Contratempo um convite de Deus
De Livros e Sermões BÃblicos
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Edição tal como às 02h27min de 19 de novembro de 2015
Por Joseph Tenney Sobre Amar Outros
Tradução por Ines Hoyle
Jesus contou a história do Bom Samaritano – um homem descia de Jerusalém para Jericó. Foi roubado, despido, espancado, e dado como morto na berma da estrada.
Três pessoas passam por ele. Primeiro, um sacerdote. Ele passa, finge que não o vê, e prossegue o seu caminho. De seguida, o Levita. Ele ignora o homem (uma atitude pouco abonatória para o pessoal religioso). Finalmente, um Samaritano aproxima-se (o “inimigo” do Judeu), cuida dele, e certifica-se que o homem fica em boas mãos. Apenas o Samaritano estava disposto a ter o seu dia interrompido.
Dietrich Bonhoeffer escreve em Vida em Comunhão
Devemos estar prontos a permitir sermos interrompidos por Deus. Deus constantemente cruzará os nossos caminhos e cancelará os nossos planos, ao enviar-nos pessoas com apelos e petições. Podemos passar por elas, mais preocupados com as nossas tarefas ... É um facto estranho que os Cristãos e mesmo pastores consideram frequentemente o seu trabalho tão importante e urgente que não permitirão que nada os disturbe. Pensam que, assim, estão a fazer um serviço a Deus, mas na verdade estão a desdenhar, “o caminho torto, mas reto”, de Deus.
Deus tem usado estas passagens para estimular uma convicção na minha vida, quando dou por mim a colocar, os planos do dia à frente de outras pessoas, a minha agenda à frente dos “apelos e petições” de outros. Bonhoeffer observa que o sacerdote e o Levita na história do Bom Samaritano não falham apenas moralmente por não levarem ajuda onde era necessária, mas falham também em reparar no sinal visível da cruz que Deus colocou no seu caminho.
Santa Interrupção
E se aprendêssemos a experienciar a interrupção de uma forma diferente? Ao invés de ver toda a interrupção externa como inimiga da produtividade e criatividade, e se víssemos as nossas vidas como recipientes comunicativos por causa dos outros? Se estivermos abertos a abraçar a teologia de santa interrupção, poderemos descandear uma novidade, uma revelação, uma vida e uma história que influencie o nosso trabalho, profissão, e vida de uma forma que de outra maneira simplesmente não seria possível.
Agora, podemos especular se Bonhoeffer desconsidera a “priorização” e a prática de gerir um horário. Sem prioridades, nada se realiza. E quanto à produtividade? E o preparar do sermão? E as nossas responsabilidades diárias? Certamente tais coisas justificam um estrita gerência das nossas rotinas diárias. Afinal, não foi por essa razão, que a Igreja primitiva, nomeou diáconos?
A preocupação de Bonhoeffer não é tão extrema. É bastante simples: o dever de um Cristão é ouvir Deus e preocupar-se com o que Deus diz, acima de tudo, em cada momento. Para o pastor, isto acontece, de variadas formas, não excluindo uma exegese fiel e a preparação do sermão. Todavia, no momento em que tornamos a nossa prioridade o objetivo final, e não permitimos que Deus nos interrompa, precisamos de ter a atenção de pararmos e examinarmo-nos a nós mesmos. Temo-nos tornado tão iludidos e absortos que pensamos mesmo que estamos a ser bom despenseiros do nosso tempo? Ou será que a situação justifica uma tarefa ininterrompível?
A verdadeira produtividade não advém de, estritamente, controlarmo-nos a nós e aos nossos calendários, mas sim em nos libertarmo-nos em amor para com os outros. Como diz Matt Perman, “Toda a prática de produtividade, todo o nosso trabalho, tudo é-nos dado por Deus com o propósito de servir os outros” (What’s Best Next). Se encararmos o nosso trabalho isoladamente dos outros, e evitarmos a todo o custo uma possível interrupção, estamos provavelmente a partir de uma motivação errada, e certamente, a operar sob pressupostos defeituosos acerca do propósito do trabalho.
Uma Teologia de Intermissão
A perspectiva de Bonhoeffer merece uma cuidadosa consideração. Pessoalmente, vejo Deus a usar consistentemente aqueles momentos interrompidos da vida, não apenas para me usar como um recipiente de graça na vida dos outros, mas também para moldar-me, transformar-me e talvez, empurrar-me do habitual caminho das agendas para dar-me uma fresca consciência d’Ele próprio através das vidas de outros. Isto é verdadeiro para qualquer seguidor de Jesus em qualquer ambiente de trabalho.
Bonhoeffer insta cada Cristão a parar e a permitir a interrupção – para cultivar uma teologia de intermissão, por assim dizer. Isto beneficia tanto aquele que interrompe como aquele que é interrompido, porque são nesses momentos que Deus se revela de maneiras, que de outra forma, não teríamos nem visto, nem experimentado. Deus está a erigir sinais visíveis da cruz no nosso caminho para o nosso benefício para nos mostrar que o seu reino está próximo – para nos convidar à sua obra.
Para aqueles de nós na área da criatividade, temos o especial privilégio de interlaçar todas estas interações e experiências em algo artístico e com significado pelo amor ao próximo. Negligenciar essas interações por causa da produtividade é negligenciar os próprios meios para amor o próximo e tornarmo-nos improdutivos como um todo.
Interrupção é o convite de Deus. Deus está a convidar-nos para O ver à nossa volta, na vida dos outros, nas nossas conversas, no servir aos que precisam. Interrupção não é apenas uma forma do nosso coração desenvolver paciência; é experimentarmos uma verdadeira vida. É uma das formas de Deus despertar-nos para o que está à nossa volta, para percebermos que existe mais a fazer do que apenas as nossas determinadas tarefas diárias, por muito importante que sejam.
Interrupção é a melhoria de Deus do nosso ofício e trabalho, e a sua forma terna de encorajar a sua criação para fazer parte do reino que está para vir.