A síndrome da queda

De Livros e Sermões Bíblicos

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Edição tal como às 17h03min de 13 de agosto de 2014

Você conhece a estória. Um homem acredita em Cristo há décadas. Em sua aparência exterior, ele é um homem de fé e integridade Cristã. Ele manteve uma reputação como fiel, em público e em sua vida pessoal, por décadas. Então, sem aviso, tudo cai por água abaixo. Todos tentam entender como tudo pôde acontecer tão rápido. Na maioria dos casos, logo fica claro que – como na maior parte das quedas – o problema não se desenvolveu do dia para a noite.

Muitos anos atrás, esse homem provavelmente tinha uma vida relativamente consistente e devotada, que o Senhor muitas vezes revigorava, fortalecia e amadurecia. Mas a cada ano que passava, sua vida movimentada se tornava cada vez mais intensa. Cada vez mais, ele via sua vida de devoção como um fardo – as vezes, como uma mera obrigação – do que uma benção. Por ter ouvido tantos ensinamentos bíblicos – além da sabedoria que adquiriu lecionando sobre a bíblia na igreja – começou a imaginar que precisava de menos orações e leituras bíblicas do que quando era mais jovem e menos maduro espiritualmente. Além disso, ele tinha tantas outras responsabilidades dadas por Deus... Com certeza Deus entenderia que ele estava ocupado demais para se encontrar com Ele todos os dias.

Uma pequena concessão levava à outra; uma racionalização plausível levava à outra, até que chegou o dia devastador, quando um ponto de inflexão foi alcançado, e a fraqueza espiritual se desenvolveu pelos muitos compromissos privados que não podiam mais sustentar nem mesmo a aparência da integridade Cristã. E essa reputação, testemunho, ministério, e muito mais, foram todos por água abaixo.

Se você é um Cristão jovem e forte, apaixonado pelas coisas de Deus, e acha impossível se imaginar na mesma condição, cuidado. Você poderia, facilmente, vivenciar essa situação em poucos anos. As palavras de Coríntios 10:12 são advertências adequadas a esse caso “Porque não ousamos entremeter-nos, ou comparar-nos com alguns que se gabam a si mesmos: mas nós nos medimos conosco, e nos comparamos a nós mesmos.”

Eu estou no ministério pastoral há vinte quatro anos. Durante quinze anos, fui professor de espiritualidade bíblica. Escrevi muitos livros e muitos artigos relacionados à espiritualidade. Eu falo diariamente sobre o assunto em salas de aula de seminários, em igrejas, e conferências pelo mundo, para futuros ministros e missionários, quase todos os finais de semana. Ainda assim, admito que agora é mais difícil do que nunca em minha vida manter a minha devoção. Isso porque estou mais ocupado do que nunca. Tenho mais responsabilidades do que quando era jovem. E todas elas demandam tempo que precisa vir de outro lugar.

Enquanto as pressões da vida aumentam e mais deadlines se assomam, fica mais difícil manter um tempo para se devotar. E é ai que a erosão começa.

No início, é provável que poucos saberão quando a parte oculta da sua vida espiritual começará a ruir. Tão imperceptível quanto os movimentos sob a superfície da água, podem carregar a terra antes que qualquer um na superfície perceba, e assim as pressões da vida podem secretamente substituir o solo de nossas disciplinas espirituais muito antes do impacto de sua ausência ser visível para os outros. As partes mais públicas da vida Cristã, como o envolvimento com a igreja e várias formas de ministério, muitas vezes podem continuar sem passar por mudanças visíveis, até o terrível momento da queda, quando a hipocrisia é revelada.

Eu tenho certeza de que você já se familiarizou com muitos fatores que debilitam a intimidade com Cristo. É quase certo que os “ladrões de tempo” irão ficar mais fortes a cada ano que passa. Eu espero que esse artigo o alerte sobre essa sutil e crescente tendência, para que ela não tome conta de você.

Nunca seja enganado pela tentação de pensar que a crescente maturidade espiritual que você espera alcançar com o passar dos anos vai diminuir a necessidade de alimentação da sua alma através de Cristo, da Bíblia e preces. Jesus diz, em João 17:17, para todos os Seus seguidores - “Santifique-os na verdade; sua palavra é a verdade” - isso se aplica a nós, por toda nossa vida.

Jesus praticava aquilo que dizia para nós. Jesus é muito mais do que um exemplo para nós, porém, Ele também é o nosso exemplo de vida santificada, de vida coram Deo. A bíblia nos diz que Jesus regularmente comparecia quando o povo de Deus se reunia para ouvir as Escrituras (Lucas 4:16) e também ficava sozinho para se encontrar com Seu Pai (Matheus 14:23). Os seguidores de Jesus precisam tanto das graças sustentadoras que vêm através da adoração pública de Deus, assim como aquela que vem até nós quando nos encontramos com Ele individualmente.

Eu não quero minimizar o papel da igreja de prevenir naufrágios espirituais na vida do crente. Nesse artigo, no entanto, estou escrevendo para alertar aqueles que serão cada vez mais tentados a pensar que encontrar-se com Deus em público pode compensar a falta de entrega pessoal.

Há momentos na vida em que os seus hábitos de devoção podem ser providencialmente alterados. Mas a regra geral é que aqueles que se reconciliaram com Deus através da cruz de Seu filho precisam de comunhão consciente e pessoal com Ele todos os dias, até o dia em que o verão pessoalmente. Normalmente, Ele dá isso através das disciplinas espirituais encontradas nas Escrituras, sendo as principais delas a palavra de Deus e as orações.

Persiga o Senhor com uma paixão incansável, duradoura e imbatível. Não deixe nunca a sua vida diária afastá-lo de Jesus.�