Obedecer a Deus Te Fará Sábio

De Livros e Sermões Bíblicos

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Quando nossos filhos eram pequenos, nossos dias consistiam praticamente em instruções constantes e rotinas.

A hora da soneca vinha após o almoço. As camas tinham que ser arrumadas, os dentes escovados e o cabelo tinha que ser penteado antes da escola. Os lanches eram destinados somente para a hora do lanche, não eram petiscos. Nós orávamos e cantávamos ao longo dos dias em que tínhamos que descartar o que não era útil e aprender a organizar as coisas. Líamos livros antes de ir pra cama e aprendíamos versículos pela manhã. Mal consigo me lembrar de um momento em que a instrução não estivesse em minha língua. "Coloque suas botas dentro do armário, por favor!" "Canetinhas são para papel, não para mesas!" "A comida fica no seu prato!" "Vá para fora e ande de bicicleta até o jantar!"

Nossas regras e rotinas não eram estatutos perpétuos — muitos deles sofreram mudanças ou não servem mais no momento — mas são particularmente proveitosos nas fases de bebês, crianças pequenas e anos escolares iniciais. Como pais, as regras faziam perfeito sentido. Elas eram para o bem dos nossos filhos, não para o mal. Não éramos uns estraga prazeres ditatoriais; pelo contrário, impúnhamos limites em nossos filhos para que pudessem amadurecer.

Tabela de conteúdo 1 Leis do Amor 2 Quem Sabe Mais Que Deus? 3 Porque Eu Disse Isso 4 Obediência à Fé 5 Como a Obediência Produz Sabedoria

Leis do Amor

Instruções e limites eram genuínas (e imperfeitas) expressões do nosso amor por eles. Quando exigimos aos nossos filhos para fazerem as tarefas, estudar e praticar instrumentos, nós exigimos as atividades que os tornarão adultos de confiança e sábios. E assim é com Deus.

Os mandamentos de Deus são expressões de amor. Quando Deus tirou seu povo do Egito, por exemplo, ele tinha muitas instruções a passar para eles. Depois de relembrá-los acerca dessas instruções, Moisés falou-lhes,

Vejam, eu ensinei a vocês estatutos e ordenanças, como me ordenou o Senhor, o meu Deus, para que sejam cumpridos na terra em que vão entrar para dela tomar posse. Vocês devem obedecer‑lhes e cumpri‑los, pois assim os outros povos verão a sabedoria e o entendimento de vocês. (Deuteronômio 4:5-6)

A obediência dos Israelitas seria sua sabedoria e entendimento. A obediência os destacaria como sábios no mundo, e no decorrer do tempo lhes ensinaria sabedoria. E mesmo assim, por todo o deserto, o povo de Deus se recusou a guardar e obedecer aos seus mandamentos, frequentemente seguindo seu próprio caminho, pois acreditavam que sabiam melhor do que Deus naquilo que era de maior interesse para eles.

Quem Sabe Mais Que Deus?

Acreditar que nossa sabedoria não depende da obediência a Deus é o maior pecado do coração humano. Isso é a essência do orgulho. Quando nós declaramos que somos mais sábios do que Deus, julgando e pesando seus mandamentos para ver se eles nos convêm, ou avaliar se são ou não sábios, estamos endurecendo o cimento fresco da tolice. Mas quando nós, pela fé, recebemos e obedecemos a seus mandamentos, a sabedoria é ensinada aos nossos corações e mentes. Suas instruções se tornam nossa sabedoria e entendimento. Considere a loucura de Eva.

A serpente disse à mulher, "Certamente não morrerão. É que Deus sabe que, no dia em que comerem dele, os seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal. " Quando a mulher viu que a árvore era boa para alimento, atraente aos olhos e desejável para dela se obter sabedoria, tomou do seu fruto e o comeu; também o deu ao seu marido, que estava com ela, e ele o comeu. Então, os olhos dos dois se abriram, e perceberam que estavam nus. Por isso, entrelaçaram folhas de figueira e fizeram algo para cobrir‑se. (Gênesis 3:4-7)

A loucura de Eva executou seu próprio julgamento por estar longe da obediência a Deus. Ela tomou sobre si a responsabilidade de avaliar a sabedoria ou a insensatez do governo de Deus. Ela avaliou o fruto da árvore usando sua própria sabedoria: era bom para se comer, era agradável aos olhos, e ironicamente, era desejável para tornar alguém sábio. Eva, em sua própria sabedoria, procurou o caminho da sabedoria através do fruto proibido, abandonando as instruções de seu Criador — instruções que a levariam a verdadeira sabedoria.

Porque Eu Disse Isso

Se você for como eu, no entanto, você pode estar se perguntando, "Se Eva não devia usar seu próprio julgamento para julgar a correção sobre algo, então qual é a base para ela obedecer a alguma coisa? Você está dizendo que ela deveria ter obedecido às cegas os outros?" Não, ela não deveria obedecer cegamente aos outros. Com seus olhos contemplando o Criador, ela deveria ter obedecido completamente ao seu Criador — o único que fez os céus e a terra, o único em quem está toda a sabedoria e conhecimento, o único que a fez, a conheceu e cuidou dela.

Nós vemos essa dinâmica em um piedoso lar cristão. Quando os filhos retrucam alguma instrução que receberam de seu pai ou de sua mãe, dizendo, "Por que eu deveria fazer isso?" a afirmação mais sincera que um pai amoroso pode dizer é, "Porque eu disse isso." Isso não significa que eles não devam dizer mais nada, ou que o pai é perfeito, ou que qualquer coisa que um pai exigir de seu filho é tão bom quanto poderia ser. O que isso realmente significa é que os filhos devem obedecer, pois a instrução provém de um pai ou uma mãe que os amam, são mais velhos e mais sábios do que eles, e em seu entendimento sabem o que é melhor.

Os filhos não obedecem porque entendem plenamente os motivos por trás dos limites de tempo nas telas ou das rotinas da hora de dormir — eles obedecem porque alguém está exigindo. E quanto mais eles aprenderem a obedecer a seus pais com alegria e confiança, mais vão conseguir enxergar a sabedoria que há nas instruções. Assim é para nós com Deus.

Obediência à Fé

A vida cristã é uma vida de discernimento sobrenaturalmente substituído. Os cristãos, pela obra do Espírito Santo, sabem que em nosso próprio entendimento não sabemos o que é melhor para nós.

Quando Jesus foi para a cruz, ele se tornou nosso substituto — ele foi punido por nossa causa e em nosso lugar. Aquele que não conheceu pecado se tornou pecado por nós, "para que nele nos tornássemos justiça de Deus" (2 Coríntios 5:21). Mas essa substituição vai além. Por meio da loucura da cruz, Cristo tornou-se sabedoria por nós (1 Coríntios 1:30). Ele suportou a loucura da cruz, para que Deus pudesse destruir a sabedoria do sábio, frustrar o discernimento dos que discernem, e nos tornar verdadeiramente sábios em Cristo (1 Coríntios 1:19; 2:16).

Jesus ordena, "Creiam em Deus; creiam também em mim" (João 14:1). Como obedecemos a tal ordem? Como inclinamos nosso coração a esta instrução? Como agimos de maneira diferente de Eva, quando ela decidiu usar seu próprio entendimento no lugar do entendimento de Deus? Nós agimos pela "obediência à fé" (Romanos 16:26). Deus dá o dom gratuito da fé (João 3:7-8), a habilidade sobrenatural de crer, e essa fé produz em nós a obediência aos seus mandamentos. John Piper diz sobre a obediência à fé,

Esse é o objetivo final do evangelho: o evangelho desperta e fortalece a fé que conduz à conformidade com Cristo, o qual revela a glória de Deus. . . . Se houver algum grupo de pessoas no planeta terra onde a fé em Jesus Cristo não é produzida em conformidade com Cristo, o objetivo de Deus para com o evangelho não está completo ("Comando de Deus")

A verdadeira fé produz verdadeira obediência, nossa conformidade com Cristo, e então, através dessa obediência, crescemos em entendimento e discernimento. Enxergamos a amável sabedoria no que ele ordenou.

Como a Obediência Produz Sabedoria

A obediência cheia de fé contempla àquele que dá as ordens em toda a sua justiça, bondade, soberania e poder, e confia que as palavras que provêm de seus lábios são melhores do que qualquer uma proveniente de nós — mesmo que não as entendamos. Através dessa obediência cheia de fé, aprendemos a substituir o nosso próprio senso doentio das coisas pelo perfeito julgamento, pelas instruções e pela sabedoria de Deus.

Quando eu estava crescendo, meus pais exigiam que limpássemos a cozinha após o jantar. Se eu começasse a reclamar das tarefas que tinham que ser feitas, meu pai dizia sempre a mesma coisa para mim: "Você não tem que lavar a louça, Abigail; você pode fazer isso." "Você não tem que limpar os balcões, Abigail; você pode fazer isso. Você não é grata por termos comida para comer e uma cozinha para limpar? " Então, eu resmungava um pouco internamente e obedecia a meu pai.

Conforme fui crescendo e continuando (imperfeitamente) a obedecer e fazer o que ele exigia, eu notei que a atitude dele de "poder" aos invés de "ter que" se estendeu para todas as áreas de sua vida. Nas noites de quinta-feira, ele pagava as contas. Eu lembro que numa noite perguntei se ele não gostava de receber tantas contas pelo correio, sendo que parecia que era a única correspondência que recebíamos. Ele me respondeu, "Não. Eu sou tão grato por poder pagar as contas." Ele dizia a mesma coisa ao pagar impostos. E ao se levantar no meio da noite como médico de plantão. E ao limpar sua bancada de trabalho nos recônditos profundos do nosso porão.

Mesmo adolescente, meus olhos foram abertos para a sabedoria de meus pais que me exigiam a limpar após o jantar. Pela obediência, eu vim a conhecer a sabedoria através da atitude de "poder" ao invés de uma atitude relutante de "ter que". Isso se tornou claro não apenas pelos comandos em si, mas pelo testemunho e pela experiência da sabedoria através da obediência.

Conforme crescemos na obediência a Deus — em quem residem todas as riquezas da sabedoria e conhecimento — Deus tem prazer em aumentar nossa sabedoria e conhecimento, para que tudo o que ele ordena faça cada vez mais sentido para nós. À medida que isso acontece, não apenas ele será belo para nós, mas também todos os seus caminhos serão.