Seu trabalho como ministério

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Por John Piper Sobre Trabalho e Vocação

Tradução por Desiring God


O principal conceito de minha mensagem nesta manhã pode ser afirmado como uma declaração e como uma oração. Como uma declaração seria assim: A forma como você cumpre os deveres de sua vocação é parte essencial do discipulado cristão. Ou para expressar isso de outra forma: Como você faz o seu trabalho é uma grande parte de sua obediência a Jesus. Afirmado como *oração*, o principal conceito hoje é: Pai, conceda a nós toda a graça para sermos conscientes de sua presença em sua obra e da obediência aos seus mandamentos em todos os nossos relacionamentos vocacionais. Creio que essa é a palavra de Deus para nós hoje, e gostaria de revelá-la por uns poucos minutos em 1 Coríntios 7,14-24.

Tabela de conteúdo

Permita que todos permaneçam onde ele foi chamado

Antes que leiamos o texto, vamos nos orientar do contexto precedente. Um dos problemas na igreja em Corinto era a incerteza a respeito de como a fé em Cristo deveria afetar os relacionamentos comuns da vida humana. Por exemplo, em 1 Coríntios 7 a questão levantada é se a fé em Cristo deveria denotar que o marido e esposa devessem se abster das relações sexuais. Paulo expressa um não ressonante no versículo 3. Outro exemplo nos versículos 12-16 é a questão: que deveríamos fazer se um dos cônjuges tem fé em Cristo, mas o outro não? O cônjuge cristão deveria abandonar o casamento para se manter puro? Novamente, Paulo responde: não. Permaneça no relacionamento que você estava quando Deus o chamou à fé. Fé em Cristo jamais destrói o pacto de casamento que Deus ordenou na criação.

Entretanto, tendo dito isso nos versículos 12 e 13, o apóstolo Paulo permite que, se o cônjuge incrédulo abandona o cônjuge cristão e não deseja nada mais com este, então o cristão não está ligado para sempre a esse relacionamento. Em outras palavras, vir à fé em Cristo não faz com que a pessoa deseje abandonar relacionamentos instituídos por Deus, mas a faz santificá-los. Com paciência, oração e conduta humilde e exemplar, o cônjuge cristão deseja ganhar o cônjuge incrédulo. Mas, pode ser, como Jesus previu em Mateus 10,34 e versículos seguintes, que a rebelião e a incredulidade do cônjuge não cristão tornará o cristianismo uma espada que corta em vez de ser o bálsamo pacífico que cura. Assim, o *princípio* que o apóstolo segue é: permaneça em seus relacionamentos instituídos por Deus; não procure abandoná-los ou destruí-los. Mas Deus permite a *exceção* que, se o relacionamento é abandonado e destruído além de seu desejo ou controle pelo cônjuge incrédulo, então, assim seja. O cristão inocente não está ligado ao desertor.

Aqui, começa nosso texto em 1 Coríntios 7,17. Tendo discutido o princípio de permanecer no relacionamento matrimonial instituído por Deus quando você se torna cristão, Paulo agora discute esse princípio com duas outras conexões. Vamos ler 1 Coríntios 7,17-24.

17 Ande cada um segundo o Senhor lhe tem distribuído, cada um conforme Deus o tem chamado. É assim que ordeno em todas as Igrejas. 18 Foi alguém chamado, estando circunciso? Não se faça circuncidar. 19 A circuncisão, em si, não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que vale é guardar as ordenanças de Deus. 20 Cada um permaneça na vocação em que foi chamado. 21 Foste chamado, sendo escravo? Não te preocupes com isso; mas, se ainda podes tornar-te livre, aproveita a oportunidade. 22 Porque o que foi chamado no Senhor, sendo escravo, é liberto do Senhor; semelhantemente, o que foi chamado, sendo livre, é escravo de Cristo. 23 Por preço fostes comprados, não vos torneis escravos de homens. 24 Irmãos, cada um permaneça diante de Deus naquilo que foi chamado.

O princípio que Paulo já havia ensinado em relação ao casamento está aqui mencionado claramente três vezes. Note o versículo 17: “Ande cada um segundo o Senhor lhe tem distribuído, cada um conforme Deus o tem chamado”. Então, o versículo 20: “Cada um permaneça na vocação em que foi chamado”. Em seguida, o versículo 24: “Irmãos, cada um permaneça diante de Deus naquilo que foi chamado”. Essas três afirmações do princípio de Paulo dividem o texto em duas partes. Pode ser útil refletir sobre essas três fatias de pão em um sanduíche de duas camadas (como um Big Mac). Entre o topo das duas fatias estão os versículos 18 e 19 onde o princípio é aplicado ao assunto da circuncisão e incircuncisão. Entre a base das duas fatias estão os versículos 21 e 23, em que o princípio é empregado à escravidão e à liberdade. Mas antes que possamos entender qualquer uma dessas aplicações, precisamos esclarecer uma palavra-chave do princípio em si mesmo.

Que tipo de chamado está em vista?

A palavra que ocorre em cada afirmação do princípio e nove vezes ao todo neste parágrafo é “chamado”. Quando Paulo afirma no versículo 17: Ande cada um segundo o Senhor lhe tem distribuído… conforme Deus o tem chamado”, e quando ele diz no versículo 24: “Irmãos, cada um permaneça diante de Deus naquilo que foi chamado”, Paulo está se referindo ao chamado divino pelo qual somos atraídos a crer em Cristo. Sempre usamos a palavra “chamado” para se referir à nossa vocação: meu chamado é para ser dona de casa; meu chamado é para ser vendedor, etc. Mas esse não é o sentido que Paulo empregou oito das nove vezes em que a palavra ocorreu nesse parágrafo. Uma vez, ele emprega a palavra “chamado” no sentido vocacional, no versículo 20. Literalmente, o versículo afirma: “Cada um permaneça na *vocação* (não estado) em que foi chamado”. A palavra “vocação”, ou posição, denota posição na vida. E nessa vocação ou posição na vida outro chamado vem da parte de Deus. Esse chamado é a atração do Espírito Santo para a comunhão com Cristo. De maneira muito simples, o chamado de Deus que vem para a pessoa em sua vocação é o poder de Deus para converter a alma pelo evangelho.

Tudo isso se torna claro em 1 Coríntios 1. No capítulo 1, versículo 9, Paulo declara: “Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor”. Assim, todos os cristãos, e somente os cristãos, são chamados nesse sentido. Esse chamado de Deus é diferente, por um lado, de nosso “chamado” vocacional e, por outro, do chamado geral para se arrepender que é proclamado a todos os homens. Quando Jesus disse em Mateus 22,14: “Muitos são chamados, mas poucos são os escolhidos”, ele se referiu ao chamado universal do evangelho, no qual muitas pessoas ouvem e o rejeitam para a própria destruição.

Mas esse não foi o chamado que Paulo tinha em mente. O chamado de Deus que nos coloca em uma comunhão de fé e amor com Jesus é o chamado poderoso e eficaz que nos atrai para o Filho (João 6,44,65). Isso é visto com mais clareza em 1 Coríntios 1,23-24 onde Paulo diz: “Pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus”. Os “chamados” não são todos aqueles que ouvem a pregação, mas aqueles que a recebem como a sabedoria. Podemos parafrasear os versículos para mostrar a diferença entre o chamado geral e o chamado eficaz: Paulo afirma: “Chamamos todos a crer no Cristo crucificado, mas muitos judeus consideram esse chamado um escândalo e muitos gentios veem esse chamado como loucura, mas aqueles que são chamados (isto é, poderosamente e eficazmente atraídos para Cristo) compreendem que o chamado do evangelho é o poder e sabedoria de Deus”.

Portanto, quando Paulo declara em 1 Coríntios 7,17, 20 e 24 que devemos permanecer e viver com Deus no estado no qual fomos chamados, ele quer expressar: Permaneça no estado em que estava quando foi convertido, quando foi atraído por Deus para a fé e à comunhão de amor com seu Filho.

O princípio aplicado a judeus e gentios

Agora, precisamos ver como Paulo aplicou esse princípio em sua época e o que isso representa para nós hoje. No processo, a razão teológica para isso surgirá também. A primeira aplicação de Paulo do princípio não é à vocação, mas à circuncisão e incircuncisão. Ele aplica assim: Se você foi convertido enquanto era gentio, não tente se tornar judeu. Se você foi convertido enquanto era judeu, não tente se tornar gentio. Isso é essencialmente que a incircuncisão e circuncisão significaram. Essa aplicação tem implicações culturais abrangentes: se você é afrodescendente, não tente se tornar branco; se você é branco, não tente se tornar afrodescendente. Se você é mexicano, não tente se tornar americano; se você é americano, não tente se tornar mexicano.

Então, Paulo expressa a razão teológica para essa admoestação. O versículo 19 diz literalmente: “A circuncisão, em si, não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que vale é guardar as ordenanças de Deus (é tudo)”. Seria a coisa mais ofensiva que Paulo poderia dizer a um judeu: a circuncisão não é nada. E se compreendermos sua aplicação cultural abrangente, ela ofende a todos nós. Mas isso é verdadeiro. Observe o quanto é radicalmente diferente a lógica de Paulo para preservar suas distinções culturais que a lógica contemporânea de nossa era. Afirmamos que branco é bonito, afrodescendente é bonito, vermelho é bonito, amarelo é bonito; portanto, não tente mudar culturas. Paulo declara que branco é nada, afrodescendente é nada, vermelho é nada, amarelo é nada, mas cumprir os mandamentos de Deus é tudo; por conseguinte, não tente alterar as culturas. Permaneça onde está e obedeça a Deus. Paulo é um pensador inconformista e, portanto, eternamente relevante. Ele é radicalmente orientado por Deus. Tudo, tudo cai diante da prioridade de Deus.

Esse princípio é um imperativo absoluto para se apegar, a menos que criemos um novo legalismo. O antigo legalismo dizia: “Você precisa ser circuncidado para ser salvo (Atos 15,1). Você precisa ser branco para ser aprovado”. O novo legalismo diria: “Você não pode ser circuncidado se você deseja ser salvo. Você não pode ser branco se você deseja ser aceito”. Perverteremos o ensino de Paulo e perderemos seu objetivo se considerarmos a sentença: “Estando alguém incircunciso. Não se faça circuncidar” (versículo 18) e fazer disso uma proibição absoluta de adaptações culturais. Paulo não pronuncia uma condenação absoluta sobre todos aqueles que adotam aspectos de outras culturas e renunciam aspectos de sua própria. Isso é claro pelo fato de que ele permitiu a Timóteo ser circuncidado (Atos 16,3) e, devido à sua própria afirmação, ele fez de tudo para com todos, com o fim de salvar alguns (1 Coríntios 9,22).

O que Paulo fez foi mostrar que a *obediência* aos mandamentos de Deus é muito mais importante do que quaisquer distinções culturais e que a mera mudança dessas distinções não deveria ser de importância alguma para o cristão. Em outras palavras, não faça desse assunto uma questão relevante se você é circuncidado ou não; ou se você é branco ou afrodescendente, vermelho ou sueco. Mas, em vez disso, faça da obediência uma questão relevante; faça do propósito integral de sua vida obedecer à lei moral de Deus. Então, e somente então, a circuncisão (como Paulo sugere em Romanos 2,25) e outras distinções culturais poderão se tornar, de uma forma bastante secundária e derivativa, expressões da obediência da fé. Em uma palavra, a aplicação do princípio de Paulo às distinções culturais é esta: Não se queixe e não se gabe sobre seu presente estado de distinções culturais; ele é de pouca importância para Deus comparado a se você devota alma, mente e corpo para obedecer a seus mandamentos, os quais todos se cumprem nisto: “Ame o próximo como a ti mesmo” (Romanos 13,8-10; Gálatas 5,14).

O princípio aplicado aos escravos e aos homens livres

Então, Paulo se volta aos versículos 21–23 para aplicar seu princípio à questão se alguém é escravo ou livre. O problema da tradução no versículo 21 é realmente difícil. A maioria das versões modernas diz: “Foste chamado, sendo escravo? Não te preocupes com isso; mas, se ainda podes tornar-te livre, aproveita a oportunidade” (ARA). Essa tradução pode estar correta, mas considero difícil aceitar, uma vez que o princípio que o texto ilustra é expresso no versículo 20 como “Cada um permaneça na vocação em que foi chamado”, e no versículo 24 como “naquilo em que foi chamado”. Parece totalmente fora de lugar entre esses versículos dizer: “se você pode obter sua liberdade, faça isso”. Não apenas isso, mas essa tradução não faz justiça a todas as palavras no grego (“ainda e “preferir”) que aparecem na tradução alternativa: “Foste chamado como escravo? Não se preocupe com isso; mas, *ainda* que você possa se tornar um homem livre, prefira fazer uso disso (sua presente posição como escravo)”. O contraste real, parece-me, deveria ser expresso assim: “Não deixe que sua escravidão o torne ansioso, mas, em vez, disso use-a”. Use-a para obedecer a Cristo e assim “torne a doutrina de Deus, nosso Salvador” (Tito 2,10).

Penso que isso seja verdadeiro em uma análise definitiva que não é uma proibição absoluta de aceitar a liberdade, ainda que o versículo 18 fosse uma proibição absoluta da circuncisão. Mas se você traduz esse texto como um mandamento para buscar liberdade, a ideia verdadeira da passagem é obscurecida. A ideia é: quando você é chamado para a comunhão de Cristo, recebe um novo conjunto de prioridades radicalmente centradas em Cristo; muito mais se você é um escravo, essa condição não deveria lhe aborrecer. “Foste chamado, sendo escravo? Não te preocupes”. O seu trabalho é desprezível? Não te preocupes. O seu trabalho não é altamente estimado como outras profissões? Não te preocupes. Esse é o mesmo conceito que ele estabeleceu com as diferenças culturais como a circuncisão: Foste chamado, estando incircunciso? Não te preocupes. Foste chamado, estando circunciso? Não te preocupes.

Paulo poderia ter dito, de fato, a mesma razão teológica para essa posição como fez no versículo 19. Ele poderia ter dito: “Ser um escravo, em si, não é nada; e ser livre também nada é, mas o que vale é guardar as ordenanças de Deus”. Isso é verdadeiro. No entanto, Paulo aprofunda nossa compreensão com uma nova razão teológica. A razão pela qual uma pessoa pode dizer: “Não te preocupes”, embora ele seja um escravo, é esta: o versículo 22: “Porque o que foi chamado no Senhor, sendo escravo, é liberto do Senhor”. E a razão pela qual a pessoa que é livre pode dizer: “Não te preocupes” é similar: “o que foi chamado, sendo livre, é escravo de Cristo”. Amo assistir a Paulo colocar em prática sua teologia dessa forma. Ele afirma que, no evangelho, há um antídoto para o desespero em trabalhos desprezíveis e um antídoto para o orgulho nos trabalhos altamente valorizados. Ele olha para o escravo que pode se sentir desesperado e diz: “Em Cristo, você é um homem livre”. Você foi comprado por um preço. Não permita que o homem escravize sua alma. Alegre-se no Senhor e espere nele; você será mais livre que todas as nobres aflições. Em seguida, ele olha para o nobre homem livre e afirma: “Não se torne orgulhoso, porquanto em Cristo você é um escravo. Há alguém que tem autoridade sobre você, e você precisa ser humilde e submisso”.

A conclusão disso é que, se uma pessoa é um escravo ou um livre, essa condição não seria razão para desespero ou orgulho. Ele deveria ser capaz de dizer: “Não te preocupes”. Ele não deveria se gabar se é um doutor ou advogado ou executivo; e ele não deveria ter autocomiseração ou depressão se tem um trabalho em que a sociedade dá menos valor. “Irmãos, Paulo conclui, no versículo 24: cada um permaneça diante de Deus naquilo em que foi chamado”. *Com* Deus! Há uma frase crucial. O que importa na vida e na vida eterna é ficar próximo a Deus e desfrutar de sua presença. Não importa se nosso trabalho é valioso ou inferior aos olhos do homem. É relevante se somos encorajados e humilhados pela presença de Deus.

Expressando as duas aplicações do princípio de Paulo juntas, o ensino parece ser este: Obedecer aos mandamentos de Deus (v. 19) e desfrutar de sua presença (v. 24) são imensamente mais importantes que sua cultura ou seu trabalho, tanto que você não deveria sentir qualquer compulsão para mudar sua posição. Você não deveria ser controlado por alguém pelo medo ou desespero, nem seduzido por outro pela riqueza ou pelo orgulho. Você deveria ser capaz de dizer para sua posição: “Não te preocupes. Você não é minha vida. Minha vida é obedecer a Deus e desfrutar de sua presença”.

Quatro implicações práticas

Permita-me concluir com algumas implicações práticas. Primeiro, Deus se preocupa muito mais com a forma com que você faz o seu trabalho que tem agora que se conseguisse um novo emprego. Temos nesta congregação enfermeiros, professores, carpinteiros, artistas, secretárias, tesoureiros, advogados, recepcionistas, contadores, assistentes sociais, pessoas que trabalham com reparos de todos os tipos, engenheiros, gerentes de escritório, garçonetes, bombeiros, vendedores, seguranças, doutores, militares, conselheiros, banqueiros, policiais, decoradores, músicos, arquitetos, pintores, faxineiros, diretores de escola, donas de casa, missionários, pastores, marceneiros, e muito mais. E tudo o que precisamos ouvir é que o que mais se encontra no coração de Deus não é se mudamos de emprego para o outro, mas se *em* nosso trabalho atual desfrutamos da prometida presença de Deus e obedecemos aos seus mandamentos pela forma como realizamos nosso trabalho.

Segundo, como vimos, o mandamento de permanecer no chamado no qual você estava quando foi convertido não é absoluto. Ele não condena todas as mudanças de emprego. Sabemos disso não somente pelas exceções que Paulo permitiu para seu princípio aqui em 1 Coríntios 7 (conferir versículo 15), mas também porque a Escritura descreve e aprova essas mudanças. Há uma provisão para libertar escravos no Antigo Testamento e somos familiares com o coletor de impostos que se tornou um pregador e pescador de homens e que por sua vez se tornou missionário. Além disso, sabemos que há alguns trabalhos nos quais você não poderia permanecer e obedecer aos mandamentos de Deus: por exemplo, prostituição, inúmeras formas de entretenimento indecente e corrupto, e outros nos quais você poderia ser forçado a explorar as pessoas.

Paulo não diz que um ladrão profissional ou uma prostituta cultual de Corinto deveria permanecer no chamado na vocação a qual ele ou ela foi chamado. A questão em Corinto era: quando viéssemos a Cristo, o que deveríamos abandonar? E a resposta de Paulo é: Você não precisa abandonar sua vocação se pode permanecer nele *com Deus*. A preocupação de Paulo não é condenar mudanças de emprego, mas ensinar que você pode ter plenitude em Cristo seja lá qual for o seu trabalho. Esse é um ensino muito não conformista na sociedade ocidental contemporânea, porque corta o nervo da ambição secularista. Precisamos pensar muito e com esforço sobre se que falamos para nossas crianças a respeito do sucesso é bíblico ou apenas americano. A palavra de Deus para todos nós, “os que buscam o sucesso”, é esta: tome toda essa ambição e direcione o que investe em sua ascensão social no zelo espiritual para cultivar a felicidade da presença de Deus e a obediência à sua vontade revelada na Escritura.

Terceiro, para seu povo mais jovem que ainda não ingressou em uma profissão ainda, a implicação de nosso texto é esta: quando se faz a si mesmo a pergunta: “Qual é a vontade de Deus para minha vida?” Você deveria dar uma resposta ressonante: “Sua vontade é esta: que eu conserve uma comunhão íntima com ele e me devote a obedecer a seus mandamentos”. A vontade revelada de Deus para você (a única vontade que você é responsável para obedecer) é sua *santificação* (1 Tessalonicenses 4,3), não sua vocação. Devote-se a isso com todo seu coração e aceite qualquer trabalho que você queira. Não tenho dúvida de que, se todos os nossos jovens envidassem todo o esforço para se conservarem próximos a Deus e a obedecer aos mandamentos da Escritura, Deus os colocaria no mundo exatamente onde ele deseja a influência deles para si mesmo.

Quarto, e finalmente, este texto implica que o trabalho que você tem agora, desde que esteja ali, é a *designação* de Deus para você. O versículo 17 diz: “Deixe que todos tenham a vida que O Senhor *designou* para ele”. Deus é soberano. Não é acaso que você está onde deveria estar. “O coração do homem traça o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos” (Provérbios 16,9). “Muitos propósitos há no coração do homem, mas o desígnio do Senhor permanecerá” (Provérbios 19,21). “A sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda decisão” (Provérbios 16,33).

Você está onde deveria estar por escolha divina, mesmo se chegou ali por trapaça. Seu trabalho é seu dever ministerial tanto quanto o meu. Como você cumpre os deveres deste trabalho, é tão essencial na vida quanto o que faz aqui no domingo. Para muitos de nós, pode representar o começo de uma nova vida amanhã de manhã. Vamos todos orar antes de nos dispormos a trabalhar: “Deus, vá comigo hoje e me conserve consciente de sua presença. Encoraje meu coração quando tendo a me desesperar, e me faça humilde quando tendo a me orgulhar. Ó, Deus, dê-me a graça para obedecer a seus mandamentos, os quais sei que todos se resumem a isto, amar ao próximo como a mim mesmo. Amém”.