Pensamentos sobre a suficiência das Escrituras
De Livros e Sermões BÃblicos
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Edição tal como às 19h12min de 24 de julho de 2017
Por John Piper
Sobre A Bíblia
Uma Parte da série Taste & See
Tradução por Desiring God
O que significa e o que não significa
A minha mensagem biographical message na conferência de pastores deste ano foi sobre Atanásio, nascido no ano de 298. Assim, passei algum tempo a estudar as querelas doutrinárias do século IV. A principal era sobre a divindade de Cristo. Ário (e os Arianos) diziam que o Filho de Deus era uma criatura e que nem sempre teria existido. Atanásio defendeu a eterna divindade do Filho e ajudou a ganhar essa batalha com a redacção do Concílio de Nicéia: "Nós acreditamos... no Filho de Deus... da substância do Pai, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial com o Pai ".
Um facto surpreendente, que eu não esperava encontrar, era que os hereges protestavam muito mais em relação à linguagem não-bíblica do credo ortodoxo. Eles argumentavam que as frases "de uma essência com o Pai" e "uma substância com o Pai" não se encontravam na Bíblia. Os hereges exigiam "Credo não, Bíblia sim", precisamente para que pudessem usar a linguagem bíblica a fim de fugir à verdade bíblica. Por exemplo, eles voluntariamente chamariam a Cristo "Filho de Deus" para então argumentar que, como todos os filhos, Ele deveria ter tido um começo. Então, para minha surpresa, uma forma da doutrina da "Suficiência das Escrituras" foi usada para minar a verdade da Escritura.
Esta estratégia de ludibriar a verdade bíblica usando somente a linguagem bíblica tem sido usado por demais na história da Igreja. Por exemplo, em 1719 mais de uma centena de ministros Presbiterianos, Congregacionais e Baptistas reuniram-se em Londres para lidar com o problema de alguns ministros que, depois de lerem Samuel Clark, recusaram-se a assinar os credos trinitários das suas denominações. Eles tinham-se tornado essencialmente Arianos. Qual foi a questão-chave? "A questão técnica foi saber se era suficiente que os ministros prometessem apenas seguir as Escrituras" (Mark Noll, The Rise of Evangelicalism; [Downers Grove, Illinois: InterVarsity Press, 2003]., P 43 ). Os arianos insistiam no refrão "nenhum credo a não ser a Bíblia", ou nenhuma linguagem sem ser a linguagem da Bíblia. A votação foi de 57-53 contra trinitários tradicionais. Mais uma vez uma forma de "suficiência das Escrituras" havia sido utilizada para enfraquecer a verdade das Escrituras.</em>
Hoje em dia existem muitos que exigiriam "nenhum credo a não ser a Bíblia" da mesma maneira que os Arianos exigiram. Mas a História ensina-nos que a linguagem bíblica não é suficiente quando se trata de defender o significado da linguagem bíblica. R. P. C. Hanson explicou assim o processo: "Os teólogos da Igreja Cristã foram lentamente levados para uma percepção de que as questões mais profundas que o Cristianismo enfrenta não podem ser respondidas numa linguagem puramente bíblica, porque as perguntas são sobre o significado da linguagem bíblica em si mesma; " (RPC Hanson, The Search for the Christian Doctrine of God; The Arian Controversy; [Edinburgh: T. e T. Clark, 1988]., p xxi ).<p>Quais são as implicações disto na doutrina da suficiência das Escrituras? Esta doutrina é principalmente baseada em 2 Timóteo 3:15-17 e Judas 1:3.
As sagradas Escrituras... podem fazer-te sábio para a salvação;, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura divinamente inspirada e proveitosa ara ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito, equipado para toda boa obra ... Batalhar pela fé que foi uma vez por todas entregue aos santos
Por outras palavras, as Escrituras são suficientes no sentido em que elas são as únicas ("uma vez por todas") divinamente inspiradas e (portanto) as palavras inerrantes de Deus de que precisamos a fim de conhecer o caminho da salvação (" tornar-te sábio para a salvação") e o caminho da obediência ("equipado para toda boa obra").
A suficiência das Escrituras não significa que a Escritura é tudo que precisamos para viver em obediência. Para se ser obediente em ciências naturais precisamos ler ciência e estudar a Natureza. Para se ser obediente em economia precisamos ler economia e observar o mundo dos negócios. Para ser obediente no desporto, precisamos saber as regras do jogo. Para se ser obediente no casamento, precisamos conhecer a personalidade do nosso cônjuge. Para se ser obediente como piloto, precisamos saber como pilotar um avião. Por outras palavras, a Bíblia não nos diz tudo o que precisamos de saber para podermos ser mordomos obedientes deste mundo.
A suficiência das Escrituras significa que não precisamos de mais nenhuma revelação especial. Não precisamos de mais palavras inspiradas, infalíveis. Deus no-las deu na Bíblia, temos o perfeito padrão para ajuizar sobre todos os outros tipos de conhecimento. Todos os outros conhecimentos estão sob o julgamento da Bíblia, mesmo quando eles lhe prestam serviço. Por exemplo, o idioma Inglês presta serviço à Bíblia, tornando-a acessível a leitores anglófonos. Mas, mesmo o inglês prestando este serviço, ele está sob a Bíblia e por ela é regido. Assim, a palavra Inglês "sim" não pode traduzir a palavra grega para "não." A Bíblia é suficiente para impedir o mau uso do Inglês.
Desta forma, e de muitas maneiras, a Bíblia é servida pelo nosso conhecimento extra bíblico. Por exemplo, a palavra "formiga" aparece duas vezes na Bíblia (Provérbios 6:6 e 30:25). Ela nunca é definida. A Bíblia espera que saibamos pela nossa experiência o que é uma formiga. Mas se afirmarmos que a lição da formiga é que todos devemos ser preguiçosos, a Bíblia é suficiente para evitar esse erro.
O mesmo se passa com a linguagem em disputas doutrinárias. A linguagem não-bíblica serve a Bíblia por exclusão de alguns significados e inclusão de outros. A palavra "Trindade" e a frase “uma substância com o Pai" são termos extra-bíblicos. Mas contêm verdades bíblicas essenciais. Afirmar com uma linguagem extra-bíblica que Deus é "uma essência em três pessoas" (=Trindade) e que o Filho é "uma substância com o Pai" é mais bíblico do que usar a linguagem bíblica para chamar a Cristo criatura de Deus. A suficiência das Escrituras não dita a linguagem que usamos para interpretar a Bíblia, mas administra o significado da linguagem que usamos. Para isso, é totalmente suficiente.
Completamente submetido às Escrituras contigo,
Pastor John