Sinais, Maravilhas e o Sofrimento
De Livros e Sermões BÃblicos
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Edição tal como às 20h50min de 3 de novembro de 2015
Por John Piper
Sobre Dons Espirituais
Uma Parte da série Taste & See
Tradução por Desiring God
No sermão do último domingo tentei responder à questão do porque é que a oração por sinais e maravilhas (Atos 4:30) não tem de significar que aqueles que oram são "perversos e adúlteros" (Mateus 12:39) e não tem de significar que eles menosprezam o poder exclusivo da palavra da cruz somente para salvar (Romanos 1:16; 1 Coríntios 1:18, 22-24). Eu tentei demonstrar que essas acusações contra o orar por sinais e maravilhas são, na verdade, acusações contra os Cristãos em Atos porque eles oraram por sinais e maravilhas para que fossem realizados juntamente com suas pregações (Atos 4:29-30).
Agora, existe outra objeção contra o orar por sinais e maravilhas que comete o mesmíssimo erro. Ela é a seguinte: pedir a Deus para estender a Sua mão para curar e realizar sinais e maravilhas contradiz o chamado bíblico para a abnegação, sofrimento e o caminho da cruz. Nós vivemos num mundo caído e fútil (Romanos 8:21-22). Nós gememos num corpo que não será redimido antes da Segunda Vinda (Romanos 8:23). O poder de Cristo se aperfeiçoa na nossa fraqueza (2 Coríntios 12:9-10). Nós temos o tesouro de Cristo em vasos de barro para que o Seu poder seja demonstrado (2 Coríntios 4:7). Nossas aflições estão preparando para nós um peso eterno de Glória (2 Coríntios 4:17). Através de muitas tribulações nós devemos entrar no Reino (Atos 14:22).
A resposta a esta objeção é a mesma resposta dada à primeira: a objeção é, na verdade, contra Paulo. Você percebeu que todos os textos citados no parágrafo anterior sobre o lugar de sofrimento vem de Paulo? Não é surpreendente, pois, que no início de seu chamado para o ministério Jesus tenha dito, "Mostrarei a ele o quanto deve sofrer pelo meu nome" (Atos 9:16). A vida de Paulo foi uma longa experiência de sofrimento físico, emocional, espiritual e relacional. E ele disse a todos os seus convertidos para esperar algo semelhante (Atos 14:22).
Então, perguntamos, "Será que isso torna os sinais e maravilhas inconsistentes no ministério dele?" Não. Ele resumiu seu ministério desta forma: "Não me atrevo a falar de nada, exceto daquilo que Cristo realizou por meu intermédio em palavra e em ação, a fim de levar os gentios a obedecerem a Deus: pelo poder de sinais e maravilhas e por meio do poder do Espírito de Deus" (Romanos 15:18-19).
Por outras palavras, uma vida de sofrimento e um ministério de sinais e maravilhas não foram inconsistentes para o apóstolo. C.K. Barret abordou dessa forma em seu comentário sobre 2 Coríntios: "Os milagres não eram uma contradição da teologia da cruz a qual Paulo proclamou e praticou, uma vez que eles não foram realizados num contexto de triunfante sucesso e prosperidade, mas no meio da agonia e difamação que ele era obrigado a suportar" (p.321). Porquê, eu pergunto, algumas pessoas dizem que a oração por sinais e maravilhas atualmente (Atos 4:30) é uma negação do chamado bíblico para o sofrimento? Certamente não tem que ser. E dizer que sim é uma acusação contra o ministério do próprio Paulo.
Se virmos um homem numa cadeira de rodas realizando um ministério de cura para outros, eu certamente não quero estar entre os que ficam atrás e dizem as ameaçadoras palavras, "Médico, cura-te a ti mesmo."
Orando Atos 4:29-30 com (a maioria ☺) de vocês,
Pastor John