Os Passos Ofensivamente Comuns Para A Santidade

De Livros e Sermões Bíblicos

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English: The Offensively Ordinary Steps to Godliness

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Por Scott Hubbard Sobre Santificação e Crescimento

Tradução por Marcia Brando

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Se você está em Cristo, Deus colocou em seu coração uma fome por santidade. Santidade não é mais aquele guarda roupa lotado que você achava que era, mas sim um jardim de alegrias, um eco do paraíso, a beleza do Éden redescoberta. Você não se contenta apenas em ser considerado justo em Cristo (glorioso que isso é); você anseia também em se tornar justo como Cristo. Você quer ser santo como ele é santo.

Mas como a santidade acontece? Como pessoas falhas, distraídas em suas orações começam a orar sem cessar? Como os preocupados aprendem a lançar até mesmo suas maiores atenções em Deus? Como o orgulho se torna pobreza de espírito, apatia em zelo pela integridade, mesquinharia em mão aberta, inquietação em calma constante? Como vamos não apenas dizer, mas sentir profundamente, que Jesus Cristo é a soma de tudo que é bom na vida – que conhecê-lo é viver, e morrer nosso maior lucro?

Deus nos ensina como a santidade acontece em toda sua palavra, e ainda frequentemente, descuidamos de uma lição prevalente: muitas vezes, a santidade se esconde nas pequenas coisas.

Tabela de conteúdo

Ofensivamente comum

Considere, por exemplo como o apóstolo Paulo fala sobre a busca pela santidade em Efésios. Nos três primeiros capítulos, Paulo estende diante de nós o panorama do amor redentor de Deus. Em Cristo, Deus nos escolheu, nos perdoou, e nos selou para a eternidade (Efésios 1:3–14). Ele nos ressuscitou da morte espiritual e nos assentou com Cristo nos céus (Efésios 2:1–10). Ele nos amou com um amor eterno (Efésios 3:14–19).

Podemos achar que a resposta imediata para tal amor seria tão panorâmica quanto. Mas nos próximos três capítulos, Paulo aplica esse evangelho ao comum, ao dia a dia, ao pequeno. Por exemplo: falar a verdade uns para os outros (Efésios 4:15). Reconciliar rapidamente (Efésios 4:26). Trabalhar honestamente em seu emprego (Efésios 4:28). Pensar no que fala (Efésios 4:29). Cultivar a gentileza e um coração sensível (Efésios 4:32). Honrar a Cristo como esposa, marido, filho, pai, servo, senhor (Efésios 5:22–6:9).

Apesar de radicais às suas maneiras, esses passos de obediência raramente atraem atenção de muita gente. Muitos deles acontecem em momentos fáceis de esquecer e em lugares reservados. Melhor, podemos dizer com Gustaf Wingren, “A santificação se acha oculta nas tarefas ofensivamente comuns” (A Vocação Segundo Lutero, 97). Tão comuns, de fato, que podemos simplesmente perdê-las se não estivermos atentos.

Olhos nos confins da Terra

Na busca pela santidade, muitos de nós caem num erro tolo: “O homem de discernimento mantém a sabedoria em vista, mas os olhos do tolo perambulam até os confins da terra.” (Provérbios 17:24). O tolo pode olhar para longe com uma percepção maravilhosa – e tropeçar numa pedra em seu pé. Nós também podemos nos tornar mais interessados nos grandes passos de obediência que esperamos dar no futuro, e esquecermos dos passos “ofensivamente ordinários” bem diante de nós.

Um homem solteiro pode sonhar em se sacrificar por uma esposa e filhos um dia, e ainda falhar em fazer suas tarefas enquanto isso. Uma aspirante a missionária pode orar para um dia instalar uma igreja entre os não alcançados, e ainda assim negligenciar seu pequeno grupo atual. Um pós-graduando pode aspirar um dia começar uma empresa sem fins lucrativos, e ainda assim cortar custos em seu trabalho como caixa. Um jovem cristão pode querer ficar firme sob julgamentos futuros, e ainda resmungar com a louça suja de seu colega de quarto.

Em cada caso, a obediência de amanhã se tornou a inimiga da obediência de hoje. A alternativa, Salomão nos diz, é ser como o homem de discernimento, que “mantém a sabedoria em vista” (Provérbios 17:24). E manter a sabedoria em vista significará, em primeiro lugar, ter em vista o hoje: as responsabilidades de hoje, os fardos de hoje, as conversas de hoje, as graças de hoje – apesar de parecerem insignificantes.

O sensato sabe que um cristão se torna santo de forma muito parecida com uma catedral que se torna alta: uma pedra de cada vez. E as pedras são coisas ofensivamente comuns.

Tudo o que fizerem

A busca pela santidade, então, é mais fácil e também mais difícil do que muitos de nós imagina: mais fácil porque nosso crescimento na graça geralmente ocorre gradualmente, um pequeno passo de cada vez. Mais difícil porque a santificação agora invadiu toda a vida. A santidade está escondida nas tarefas ofensivamente comuns, e essas tarefas estão por toda nossa volta.

Paulo fala em Colossenses “Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai.” (Colossenses 3:17). Nossa maturidade espiritual descansa naquela palavra tudo: obedecer a Deus não apenas no que é visto, mas no oculto; não apenas no excepcional, mas no mundano; não apenas nos momentos de crise da vida, mas nos momentos aparentemente casuais espalhados por nossos dias.

A pergunta que devemos fazer, dúzias de vezes por dia, não é o que Deus pode ter para fazermos daqui a dez anos, mas “vou obedecer a Deus agora, nesse momento?” Vou parar a fantasia assim que ela começa? Vou orar ao invés de checar meu telefone (de novo)? Vou recusar aos meus olhos uma segunda olhada? Vou falar a palavra amorosa, desconfortável?

Se esse pensamento nos intimida, deveria também nos animar. A verdade é que, o Senhor Jesus nos responsabiliza a todo momento; não existe “meu tempo”. Mas ele também está a todo momento pronto em notar nossas tentativas vacilantes em obedecer e, maravilha das maravilhas, de sermos agradados. Jesus não perderá a menor ação feita em seu nome, nem mesmo um copo de água fria que for dado (Mateus 10:42), mas fará uma nota disso e preparará uma recompensa adequada. Porque “vocês sabem que o Senhor recompensará a cada um pelo bem que praticar” (Efésios 6:8). E por qualquer defeito que permaneça em nossa obediência (e defeitos sempre existirão), ele tem graça suficiente para cobri-los.

Comece onde você está

Onde, então, essa busca pela santidade começa? Começa bem onde estamos. Em seu livro Cartas a Malcolm, C.S. Lewis oferece “começar onde você está” como um ditado para oração. Ao invés de se sentir pressionado a começar toda oração “citando o que acreditamos sobre a bondade e a grandeza de Deus, pensando na criação e redenção e ‘em todas as bençãos dessa vida’” (88), considere começar com menos, até mesmo onde você está: o agradeça pela árvore do lado de fora de sua janela, pelo café da manhã que acabou de desfrutar, pela criança na sala ao lado. Pelo que, como Lewis escreve, “não seremos capazes de adorar a Deus nas ocasiões mais importantes se não aprendemos o hábito de fazê-lo nas inferiores” (91).

Um princípio similar se aplica à nossa obediência. “Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito” (Lucas 16:10), Jesus nos diz. De fato, independentemente de algumas poucas exceções, apenas aqueles que aprenderam primeiro a serem fiéis no pouco são capazes de serem fiéis no muito. Pouco é o melhor campo de treinamento para o muito.

Confiar em Deus com os planos de uma tarde arruinados nos treina a confiar nele com a salvação de nossos filhos. Ofertar sacrificialmente com uma renda apertada nos prepara para fazê-lo com uma renda confortável. Falar abertamente sobre Jesus à um vizinho nos prepara, e o dia deve chegar, para falar de seu nome a perseguidores. Por hora, não menospreze o dia da pequena obediência.

O hoje pode não ter grandes oportunidades para obediência, momentos acumulados onde nosso caráter, formado pelos anos, é colocado à prova. Aqueles dias virão se vivermos o suficiente. Mas hoje, nossas tarefas provavelmente são menores: pedir perdão. Renunciar pensamentos embaraçosos. Dar atenção total às crianças. Falar uma palavra surpreendente de encorajamento. Guardar a palavra de Deus em seu coração. Comece onde você está.