A fé e o poder de Deus

De Livros e Sermões Bíblicos

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Edição actual tal como 19h28min de 4 de dezembro de 2020

A cura de um garoto possuído pelo demônio (Mateus 17:14–20), à primeira vista parece ser apenas mais uma numa série de curas milagrosas registradas por Mateus. O que faz essa cura ser única é a ênfase de Jesus no papel da fé. É verdade que a fé é proeminente nos milagres registrados no capítulo 9, mas no capítulo 17, a falta de fé que é enfatizada por Jesus.

Que Deus não depende da fé humana para realizar Seu trabalho fica claro nos registros dos outros milagres registrados por Mateus. A transfiguração de Jesus imediatamente antes da cura do garoto é um exemplo primordial. Foi um milagre espetacular; no entanto, nenhuma fé humana estava envolvida. Isso também é verdade ao alimentar os cinco mil (Mateus 14:13–21) e os quatro mil (15:32–38). Então, a primeira coisa que precisamos aprender sobre a fé e o poder de Deus, é que Ele não depende da nossa fé para fazer o Seu trabalho. Deus não será refém da nossa falta de fé.

A segunda coisa que precisamos aprender, entretanto, é que Deus frequentemente requer nossa fé na realização de Seus propósitos. Vemos isso na cura do garoto possuído pelo demônio. Marcos, em seu registro, trás isso de forma nítida na conversa de Jesus com o pai do garoto. O pai, em grande angústia, disse a Jesus: "Mas, se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos" (Marcos 9:22). Ele já havia experimentado a falha dos discípulos, então ele não estava certo se Jesus poderia ajudar. Sua fé nesse momento pode ser descrita como nada mais do que uma esperança incerta de que Jesus poderia fazer o que os discípulos não puderam.

Jesus responde ao pai: "Se podes?" "Tudo é possível àquele que crê." (v. 23). A fé bíblica pode ser descrita de diferentes maneiras, dependendo da situação. A descrição da fé em Hebreus 11:1 como "a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos", era apropriada para os destinatários Judeus da carta, que estavam enfrentando severa oposição e precisavam ser encorajados para a certeza da esperança deles em Cristo.

Para o pai do garoto, a fé poderia significar crer que Jesus curaria seu filho. Frequentemente somos mais como o pai. Podemos enfrentar o que parece ser uma situação intratável, e porque oramos por um longo tempo sem uma resposta, começamos a duvidar que Deus pode responder nossa oração. Mas devemos crer de que com Deus, nada é impossível.

Sara, a esposa de Abraão, duvidou que Deus lhes daria um filho na idade avançada deles, para o que Deus respondeu: "Existe alguma coisa impossível para o Senhor?" (Gênesis 18:14). Séculos depois, o profeta Jeremias hesitou em sua fé quando Deus disse a ele para comprar o campo em face à invasão dos caldeus (Jeremias 32:6-26). Novamente a resposta de Deus foi: "Há alguma coisa difícil demais para mim?" (v. 27). Ter fé em Deus, mesmo diante de orações não respondidas ou uma situação aparentemente impossível, significa que continuamos a acreditar que Ele pode fazer o que parece impossível para nós.

A importância da fé é depois enfatizada na resposta de Jesus à pergunta dos discípulos: "Por que não conseguimos expulsá-lo?" (Mateus 17:19). Ele disse que foi por causa da fé pequena deles. Não nos é dito de que maneira a fé deles era deficiente. Sabemos que Jesus tinha previamente dado a eles autoridade sobre demônios para expulsá-los (Mateus 10:1–8), então porque a fé deles era tão fraca nesse momento? Talvez foi porque o demônio não respondeu imediatamente ao comando deles, e então eles começaram a duvidar do poder de Jesus. Ou eles presumiram que por eles terem tido sucesso antes, poderiam ter nesse momento. Então vemos que a fé não apenas envolve uma firme confiança no poder e habilidade de Jesus, mas também uma completa renúncia de qualquer confiança em nós mesmos.

Mês passado olhamos rapidamente no assunto sobre a providência de Deus. Em Mateus 17 vemos um exemplo disso em ação, em conexão com um evento mundano - o pagamento do imposto do templo. Jesus, como Filho de Deus, não tinha a obrigação de pagar o imposto. No entanto, para não ofender, Ele enviou Pedro para pegar um peixe cuja boca tinha o dinheiro exigido. Esse breve registro levanta algumas questões: Como o dinheiro foi parar na boca do peixe? Como simplesmente "aconteceu" de Pedro pegar aquele peixe, e não outro que estava por perto? É possível que Jesus tenha feito um milagre e criou a moeda do nada na boca do peixe.

É mais provável, entretanto, que foi uma obra de providência. Alguém "acidentalmente" derrubou uma moeda no mar. Um peixe em particular a pegou, e ela ficou presa em sua boca. O peixe nadou para o exato local onde Pedro lançou sua rede, e o peixe foi pego. Nenhum desses eventos foi milagroso; entretanto, todos eles foram necessários para atingir o propósito de Jesus, e Jesus estava no controle de cada um deles. O poder de Deus opera tanto em Sua providência quanto em Seus milagres. Enquanto lutamos com nossa própria fé, ou falta dela, nas situações difíceis da vida, vamos crer que Deus é capaz, seja por milagres ou providências, de cuidar de nós.