Ponha de Lado o Peso da Insegurança
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Edição actual tal como 19h51min de 14 de setembro de 2020
Por Jon Bloom Sobre Santificação e Crescimento
Tradução por Andreia Frazão
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Quando as pessoas são inseguras, expressam-no de maneiras diferentes, conforme o temperamento, valores e hábitos condicionados. Todas estas formas de expressar insegurança são, frequentemente, moldadas por experiências passadas. Em alguns indivíduos, a insegurança parece-se com brandura, conformidade e com uma tendência para assumir sempre a culpa. Noutros, parece-se com fanfarronice, uma atitude desafiante e com uma tendência para nunca admitir erros. Numa pessoa, a segurança leva-a a evitar a atenção, se for, de todo, possível; noutra, leva-a a exigir tanta atenção quanto possível.
Todos estamos familiarizados com a insegurança, mas o que nos faz sentir assim – e como é que nos libertamos disto?
O que é a Insegurança?
A insegurança é uma forma de medo, e Deus pretende que certas coisas nos façam sentir inseguros.
Se formos a uma varanda no segundo andar, e repararmos que a madeira está podre, sentimo-nos inseguros. Se vivermos ou trabalharmos com alguém que é desonesto ou abusivo, devemos sentir-nos inseguros. Se estivermos num comboio que siga por uma estrada afegã solitária, atravessando o território Talibã, temos razões para nos sentirmos inseguros. No momento em que recai sobre nós a condenação do pecado e nos apercebemos de que estamos sujeitos à ira de Deus por não estarmos reconciliados com ele através de Cristo, temos razões para nos sentirmos inseguros.
Deus concebeu a insegurança como um aviso de que estamos vulneráveis a algum tipo de perigo. Esta instrui-nos a adotar uma medida de proteção.
Mas, no atual vernáculo americano, o que geralmente queremos dizer com “inseguro” não é apenas um medo circunstancialmente induzido, mas um medo tão recorrente que nos referimos a este como um modo de ser. Falamos de “ser inseguro” ou podemos dizer de determinado fulano que é uma “pessoa insegura”. E, com inseguro, queremos dizer que sente uma falta significativa de autoconfiança, ou um medo violento da reprovação ou da rejeição dos outros, ou uma sensação de inferioridade crónica.
Mas de que temos medo? Contra que perigo nos está a avisar este tipo de insegurança? Está a dizer-nos que a nossa identidade está mergulhada em incerteza ou ameaçada.
Onde se Encontra a Identidade?
A nossa identidade é quem entendemos ser intimamente. É o nosso eu essencial. Ou é aquilo que queremos acreditar que é (e que queremos que os outros acreditem) o nosso eu essencial, mesmo que não seja quem realmente somos.
De onde vem o nosso sentido de identidade? Esta é a questão crucial, o pináculo do problema. O modo como respondermos decide se alguma vez nos libertaremos ou não da insegurança.
E não se trata propriamente de uma resposta intelectual. Todos sabemos que podemos “saber” a resposta certa, mas sem saber a resposta certa. Respondemos a esta pergunta com o coração, porque a nossa identidade está vinculada ao que realmente amamos, ao que realmente queremos, ao que realmente acreditamos que nos dá esperança. Por outras palavras, encontramos a nossa identidade no nosso deus.
O nosso deus pode ou não ser o deus do nosso credo. Podemos dizer que o nosso deus é o Senhor, mas isto pode não ser mesmo verdade (Lucas 6:46; Isaías 29:13). O nosso deus é a pessoa ou a coisa que acreditamos que tem o maior poder de determinar quem somos, por que razão estamos aqui, o que devemos fazer e o que valemos. O nosso deus é o que não conseguimos evitar procurar e seguir, porque acreditamos que as promessas dele nos trarão a suprema felicidade.
O que diz a Insegurança?
Assim, quando nos sentimos inseguros perante alguma coisa que ameaça o nosso sentido de identidade, a insegurança está a dizer-nos alguma coisa sobre o nosso deus. Isto faz da insegurança uma misericórdia, embora nunca a sintamos como tal. Sentimo-la como inadequação, fracasso ou condenação. Pesa sobre nós e faz-nos sentir vulnerabilidade e incerteza.
É por isto que a nossa resposta a este tipo de insegurança é, muitas vezes, evasão. Tentamos reduzir a nossa exposição a pessoas ou situações que a incitam, ou tentamos aliviá-la procurando várias formas de autoafirmação junto dos outros, ou tentamos escapar por via de outras coisas – muitas vezes, através da formação de hábitos ou através de coisas viciantes – que nos permitem distanciar-nos através da fantasia, que entorpecem ou nos distraem do nosso medo relativo à identidade, pelo menos temporariamente. Ou através de todas as vias acima mencionadas.
Escapar à insegurança é uma ideia correta, mas estas formas de evasão são quase sempre fugas em direções erradas. Ou, para dizer de outro modo, são quase sempre analgésicos, não são curas. Estas não fazem nada para dar resposta ao nosso medo relativo à identidade.
Deus concebeu a insegurança para que seja examinada, de modo a podermos escapar ao perigo. É por isso que é uma misericórdia. Este tipo de insegurança é um indicador de Deus na nossa alma. Este indica-nos que há algo de errado com o que estamos a ouvir da parte de Deus ou de qualquer outro deus a respeito de quem somos. Ou uma crença verdadeira está a ser desafiada e, talvez, refinada, ou uma crença falsa está a ser finalmente exposta.
O Convite na Insegurança
Exposição. Odiamos exposição, razão pela qual tendemos a evitar a nossa insegurança, em vez de a examinarmos. Tememos considerar atentamente a nossa identidade porque temos medo de que o indicador confirme os nossos piores receios a respeito de nós próprios: inadequados, insignificantes, falhados, condenados.
Sabemos instintivamente que “nada de bom habita em [nós], isto é, em [nossa] carne” (Romanos 7:18, NVI). E sabemos que as nossas almas se encontram “[descobertas] e [expostas] diante dos olhos daquele a quem havemos de prestar contas” (Hebreus 4:13, NVI). Ainda trazemos o instinto induzido pela queda de cobrir a nossa vergonha diante de Deus e de toda gente (Génesis 3:8–21, NVI).
Porém, acreditem ou não, a insegurança não é apenas um aviso; é também um convite. Quando nos sentimos inseguros, Deus está a convidar-nos a escapar ao perigo das falsas crenças a respeito de quem somos, por que razão estamos aqui, o que devemos fazer e o que valemos, de forma a encontrarmos um refúgio pacífico no que Deus diz a respeito de todas estas coisas.
Quanto mais compreendemos o evangelho de Jesus Cristo, mais descobrimos neste o fim da insegurança – não o fim perfeito nesta era, mas sim o fim crescente e definitivo.
- Será que pecámos e que pecámos grandemente? Em Cristo “temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados” (Colossenses 1:14, NVI).
- Sentimo-nos órfãos, estrangeiros, excluídos? Em Cristo, fomos adotados por Deus para sermos seus filhos, e somos agora membros da sua família e herdeiros de todas as coisas juntamente com Cristo (Efésios 1:5; 2:19; Romanos 8:17).
- Sentimo-nos fracassos miseráveis? Em Cristo, quase inacreditavelmente, cada fracasso produzirá um bem derradeiro (Romanos 8:28).
- Sentimo-nos fracos e inadequados? Em Cristo, Deus adora escolher os fracos e tolos, porque quando somos fracos, Deus promete que a sua graça será suficiente para nós – tanto que aprenderemos a gabar-nos das nossas fraquezas, por causa da forma como exibem a força de Deus (1 Coríntios 1:27–31; 2 Coríntios 12:9–10)!
- Sentimo-nos insignificantes e irrelevantes? Em Cristo, fomos escolhidos por Deus (João 15:16), que nos atribuiu propositadamente uma função única e necessária no seu corpo (1 Coríntios 12:18).
Cristo é a nossa identidade – é isto que significa sermos cristãos! Mas em Cristo não perdemos os nossos eus verdadeiros e fundamentais; tornamo-nos nos nossos eus verdadeiros e fundamentais. Em Cristo nascemos novamente e transformamo-nos numa pessoa nova, que é a razão pela qual na era vindoura Deus nos dará um novo nome (Apocalipse 2:17). E muito mais poderia ser dito.
Ponha o Peso de Lado
Mas se estas promessas não são satisfatórias para nós – se precisamos da aprovação dos outros para nos sentirmos validados, se achamos as críticas ou a rejeição debilitantes, se vemos um padrão de regulares desobediências a Cristo por estarmos a tentar escapar ou a exigir atenção, ou se somos surpreendidos em pecados habituais e viciantes através dos quais buscamos alívio para os nossos medos – então a insegurança está a dizer-nos que temos um problema de idolatria. Temos um deus falso que precisa de ser derrubado, um peso feito de pecado que precisa de ser posto de lado (Hebreus 12:1).
“A insegurança quase nunca parece uma misericórdia de Deus, mas, muitas vezes, está a dizer-nos uma coisa que precisamos de ouvir.” Partilhar o Tweet no Facebook a evitá-la não nos vai libertar dela. Deus quer que a examinemos, mesmo apesar de temermos fazê-lo. Mas não podemos escutar os nossos medos, pois estes não nos dizem a verdade. Se aparecermos a Jesus com o nosso pecado, desejando arrepender-nos, Jesus dir-nos-á:
- Não te condenarei, pois fui condenado em teu lugar (João 8:10, 2 Coríntios 5:21).
- Vem a mim, e em mim acharás descanso (Mateus 11:28).
- Amar-te-ei para sempre e infalivelmente (Salmo 103:17).
- Encher-te-ei de uma paz que ultrapassa o entendimento (Filipenses 4:6–7).
- E tornar-te-ei mais seguro do que alguma vez sonhaste (Salmo 27:5; 40:2).
Existe um fim para a insegurança e para todos os esforços carnais que esta produz. Esta acaba em Jesus. Levemos-lhe todas as nossas inseguranças e, em troca, tirem-lhe de cima o leve peso da graça (Mateus 11:29–30).