2 Pedro 2:1 nega a Expiação Eficaz?

De Livros e Sermões Bíblicos

(Diferença entre edições)
(Nova página: {{grab|Does 2 Peter 2:1 Deny Effectual Atonement?/pt}})
(Automated: copied from main site)
 
(uma edição intermédia não está sendo exibida.)
Linha 1: Linha 1:
-
{{grab|Does 2 Peter 2:1 Deny Effectual Atonement?/pt}}
+
{{ info | Does 2 Peter 2:1 Deny Effectual Atonement?}}  
 +
<blockquote>'''2 Pedro 2:1'''<br><br>Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. </blockquote>
 +
Embora esse seja um texto difícil, ele é na verdade muito ambíguo. O caso contra a expiação limitada a partir desse versículo não é tão grande quanto parece.
 +
 
 +
Primeiro, não é claro o que Pedro quer dizer exatamente quando escreve que os falsos mestres foram “resgatados”. É verdade que 1 Coríntios 6:20 e outros versículos usam “resgatou” como uma referência ao que Cristo fez em Sua morte. Mas isso não significa que a palavra seja usada dessa forma sempre que aparece na Escritura.
 +
 
 +
Como John Owen apontou em The Death of Death in the Death of Christ [A Morte da Morte na Morte de Cristo], a palavra usada para dizer que os falsos mestres foram “resgatados” pode ser usada para denotar qualquer tipo de libertação, e não indica necessariamente que eles foram comprados pelo sangue de Cristo. Baseado no contexto, pode ser melhor entender a declaração que os falsos mestres foram “resgatados”, não como uma referência à morte de Cristo, mas uma referência a algum outro ato de libertação – tal como a libertação, pela bondade de Deus, da idolatria do mundo. Observe como mais tarde Pedro refere-se aos falsos mestres como tendo experimentado uma forma de “libertação” no fato de “terem escapado das contaminações do mundo” mediante o conhecimento do evangelho (v. 20). Esse versículo não está se referindo à salvação, mas à reforma exterior sem nenhuma realidade interior final. Essas pessoas não tiveram suas naturezas transformadas, de forma que retornaram ao lamaçal como um porco. Todos nós conhecemos muitos não-salvos que por um tempo reformaram suas vidas, mas logo voltaram ao seu velho caminho. Em 2:20 Pedro está dizendo que os falsos mestres são assim; e dessa forma, em 2:1 é possível que a “libertação” ou “resgate” desses falsos mestres refira-se ao fato deles terem escapado da poluição do mundo e assim, não tem nenhuma referência quanto a Cristo ter comprado-os com Seu sangue ou não.
 +
 
 +
Há outra possibilidade também. Wayne Grudem apresenta uma boa defesa argumentando que Pedro está se referindo ao Êxodo em 2 Pe. 2:1. Pois Pedro compara os falsos profetas que se levantariam na igreja aos falsos profetas que se levantaram em Israel: “Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres”. No Antigo Testamento, toda a nação de Israel, e assim até mesmo os falsos mestre nela, era considerada como tendo sido “resgatada” por Deus das mãos do Egito no Êxodo. Por meio dessa libertação, Deus “resgatou” a nação de Israel, e assim Israel pertencia por direito a Deus como Seu povo peculiar. Vemos isso em Deuteronômio 32:6, que é provavelmente a passagem a qual Pedro está aludindo: “É assim que recompensas ao SENHOR, povo louco e ignorante? Não é ele teu pai, que te adquiriu, te fez e te estabeleceu?”. Deus “adquiriu” Israel não pela morte de Cristo, mas, como diz o texto, por formar a nação. Isso é evidente a partir de Êxodo 15:16 também, que fala do Êxodo como o ato de Deus pelo qual ele “adquiriu” Israel: “Sobre eles cai espanto e pavor; pela grandeza do teu braço, emudecem como pedra; até que passe o teu povo, ó SENHOR, até que passe o povo que adquiriste”.
 +
 
 +
Assim, a nação de Israel era considerada “resgatada” por Deus, por causa do Êxodo. Visto que 2 Pedro 2:1 está comparando os falsos mestres que se levantaram na igreja com os falsos profetas que se levantaram em Israel, não poderia ser que Pedro está dizendo que esses profetas seriam da nação de Israel – isto é, aqueles que foram “resgatados” no Êxodo? Ou, talvez ele não possa estar dizendo que esses falsos mestres estarão na igreja numa posição análoga àqueles em Israel que tinham sido “resgatados” no Êxodo?
 +
 
 +
A despeito disso, vemos que há muitas coisas diferentes que Pedro poderia desejar dizer, quando diz que os falsos mestres foram “resgatados” pelo Senhor. Por causa dessa ambigüidade, não seria sábio tomar essa passagem como negando a expiação limitada. De fato, à luz do claro ensino em outras partes da Escritura que a expiação limitada é verdadeira, seria melhor interpretar essa passagem ambígua à luz daquelas.
 +
 
 +
Segundo, é também ambíguo se Pedro está se referindo a Deus o Pai, ou a Cristo, como o Senhor que os resgatou, quando ele diz que eles chegaram “até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou”. De fato, é provável que o “Soberano Senhor” que Pedro diz ter resgatado esses falsos mestres seja uma referência a Deus o Pai, não a Cristo. Isso porque nos versículos seguintes Deus o Pai é mencionado e a palavra grega para Senhor usada aqui nunca é usada para Cristo, mas somente para o Pai (veja The Death of Death in the Death of Christ, de John Owen). Esse entendimento está também mais de acordo com a alusão a Deuteronômio 32:6, onde Deus o Pai está em vista e é dito ter “adquirido” Israel.
 +
 
 +
Se Pedro está dizendo que Deus o Pai resgatou esses falsos mestres, isso não pode ser uma referência à expiação. Por quê? Porque a expiação foi feita por Jesus, não pelo Pai. Assim, aqui está outra razão pela qual é provável que o resgate mencionado aqui não seja uma referência à morte de Cristo.
 +
 
 +
Terceiro, é ambíguo se Pedro está falando da realidade de um resgate, ou sobre a aparência de um resgate – isto é, a aparência e profissão exterior deles. Em outras palavras, o versículo pode significar “negando o Senhor que [dizem eles] os resgatou [mas na verdade não o fez]”, ou pode ter a intenção de confirmar que esses falsos mestres viriam de dentro da igreja visível. Falar deles como “resgatados”, então, não significaria que Cristo morreu para salválos, mas que eles ocupavam uma posição que supostamente deve se ocupada somente por aqueles que foram resgatados.
 +
 
 +
Assim, temos visto que há três ambigüidades grandes em 2 Pedro 2:1. Primeiro, não está claro se o resgate desses falsos mestres é uma referência à morte de Cristo ou não. Segundo, não está claro se aquele que os “resgatou” é mesmo Cristo, ou apenas o Pai. Terceiro, não está claro se Pedro está falando segundo a realidade ou aparência.
 +
 
 +
Por causa dessas ambigüidades imensas em 2 Pedro 2:1, esse não é um texto sólido contra a expiação limitada. Há muitas coisas que o versículo poderia significar legitimamente, e não seria sábio usá-lo como um argumento contra a verdade da expiação limitada.

Edição actual tal como 18h37min de 21 de agosto de 2009

Recursos relacionados
Mais Por Desiring God Staff
Índice de Autores
Mais Sobre As Doutrinas da Graça
Índice de Tópicos
Recurso da Semana
Todas as semanas nós enviamos um novo recurso de autores como John Piper, R.C. Sproul, Mark Dever, e Charles Spurgeon. Inscreva-se aqui—Grátis. RSS.

Sobre esta tradução
English: Does 2 Peter 2:1 Deny Effectual Atonement?

© Desiring God

Partilhar este
Nossa Missão
Esta tradução é publicada pelo Traduções do Evangelho, um ministério que existe on-line para pregar o Evangelho através de livros e artigos disponíveis gratuitamente para todas as nações e línguas.

Saber mais (English).
Como podes Ajudar
Se você fala Inglês bem, você pode ser voluntário conosco como tradutor.

Saber mais (English).

Por Desiring God Staff Sobre As Doutrinas da Graça

Tradução por Desiring God

2 Pedro 2:1

Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição.

Embora esse seja um texto difícil, ele é na verdade muito ambíguo. O caso contra a expiação limitada a partir desse versículo não é tão grande quanto parece.

Primeiro, não é claro o que Pedro quer dizer exatamente quando escreve que os falsos mestres foram “resgatados”. É verdade que 1 Coríntios 6:20 e outros versículos usam “resgatou” como uma referência ao que Cristo fez em Sua morte. Mas isso não significa que a palavra seja usada dessa forma sempre que aparece na Escritura.

Como John Owen apontou em The Death of Death in the Death of Christ [A Morte da Morte na Morte de Cristo], a palavra usada para dizer que os falsos mestres foram “resgatados” pode ser usada para denotar qualquer tipo de libertação, e não indica necessariamente que eles foram comprados pelo sangue de Cristo. Baseado no contexto, pode ser melhor entender a declaração que os falsos mestres foram “resgatados”, não como uma referência à morte de Cristo, mas uma referência a algum outro ato de libertação – tal como a libertação, pela bondade de Deus, da idolatria do mundo. Observe como mais tarde Pedro refere-se aos falsos mestres como tendo experimentado uma forma de “libertação” no fato de “terem escapado das contaminações do mundo” mediante o conhecimento do evangelho (v. 20). Esse versículo não está se referindo à salvação, mas à reforma exterior sem nenhuma realidade interior final. Essas pessoas não tiveram suas naturezas transformadas, de forma que retornaram ao lamaçal como um porco. Todos nós conhecemos muitos não-salvos que por um tempo reformaram suas vidas, mas logo voltaram ao seu velho caminho. Em 2:20 Pedro está dizendo que os falsos mestres são assim; e dessa forma, em 2:1 é possível que a “libertação” ou “resgate” desses falsos mestres refira-se ao fato deles terem escapado da poluição do mundo e assim, não tem nenhuma referência quanto a Cristo ter comprado-os com Seu sangue ou não.

Há outra possibilidade também. Wayne Grudem apresenta uma boa defesa argumentando que Pedro está se referindo ao Êxodo em 2 Pe. 2:1. Pois Pedro compara os falsos profetas que se levantariam na igreja aos falsos profetas que se levantaram em Israel: “Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres”. No Antigo Testamento, toda a nação de Israel, e assim até mesmo os falsos mestre nela, era considerada como tendo sido “resgatada” por Deus das mãos do Egito no Êxodo. Por meio dessa libertação, Deus “resgatou” a nação de Israel, e assim Israel pertencia por direito a Deus como Seu povo peculiar. Vemos isso em Deuteronômio 32:6, que é provavelmente a passagem a qual Pedro está aludindo: “É assim que recompensas ao SENHOR, povo louco e ignorante? Não é ele teu pai, que te adquiriu, te fez e te estabeleceu?”. Deus “adquiriu” Israel não pela morte de Cristo, mas, como diz o texto, por formar a nação. Isso é evidente a partir de Êxodo 15:16 também, que fala do Êxodo como o ato de Deus pelo qual ele “adquiriu” Israel: “Sobre eles cai espanto e pavor; pela grandeza do teu braço, emudecem como pedra; até que passe o teu povo, ó SENHOR, até que passe o povo que adquiriste”.

Assim, a nação de Israel era considerada “resgatada” por Deus, por causa do Êxodo. Visto que 2 Pedro 2:1 está comparando os falsos mestres que se levantaram na igreja com os falsos profetas que se levantaram em Israel, não poderia ser que Pedro está dizendo que esses profetas seriam da nação de Israel – isto é, aqueles que foram “resgatados” no Êxodo? Ou, talvez ele não possa estar dizendo que esses falsos mestres estarão na igreja numa posição análoga àqueles em Israel que tinham sido “resgatados” no Êxodo?

A despeito disso, vemos que há muitas coisas diferentes que Pedro poderia desejar dizer, quando diz que os falsos mestres foram “resgatados” pelo Senhor. Por causa dessa ambigüidade, não seria sábio tomar essa passagem como negando a expiação limitada. De fato, à luz do claro ensino em outras partes da Escritura que a expiação limitada é verdadeira, seria melhor interpretar essa passagem ambígua à luz daquelas.

Segundo, é também ambíguo se Pedro está se referindo a Deus o Pai, ou a Cristo, como o Senhor que os resgatou, quando ele diz que eles chegaram “até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou”. De fato, é provável que o “Soberano Senhor” que Pedro diz ter resgatado esses falsos mestres seja uma referência a Deus o Pai, não a Cristo. Isso porque nos versículos seguintes Deus o Pai é mencionado e a palavra grega para Senhor usada aqui nunca é usada para Cristo, mas somente para o Pai (veja The Death of Death in the Death of Christ, de John Owen). Esse entendimento está também mais de acordo com a alusão a Deuteronômio 32:6, onde Deus o Pai está em vista e é dito ter “adquirido” Israel.

Se Pedro está dizendo que Deus o Pai resgatou esses falsos mestres, isso não pode ser uma referência à expiação. Por quê? Porque a expiação foi feita por Jesus, não pelo Pai. Assim, aqui está outra razão pela qual é provável que o resgate mencionado aqui não seja uma referência à morte de Cristo.

Terceiro, é ambíguo se Pedro está falando da realidade de um resgate, ou sobre a aparência de um resgate – isto é, a aparência e profissão exterior deles. Em outras palavras, o versículo pode significar “negando o Senhor que [dizem eles] os resgatou [mas na verdade não o fez]”, ou pode ter a intenção de confirmar que esses falsos mestres viriam de dentro da igreja visível. Falar deles como “resgatados”, então, não significaria que Cristo morreu para salválos, mas que eles ocupavam uma posição que supostamente deve se ocupada somente por aqueles que foram resgatados.

Assim, temos visto que há três ambigüidades grandes em 2 Pedro 2:1. Primeiro, não está claro se o resgate desses falsos mestres é uma referência à morte de Cristo ou não. Segundo, não está claro se aquele que os “resgatou” é mesmo Cristo, ou apenas o Pai. Terceiro, não está claro se Pedro está falando segundo a realidade ou aparência.

Por causa dessas ambigüidades imensas em 2 Pedro 2:1, esse não é um texto sólido contra a expiação limitada. Há muitas coisas que o versículo poderia significar legitimamente, e não seria sábio usá-lo como um argumento contra a verdade da expiação limitada.