Nada é em Vão
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Edição actual tal como 19h50min de 20 de agosto de 2025
Por Vaneetha Rendall Risner Sobre Sofrimento
Tradução por Juliana Gonçalves
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Aceitando a Perda e Encontrando Paz
Eu me preparo para entrar em casa e seguro o batente da porta. É um pequeno passo, se é que se pode chamar assim, mas não consigo mais dar sem ajuda. Quase perco o equilíbrio. Meu marido me segura. No mês passado não era um problema, mas agora é.
Quando entro em casa, desabo em uma cadeira, frustrada. Suspiro fundo. As perdas são constantes nos dias de hoje, e mal me lembro de fazer coisas que eram fáceis antes do meu diagnóstico pós-pólio. Pintar noite adentro. Preparar uma nova refeição gourmet que todos adoravam. Fazer caminhadas e aproveitar o ar livre com os amigos. Nada disso faz mais parte da minha vida.
Em alguns dias, essas coisas não me incomodam, mas em outros, como hoje, é mais fácil remoer o que perdi. Os "não aguento mais" continuam se acumulando, e me questiono como vou me acostumar com essa vida de perdas contínuas. Sei que algumas pessoas se acostumam, e às vezes com uma graça incrível. Gostaria de ser uma daquelas pessoas que aceitam tudo com facilidade, sem nunca questionar o que lhes é dado ou tirado, gratas por tudo o que têm.
Enquanto lamentava a vida que eu costumava ter, silenciosamente pedi: "Senhor, mostra-me o que fazer com isso. Não quero deixar que essa frustração me domine. Eu quero paz." Imediatamente, as palavras familiares me vieram à mente: "na aceitação reside a paz".
Maneiras de Perder a Paz
As quatro palavras são de um poema de Amy Carmichael intitulado "In Acceptance Lieth Peace" (Na Aceitação, Está a Paz), que ela escreveu depois que uma perna quebrada a deixou acamada e com muita dor, pelo resto da vida. No poema, Carmichael detalha as maneiras fúteis com que frequentemente lidamos com a perda.
A primeira abordagem é evitar qualquer lembrança do passado, tentando esquecer a dor e seguir em frente. A segunda é manter-se tão ocupado que não haja tempo para pensar em mais nada. A terceira é a negação, criando uma fachada e fingindo que nunca houve dor. A quarta é nos resignarmos sombriamente a uma vida de infelicidade incessante. Gostaria de saber qual das quatro abordagens lhe parece mais familiar. A quinta e última abordagem é aceitar esse novo modo de viver, sabendo que Deus nos guiará.
Embora as quatro primeiras opções pareçam deprimentes, confesso que tentei todas. Embora prometessem alívio da dor, me deixaram adormecida, sufocando qualquer esperança de cura e alegria. A vida se reduziu à mera existência enquanto eu me arrastava dia após dia, na esperança de que a dor desaparecesse.
Dificuldades indispensáveis
Mas a aceitação é diferente. Ela interrompe a turbulência e conduz à paz. Essa paz só pode ser encontrada em Cristo, na entrega à sua vontade, na confiança de que cada experiência faz parte do seu plano. “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti” (Isaías 26:3, NVI).
Elisabeth Elliot concordaria. Em uma carta aos seus pais, logo após o assassinato de seu marido, Jim, em 1956, ela escreveu:
Sei que todos vocês estão se perguntando como estou me saindo. Só posso dizer que a paz que sinto literalmente ultrapassa todo entendimento possível... "O Senhor Jeová é minha força e meu cântico." Aprendi, creio eu, a lição de que Amy Carmichael fala em seu poema — "Na aceitação reside a paz". Que verdade! Aceito, com gratidão, das mãos de Deus, esta experiência.
Aceitar tudo das mãos de Deus com gratidão, incluindo a perda do marido, não faz sentido sem Cristo. Mas, graças à sua fé em um Deus soberano, Elliot pôde experimentar a paz de Deus na tragédia. E quase cinquenta anos depois, ela escreveu:
Deus incluiu as dificuldades da minha vida em seu plano original. Nada o pega de surpresa. Nada é em vão. Seu plano é me tornar santo, e as dificuldades são indispensáveis para isso enquanto eu viver neste velho mundo duro. Tudo o que preciso fazer é aceitá-las. (Be Still My Soul, 32)
Tudo o que preciso fazer é aceitar. Parece simples. E, de muitas maneiras, é. Mas essa aceitação não é uma rendição fatalista. O tipo de aceitação que leva à paz exige fé e confiança em Deus. Envolve olhar a vida com os olhos da fé, fé em um Deus todo-poderoso, extraordinariamente amoroso e incompreensivelmente sábio que está arquitetando cada detalhe da minha vida.
Nosso Deus poderoso, amoroso e sábio não comete erros. Portanto, se Ele permitiu algo em minha vida, é a melhor coisa para mim, considerando todos os aspectos. Isso maximizará minha alegria e aprofundará minha fé. Um dia, no céu, verei como tudo o que Deus trouxe à minha vida foi amor.
Cotidiano da Perda
Embora eu esteja convencida do amor e do propósito de Deus em minha dor, preciso me lembrar constantemente dessas verdades. A dúvida e o desânimo se instalam enquanto luto com a perda e a dor cotidianamente, sem alívio aparente.
No início de qualquer provação, muitas vezes me sinto amparada pelo Espírito de Deus, capaz de enfrentar a luta que me aguarda com coragem. Mas, depois de um tempo, fico cansada e impaciente. Esqueço que o Senhor está presente no meu sofrimento e caminhará comigo através dele. Devo me voltar deliberadamente para Deus e pedir-lhe que me ajude — que aceite a situação, que reconheça a sua presença nela e que tenha forças para suportá-la. Em essência, que confie nele.
Só então posso encontrar verdadeiramente a paz — uma paz que transcende todo o entendimento, que guarda meu coração e minha mente em Cristo (Filipenses 4:7), que me livra do medo (João 14:27) e que transcende os problemas do mundo (João 16:33). Essa é uma paz duradoura.
Em Todas as minhas Circunstâncias
Como muitos outros, tenho me sentido cansada durante esta pandemia, imaginando quanto tempo ela vai durar. Estou ansiosa para que ela acabe e que esta nuvem que me envolve se dissipe, para que eu possa retomar a vida como era antes. Preciso me lembrar constantemente da beleza e da paz que há na aceitação alegre. Essas circunstâncias não são aleatórias nem estão fora do controle de Deus, mas fazem parte do plano amoroso de um Salvador. Ele está em todas as minhas circunstâncias e as usa para me transformar à semelhança de Cristo.
Meu marido e eu saímos para a varanda da frente para conversar e assistir ao pôr do sol. Ao passar pela porta novamente, senti-me grata. Olhando ao redor, pedi a Deus que me desse olhos de fé. Me lembrei de tudo o que Deus fez através da minha dor. Embora eu possa sempre sentir saudades do que perdi, não anseio por ter aquela vida de volta. Deus está na minha vida presente, e é somente aqui, nas circunstâncias de hoje, que posso encontrá-lo.
Abraço esta vida que Deus me deu, profundamente consciente de que na aceitação reside a paz. Nessa aceitação alegre, encontro o próprio Salvador, que um dia transformará meu sofrimento persistente em minha alegria eterna.