Ensinando uma Ambição Piedosa
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Edição tal como às 13h27min de 11 de setembro de 2014
Por Jamie Dunlop Sobre Trabalho e Vocação
Tradução por Editora Fiel
Eu sou um pastor, e sou viciado em trabalho — assim como tenho sido pela maior parte da minha vida. Como o participante do Alcoólicos Anônimos, que se considera um “alcoólatra em recuperação”, após trinta anos sem uma gota de bebida, eu me considero um viciado em trabalho em recuperação até o dia em que eu chegar no céu, de tão arraigado que isso está na minha carne.
Talvez você se identifique com isso, ou talvez “viciado em trabalho” soe tão absurdo quanto “viciado em canais radiculares”. De qualquer forma, deixe-me compartilhar com você alguns conselhos que partem de minha experiência em pastorear aqueles em minha igreja (incluindo a mim mesmo) que são erroneamente ambiciosos.
Note que eu disse “erroneamente ambiciosos” e não “excessivamente ambiciosos”. Isso porque para o Cristão é impossível ser excessivamente ambicioso. O trabalho foi criado antes da Queda (Gênesis 2:15) e continuará no céu (Isaías 65:21-23). E então o apóstolo Paulo nos manda “remir o tempo” (Efésios 5:16). Se isso não é ambição, eu não sei o que é.
Como cristãos, somos chamados a ser ambiciosos por Cristo. E ainda assim muitos parecem ser ambiciosos apenas pelas coisas deste mundo. Como pastoreá-los? Eu lhe darei cinco causas fundamentais que estão por trás da ambição equivocada, e quatro ideias de como ajudar aqueles que caíram nessas armadilhas.
Por que as pessoas se tornam erroneamente ambiciosas?
Causa fundamental 1: Insegurança
Deixe-me descrever uma conversa em um jantar há muitos anos trás com cinco diretores financeiros de empresas da Fortune 500. “Eu tenho uma teoria que quero testar,” disse um deles. “Quantos de vocês são os primogênitos de pais divorciados?”. Todas as mãos se levantaram, exceto uma. “Certo. Impulsionaram suas carreiras porque não conseguem negar sua falha como filhos?” Todas as cabeças fizeram que sim.
Quantos dos superconfiantes, bem-sucedidos, grandes realizadores em sua congregação são guiados por insegurança e medo ao invés de força? A insegurança pode impulsionar bem esses cristãos ao topo de suas carreiras, mas irá entravar severamente a habilidade de servir a Cristo em suas profissões. A insegurança pode vir de um lar quebrado, abuso, uma educação inexpressiva, um casamento em constante luta, filhos rebeldes ou uma série de outros fatores.
Lutar para deixar nossa marca no mundo pode ser certo e piedoso. Pense em Moisés pedindo a Deus para estabelecer a obra de suas mãos no Salmo 90. Mas lutar para promover a nós mesmos ao invés de Deus é egoísmo e idolatria.
Causa fundamental 2: Impaciência
José sabe que sua esposa teve um dia terrível com as crianças; faltam trinta minutos para dar o horário em que ele costuma ir para casa; e ele conseguiu terminar tudo em sua lista de afazeres. Então por que ele se sente tão relutante em sair cedo? É porque ele não ama sua família? É porque ele não pode sair antes de fechar ou porque as pessoas pensarão mal dele por ter saído cedo? Vamos assumir que a resposta para todas essas perguntas seja “não”. Então por que a relutância? Porque sua autoestima está envolvida em cumprir com os compromissos. Então, ir embora trinta minutos mais cedo parece uma negação de sua identidade básica. Ele quer conseguir coisas em sua vida — o que é um bom instinto. De fato, era parte do plano de Deus para a humanidade em Gênesis 1-2. Mas quando, em busca desse impacto, ele eleva um chamado em especial na vida (seu trabalho) acima dos outros que Deus lhe deu (sua família), ele se mostra impaciente com os planos de Deus. Ele é como o rei Saul que não podia esperar que o profeta Samuel fizesse um sacrifício extremamente importante para o Senhor. O objetivo de Saul (derrotar os inimigos de Deus) estava correto. Mas ao invés de confiar no plano de Deus para chegar lá, ele preferiu seu próprio plano.
Semelhantemente, muita ambição equivocada vem de tentar alcançar algo bom (impacto neste mundo) através de sabedoria humana ao invés de alcançá-lo através do bom plano de Deus. Nos tornamos obcecados com um trabalho em detrimento de outras coisas porque não estamos dispostos a confiar no fato de que obedecer aos mandamentos de Deus em todos os nossos chamados é a melhor maneira de alcançar o impacto eterno que desejamos. Os planos de Deus frequentemente parecem sinuosos e ineficientes — mas em sua sabedoria, ele realmente sabe o que é melhor.
Causa fundamental 3: Medo Financeiro
Às vezes, a ambição equivocada nada tem a ver com identidade, autorrealização ou qualquer desejo existencial, mas é meramente uma questão de dinheiro.
Ronaldo comprou uma casa que estava no limite de seu orçamento — e isso foi antes de perder seu emprego como gerente de vendas regional. Agora que ele encontrou trabalho em uma área diferente, ele sente uma intensa pressão de obrigar sua família a desistir da casa, o que também envolve abandonar uma ótima escola, anos de amizades com os vizinhos e o estilo de vida que eles aprenderam a desfrutar.
Mais provavelmente, o nível de estresse que ele sente no trabalho reflete na vida de sua família, visto que tudo parece ser uma questão de ter dinheiro. As palavras de Paulo para Timóteo vêm à mente: “De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1 Timóteo 6:6-8).
Causa fundamental 4: Fuga
Você tem tentado convencer Maria a se envolver mais com seu pequeno grupo, mas os compromissos do trabalho sempre ficam no caminho. Ainda assim, conforme você conhece melhor a vida familiar de Maria, a razão de seu interesse pelo trabalho tristemente vem ao foco. Seu casamento está em condições precárias e seus filhos parecem ser uma desgraça — mas no trabalho ela é uma heroína. Pesquisa após pesquisa, o americano moderno diz que o maior motivador em seu local de trabalho é o reconhecimento — mais do que dinheiro, avanço na carreira e ótimos colegas de trabalho.
E se o trabalho é o único lugar onde Maria sente que ela recebe reconhecimento? E se o trabalho é o único lugar onde Maria sente que merece reconhecimento?
Causa fundamental 5: Sem Bons Modelos
Javier cresceu com um pai que abençoou grandemente a cidade através de seu trabalho como promotor de justiça e Javier está determinado a seguir seus passos. Diferentemente de seu pai, contudo, Javier não foi abençoado com uma mente privilegiada para a lei, então a única maneira pela qual ele obtém sucesso profissional é tornando o trabalho a única coisa que importa em sua vida. Além disso, todos os outros cristãos em sua vida são exatamente iguais — ou pelo menos parecem ser. Cirurgião ortopédico, dono de concessionária, juiz, magnata imobiliário: os presbíteros e outros líderes em sua igreja todos parecem cumprir a visão de Javier de “sucesso” secular e espiritual. O que Javier não sabe é que nenhum desses líderes eclesiásticos permitem que seus empregos estrangulem todo o resto da vida como ele faz. Seu problema é uma falta de modelos. Ele vê poucos exemplos de pessoas com habilidades comuns que são vistas como “bem sucedidas” em sua igreja. E lhe falta uma janela para as vidas daqueles que têm sido reconhecidos como líderes cristãos.
Quatro respostas pastorais
Agora, tendo lido estas cinco causas fundamentais, você indubitavelmente tem suas próprias ideias de como você deve pastorear esses vários membros que sofrem de uma ambição equivocada. Mas talvez eu possa aumentarsua lista de respostas em potencial. Aqui estão quatro respostas pastorais de minha própria experiência e a experiência de outros.
Resposta 1: Encoraje a Satisfação no Salário
Esta ideia pode ser facilmente mal entendida. Mas nas sociedades industrializadas do século 21, reconhecimento e autorrealização substituíram o dinheiro como a motivação primária para o emprego em nossa sociedade (veja as causas funadmentais 1 e 2 acima). Este é um problema para o cristão porque em nenhum lugar da Bíblia nós encontramos autorrealização como motivação para o trabalho. Ao invés disso, nós vemos que o trabalho existe primariamente para colocar comida na mesa e nos permitir ser generosos (Efésios 4:28). Pela graça de Deus o trabalho pode alcançar muito mais do que isso; ele nos permite imaginar Deus em Gênesis 1:27, adornar o evangelho em Tito 2:10 e fornecer gozo em Eclesiastes 2:24-25. Mas todas essas motivações também são verdadeiras para todos os outros chamados que temos na vida: ser um marido ou uma esposa, um pai ou uma mãe, um cidadão, um membro de igreja, um evangelista e assim por diante. A única motivação que é verdadeiramente única ao emprego é a compensação financeira. Então ajude sua congregação a aprender a maravilhosa satisfação em trabalhar por dinheiro.
Os erroneamente ambiciosos em sua igreja se satisfazem com seus salários? Ou a satisfação deles vem primariamente de outros benefícios de seus empregos, como status ou sensação de importância? Ajudaria à maioria dos erroneamente ambiciosos se eles vissem seus salários como uma motivação mais significativa para o porquê de seus trabalhos. Se eles vissem o dinheiro como uma mordomia vinda de Deus — e usufruir do dinheiro é usufruir da mordomia — então o dinheiro se tornaria um sábio e piedoso motivador no local de trabalho.
É claro, se eles usam o dinheiro de maneira egoísta numa tentativa de reduzir a dependência de Deus (veja a causa fundamental 4), o oposto irá acontecer. Mas se você dá ao seu pessoal uma visão piedosa do dinheiro, e os ensina que é piedoso ter satisfação em seu salário (não importa o quão grande ou pequeno), você ajudará os erroneamente ambiciosos a trocar a motivação no local de trabalho do que é idolatria para o que honra a Deus.
Livro útil: Managing God’s Money, por Randy Alcorn
Veja também: a escola bíblica dominical de adultos da Capitol Hill Baptist Church se compromete com uma aula de cinco semanas sobre dinheiro [em inglês].
Resposta 2: Ensine sobre o que é valioso — e desafiador — em buscar a excelência
Frequentemente, uma atitude erroneamente ambiciosa com relação ao trabalho é envolvida em uma ideia errada de buscar a excelência no trabalho (veja as causas fundamentais 1 e 4 acima). Mas ao invés de simplesmente dizer às pessoas o que não fazer, precisamos ajudá-los a entender o que é uma visão correta de excelência. Em Colossenses 3:23 somos ordenados a trabalhar “como para o Senhor”. Em outras palavras, não importa quem é o seu chefe na terra; por trás deste homem ou mulher está Jesus Cristo, seu verdadeiro chefe. E enquanto seu chefe terreno lhe deu tarefas relacionadas apenas ao local de trabalho, Jesus lhe deu tarefas relacionadas a tudo na vida.
Uma visão errada da excelência otimiza a vida apenas para uma tarefa: a tarefa do local de trabalho. É assim que um desejo piedoso por “excelência” leva a uma obsessão que chamamos de “perfeccionismo”. Mas, uma vez que as pessoas entendem que Jesus é seu verdadeiro chefe, duas coisas acontecem. Primeiro, uma busca por excelência se torna um ato de adoração: uma resposta correta a quem Cristo é e o que ele fez. Segundo, uma busca por excelência no local de trabalho é colocada no contexto de todas as outras tarefas que Cristo deu, que se estendem muito além do local de trabalho. Conforme você ensina a respeito do fundamento bíblico para a excelência, você substitui os conceitos falsificados de excelência que tanto prevalecem no local de trabalho atual.
Livro útil: Deus em Ação, por Gene Veith
Veja também: a escola bíblica dominical de adultos da Capitol Hill Baptist Church se compromete com uma aula de seis semanas sobre cristãos no local de trabalho [em inglês].
Reposta 3: Destaque exemplos de ambição piedosa
“Ambição” não deveria ser um palavrão em sua congregação. Afinal, o apóstolo Paulo usa a palavra grega traduzida por “ambição” para descrever seu desejo de pregar o evangelho em Romanos 15:20. Quando se deparar com um membro de sua congregação que é erroneamente ambicioso, seu desejo nunca deve ser o de diminuir sua ambição, mas de redirecioná-la (veja as causas fundamentais 3 e 5 acima). Mas se os únicos exemplos de “pessoas ambiciosas” que sua congregação vê são aquelas que são erroneamente ambiciosas em suas carreiras, eles irão ter dificuldade em ser ambiciosos como Cristo tenciona que eles sejam.
Conforme você tem a oportunidade, então, destaque como exemplos para sua congregação aqueles membros que são ambiciosos pelo reino de Deus e cuja ambição por Cristo resultou em sucesso no local de trabalho. Além disso, destaque aqueles membros que são ambiciosos pelo reino de Deus, mas possuem carreiras resolutamente normais no local de trabalho. Ambos os tipos de exemplos podem ser úteis de maneiras diferentes. Negligencie a primeira categoria e você está dizendo que não há valor espiritual a ser encontrado no local de trabalho comum. Negligencie a segunda e você está comunicando que apenas as pessoas “bem sucedidas” precisam se dedicar ao serviço a Cristo.
Livro útil: Resgatando a Ambição, por Dave Harvey.
Resposta 4: Anuncie o valor de uma vida construída na congregação
A maioria dos cristãos usarão melhor suas vidas para o reino de Deus se escolherem apenas uma ou duas igrejas ao longo da vida adulta e permanecesse nelas (veja as causas fundamentais nº 2 e 5 acima). É claro, há exceções a isso. Mas como regra, a maioria das pessoas não são exceção. O ministério relacional que construímos na igreja local não é a única coisa de valor eterno nesta vida, mas é uma das maneiras principais pela qual podemos construir para a eternidade. Você servirá os erroneamente ambiciosos bem se anunciar este fato.
Como você pode fazer isso? Primeiro, de maneira geral, encoraje as pessoas a estruturar suas vidas para que elas possam ter um ministério relacional na igreja. Isso não necessariamente significa que eles tenham de se engajar em um punhado de programas de igreja. Isso significa que eles pensam sobre onde eles vivem, que tipo de emprego possuem e que tipo de hábitos de lazer eles desenvolvem à luz de quão bem eles podem ser investidos em relacionamentos na igreja.
Segundo, ensine a respeito do valor espiritual dessas coisas que competem com a igreja local pelo tempo do membro. Qual é o valor eterno do que eu faço em meu trabalho? Qual é o valor eterno que estou construindo através de meu ministério para a minha família? Qual é o valor eterno das férias? Se o seu pessoal não pode articular o bem que estão alcançando nessas e em outras esferas da vida, eles terão dificuldade em fazer sábias compensações quando tais coisas parecerem competir com a igreja local por seu tempo e afeição. Como mencionei acima, os planos de Deus para a forma como podemos gastar melhor nossas vidas frequentemente parecem sinuosos e contra-intuitivos, e seu plano de investirmos pesadamente na igreja local é um exemplo primário disso. Ajude seu pessoal a confiar no plano de Deus e mostre a eles o que significa fazer isso bem.
Livro útil: The Trellis and the Vine, por Colin Marshall e Tony Payne.
Um senso de reverência
Finalmente, pastor, lembre-se que não há nada especial no trabalho cristão pago que o proteja de ser erroneamente ambicioso em sua própria vida. De fato, por causa do óbvio valor espiritual do que você faz, como pastor você pode ser até especialmente suscetível a ser erroneamente direcionado em suas ambições. Portanto, eu escrevi este artigo para que tudo nele se aplique a você tanto quanto a qualquer outra pessoa em sua igreja.
Então, um último conselho, tanto para você quanto para sua congregação: faça qualquer esforço para cultivar admiração por quem Deus é. Um senso de reverência sobre quem Deus é impacta nossas vidas como adoradores com significado eterno (causa fundamental 1). Um senso de reverência sobre quem Deus é nos ajuda a confiar em seus planos por fidelidade, mesmo quando eles parecem estranhos aos padrões do mundo (causa fundamental 2). Um senso de reverência sobre quem Deus é nos lembra que os confortos deste mundo estão meramente passando, mas a bênção real e eterna está à disposição (causa fundamental 3). Um senso de reverência sobre quem Deus é nos dá esperança de que podemos servi-lo até mesmo em circunstâncias difíceis, prevenindo a necessidade de fuga (causa fundamental 4). E um senso de reverência sobre quem Deus é abre nossos olhos para o valor de seus mais fiéis servos, sejam eles gigantes da história ou frágeis guerreiros de oração escondidos no último banco (causa fundamental 5).
Minha oração é que você ajude a alimentar a ambição de sua congregação para servir a esse Deus e torná-lo conhecido através de todos os momentos, todo o dinheiro e em todas as oportunidades que estiverem à disposição deles.