridos não se sacrificam por suas esposas (Efésios 5:25). Não leem as palavras de Deus, muito menos lavam seus casamentos nelas (versículo 26). Não buscam a santidade, nem a encorajam em sua esposa (versículo 27). Não se deleitam nela como Jesus se deleita em nós (versículo 33). Da mesma forma, muitas esposas não aceitam se submeter ao marido que Deus lhes deu (versículo 22). Não respeitam seu noivo, nem apoiam os chamados dele (versículo 33). Assim, seus casamentos difamam a história que deveriam contar. Seu amor distorce e desfigura a obra-prima de Deus.
Quando Paulo diz “casem-se no Senhor”, está dizendo: “digam a verdade sobre Cristo e a igreja”. Diga, por meio do seu casamento, aquilo que o casamento foi criado para dizer. Case-se de uma forma que revele Deus e Sua glória, o pecado e a graça, a cruz e o túmulo, o céu e o inferno — ao invés de obscurecer esses conceitos, como tantos fazem.
Estamos em jugo desigual?
Agora, vamos considerar o texto (de certa forma, estranho) que geralmente é lembrado assim que se fala sobre namorar ou casar-se com descrentes:
Não se ponham em jugo desigual com descrentes. Pois o que têm em comum a justiça e a maldade? Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas? Que harmonia entre Cristo e Belial? Que há de comum entre o crente e o descrente? Que acordo há entre o templo de Deus e os ídolos? Pois somos santuário do Deus vivo. (2 Coríntios 6:14-16).
Digo que esse trecho é “estranho” porque não diz nada explícito sobre romance ou casamento. Um jugo era um arreio colocado sobre dois animais que puxavam a mesma carroça. Se os animais fossem diferentes um do outro (por exemplo, um boi e um jumento, Deuteronômio 22:10), um atrapalharia o outro. Também é assim com as almas, diz Paulo. Ele está alertando a igreja sobre relacionamentos e alianças perigosos. Nesse caso, essas alianças perigosas estavam se formando dentro da igreja de maneira prejudicial à mensagem e ao ministério do apóstolo. Não deixa de ser um bom versículo para dissuadir alguém da ideia de se casar com um descrente, mas talvez de uma maneira inesperada.
Então, porque fazemos referência a esse versículo para falar sobre casamento? Porque não há jugo mais importante ou mais relevante — para o bem ou para o mal — do que o casamento.
O casamento pode custar tudo
A pessoa com quem você se casar, provavelmente, moldará a pessoa que você se tornará mais do que qualquer outro relacionamento humano. Se o seu marido foge de Jesus, você não será capaz de evitar os efeitos negativos da sua falta de amor. Se a sua esposa foge de Jesus, você viverá em meio ao fogo cruzado do seu pecado obstinado. Você talvez consiga sobreviver a um cônjuge descrente, porém apenas como alguém que escapa através do fogo. O casamento sob a autoridade de Deus se tornaria uma longa e devastadora guerra.
Além disso, Deus nos alerta de que você pode perder sua alma nessa guerra. Esse é o alerta claro em 2 Coríntios 6: Se colocar em jugo com o tipo errado de pessoa pode custar o seu coração. Paulo diz que deveríamos tomar cuidado com as pessoas com as quais nos alinhamos dentro da igreja. Quanto mais no quarto, no orçamento e rotina da casa, na criação de filhos e nos sofrimentos, nas trincheiras e batalhas do dia-a-dia! O casamento errado pode realmente arruinar sua vida. Por isso, Paulo escreve, alguns versículos depois: “purifiquemo-nos de tudo o que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus.” (2 Coríntios 7:1).
Quando você lê um versículo como esse (dentro do seu contexto), percebe que talvez estejamos fazendo as perguntas erradas em matéria de relacionamentos. Em vez de perguntar se é permitido namorar um descrente, poderíamos começar a nos perguntar o seguinte: como posso aperfeiçoar minha santidade na minha busca pelo casamento? O que me ajudará na minha caminhada? A quem o temor de Deus me levaria a amar? Será que a santidade poderia florescer num relacionamento desses?
Casamento sem Deus
Em parte, as pessoas namoram e se casam com descrentes porque lhes falta imaginação. Não é realmente tão difícil assim imaginar como seria namorar com um descrente (cafeterias, passeios de bicicleta, comer fora, ver filmes juntos), ficar noivo de um descrente (planejar a cerimônia de casamento, pesquisar imóveis, receber muitos presentes), ter a cerimônia de casamento com um descrente (se arrumar, ver seus amigos e família, comer bem, talvez dançar), até mesmo desfrutar de uma boa lua-de-mel com um descrente (cafeterias, passeios de bicicleta, comer fora, mas agora com direito a sexo, também).
Porém, imagine por um momento como seria a vida depois de tudo isso. A verdadeira vida de casado, com seus altos e baixos, começos e fins, alegrias e agonias é geralmente difícil de imaginar para alguém solteiro, mas quero que você tente.
Imagine que, com sete anos de casamento, você de repente fica muito doente e acaba num leito de hospital. As piores possibilidades agora se tornaram sua realidade. Seu esposo entra no seu quarto de hospital, puxa uma cadeira, senta, segura sua mão — e vocês não podem orar juntos. Vocês simplesmente ficam lá sentados, preocupados, olhando um para o outro. Finalmente, ele diz: “vai ficar tudo bem”.
Imagine que numa manhã qualquer você tem um momento de qualidade com Deus, sendo impactado de forma impressionante por sua majestade e misericórdia. Você chega a se emocionar. Então, vai compartilhar isso com seu cônjuge: o rosto dele(a) fica simplesmente neutro. Ele(a) até demonstra bondade e fica feliz em escutá-lo, mas é incapaz de ver ou sentir o que você está vendo e sentindo. Vocês são incapazes de compartilhar esses momentos.
Imagine que um dia você tenha uma briga feia com sua esposa. Não do tipo de briga em que um dos dois fala: “Não gostei da forma como você falou aquilo”, mas do tipo em que um dos dois fala “Não quero mais estar com você”. Imagine passar por uma briga dessas sem ter o evangelho como elo entre vocês dois. Ela não crê que Deus uniu vocês. Ela não crê que fez promessas diante de Deus. Ela não crê que há consequências que se estendem para além desta vida.
Imagine como seria tentar ensinar a seus filhos sobre Jesus — ler a Bíblia com eles, orar com eles, cantar com eles — e seu marido ficar sempre no outro cômodo. Ele só vai à igreja no Natal; talvez também na Páscoa. Imagine que seus filhos vejam, dia após dia, que o pai deles não crê no que a mamãe ensina todos os dias. Imagine a confusão que isso causaria na mente da criança.
Imagine ter de fazer mais uma escolha impossível a respeito de um imóvel, um empréstimo, a educação dos filhos ou uma crise na família de um dos lados, e vocês não terem um único versículo em que ambos creiam e no qual possam se apoiar. Vocês não podem ouvir a Deus juntos, pois ela não crê que Deus fala. A Bíblia, para ela, é apenas mais um bom livro na prateleira, ao lado de vários outros bons livros.
Essas são apenas algumas das centenas de situações em que a fé em Deus muda tudo no casamento — em que “no Senhor”, de repente, faz toda a diferença. Suspeito que cristãos sinceros consideram a ideia de casar-se com um descrente justamente porque não conseguem ainda imaginar como o casamento, de fato, será. Para o cristão, o casamento sem Deus seria como uma vida inteira sem a luz do Sol, um barco à deriva, um amor sem o verdadeiro amor.